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Alguns mitos do nosso futebol

Nos últimos meses, foram levantadas muitas discussões e reflexões sobre o futebol brasileiro. Algumas conclusões foram tiradas em relação à nossa metodologia de treino, sobre a capacitação dos profissionais, a falta de renovação de treinadores, a diminuição do mercado externo para nossos profissionais, e por aí vai…

Por isso, resolvi compartilhar com vocês alguns mitos que estão presentes no cotidiano de treino e contribuem bastante para estarmos onde estamos!

O primeiro grande mito que escuto desde o dia em que iniciei meu trabalho de campo na universidade foi: “essas metodologias novas só servem na Europa”

Por que?

Qual é a diferença?

Para explicar um mito, surge outro: “os jogadores de lá são os melhores do mundo. Quero ver se funciona com jogador cabeça de bagre”

Como???

Será?

Nossos jogadores são cabeça de bagre? Não acredito nisso!

Sou adepto de que todos temos um potencial enorme de desenvolvimento e em muito lugares nossos atletas não chegam nem perto de alcançá-lo, pois submetemos os mesmos a treinos que só dão informações pouco relevantes.

Além disso, hoje o Brasil modificou sua característica exportadora de atletas – temos muitos jogadores voltando e alguns desenvolvendo suas careiras aqui.

Mas voltemos às metodologias…

Não estou defendendo que devemos copiar o que é feito nesse ou naquele país, mas sim discutir, analisar, criticar, elogiar e transformar o que é feito de melhor em qualquer parte do mundo em algo condizente com nossa cultura e alinhada com os objetivos do nosso futebol.

Isso é feito em qualquer outro ramo de nossa economia!

Por que no futebol não pode ser feito?

Alguns então vão lançar mão de outro mito: “tudo bem, então essas metodologias podem ser utilizadas em clubes grandes que têm bons jogadores e uma boa estrutura”

Pergunto novamente, será?

Eu iniciei meu trabalho como a maior parte de nós, com três bolas (quando não sumia uma ou duas no treino, pois o campo não tinha redes e nem alambrado), com meia dúzia de cones e sem coletes, onde se jogava com camisa e sem camisa (para fazer coringa, colocava metade da camisa ou a amarava na cabeça).

Mesmo assim, implantei a metodologia dita “diferente” e conseguimos bons resultados culminando até com um título inédito.

Vejo que esse mito é mais uma coisa de nossa cabeça do que uma realidade, pois nos clubes menores, nas escolas de futebol ou até mesmo em equipes universitárias, a pressão é menor e geralmente a resistência a novas metodologias por parte dos jogadores e da diretoria é menor também (E para você se destacar é preciso fazer algo novo!).

Outro mito: “esses jogos no treinamento só servem para descontrair o grupo. Treinamento tem que ser duro e chato”!

A melhor forma de treinar o jogar é jogando!

Claro que se o jogo não for bem orientado pode ser descaracterizado e virar uma brincadeira sem objetivo, mas quando o mesmo faz parte de um processo e os jogadores sabem muito bem o porquê e quais objetivos estão sendo desenvolvidos, é impossível que o mesmo vire uma brincadeira.

Além do mais, todos os jogadores querem se desenvolver, querem evoluir e é preciso criar um ambiente saudável para isso e ele não precisa ser chato e entediante, mas sim desafiador.

O ambiente também pode ser chato, e muitas vezes é, mas a chatice do treino não pode ser uma ferramenta de análise do treino.

Existem muito outros mitos que gostaria de compartilhar, mas não caberia em uma coluna…

E conto com a ajuda de vocês para enfrentar cada um deles!

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br