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Babbo, 21/12/1936 – ET/ER/NO

Nunca falei com meu pai a respeito depois que o Palmeiras foi rebaixado. Sei que ele soube. Ou imaginou. Só sei que no primeiro domingo depois da queda para a Segunda pela segunda vez, seu Joelmir teve um derrame antes de ver a primeira partida depois do rebaixamento. Ele passou pela tomografia logo pela manhã. Em minutos o médico (corintianíssimo) disse que outro gigante não conseguiria se reerguer mais.

No dia do retorno à segundona dos infernos meu pai começou a ir para o céu. As chances de recuperação de uma doença autoimune já não eram boas. Ficaram quase impossíveis com o que sangrou o cérebro privilegiado. Irrigado e arejado como poucos dos muitos que o conhecem e o reconhecem. Amado e querido pelos não poucos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Meu pai.

O melhor pai que um jornalista pode ser. O melhor jornalista que um filho pode ter como pai.

Preciso dizer algo mais para o melhor Babbo do mundo que virou o melhor Nonno do Universo?

Preciso. Mas não sei. Normalmente ele sabia tudo. Quando não sabia, inventava com a mesma categoria com que falava sobre o que sabia. Todo pai é assim para o filho. Mas um filho de jornalista que também é jornalista fica ainda mais órfão. Nunca vi meu pai como um super-herói. Apenas como um humano super. Só que jamais imaginei que ele pudesse ficar doente e fraco de carne. Nunca admiti que nós pudéssemos perder quem só nos fez ganhar.

Por isso sempre acreditei no meu pai e no time dele. O nosso.

Ele me ensinou tantas coisas que eu não sei. Uma que ficou é que nem todas as palavras precisam ser ditas. Devem ser apenas pensadas. Quem fala o que pensa não pensa no que fala. Quem sente o que fala nem precisa dizer.

Mas hoje eu preciso agradecer pelos meus 46 anos. Pelos 49 de amor da minha mãe. Pelos 75 dele.

Mais que tudo, pelo carinho das pessoas que o conhecem – logo gostam dele. Especialmente pelas pessoas que não o conhecem – e algumas choraram como se fosse um velho amigo.

Uma coisa aprendi com você, Babbo. Antes de ser um grande jornalista é preciso ser uma grande pessoa. Com ele aprendi que não tenho de trabalhar para ser um grande profissional. Preciso tentar ser uma grande pessoa. Como você fez as duas coisas.

Desculpem, mas não vou chorar. Choro por tudo. Por isso choro sempre pela família, Palmeiras, amores, dores, cores, canções.

Mas não vou chorar por algo mais que tudo que existe no meu mundo que são meus pais. Meus pais (que também deveriam se chamar minhas mães) sempre foram presentes. Um regalo divino. Meu pai nunca me faltou mesmo ausente de tanto que trabalhou. Ele nunca me falta por que teve a mulher maravilhosa que é dona Lucila. Segundo seu Joelmir, a segunda maior coisa da vida dele. Que a primeira sempre foi o amor que ele sentiu por ela desde 1960. Quando se conheceram na rádio 9 de julho. Onde fizeram família. Meu irmão e eu. Filhos do rádio.

Filhos de um jornalista econômico pioneiro e respeitado, de um âncora de TV reconhecido e inovador, de um mestre de comunicação brilhante e trabalhador.

Meu pai.

Eu sempre soube que jamais seria no ofício algo nem perto do que ele foi. Por que raros foram tão bons na área dele. Raríssimos foram tão bons pais como ele. Rarésimos foram tão bons maridos. Rarissíssimos foram tão boas pessoas. E não existe outra palavra inventada para falar quão raro e caro palmeirense ele foi.

(Mas sempre é bom lembrar que palmeirenses não se comparam. Não são mais. Não são menos. São Palmeiras. Basta).

Como ele um dia disse no anúncio da nova arena, em 2007, como esteve escrito no vestiário do Palmeiras no Palestra, de 2008 até a reforma: “Explicar a emoção de ser palmeirense, a um palmeirense, é totalmente desnecessário. E a quem não é palmeirense… É simplesmente impossível!”.

A ausência dele não tem nome. Mas a presença dele ilumina de um modo que eu jamais vou saber descrever. Como jamais saberei escrever o que ele é. Como todo pai de toda pessoa. Mais ainda quando é um pai que sabia em 40 segundos descrever o que era o Brasil. E quase sempre conseguia. Não vou ficar mais 40 frases tentando descrever o que pude sentir por 46 anos.

Explicar quem é Joelmir Beting é desnecessário. Explicar o que é meu pai não estar mais neste mundo é impossível.

Nonno, obrigado por amar a Nonna. Nonna, obrigado por amar o Nonno.

Os filhos desse amor jamais serão órfãos.

Como oficialmente eu soube agora, 1h15 desta quinta-feira, 29 de novembro. 32 anos e uma semana depois da morte de meu Nonno, pai da minha guerreira Lucila.

Joelmir José Beting foi encontrar o Pai da Bola Waldemar Fiume nesta quinta-feira, 0h55.

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

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O atleta e a conquista da excelência pessoal – A concentração

Todo atleta como qualquer outro ser humano deve buscar sua melhor performance profissional e pessoal desenvolvendo-se em busca da sua excelência. Temos a capacidade de buscar nossos sonhos e alcançar os objetivos significativos para nossas vidas, pois existe uma força inacreditável dentro de nós mesmos quando conseguimos extrair todo o poder de nossa concentração, quando aumentamos a qualidade e a consistência da nossa concentração, e estes acréscimos ajudam a elevar a consistência e a qualidade do nosso desempenho profissional.

A excelência pessoal de cada atleta é uma jornada para toda a sua vida, que traz concentração, desafios, significado, prazer, frustração e perspectiva de vida. Por mais que o atleta esteja num nível bom de desempenho é possível evoluir sempre um pouco mais e com isso elevar constantemente seu desempenho.

Os elementos críticos que criam a excelência pessoal são:

• Concentração
• Comprometimento
• Preparo mental
• Imagens positivas
• Confiança
• Controle das distrações
• Aprendizado contínuo

Esses elementos quando combinados formam a já conhecida Roda da Excelência (conforme figura), um agrupamento de peças interconectadas que se aplica a qualquer esporte e busca de desempenho superior. As partes dessa roda podem e devem ser desenvolvidas em pequenas melhoras a cada dia, através da escolha das partes que possam gerar benefícios às demais em função de sua melhoria. Ou seja, o atleta pode avaliar qual parte da roda pode ser melhorada e que gera mais impacto positivo nas demais fazendo assim que a roda comece a entrar em desenvolvimento equilibrado e girando suavemente na direção ao melhor de sua performance. Esta roda serve como um guia de desenvolvimento pessoal para todo e qualquer atleta, que tem como objetivo melhorar constantemente o seu desempenho.

Na coluna desta semana irei comentar a questão da concentração, que é o primeiro e o mais importante elemento da excelência. Justamente por este motivo ela está no centro da excelência, no eixo da roda. Todos os atletas que apresentam seu melhor desempenho ou que conquistam a excelência em níveis mais elevados aprendem a se concentrar.

A melhora da concentração permite que o atleta continue a aprender, experimentar, crescer, criar, aproveitar e alcançar um desempenho cada vez mais próximo da sua capacidade máxima. A excelência acontece mais naturalmente quando se desenvolve a confiança em sua concentração e sabe-se que ela pode levá-lo aonde quer chegar. Um alto desempenho consistente depende de uma concentração constante e de alta qualidade.

Os demais elementos da excelência (comprometimento, preparo mental, imagens positivas, confiança, controle das distrações e aprendizado contínuo) crescem e direcionam-se sempre a partir da concentração. Daí a importância de reconhecermos o papel fundamental da concentração na busca pela excelência do desempenho para os atletas.

As seguintes reflexões sobre a concentração podem ser feitas pelos atletas:

• Você tem trabalhado para melhorar a qualidade e consistência de sua concentração a cada dia?
• Você está concentrado em fazer as pequenas ações que têm o melhor efeito para o seu desempenho a cada dia?
• Você está trabalhando para manter seu melhor estado de concentração o tempo todo em sua atuação?

Estas e outras reflexões devem ser utilizadas para que o atleta possa avaliar seu nível de concentração, bem como a partir deste ponto poder reconhecer que existem melhorias a serem promovidas e buscar o melhor de sua performance.

Nas próximas colunas comentarei sobre os demais elementos da roda da excelência. Até lá!

Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br