Categorias
Sem categoria

Estádios trabalham com e para o marketing

Esta semana foi anunciada a notícia de que o Corinthians pode ter um estátua de São Jorge, padroeiro do time, em frente à arena que está sendo construída em Itaquera, com altura equivalente ao Cristo Redentor (RJ).

O fato tem gerado muitas críticas, inclusive com a estátua sendo chamada de “cafona”. Fato é que, cafona ou não – e isso depende de gosto pessoal e não de técnicas –, é uma boa tentativa de atração de capital e atenção para o estádio.

Um relatório elaborado pela consultoria esportiva BDO RCS perante as rendas dos 25 clubes com maiores receitas no Brasil, em 2010, apresentava a seguinte porcentagem de suas várias fontes de renda:

•28% Cotas de TV;
•17% Patrocínio e publicidade;
•15% Transferências de atletas;
•14% Social e Amador;
•12% Bilheteria;
•14% Outras fontes de renda.

Neste estudo, consagra-se o fato de as bilheterias jamais sustentaram um estádio financeiramente, afinal, ele mal representa os lucros do estádio que, por sua vez, tem gastos muito grandes. Além disso, mostra que o marketing também tem pouca parcela nos lucros.

O Barcelona tem 30% de suas receitas provenientes do Camp Nou*, seu estádio. Isso se tornou possível pelo trabalho de marketing em cima da casa do clube, aproveitando a paixão clubística para agregar valor ao estádio, e tornando-o o símbolo máximo do time – inclusive, a proposta arquitetônica para a reforma do local, feita pelo renomado arquiteto inglês Norman Foster, em 2007, tende a aumentar ainda mais a receita do time ao melhorar a imagem da casa, como também torná-lo um marco arquitetônico de prestígio.

 


 

Com a estátua, o Corinthians mostra que tem a mesma intenção de começar o que o Barcelona já possui. É um longo caminho, mas como o clube não tem intuito de receber shows musicais em seu estádio, a grande virtude será vender o espetáculo do futebol com primor, com um estádio confortável, gerar um ambiente interessante para atrair mais visitas guiadas – das quais o Allianz Arena, de Munique, e o estádio Olímpico de Beijing recebem uma boa renda –, e criar ambientes que possam dar vida e renda diária.

O Santos, no entanto, já tenta obter a marca mundial com uma estratégia diferente, fortalecendo a imagem fora do país com amistosos, mantendo Neymar e proporcionando, desta forma, o espetáculo. Para manter o atleta, o clube praiano fez estudos da renda do atleta com patrocínios diretos que aumentaram muito seu patrimônio.

Já o Internacional, no Brasil, é o clube que tem mais receitas vindas de sua casa, libertando-se da dependência da bilheteria, sendo um dos clubes com mais sócio-torcedores do mundo.

A Copa está próxima e o lucro que cada um dos estádios pode ter vai depender de bons projetos arquitetônicos para que as estratégias de marketing fiquem mais livres para obter resultados relevantes.

Lucros podem vir de “naming rights”, espaços publicitários nos estádios, restaurantes característicos do clube, lojas oficiais (como a loja conceito dentro do Morumbi), espaços de cultura (como museu do clube e exposições temáticas) e também camarotes que atraiam mais empresas, mulheres e crianças, conferindo rendas mais altas ao equipamento.

*Fonte: Revista Conselhos, Ano 02, Edição 11

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br