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Escolha duas

A convite da Universidade do Futebol, participei, como ouvinte, do Footecon, em dezembro.

Na palestra do executivo Carlos Alberto Júlio, foi mencionada uma anedota corporativa, da qual já tinha ouvido falar, mas que foi bem oportuna relembrar.

Disse que, certa vez, uma pessoa tinha a necessidade de serviços de impressão gráfica, em Nova York. Ao chegar ao estabelecimento comercial, encontrou na parede o seguinte: "Bom, barato, rápido: escolha duas alternativas".

Em que pese ser algo lógico e de fácil compreensão, vale a pena desentranhar o que o próprio palestrante o fez naquele dia. "Se algo é bom e barato, dificilmente será feito rapidamente. Se algo é bom e rápido, não vai ser barato. Se algo é barato e rápido, não pode ser bom."

Pode parecer um contrassenso ter encontrado isso ao se querer contratar um serviço. Entretanto, creio ser um ótimo indicador de transparência da relação entre fornecedor e cliente, além de servir de alento e educação, nessa louca ciranda consumista, que desconsidera, por vezes, limites de capacidade de entrega de produtos e serviços. O ajuste entre a expectativa do consumidor e a consciência do fornecedor é a medida do êxito e da perenidade do relacionamento entre ambos.

O futebol sempre desfrutou de condição privilegiada, uma vez que a concorrência pelos seus clientes fora pequena e o grau de fidelidade, em se tratando da paixão pelo clube, altíssimo. Porém, a equação partia de falsas premissas. A principal delas dizia respeito ao tamanho da torcida: esquecia-se de qualificar a relação. Melhor tratamento à torcida = melhor rentabilização.

Dentro da conjuntura econômica positiva no Brasil, nos últimos anos, aliando-a a um potencial de desenvolvimento enorme do mercado interno do futebol, entendo que a melhoria em infraestrutura nos estádios, como exemplo de indutor, pode contribuir, significativamente, para que o "melhor" possa se estabelecer como objetivo e auxiliar no "maior" (crescer a base de consumidores).

A paixão é a essência da indústria esportiva. Mas a razão econômica não pode ser desconsiderada. E é ela que tem contribuído – ainda que como algo imperioso, não orgânico – para que a gestão esportiva se profissionalize e transforme, positivamente, o futebol.

E essa valorização da ordem econômica – não digo supremacia – é sentida em toda a cadeia de valor do futebol.

Seja para escolher reforços para o elenco, contratar profissionais para o marketing, departamento médico, advogados e consultores, executivos, membros da comissão técnica, não há como se entrar num ciclo virtuoso querendo as três alternativas ao mesmo tempo.

Apenas duas delas podem fazer com que as instituições atinjam o nível de excelência.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br