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Para atender a demanda

Estádios vazios, jogos ruins e atletas de pouca expressão. Não, não estamos falando de alguns dos famigerados campeonatos regionais pelo Brasil. O caso é o da Copa Africana de Nações, que está sendo realizada na África do Sul, servindo como alerta para o futuro país da Copa do Mundo.

A projeção de estádios que atendem demandas pontuais não costumam ser balizadores para as demandas futuras. A sustentabilidade de arenas não significa apenas construir estádios “verdes”, com captação de água da chuva, energia solar ou coleta seletiva de lixo.

Pensar estrategicamente e conceber arenas implica em projetar uma demanda modulada, que permita flexibilizar o espaço para suportar pequenos, médios e grandes eventos, conforme o calendário, o crescimento da torcida e da população de abrangência, a qualificação do espetáculo etc.

E chegamos novamente ao caso africano: se o tamanho dos estádios de 2010 para a Copa do Mundo estava adequado, o mínimo seria imaginar a redução de sua capacidade para atendimento dos eventos de futebol daquele país e de outras competições internacionais de menor expressão.

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O futebol precisa de antagonismos

Como negócio, o esporte ainda precisa evoluir em vários aspectos. Poucos são tão latentes, contudo, quanto o respeito à rivalidade. O segmento ainda tem parcos exemplos de uso eficiente das dicotomias que ele mesmo cria.

Compare com a ficção, por exemplo: no cinema, no teatro ou na literatura, o desenvolvimento de um bom antagonista é trecho intrínseco na criação de qualquer personagem. Um herói é tão grande quanto os desafios que supera ou as reações que suscita.

A provocação no bar pode ser mais saborosa quando o time rival fracassa, mas até para que isso exista é fundamental que o adversário seja relevante. Não há rivalidade que sobreviva a um abismo.

É isso que acontece na Espanha. O rival local do Barcelona é o Espanyol, mas não há como sustentar um embate entre os dois catalães. A distância entre os faturamentos colocou as duas equipes em mundos absolutamente diferentes.

Hoje em dia, o adversário do Barcelona na Espanha é o Real Madrid. “Os dois disputam um campeonato à parte”, é o que se costuma dizer sobre o cenário de uma das principais ligas de futebol do planeta.

O patamar criado por Barcelona e Real Madrid tem uma série de explicações. Os dois faturam mais porque têm penetração em mais mercados e porque vendem mais, por exemplo. Mas nada desequilibra mais a conta do que a mídia.

Os direitos de mídia do Campeonato Espanhol são comercializados individualmente. Cada time é dono das partidas que faz como mandante, e também é responsável por vender essas imagens dentro e fora do país.

O resultado mais óbvio desse modelo é que os jogos de Barcelona e Real Madrid, times que têm mais relevância internacional, são mais interessantes e vendem mais – os dois respondem por mais de 50% do faturamento nacional com mídia. No curto prazo, isso não causa diferença relevante. Com o passar do tempo, contudo, há uma acentuação contundente no abismo financeiro entre os gigantes e os outros.

Os direitos de mídia incluem negociações com TV, internet e uma série de outras plataformas. Se um time ganha muito mais em cada uma dessas searas, sempre vai poder contratar os melhores atletas. E se contratar os melhores atletas, sempre vai ser tecnicamente mais forte. E se for tecnicamente mais forte, sempre vai gerar mais interesse. E se gerar mais interesse, sempre vai vender mídia por valores maiores. É um ciclo que limita muito as rivalidades.

Parece uma lógica muito simples, mas o esporte nem sempre se preocupa com o que é simples. Em vez de fortalecer a cadeia econômica, o importante é superar o rival. O que vale é ter assunto para a provocação no bar.

Na Espanha, Barcelona e Real Madrid polarizam títulos nacionais desde 2005. O campeonato nacional não é tão ruim quanto alguns insistem em dizer, mas os dois estão muito acima do restante da tabela. Isso cria uma indelével sensação de que não há competição.

O abismo entre os gigantes e o resto tem sido ainda mais problemático nos últimos anos. A economia espanhola enfrentou problemas, e os times locais precisaram buscar dinheiro em outros locais. Barcelona e Real Madrid venderam mídia e cotas comerciais em outros países, mas equipes menores não conseguem seguir esse caminho. E a distância só aumenta.

Na outra ponta está a Premier League. O torneio nacional da Inglaterra vende mídia coletivamente. Metade do montante amealhado é repartida igualmente, e a outra fatia é dividida de acordo com desempenho em campo (25%) e aparições na TV (25%).

A venda de mídia é apenas um aspecto em que a Premier League foi buscar inspiração no esporte dos Estados Unidos. As principais ligas norte-americanas vendem mídia em negociações coletivas. O dinheiro é dividido em porções parecidas, sempre priorizando a competitividade.

Até o draft, instituição tão presente no esporte norte-americano, é voltado à manutenção do equilíbrio. Os piores times de uma temporada são os primeiros a escolher atletas para o ano seguinte. Na teoria, isso faz com que todos tenham condições técnicas parecidas e que exista alternância de forças no torneio.

Com mais equilíbrio, qualquer jogo passa a ser mais interessante. Resultados são mais imprevisíveis, e rivalidades acabam acentuadas.

Na América do Sul, o futebol brasileiro é a Espanha. O país pentacampeão mundial adotou um modelo individual de negociação de mídia. Cada clube tem direito de fechar com a emissora que julgar mais conveniente.

Em primeiro lugar, isso esbarra em um absurdo legal. No Brasil, as duas equipes envolvidas em um jogo são donas da imagem. Portanto, se uma tiver acordo com a emissora X e outra fechar com o canal Y, o jogo depende de um acordo entre todas as partes para poder ser exibido.

Esse cenário bizarro só não aconteceu no Brasil porque todos fecharam com a Globo. A proposta da emissora carioca inclui qualidade técnica das transmissões, alcance nacional e índices de audiência.

Mas também incluiu, a partir da adoção da venda individual, uma enorme valorização do produto. O valor pago por mídia no futebol brasileiro disparou nos últimos anos, mas a evolução não foi igual para todas as equipes. Aliás, aconteceu exatamente o contrário.

Se os times souberem equacionar dívidas e trabalhar ativos locais (categorias de base, por exemplo), a tendência é que o futebol brasileiro comece a acompanhar um processo semelhante ao da Espanha. Quem fatura menos pode equilibrar as coisas em um ano ou dois, mas quem ganha mais sempre tem estabilidade no topo.

O que torna esse cenário ainda mais enfático é a comparação com o principal mercado concorrente. A Argentina mudou em 2009 o modelo de venda de mídia do futebol. A TV estatal pagou 600 milhões de pesos (cerca de R$ 300 milhões) por um contrato de dez anos com o campeonato nacional, e esse total foi distribuído entre as equipes.

Não é por acaso que o Campeonato Argentino se tornou imprevisível e equilibrado. Não é por acaso que as equipes nacionais rapidamente perderam força em disputas com os brasileiros.

A discussão em torno de venda de mídia não é nova, mas serve como gancho para analisar duas novas gestões em dois dos maiores clubes do futebol brasileiro. Flamengo e Palmeiras iniciaram em 2013 com presidentes neófitos, esperanças renovadas e discursos bem diferentes.

Flamengo e Palmeiras estão entre os maiores contratos de mídia do futebol brasileiro. Por consequência, faturam muito mais do que os rivais. Ainda assim, não frequentam o tal panteão dos ricos.

É claro que o equilíbrio no futebol mundial também pode ser explicado por fatores externos. Times como Chelsea, Manchester City e Paris Saint-Germain não estavam entre os maiores faturamentos da Europa, mas receberam injeções de mecenas e se tornaram fortes.

No entanto, o mais comum é a r
ealidade do dinheiro prevalecer em médio e longo prazo. Se eu ganho muito mais do que você, sempre vou ter condições de desequilibrar a competição entre nós.

O prazo para a criação desse cenário depende apenas de organização. Não adianta um clube faturar mais se o dinheiro estiver totalmente comprometido com contas e contratos de períodos anteriores.

O desafio de Flamengo e Palmeiras, portanto, é arrumar a casa. Se os dois forem bem geridos, a tendência é que o mercado os empurre. Ambos têm potencial para muito mais do que fizeram nas últimas temporadas.

O problema é que não há um modelo a ser seguido. O Corinthians, exemplo mais recente de evolução no futebol brasileiro, saiu do limpo com um planejamento baseado no varejo. Além do impulso da TV, a equipe do Parque São Jorge fatura mais porque vende mais produtos.

Flamengo e Palmeiras até poderiam tentar o mesmo caminho, mas teriam um risco enorme causado pela desaceleração da economia. O Brasil pode não entrar em crise nos próximos anos, mas não dá sinais de que manterá o ritmo de ascensão.

O grande mérito do Corinthians foi montar um modelo que era perfeito para o momento econômico do Brasil. O time alvinegro aproveitou o cavalo que passava encilhado. Flamengo e Palmeiras ainda precisam de muitos ajustes internos antes de pensarem em oportunidades. Mas quando estiverem prontos, a dúvida é qual mercado eles encontrarão.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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As “linhas de 5”

Relatórios e imagens das últimas oito Copas do Mundo Fifa de Futebol mostram que a preferência por uma linha de defesa de 4 jogadores (linha de 4) está presente em todas elas. Relatos sobre Copas anteriores apontam para o mesmo.

Ainda que tenham surgido e ainda sujam por vezes, em uma ou outra seleção nacional uma opção diferente (linha de três zagueiros, por exemplo), é fato o predomínio das “linhas de 4”.

Nos principais campeonatos nacionais na Europa e América do Sul, equipes espalhadas por diversos países também mantêm a tendência pela composição da linha defensiva com quatro jogadores.

Claro, também há exceções, como por exemplo a Juventus, de Turim, na Itália, que vem nos últimos quase dois anos (com bons resultados), jogando em um 1-3-5-2 zonal que transforma sua defesa em “linha de 4” quando atacada pelos adversários.

O Brasil segue a tendência.

Uma tendência que vem ganhando força nos últimos três anos, que também diz respeito a linha de defesa, e que tem como representantes, principalmente equipes da Espanha, Portugal e Alemanha (além de algumas inglesas) é a estruturação de “linhas de 5”.

As “linhas de 5” no geral são circunstanciais, mas com padrões bem definidos de organização e composição. Sua formação normalmente está associada a presença da bola, em posse do adversário, entre a linha de fundo defensiva e a linha cinco do campo de jogo, nas faixas laterais (conforme a figura).

São diversos os motivos que têm levado as equipes a optar por formação de linhas de cinco jogadores em circunstâncias como a descrita. Porém, as mais marcantes e comuns delas dizem respeito a:

a)possibilidade de ter mais jogadores fazendo coberturas uns dos outros em jogadas de linha de fundo do adversário, sem precisar ficar tirando os zagueiros de perto da pequena área defensiva;

b)ter uma linha mais comprida nos cruzamentos, alinhada com a bola, otimizando a gestão do espaço, e especialmente em bolas de 2ª trave.

Na última Copa do Mundo de Futebol, a seleção da Suíça, com uma equipe de pouca expressão, conseguiu sofrer apenas um gol na competição (mesmo tendo em seu grupo a seleção da Espanha, que foi a campeã do Mundial) – utilizando-se do expediente da “linha de 5”.

E é no campeonato nacional espanhol que mais equipes têm essa prática no seu desenho tático.

No geral, os times que adotam a “linha de 5” acabam precisando resolver um problema que surge em decorrência da sua formação.
Para se ter um jogador a mais na linha de defesa, é preciso perder um jogador que poderia fechar a circulação de bola adversária pelo meio (normalmente é o volante que entra na “linha de 4” para transformá-la em “linha de 5”).

Isso quer dizer que, se pensarmos em coberturas, dobras de marcação e fechamento de circulação da bola pela faixa central do campo, é plausível aceitarmos a idéia de que com um jogador a mais na linha de defesa, ou diminuímos a eficiência das dobras, ou do fechamento da circulação central da bola.

E se nenhuma dessas ocorrências for uma opção aceitável, será necessário trazer jogadores da linha de ataque para auxiliar na estruturação defensiva do espaço.

Mas, aí, outro problema emerge: o balanço ofensivo para organizar contra-ataques ou desafogar a defesa ficará numericamente prejudicado.

A tendência às linhas de cinco jogadores nasce, então, de uma dificuldade defensiva, principalmente para enfrentar equipes tecnicamente bem qualificadas, em campos de largura considerável, que para ser eficiente no que se propõe, pode desencadear sérias dificuldades para se chegar ao gol de ataque (dificuldades ofensivas para quem se defende com ela) – ou ao menos, maior gasto energético para isso.

Por hoje é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

 

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Banco de Jogos – jogo 7

Se a comissão técnica não estiver atenta, facilmente os atletas podem diminuir o nível de concentração numa sessão de treino de bolas paradas.

Com a excessiva repetição das ações num ambiente que simula o jogo, mas não tem suas principais características, elementos importantes como as organizações de balanço defensivo e ofensivo, comportamentos coletivos de transição ofensiva e defensiva, o interesse dos atletas em cumprir as ações com eficácia e a própria competição, inerente ao jogo, são desconsiderados (ou deixados em segundo plano) e refletem negativamente nos jogos oficiais.

Então, com o objetivo de proporcionar maior competitividade à sessão de treino e consequentemente aproximá-la das situações reais de jogo, a coluna desta semana propõe uma atividade para aperfeiçoar o Modelo de Jogo do treinador no que tange as cobranças de bolas paradas, afinal, as mesmas têm definido muitas partidas do futebol mundial.

Jogo Conceitual em Ambiente Específico de Bolas Paradas

– Dimensões do campo oficial. ~ 100m x 70m;
– Campo dividido em 5 setores em torno da grande área;

 

Regras do Jogo

1.Cada equipe tem direito a 5 bolas por setor, além de 5 escanteios de cada lado, totalizando 35 bolas por equipe;
2.As mudanças de equipe que ataca ou defende são feitas a cada série de 5 bolas;
3.Cada bola é jogada por, no máximo, 20 segundos;
4.Após cada bola, pausa de 40 segundos;
5.Se na cobrança a bola for desperdiçada pela equipe que ataca, o treinador repõe a bola em jogo para a equipe que defende;
6.Se na cobrança a bola for desviada pra fora pela equipe que defende, o treinador repõe a bola em jogo para a equipe que ataca;
7.Gol = 6 pontos
8.Ultrapassar o meio campo em transição ofensiva = 2 pontos
9.Ultrapassar o meio campo após reposição do treinador = 1 ponto
10.Gol após reposição do treinador = 3 pontos
11.Gol de transição ofensiva = 10 pontos

Assista aos vídeos com os exemplos de algumas regras:

Regra 7


 

O jogador número 10 da equipe listrada faz a cobrança de uma falta lateral e o jogador número 8 faz o gol. Esta ação vale 6 pontos para a equipe listrada.

Regra 8


 

O jogador número 10 da equipe listrada faz a cobrança de uma falta lateral e o jogador número 7 da equipe verde intercepta o cruzamento. Em um contra ataque, a equipe verde ultrapassa o meio campo com o jogador número 10. Esta ação vale 2 pontos para a equipe verde.

Regra 10


 

O jogador número 8 da equipe verde faz a cobrança de um escanteio e o jogador número 6 da equipe listrada desvia para fora. Após a reposição feita pelo treinador o jogador número 8 da equipe verde cruza e o jogador número 4 faz o gol. Esta ação vale 3 pontos para a equipe verde.

Aguardo dúvidas, críticas e sugestões. Abraços e bons treinos!

 

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Banco de jogos – jogo 1
Banco de jogos – jogo 2
Banco de jogos – jogo 3
Banco de jogos – jogo 4
Banco de jogos – jogo 5
Banco de jogos – jogo 6
 

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Campeonato Catarinense sem público?

As partidas de estreia do Campeonato Catarinense correram o risco de serem disputadas sem a presença da torcida, eis que por recomendação do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), todos os jogos das duas primeiras rodadas do Estadual de 2013 deveriam ser disputados com os portões fechados.

Tal situação se deu em razão dos clubes não terem cumprido o prazo determinado para a entrega dos laudos necessários para a liberação dos estádios, descumprindo, assim, o que estabelece o Estatuto do Torcedor.

Destarte, o Regulamento Geral da Federação Catarinense de Futebol (FCF) define que a Federação deve fazer o controle dos laudos e decidir sobre a proibição de público quando descumprido o regulamento.

O Estatuto do Torcedor, por seu turno, prevê a obrigatoriedade de entrega, pelos clubes, dos Laudos: de Segurança, de Engenharia, de Prevenção e Combate de Incêndio e de Condições Sanitárias e de Higiene.

Segundo a Promotoria o ponto relevante não seria a mera entrega dos laudos e as consequências pelo descumprimento dos prazos, mas a proteção à vida e à integridade física dos torcedores, além do próprio dever geral de respeito à lei.

Assim, o Ministério Público de Santa Catarina (MP/SC) vetou a presença de público em todos os estádios nas duas primeiras rodadas da competição baseando-se em um Termo de Cooperação Técnico, assinado em 2010, com a Federação Catarinense de Futebol (FCF), Associação de Clubes, Polícia Militar, CREA, Corpo de Bombeiros e Vigilância Sanitária Estadual, que solicitava que os laudos técnicos dos estádios fossem encaminhados à FCF em até 35 dias antes do início da competição.

Ressalte-se que tanto o art. 15 do Regulamento Específico do Campeonato Catarinense de Futebol Profissional da Divisão Principal de 2013 como o art. 114 do Regulamento Geral obrigam os clubes de futebol a encaminharem à FCF, no prazo de 35 dias antes do início da competição, os laudos técnicos. Ato contínuo, o art. 115 do Regulamento Geral estabelece que a FCF não poderá autorizar a realização de partidas oficiais, com a presença de público, em estádios de futebol nas competições que vier a organizar, quando o estádio não possuir todos os laudos de segurança ou forem entregues fora do prazo ou, ainda, elaborados em desacordo com as diretrizes da Portaria n. 238/2010 do Ministério do Esporte.

Contra tal situação a Associação dos Clubes de Futebol Profissional de Santa Catarina postulou junto ao Tribunal de Justiça Desportiva de Santa Catarina (TJD/SC), cujo Presidente analisou a liminar da Associação para liberação de público nos estádios catarinenses na primeira e segunda rodada do Estadual. O TJD/SC deferiu a liminar pleiteada, com a base na análise dos laudos técnicos apresentados.

A decisão da Justiça Desportiva Catarinense restabelece a intenção do Estatuto do Torcedor que deve prevalecer ante o excesso de formalismo. O torcedor possui o direito de segurança e acesso aos estádios de futebol, independentemente da anterioridade que apresentem os laudos. Portanto, o princípio que deve ser adotado é o da proteção integral dos direitos do torcedor e não o formalismo exacerbado.
 

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Demagogias no mundo esportivo (parte 02)

Como falado na semana passada sobre a situação do entorno do Maracanã e as demagogias acerca do estádio de atletismo Célio de Barros e o Museu do Índio, em que se comprovou que o problema não é a quantidade mas sim os projetos relacionados ao atletismo, e que o tal antigo museu virou, na realidade, um local de ocupação ilegal de famílias indígenas, temos agora o caso do antigo e o novo estádio do Grêmio de Foot-ball Porto Alegrense.

No final de dezembro, apareceram algumas notícias que davam conta do tombamento do estádio Olímpico. Ora, imediatamente após a inauguração da moderna Arena Grêmio, concebida em uma plataforma de negócios consistente entre duas empresas privadas – o Grêmio e a OAS – vem agora o poder público interferir a ponto de prejudicar as pretensões do principal investidor do empreendimento?

Para rememorar, a OAS negociou com o Grêmio a permuta do terreno onde hoje está o estádio Olímpico pela construção da Arena. Pela troca, a OAS projetou suas receitas com a construção de um empreendimento comercial no lugar do antigo estádio, localizado em região central e nobre da capital Porto Alegre. É sabido que um "tombamento" como patrimônio histórico limita em muito qualquer pretensão de intervenção imobiliária naquele bem.

O vereador que propõe o tombamento é conselheiro do Grêmio e esteve na assembleia de aprovação do negócio com a OAS. Além dele, alguns dirigentes gaúchos reforçam um posicionamento que entra no limiar da quebra de contrato de um negócio legítimo.

Não se respeitam contratos. Não se respeitam estudos. Não se leva em conta o investimento realizado, o fluxo de caixa de um projeto grandioso, as possibilidades de receitas e os riscos tomados para entregar uma arena moderna no prazo estipulado.

E a cada leitura de notícias sobre este tema nos meios de comunicação, chegamos à conclusão que parece ser mais saudável para a iniciativa privada manter, de fato, distância de qualquer tentativa de negócio que vá além de um mero patrocínio na camisa de jogo. Uma pena, pois, para o bem do futebol e das empresas, as oportunidades de negócios lucrativos para ambos são enormes.

Em suma, percebe-se que constantemente lutamos por coisas erradas, fugindo do foco da discussão. O cerne dos problemas, mais das vezes, não é tangível e carece, principalmente, de uma percepção mais global sobre os anseios e as expectativas de todos os envolvidos.

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Leia mais:
Demagogias no mundo esportivo (parte 01)

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A escolha de Guardiola

Em 2003, Josep Guardiola havia decidido que deixaria o futebol da Itália. Revelado pelo Barcelona, time em que construiu grande parte da carreira, o volante defendeu Brescia e Roma no país do calcio. Durante semanas, o nome dele recheou listas de notícias sobre mercado – as especulações mais frequentes eram sobre uma mudança para o Manchester United. E o jogador espanhol escolheu o Al-Ahli, do Qatar.

Dez anos depois, uma decisão de Pep voltou a causar furor. Ele estava em período sabático depois de uma vitoriosa passagem como técnico do Barcelona, e o nome do espanhol passeou por projeções sobre o futuro de algumas das maiores e mais ricas equipes da Europa. E Guardiola escolheu o Bayern de Munique, da Alemanha.

As duas histórias têm pouco em comum, mas mostram que Guardiola nunca teve receio de arriscar na carreira. A própria mudança para o Brescia, quando ele tinha 30 anos e havia acabado de terminar um longo contrato com o Barcelona, é um exemplo disso.

Como técnico, Guardiola começou no Barcelona B. Ele ascendeu ao time principal em 2008 e comandou um dos períodos mais vitoriosos da história da equipe catalã. Foram 18 títulos em quatro anos, com três troféus do Campeonato Espanhol e dois da Liga dos Campeões da Uefa.

Mais do que os títulos, Guardiola incutiu no Barcelona um jeito de pensar futebol. Ele resgatou conceitos que fazem parte da história do clube, como a profusão de passes curtos e a prioridade total à posse de bola. O time de Pep marcava no campo de ataque, mudava posições constantemente e usava muito bem os deslocamentos em diagonal – marcas, aliás, que permanecem na equipe a despeito da saída do treinador.

As vitórias e o encantamento que Guardiola produziu no Barcelona transformaram o espanhol na maior aposta do futebol mundial em muito tempo. Em 2012, quando deixou o time catalão, ele iniciou um período sabático. Longe do mercado, Pep fomentou especulações. Equipes tradicionais, novas ricas, seleções e torcedores… O mundo queria o treinador.

O primeiro aspecto a ser considerado na decisão de Guardiola, portanto, é o que isso representa para a carreira dele. O espanhol assumirá o Bayern de Munique no início da temporada 2013/2014, quando terminar o tal ano sabático.

Na temporada 2010/2011, segundo estudo da consultoria Deloitte, o Bayern de Munique foi o quarto time europeu que mais faturou. O time alemão amealhou 321,4 milhões de euros, montante que foi superado apenas por Real Madrid, Barcelona e Manchester United.

Outro estudo, feito pela consultoria Brand Finance, aponta a marca do Bayern de Munique como a segunda mais valiosa do futebol mundial em 2012. O clube foi avaliado em US$ 786 milhões, evolução de 59% em comparação com a temporada anterior. Perde apenas para o Manchester United (US$ 853 milhões).

O Bayern de Munique tem dinheiro. O Bayern de Munique tem uma marca poderosa. Mas o time bávaro também tem um elenco forte, que decidiu a Liga dos Campeões contra o Chelsea na temporada passada – o time inglês foi campeão.

Guardiola encontrará no Bayern de Munique um elenco forte, com jogadores rápidos e um meio-campo muito habilidoso. De cara, o espanhol terá três enormes desafios: criar uma hegemonia nacional na Alemanha, liga que tem sido uma das mais imprevisíveis entre as grandes da Europa, voltar a vencer a Liga dos Campeões da Europa e encantar. A sombra do Barcelona, belo e eficiente, estará sempre à caça do treinador.

Sobretudo porque o Barcelona pós-Guardiola é igualmente forte. O time catalão segue dominando a bola, acuando adversários e vencendo. Apesar de ter sofrido um revés no último fim de semana, registrou o melhor início na história do Campeonato Espanhol. Além disso, a equipe de Tito Vilanova está viva na Copa do Rei e na Liga dos Campeões da Uefa.

Há vários desafios para Guardiola no Bayern, mas o maior deles é pessoal: mais do que vencer ou encantar, o espanhol precisa mostrar que não é apenas um produto da estrutura e da qualidade do Barcelona.

É aí que a decisão de Guardiola começa a se mostrar acertada em termos de planejamento de carreira. O técnico não escolheu um novo rico ou um time em que a participação dele seria teria de ser mais incisiva. Pegou uma equipe ajeitada, com dinheiro, torcida e estrutura, mas que não conquista o título nacional há duas temporadas.

O atual bicampeão alemão é o Borussia Dortmund. O Bayern não passava duas temporadas sem erguer a taça nacional desde o intervalo de 1994 a 1996, quando o Dortmund conquistou outros dois títulos. Na temporada 2012/2013, porém, esse hiato deve acabar. A nova equipe de Guardiola lidera com folga, com 45 pontos em 18 jogos – o segundo colocado é o Bayer Leverkusen, que tem 36.

A equipe que chegará às mãos de Guardiola, portanto, também deve estar mais leve por ter acabado de conquistar um título. Ou mais de um, já que o Bayern de Munique também está na disputa da Liga dos Campeões da Uefa.

A trajetória desta temporada mostra que vencer não será suficiente para Guardiola. Não foi suficiente para Jupp Heynckes, o atual comandante do Bayern de Munique.

Guardiola precisa ser no Bayern de Munique o combustível que ele representou no Barcelona. Os dois times têm várias similaridades, como o bom uso das categorias de base.

Para isso, a comunicação terá papel fundamental. José Mourinho, técnico do Real Madrid, chegou a dizer certa vez que nunca trabalharia na Alemanha porque o idioma seria uma barreira intransponível para ele. No Barcelona, Guardiola trabalhava com uma base de espanhóis, com participações de vários sul-americanos.

Além do idioma, Guardiola terá de aprender as diferenças culturais entre Espanha e Alemanha. Se tivesse assumido um time da Itália, por exemplo, poderia aproveitar a vivência como atleta.

A escolha de Guardiola reuniu qualidade, dinheiro, força de marca, atual momento, características do clube e até o tamanho do desafio. O espanhol precisa criar numa equipe diferente, com um idioma diferente e com jogadores de perfis diferentes, um modelo parecido com o que ele instituiu no Barcelona.

Se a informação que circulou na mídia alemã estiver correta, o caminho de Guardiola já começou bem. Jornais germânicos disseram que o contrato do espanhol com o Bayern de Munique estava fechado desde o ano passado, mas a equipe soube blindar a notícia e anunciou para público, imprensa e elenco apenas quando julgou conveniente.

A comunicação correta começa por saber quando falar. A decisão de Guardiola é totalmente compreensível, mas só os resultados dirão se foi um acerto tão grande quanto a condução do negócio.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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Impressionismo brasileiro

Impressionante! Sensacional! Craque! Inesquecível!

O superlativismo que reina no futebol brasileiro tem me distanciado, cada vez mais, da dita "crônica esportiva" superficial, despreocupada com a abordagem crítica, mas preocupada em vender.

Tais exageros editoriais e de linguagem são, em grande medida, originados pelo excesso de otimismo pelo qual passa a gestão do futebol no país. Que, tal qual na política nacional, se esforça para não enxergar e agir sobre aquilo que realmente deve ser feito dentro das instituições e que possa gerar um legado positivo.

O que se tem gerado, no futebol brasileiro, mais especialmente falando dos clubes, é um grande legado de dívidas. Aliás, isso tem sido profissionalmente rolado de gestão em gestão.

E a opinião pública acaba por receber, da mídia esportiva, nuances enviesadas a respeito do que acontece no esporte, com o agravante de endossar condutas irresponsáveis na administração dos clubes.

Transmuta-se má gestão, temerária, em boas práticas quando nos deparamos com algumas reportagens como a que li neste domingo. No Jornal Zero Hora, a matéria, em tom de saga, intitulada de "A Era Vargas", ressalta as dificuldades e peripécias protagonizadas pelo Grêmio na contratação do chileno Vargas, do Napoli, por empréstimo.

Descreve como foram feitas reuniões em hotel/restaurante, entre o presidente, o treinador e o diretor de futebol do clube, para selar a missão em busca do jogador estrangeiro.

Que o diretor de futebol gremista foi ao Chile, em 23 de dezembro, para se encontrar com o jogador e seus empresários, trocando camisas de Grêmio e Napoli. Que o Grêmio convidou o empresário do chileno para a inauguração de sua moderna arena em dezembro.
E que o presidente gremista vaticina ao seu diretor: "Vá para a Europa e só volte ao fechar com o Vargas".

O diretor obedeceu e assim fez. Ficou dez semanas na Europa. Dez semanas no Velho Continente pra fechar por empréstimo com um jogador de futebol. Dez semanas são dois meses e meio. Quase um quarto de ano.

Vale a pena todo esse esforço e esse investimento do clube para contar com um jogador por curto período?

Por outro lado, ao ouvir o presidente do São Paulo, que estava na briga pelo jogador até bem pouco tempo atrás, percebe-se o grande leilão que houve na negociação, por parte dos italianos, que mudavam as condições do acordo a todo o momento. O São Paulo desistiu da briga. O Grêmio comemorou.

Em conversa com amigos, ouvi um deles falar algo de que não esqueci jamais: que não gostaria de ser o treinador que sucede Vanderlei Luxemburgo num clube. Perguntei por que?

Disse que ele monta supertimes, com investimento maciço em contratações e, com isso, consegue conquistar títulos algumas vezes. E quando sai, a ressaca da onda atinge quem chega. Nessa ânsia de ser "manager", os cofres do clube tem de ter fôlego pra sustentar os pedidos do treinador e os salários dos jogadores. Uma poderosa e perigosa receita inflacionária.

Dando certo ou errado esse tipo de gestão, com certeza, vai impressionar a todos e estimular as sensações e as palavras no superlativo!

E que os últimos apaguem a luz!!!!!!!!

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Façam suas apostas

Nos últimos dias, a imprensa esportiva divulgou o anúncio feito pelo clube alemão Bayern de Munique de que Pep Guardiola assumirá o comando da equipe a partir de julho de 2013. Guardiola assumirá o posto de Jupp Heynckes, que lidera o Campeonato Alemão com nove pontos de vantagem do segundo colocado e que disputará uma vaga nas quartas de final da Champions League, com o Arsenal-ING.

A contratação deu fim às intensas especulações de que o ex-treinador do Barcelona comandaria algum clube inglês. No entanto, novas especulações surgem para amantes e estudiosos do futebol que passam a imaginar e criar hipóteses sob como será o novo modelo de jogo do clube alemão.

Dentre as expectativas, seguramente, a pergunta inicial se refere ao predomínio da posse de bola frente aos adversários. Será esse o comportamento coletivo predominante em organização ofensiva? Outra questão compreende a plataforma de jogo: Guardiola optará pelo 1-4-3-3 ou 1-3-4-3 utilizados no clube catalão ou a cultura do clube e características dos jogadores implicarão na escolha de outra plataforma?

E quanto às contratações? O treinador espanhol chegará no início da temporada, num período aberto para transferências. Quais serão as características e posições dos jogadores contratados? Virá alguém do Barcelona?

As especulações não se restringem às questões técnicas. Muitos estão na expectativa em saber como será gerir uma equipe que não tem a maioria do elenco formada nas categorias de base do clube (dos dezoito atletas convocados para a 17ª rodada do Campeonato Alemão, somente quatro eram "pratas da casa").

Além disso, como Guardiola irá lidar com um novo ambiente? Sair de um clube em que ele conhecia todos os atalhos de La Masía ao Camp Nou e facilitava (ou ao menos tornava menos complexa) sua compreensão do “todo” para, em breve, frequentar os corredores de um clube em que ele terá que conhecer um ambiente/cultura totalmente distinto e, inclusive, aprender um novo idioma. Sem dúvida, um desafio grandioso!

Como grandes equipes e treinadores sempre devem ser estudados, sugiro uma tarefa para realizarmos ao longo de 2013 e sermos mais precisos diante de tantas expectativas: acompanharmos alguns jogos da temporada 12/13 da equipe alemã, seja pelo campeonato nacional, seja pela Liga dos Campeões, e definirmos o modelo de jogo apresentado pela equipe de Jupp Heynckes. Aguardarei em meu e-mail (e também farei meu banco de dados) informações dos comportamentos individuais e coletivos do Bayern para cada um dos momentos do jogo. Quem quiser, pode utilizar vídeos editados, lances com gols, relatórios ou quaisquer outras informações que tenham relevância na análise da equipe alemã.

Após a fase inicial da tarefa, a sequência será avaliar a equipe de Pep Guardiola passados cinco meses do início do trabalho. Os últimos jogos da fase de grupos da Champions e do Campeonato Alemão da temporada 13/14 serão as partidas estudadas. Com a ajuda dos leitores e com análises semelhantes às feitas com Heynckes, uma coluna comparativa será publicada relacionando cada um dos modelos de jogo.

Acompanhar jogos, estudá-los e extrair informações úteis deve ser prática cotidiana de quem trabalha ou pretende trabalhar com futebol. Estudar o Bayern de Munique significa tentar compreender uma das grandes equipes do futebol mundial e que apresenta princípios de jogo condizentes com o futebol moderno. Declaradamente, contrataram Pep Guardiola para dar brilho ao futebol alemão e, nas entrelinhas, ganharem tudo!

Estudar o Bayern de Munique é mais proveitoso do que estudar algumas equipes brasileiras que se reforçaram vigorosamente para as competições deste ano, porém, mantêm treinadores no comando com as mesmas (e ultrapassadas) ideias de jogo de temporadas anteriores e que dependerão excessivamente das características individuais dos jogadores contratados para a nova formatação do modelo de jogo.

Ao longo do ano irei lembrá-los em relação à tarefa. Por enquanto, como de costume, deixo uma pergunta: será que o Bayern de Munique, quando treinado por Pep Guardiola, conseguirá parar o Barcelona?

Que comecem os estudos…

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Projeto ‘Por um futebol melhor’: avanço no tratamento aos torcedores

Em 1990, foi promulgada a lei 8.078, denominada “Código de Defesa do Consumidor”, com o intuito de assegurar os direitos dos consumidores, o que, nos termos da Lei Pelé, assegurava os direitos de quem adquirisse ingressos.

Treze anos depois, em 2003 foi promulgada a lei 10.671, o “Estatuto do Torcedor”, com o objetivo de proteger especificamente os consumidores do esporte, ante as suas necessidades específicas, ampliando o conceito de consumidor, passando a considerar torcedor todo indivíduo que aprecie ou acompanhe eventos esportivos.

A referida norma foi um verdadeiro marco na história do desporto brasileiro, especialmente do futebol. Os ingressos (bilhetes) e assentos passaram a ser numerados e os torcedores a ter o direito ao seguro por danos sofridos no evento esportivo.

As competições passaram a ser transparentes, instituindo-se um ouvidor para receber críticas, sugestões e observações acerca da tabela e regulamento das competições.

Apesar dos consideráveis avanços, para efetivação dos direitos e do respeito aos torcedores, é imprescindível uma mudança de paradigma dos clubes o que iniciou-se com o programas “sócio-torcedor”.

Neste aspecto, o ano de 2013 começou de forma fantástica com o projeto “por um futebol melhor” encabeçado pela Ambev com Ronaldo ‘Fenômeno’ como embaixador, que tem como base mostrar ao torcedor que o dinheiro que ele investir para ser sócio do clube voltará para ele, muitas vezes até mais, com descontos em produtos e serviços das empresas parceiras (os preços dos sócios-torcedores são variados).

Assim, os sócios-torcedores de 15 times brasileiros contarão com descontos em produtos e serviços de diversas marcas. Inicialmente, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Ponte Preta, Portuguesa, Flamengo, Fluminense, Vasco, Botafogo, Atlético-MG, Cruzeiro, América-MG, Vitória e Bahia aderiram ao projeto. Em março, Internacional, Grêmio, Santa Cruz, Náutico e Sport também estarão dentro dos clubes participantes do movimento.

As primeiras empresas a oferecerem benefícios aos sócios-torcedores são Ambev, Seara, PepsiCo, Unilever e Danone. Elas já estão à disposição dos associados. A partir de fevereiro, os produtos e serviços das outras quatro empresas entram no movimento: Netshoes, Sky, Burger King e Bradesco.

A intenção é alcançar os torcedores que não vão aos estádios, pois os programas de “sócio-torcedor”, em regra, trazem como atrativo principal o direito a ingressos e, atualmente, possuem adesão de somente 0,2% das pessoas que acompanham futebol. A meta é erguer esse percentual para 2%, com 3,5 milhões de pessoas envolvidas. Isso geraria uma receita superior a R$ 1 bilhão anuais aos clubes.

Nessa primeira fase do movimento, os torcedores terão desconto em aproximadamente 300 produtos, como alimentos, bebidas, itens de higiene pessoal, limpeza e material esportivo.

Inicialmente, duas redes varejistas são as parceiras: Carrefour e Extra. Os locais terão um selo identificando que participam da promoção e para ter o desconto, o torcedor precisa apenas informar seu CPF na hora do pagamento, já que os sistemas das lojas estarão integrados aos clubes.

Caso os clubes se adequem e organizem seus programas de “sócio-torcedor” ao “por um futebol melhor, o projeto, além de trazer ao consumidor do evento esportivo uma série de benefícios, trarão aos clubes e ao evento maior atratividade e fidelidade e corresponde a um avanço significativo na relação clube/fornecedor – torcedor/consumidor.

Para interagir com o autor: gustavo@149.28.100.147