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As obras para os estádios da Copa do Mundo

Nesta semana, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, está no Brasil visitando as obras dos estádios para a Copa do Mundo de 2014.

Doze estádios sediarão os jogos do Mundial: Arena da Amazônia (Manaus), Mané Garrincha (Brasília), Arena Fonte Nova (Salvador), Castelão (Fortaleza), Arena Pernambuco (Recife), Arena Pantanal (Cuiabá), Maracanã (Rio de Janeiro), Beira-Rio (Porto Alegre), Arena das Dunas (Natal), Arena da Baixada (Curitiba), Arena de Itaquera (São Paulo) e Mineirão (Belo Horizonte).

As obras mais atrasadas são as de Natal e Porto Alegre, com 33% 38%, respectivamente, e as mais avançadas são de Fortaleza e Belo Horizonte com 89% e 84% de execução.

Diante deste contexto, o secretário-geral da Fifa tem mostrado preocupação com o andamento das obras em alguns estádios para a Copa das Confederações no Brasil, em 2013.

Para Valcke, serão necessários seis estádios para o torneio pré-Mundial e o andar das obras demonstra a possibilidade de não haver meia dúzia de estádios prontos para a competição.

Na terça-feira, o executivo da Fifa visitou o Mineirão, em Belo Horizonte, e se mostrou impressionado com o avanço das obras.

Por outro lado, mencionou a preocupação com o Recife, que tem 69% de execução, motivo pelo qual a Arena de Pernambuco pode não ficar pronta a tempo.

Além do risco de não termos estádios prontos para a Copa das Confederações e para a Copa do Mundo, a grande preocupação é a possibilidade de, em razão da exiguidade de tempo, o governo realizar contratações sem o devido procedimento licitatório.

Neste esteio, foi promulgada a lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011 que institui o regime Diferenciado de Contratações Públicas (RDC) para os Jogos Olímpicos e para a Copa do Mundo e prevê a aplicabilidade do artigo 24, da Lei 8666/1993, ou seja, das hipóteses de dispensa de licitação, entre elas, a que ocorre em virtude de emergência.

Portanto, é importante que a opinião pública fique atenta ao andamento das obras para Copa do Mundo a fim de que qualquer irregularidade em seu andamento e/ou contratação seja imediatamente objeto de análise por parte do Poder Judiciário.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Liderança à beira do campo

Nesta primeira coluna para a Universidade do Futebol, pensei na oportunidade de abordar uma questão muito interessante relacionada à liderança exercida pelos técnicos de futebol.

No ano de 2012, estamos presenciando a realização de campanhas de altíssimo rendimento no campeonato brasileiro da Série A. Fluminense, Atlético-MG e Grêmio realizando campanhas de destaque ímpar e podemos citar também o São Paulo, com uma ótima recuperação e arrancada rumo ao G4.

Refleti sobre a necessidade de compreendermos que na atualidade os técnicos têm um papel diferenciado no relacionamento com os atletas, sendo que ambos estão sujeitos a sofrer influências que podem afetá-los e talvez até levá-los a tomar atitudes conforme seus anseios e desejos particulares.

Podemos observar técnicos que possuem grande competência técnica e inteligência, porém em determinados momentos este ser humano pode sofrer abalos emocionais diante de situações de pressão ou tensão extrema.

Eventualmente este profissional pode inclusive não conseguir dirigir e controlar a sua equipe da maneira desejada e esperada por quem o contratou, inclusive ocorrendo situações em que os atletas chegam a perder confiança no comandante, causando frustrações pela quebra de expectativa que possuem dele na esperança de uma atuação que possa promover uma inversão da situação desfavorável que ocorre em determinados momentos das competições de futebol.

Em casos como este, os atletas esperam e desejam atitudes a ações por parte do técnico que os orientem para que possam alcançar o sucesso esperado.

A personalidade e o perfil do técnico são de extrema importância na interação com os atletas, sendo que estes líderes não têm oportunidades para que se mostrem fragilizados e indecisos frente ao grupo. A maturidade e a possibilidade de ter maior experiência para dirigir um grupo faz do técnico a pessoa respeitada e respeitadora que é.
 

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O momento atual e o futuro próximo do futebol exigirá um perfil que vai além de um líder transformador, pois caberá ao técnico mais do que potencializar o máximo das capacidades de seus seguidores, mas sim buscar desenvolver os atletas como autolíderes capazes de assumirem a tarefa de se motivarem e dirigirem seus próprios comportamentos a luz das metas e propósitos coletivos pactuados dentro do grupo em que atuam. Podemos compreender isso como o desenvolvimento da autonomia.

Estes técnicos com liderança de alto nível irão apresentar traços nítidos de inteligência, firmeza, empatia, motivação intrínseca, flexibilidade social, ambição, autoconfiança e otimismo. Mas devemos ressaltar que a transição será gradual, pois estas qualidades serão necessárias, mas não suficientes para se chegar a autonomia, uma vez que neste cenário de evolução sempre existirão os membros do de um grupo e cada situação única vivida no momento.

Para termos um novo paradigma de líder se fará necessário que o técnico busque o próprio desenvolvimento comportamental, primeiro permitindo-se conhecer o seu próprio perfil de comportamento, como também suas melhores características de liderança presentes em seu perfil estrutural de comportamento. É preciso saber quais são os seus pontos fortes como líder de pessoas e também compreender seus pontos de melhoria, tendo clareza de como agir em momentos delicados, usando de suas melhores competências comportamentais e podendo conseguir variar na utilização de outras que não são essencialmente fortes em seu perfil, mas que foram reconhecidas, treinadas e desenvolvidas a fim de permitir sua atuação de excelência como líder e possibilitando extrair a melhor performance possível de seus times.

A chave do sucesso pode estar relacionada a compreender que a coação deve inevitavelmente ser substituída pela confiança para conseguir agregar num objetivo comum os membros do grupo.

Por fim, deixo a reflexão ao caro leitor: será este talvez um dos segredos de sucesso dos clubes que possuem melhores campanhas no Campeonato Brasileiro de 2012?

Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br
 

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A (má) gestão equilibra

Estamos assistindo a uma eminente situação no Campeonato Brasileiro de um possível rebaixamento de um grande clube para a Série B. Mais uma vez. E este, se confirmar o feito, repetirá o descenso em menos de uma década.

Muitas pessoas diziam que isto não mais ocorreria com um grande clube, principalmente, pelo faturamento vultuoso que as principais equipes passaram a receber dos direitos de transmissão e outras propriedades de marketing, muito acima daquilo que os clubes de médio e pequeno porte têm condições de alcançar.

Isto é verdade quando pensamos no modelo europeu, em que os maiores times de cada liga lideram tanto a tabela de faturamento quanto a do campeonato, de uma maneira perene ao longo do tempo.

Portanto, nos principais torneios do velho mundo, há uma correlação bastante forte entre as receitas e o desempenho em campo.

O que explica um pouco o fenômeno ocorrido no Brasil é a gestão. Ou a má aplicação dos princípios de administração do esporte no seu sentido estrito. É ela que é capaz de tornar um grande clube em pequeno e um de pequeno-médio porte em uma equipe minimamente competitiva nas competições em que disputa.

É fundamental, portanto, para os grandes clubes, passar a compreender melhor a lógica e a transformação do mercado como um todo. Do contrário, vamos assistir paulatinamente à inversão das tabelas de receitas com as esportivas.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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A geração Y e o jornalismo

A chegada da geração Y ao mercado já nem é mais tão nova assim. O grupo abarca indivíduos nascidos entre 1979 e o início da década de 1990, crescidos numa época de convergência de tecnologias e de informação, e a ascensão desses profissionais é um dos reflexos mais evidentes do quanto o mundo mudou nos últimos anos. Contudo, a mídia esportiva, conservadora por essência, ainda sofre para assimilar tudo isso.

É como disse o historiador inglês Eric Hobsbawm, em análise publicada em 2009: “Nós ainda não aprendemos a viver no século 21. Ou pelo menos a pensar de uma forma que se ajuste a ele”.

A lógica era baseada em conceitos de economia e na recessão que os países desenvolvidos encaravam, mas ainda se encaixa perfeitamente à realidade da comunicação.

O advento de novas tecnologias modificou e criou plataformas de comunicação, por exemplo. E a mídia ainda tenta entender como se relacionar com isso. Há um caso emblemático na edição da última segunda-feira da “Folha de S.Paulo”, jornal de maior circulação do Brasil.

A última página do caderno de esportes tem relatos sobre uma luta de UFC e uma corrida de Fórmula 1, a despeito de ambas terem ocorrido na madrugada de sábado para domingo (horário de Brasília).

A página remete à estrutura de veículos brasileiros do início do século anterior, época em que o jornal do dia seguinte era o único meio de alguém se informar sobre um evento esportivo.

Atualmente, é quase inimaginável um fã de UFC que tenha chegado à segunda-feira sem ver vídeos da vitória de Anderson Silva no Rio de Janeiro. Ou um torcedor da Fórmula 1 que não tenha lido, ouvido e até produzido análises sobre o triunfo de Sebastian Vettel na Coreia do Sul.

A velocidade e a perenidade das informações nem são as questões essenciais aqui. O cerne da discussão é que a informação deixou de ser um diferencial. Informação virou commodity, e isso é algo que todo profissional precisa entender. Qualquer um pode produzir conteúdo – basta pensar na quantidade de blogs que se tornaram referência.

Há outro aspecto que deve ser considerado: as redes sociais dilaceraram o modelo de produção vigente no jornalismo brasileiro até então.

Se qualquer um tem acesso a informações e pode criar conteúdo, a exclusividade da informação praticamente some. E se qualquer um está a 140 caracteres da publicação, o conceito de agilidade muda drasticamente.

O torcedor ávido por informações, que outrora esperava a chegada do jornal ou da revista, agora pode acessar um infindável número de fontes em blogs, em sites ou em redes sociais.

E pode trocar o papel de simples consumidor da informação por uma função mais ativa: interagir, repassar ou até produzir reportagens, análises e opiniões.

E o jornalismo, como fica? A pergunta, evidentemente, não é exclusividade do esporte. E a resposta, evidentemente, não é nada simples. O mundo ainda passeia por diferentes modelos de abordagem, construção e interação com o público que vive nesse novo contexto.

Se a informação não tem mais dono e a fidelidade praticamente inexiste, há dois alicerces básicos para a marca de qualquer veículo jornalístico: credibilidade e boas histórias. Porque fazer jornalismo é, antes de qualquer coisa, contar boas histórias.

Esse é o cenário que se apresenta atualmente aos jornalistas neófitos. Estudantes, apaixonados ou apenas interessados, os iniciantes na cobertura de esportes têm uma missão ainda mais dura: assimilar de uma só vez a necessidade de encontrar boas histórias, a importância de fazer isso sem debelar a credibilidade (de uma forma ampla, válida tanto para o veículo quanto para o profissional) e a dificuldade de encaixar esses desafios em um mundo que muda constantemente.

Por isso, a formação e o aprendizado necessários para a construção de um jornalista são ainda mais abrangentes do que eram anteriormente. Não basta saber que o público existe e qual é o perfil das pessoas que consomem a informação que você produz. É fundamental saber como atingir essa fatia da população e como criar uma interação sincera.

Também é importante a abordagem sistêmica. Por essência, a geração Y não admite mais abordagens puramente técnicas, que não contextualizem e não relacionem a informação com o mundo. Mas também tem pouca (ou nenhuma) paciência com opiniões rasas.

O consumidor da informação não quer ouvir, ler ou ver coisas que ele considere irrelevantes – afinal, numa época em que informações pululam, é necessário elencar o que é realmente interessante.

Tento dizer tudo isso para todo mundo que me pergunta como é começar no jornalismo esportivo. Tento dizer que analisar um jogo pode parecer simples, mas apresenta um desafio enorme: você precisa falar com diferentes tipos de público, mas não pode ser generalista a ponto de o público achar que sabe mais do que você. Mesmo se isso for verdade.

Tento dizer que a formação ideal para um jornalista esportivo é bem mais abrangente do que um diploma universitário ou uma vida de dedicação ao esporte. Conhecer os meandros do segmento pode ajudar a descobrir histórias, mas certamente não vai ajudar a contá-las.

Por isso, o que eu mais recomendo a todos que me perguntam sobre jornalismo esportivo é que tenham tara por aprender. Nisso, aliás, o novo cenário da comunicação é especialmente didático. Se todos têm acesso a informações e podem produzir, ganha pontos aquele que conseguir acessar mais fontes. E aprender mais, é claro.

Atualmente, humildade para aprender e vontade são duas das características que eu mais valorizo em candidatos de emprego. Num mundo em que todo mundo sabe tudo, é reconfortante ver que ainda há pessoas que não se contentam com o que já sabem.

PS: Aproveito o texto sobre mercado e formação para saudar todos os professores. Os da sala de aula, os das redações e os da vida. Os que se dedicam a ensinar e os que ensinam sem saber. Obrigado!

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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O ritmo de transmissão da posse da bola e o jogo de futebol

Em algum momento da nossa “vida escolar” – não me lembro ao certo o momento exato – aprendemos que “velocidade” é uma grandeza física vetorial, que possui direção, sentido e módulo, e que diz respeito ao quanto se desloca um objeto (corpo, coisa, algo) no espaço, em determinado intervalo de tempo.

Em outras palavras, ela se refere à distância percorrida por alguma coisa, em uma unidade de tempo.

Já debatemos aqui neste espaço duas vezes, algumas ideias a respeito do conceito de velocidade no jogo de futebol.

Como a partida de futebol é um jogo tipicamente de passes (fundamento mais frequente em um confronto), e como a velocidade no jogo é assunto do meu maior interesse, tenho estudado, integrando as duas coisas, o quanto jogadores de diferentes equipes de futebol transmitem a bola entre si por unidade de tempo.

Claro que esse meu interesse não tem fim nele mesmo. Ele tateia algo maior, mais essencial – tenta entender possíveis relações entre diferentes ritmos de transmissão da posse da bola com o número de finalizações e êxitos das equipes.

A bola, durante as partidas de futebol, se move quase que o tempo todo. Ou porque um jogador a está conduzindo, ou porque a está dominando, passando, chutando, etc.

O fato é que de certa forma, as equipes em geral, apresentam uma movimentação da bola por unidade de tempo, que lhes é típica.

Da mesma maneira, o quanto cada jogador intervém diretamente sobre a bola durante o caminho que ela percorre (com passes, cruzamentos e lançamentos), por unidade de tempo, não só interfere na distância total percorrida por ela, mas também no número de vezes que ela troca de direção.

E isso também, é algo que tem se mostrado típico para as equipes.

Claro que, em análises realizadas em campeonatos de países diferentes, já há algo que os caracteriza em termos de tipicidade. O mesmo acontece quando analisamos categorias (etárias) diferentes no futebol de base.

Porém, para avançarmos o debate, por hora, vamos nos atentar ao número de passes (ou melhor, fundamentos de transmissão da posse da bola) por unidade de tempo, realizados pelos jogadores.

Deixemos de lado, quanto (em distância) a bola se move em um jogo – retomarei esse assunto futuramente – e quais também são as características dessa variável de acordo com a cultura futebolística que a expressa.

O fato é que, de qualquer maneira, algumas (poucas) equipes chegam a uma impressionante média de um passe a cada 2,5 segundos – enquanto em outro extremo, algumas equipes (poucas também) realizam um passe a cada 8,4 segundos.

Em geral, por exemplo, no Brasil, algumas das equipes tradicionalmente mais fortes apresentam média de um passe a cada 4,2 segundos (o que, em princípio, parece ser um bom valor).

Jogadores que habitualmente conduzem muito a bola, que dão muitos toques nela antes de fazer um passe, ou que para controlá-la precisam fazê-la parar de se movimentar, são os principais motivos para equipes com médias altas (de passe por unidade de tempo).

Aparentemente (segundo os achados iniciais), equipes que têm um ritmo mais acelerado na transmissão da posse da bola (e que tem bom aproveitamento nos passes) tendem a controlar melhor o jogo, construir melhores condições para finalizar a gol e, principalmente, ter mais êxitos em seus confrontos.

Um ritmo mais acelerado, com sucesso no aproveitamento da transmissão da posse da bola, só é possível como característica típica de uma equipe se for a expressão de um comportamento condicionado nos treinamentos (caso contrário será resultado dos “ruídos sistêmicos” externos à equipe).

E quando um jogador consegue, com excelência, condensar o hiato entre o pensar e o agir (transformando-os em uma coisa só) estará se habituando a encontrar mais rapidamente soluções (linhas de passe) e antevendo problemas.

É como se sua percepção, alterada em favor do jogo, fizesse com que ele (o jogo) passasse a acontecer em uma velocidade menor para o jogador (e maior para o observador externo – incluindo como observadores externos, os adversários).

Mas isso é assunto denso, que merece tempo no espaço e muito espaço no tempo.

Então para não atropelar as coisas, e seguir em uma velocidade maior do que a recomendada, deixemos esse assunto (o da percepção vs velocidade) para uma outra coluna.

Por hoje é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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O caso Ronaldinho Gaúcho e o limite de atuação do STJD

Esta semana o assunto que predominou na imprensa e nas “rodas desportivas” disse respeito à punição de Ronaldinho Gaúcho pelo STJD por uma agressão não punida pelo árbitro, mas “flagrada” por vídeo.

Inicialmente, importante destacar a competência da Justiça Desportiva que é a de julgar as questões disciplinares desportivas, de todos os esportes e não somente do futebol.

Ademais, a Justiça Desportiva decidirá com segundo as diretrizes estabelecidas nos princípios da ampla defesa; da celeridade; do contraditório; da economia processual; da impessoalidade; da independência; da legalidade; da moralidade; da motivação; da oficialidade; da oralidade; da proporcionalidade; da publicidade; da razoabilidade; do devido processo legal; da tipicidade desportiva; da prevalência, continuidade e estabilidade das competições e do espírito desportivo (fair play).

Urge destacar que segundo comando constitucional do artigo 217, nas matérias de competência da Justiça Desportiva, somente é possível recorrer ao Judiciário após esgotar todas as suas instâncias.

O processo disciplinar inicia-se por meio de denúncia da Procuradoria que, ao receber a súmula da partida, inicia-se o procedimento a fim de que sejam julgados os casos de indisciplina desportiva.

Ocorre que cada vez tem sido mais comum o uso de imagens para instruir estas denúncias, ainda que decorram de fatos não citados na súmula da partida.

A questão que se estabelece é: até que ponto a Justiça Desportiva pode interferir em situações não relatadas pelo árbitro da partida?

Sabe-se que o árbitro é a autoridade máxima da partida e suas decisões são soberanas, ou seja, em caso de invalidação de um gol legítimo, não pode o Tribunal reverter a decisão e alterar o resultado.

Entretanto, tem-se alterado decisões do árbitro para aplicar punições disciplinares aos atletas, como se deu no “caso Ronaldinho Gaúcho”.

Neste caso, deve ser observado o princípio da Segurança Jurídica de forma que nenhum ato possa agredir a coisa julgada, o ato jurídico perfeito e o direito adquirido.

Destarte, no caso em comento, com a entrega da súmula e expirado o prazo para seu adiamento, dá-se o ato jurídico perfeito e torna-se preclusa a possibilidade de acréscimo àquilo que não foi relatado pelo árbitro.

Diante disso, eventual denúncia fundamentada em fato flagrado por vídeo, mas não relatado na súmula, constitui ofensa à constituição brasileira e deve, portanto, ser rechaçada pela Justiça Desportiva, razão pela qual a decisão que puniu o jogador Ronaldinho Gaúcho afronta o princípio da Segurança Jurídica e, por consequência, a Constituição brasileira.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Despedida

Com muitos contratempos profissionais, infelizmente não tenho dado conta das colunas semanalmente. Por este motivo, hoje me despeço com este último texto. Continuarei a escrever para a Universidade do Futebol, como fazia antigamente, com artigos eventuais, mais completos, com mais pesquisa e com um assunto mais técnico.

Estamos à beira de uma boa mudança no esporte. Não só para os atletas, mas para nós torcedores. Prestes a viver um futebol mais disciplinado, com uma torcida menos agressiva, mas, nem por isso, menos participante e vibrante.

Teremos, a partir de 2013, estádios mais atuais, mais tecnológicos, mas, acima de tudo, mais confortáveis e seguros. Poderemos melhorar a vivência nos estádios de futebol e abranger melhor a família toda, como idosos, crianças e mulheres, que ainda tem uma participação tímida.

A todo o momento surgem novas ideias a respeito das arenas e novos testes com outras tecnologias aparecem para deixar o futebol ainda mais interativo. No entanto, o cuidado aqui no Brasil deve ser com a democracia.

Não podemos tirar do brasileiro a principal qualidade do futebol, a democratização do esporte. Não podemos deixar parte do público se afastar, principalmente por motivos financeiros ligados aos custos dos ingressos.

Não é possível concordar com uma declaração recentemente dada na TV brasileira, de que o pobre tem de assistir o futebol na TV e que o estádio seja somente para a elite.

Dá para criar espaços com qualidade, mas ainda manter o preço razoável, basta gerenciar, trabalhar e projetar para ter um retorno financeiro de outras formas que não dependam do faturamento das bilheterias.

É por este motivo que escrevo, para mostrar como a arquitetura tem condições de trazer suas técnicas a favor de espaços mais sociais, sensoriais, estratégicos, com conforto, segurança e igualdade entre os usuários.

Em breve, aguardem mais materiais com novidades que colocam todo o público em igualdade independente de crença, cor, faixa etária, gênero ou classe social – desmistificando assim a forma de trabalho da arquitetura e como as técnicas funcionam.

Obrigada a todos que interagiram e que usaram seu tempo livre para ver minhas opiniões e novidades trazidas nesta coluna. Quem quiser ainda sugerir assuntos que queiram conhecer mais para os artigos que trarei à Universidade do Futebol em breve, fiquem à vontade de entrar em contato pelo email abaixo.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

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Congresso europeu de gestão do esporte

Volto às atividades profissionais após uma breve pausa com passagem no Congresso Europeu de Gestão do Esporte (EASM Conference 2012 – www.easm2012.com), realizado na cidade de Aalborg, na Dinamarca.

O registro de participação no mesmo serve como recomendação para quem pretende iniciar e desenvolver estudos na área de gestão do esporte.

Trata-se de um encontro especialmente voltado para o público acadêmico, com a troca de informações e pesquisas científicas entre diversos professores de diferentes países.
Do evento, duas importantes constatações:

1. A participação que permite a reafirmação ou realização de novos contatos profissionais, sendo este um dos grandes benefícios em participar de eventos científicos por segmento de interesse. A apresentação de pesquisa permite ainda a troca de informações e experiências com outros pesquisadores para o desenvolvimento contínuo das mesmas;

2. O fato de o perfil de dirigentes do futebol serem muito parecidos, tanto lá quanto cá. Acompanhamos o discurso do presidente do Aalborg momentos antes do jantar final de confraternização do congresso, que muito se assemelhou à visão apaixonada pelo clube e o futebol. A única diferença foi a qualidade do estádio que, apesar de simples, pareceu bastante adequado ao perfil e porte da equipe.

Pela breve descrição, reforçamos a noção de nos apresentarmos cada vez mais para o mercado a partir de eventos de caráter científico, que permitam o networking e a troca de experiências para um crescimento profissional contínuo.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Rótulo

Um dos fenômenos mais curiosos do processo eleitoral é o quanto a corrida é baseada em rótulos. Durante a disputa, tudo vira adjetivo. E adjetivos pespegam em candidatos como se fossem congênitos.

Análises sobre futebol também são assim. Não são raros os exemplos de jogadores que ficam marcados como “violentos”, “técnicos”, “decisivos” ou “inconstantes”. E não são raros os exemplos em que esses rótulos são construídos somente por um lance, um jogo ou uma fase.

Quando os rótulos influenciam análises, isso cria inconsistências e contradições. É o que acontece em muitas opiniões sobre substituições que os técnicos fazem durante jogos de futebol.

No último sábado, Náutico e Corinthians empatavam por 1 a 1 em Recife. O jogo era válido pelo Campeonato Brasileiro e, aos 18 minutos do segundo tempo, o técnico Tite, comandante da equipe alvinegra, fez uma modificação: tirou Danilo e colocou Edenílson em campo.

“Ele tirou um meia e colocou um volante. Isso chamou o Náutico para o campo de defesa do Corinthians”. Vi e ouvi muitos comentários com conteúdo próximo disso.

No entanto, na comparação entre os dois atletas, Danilo tem médias superiores a Edenílson em desarmes (7,3 contra 4,1) e faltas cometidas (1,9 contra 0,4) no Campeonato Brasileiro de 2012. O que faz com que a alteração seja taxada de defensivista, então?

A resposta é o rótulo. Edenílson é rotulado como um volante, ainda que seja usado frequentemente na linha de três armadores. Danilo é tratado como um meia, a despeito de auxiliar o sistema de marcação, fechar espaços e se posicionar no comando do ataque em muitos momentos de algumas partidas.

Há casos ainda mais contundentes. Júlio Baptista foi tratado durante muitos anos como um brucutu ou um meio-campista defensivo, talvez pela imagem que construiu quando defendia o São Paulo. Ele precisou de muitas temporadas (e muitos gols) na Europa para derrubar um pouco esse estigma.

Cesc Fàbregas, do Barcelona, pode ser atacante, meia-atacante ou armador, mas o posicionamento em campo ainda importa pouco para quem o rotulou como um segundo volante.

Esse tipo de estigma pode disseminar análises totalmente distorcidas. Dizer que um técnico recuou o time apenas porque colocou mais um zagueiro em campo é recorrente, mas nem sempre condiz com a realidade.

No futebol, assim como na vida, não há pessoas com apenas uma faceta. Além disso, um time não se faz de características individuais. Colocar um marcador a mais não torna um time necessariamente mais cauteloso. Isso pode, por exemplo, dar mais liberdade para outros atletas. Ou até contribuir para adiantar a linha de marcação.

A postura de uma equipe é um conceito muito mais complexo do que um simples somatório entre o número de volantes, o número de zagueiros e o número de atacantes. E o comportamento dos atletas em campo também é muito mais complexo do que os nomes das funções que eles originalmente desempenham.

Isso aconteceu quando o técnico Mano Menezes decidiu fazer uma alteração na escalação da seleção brasileira entre os amistosos contra África do Sul (vitória por 1 a 0 no Morumbi) e China (triunfo por 8 a 0 no estádio Arruda). O comandante tirou da equipe o centroavante Leandro Damião e escalou Hulk como titular.

Até o início do jogo, quase todas as análises previam Hulk como centroavante. O atacante do Zenit, que costuma atuar aberto no lado direito do campo, era a opção mais lógica para a função. Afinal, é forte, alto e tem potencial de finalização.

O que se viu em campo, porém, foi Hulk aberto. Neymar, outro que tradicionalmente joga pelos lados, foi o jogador com mais presença de área entre os atacantes do Brasil.

Aliás, “atacantes” é outro rótulo muitas vezes desnecessário. Lucas, jogador do São Paulo, é um meia que atua aberto pelos lados e aparece muito na área adversária ou um atacante que ajuda na marcação e se aproxima muito da linha de meio-campistas?

O que determina se um time é ofensivo não é o número de atacantes. O que determina se um jogador é atacante não é a posição que aparece na ficha técnica. Como qualquer jogo, o futebol tem alternância constante de ações. Muitas vezes, a explicação para um lance é mais complexa do que os limites do jogo ou do plano tático. Em outras situações, procuramos detalhes ou minúcias para sustentar argumentos que são apenas teorias. É difícil sintetizar o acaso.

Sobre rótulos, está nos cinemas brasileiros uma análise muito pertinente e delicada. É o filme “Intocáveis”, dirigido por Olivier Nakache e Eric Toledano. Baseada em uma história real, a obra francesa acompanha a relação entre um ricaço tetraplégico e um rapaz contratado para tomar conta dele. Vale a pena notar o quanto o roteiro desconstrói as ideias feitas de um lado e de outro.

No filme, assim como na política e no futebol, nenhum personagem é puro. Toda análise tem de considerar diversos aspectos que a influenciam. Rotular empobrece.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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Apagão

Primeiro, no domingo passado, uma demonstração arcaica de violência no futebol.

Uma adolescente, que ganharia uma camisa do ídolo Lucas, do São Paulo, foi achacada nas arquibancadas do estádio Couto Pereira. Pela própria torcida do Coritiba, equipe para a qual torce e que, infelizmente, perpetrou esse ato de selvageria gratuita e insana.

Houve até tentativa de se imputar culpa à vítima, alegando-se que fazer o que fez – pedir a camisa do adversário nas arquibancadas da sua própria torcida – acirra os ânimos de todos e impulsiona ao descontrole geral.

Mencionou-se também que Lucas foi imprudente ao lançar a camisa tricolor para uma torcedora coxa-branca.

Isso aconteceu em Curitiba, que se jacta ser uma cidade-modelo, de primeiro mundo, civilizada, limpa, educada e evoluída.

Será? Mas, no futebol, as coisas são diferentes de tudo, afirmariam alguns.

Será mesmo? Não.

Deveríamos promover um pedido de desculpas a todos aqueles que desejam e entendem que o futebol pode conviver sem violência. Levar mais valores positivos aos estádios.

Se os homens não conseguem, deveríamos nos render às mulheres e crianças. Imagine se a punição fosse para o gênero masculino: durante algumas rodadas, apenas mulheres e crianças poderiam frequentar os estádios.

Isso já aconteceu com grande êxito na Turquia. Após invasão de campo, o Fenerbahce resolveu “punir” a torcida violenta, abrindo os portões para que 40 mil mulheres e crianças com menos de 12 anos acompanhassem dada partida do campeonato local.

Basta comparar os comportamentos:

Violência e omissão:
 


 

Alegria e celebração:
 


 

Parte do problema e da falta de criatividade e iniciativa para transformar essa triste realidade do futebol nacional tem uma pequena representação sobre como se administra o esporte no episódio do “apagão” ocorrido no amistoso entre Brasil e Argentina:
 


 

Enquanto faltar visão – ou ela ficar distorcida, deturpada, por “apagões” morais e de gestão – o futebol nacional será uma sombra ideal projetada na caverna imaginada por Platão.

Lá fora, a realidade seguirá sendo cruel. E bem diferente.

E o desenvolvimento social pelo esporte, bem como o legado social do esporte, será apenas um tópico nos cadernos de encargos dos megaeventos.
 

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br