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O locaute da Liga Americana de Hóquei Profissional (NHL): exemplo para o futebol?

Desde setembro de 2012, a NHL, liga americana de hóquei no gelo, está em regime de locaute, ou seja, há a recusa por parte da entidade patronal em ceder aos trabalhadores os instrumentos de trabalho necessários para a sua atividade. Portanto, os dirigentes impedem os atletas de terem acesso aos ginásios e locais de treinamento.

O locaute se deu porque, no dia 15 de setembro de 2012, terminou a validade do contrato trabalhista entre jogadores e a NHL. Como os interessados não chegaram a um acordo, a liga foi paralisada e está sem perspectiva de jogos.

As principais divergências diziam respeito à distribuição da receita e salários altos. A liga pretendia uma porcentagem maior da distribuição de receitas e diminuir o teto salarial. Por óbvio, não houve concordância dos atletas.

No contrato expirado em 15 de setembro de 2012, ao final da temporada, tudo o que era arrecadado pela liga (alimentação, ingressos, entre outros) era distribuída entre NHL e jogadores na seguinte proporção: 57% da receita para os jogadores e 43% da receita para a liga.

Para solução do conflito, a NHL propôs contrato trabalhista de seis anos – receita dos jogadores começando com 49% e terminando em 47%; e os jogadores propuseram contrato trabalhista de cinco anos – receita dos jogadores começando com 54,3% e terminando em 52,3%.

Para se ter uma ideia, na NBA, os jogadores têm direito entre 49 e 51% da receita. Em razão disso, a liga parou e muitos jogadores foram jogar em outras ligas.

No último domingo, após 113 dias, enfim, os atletas, por meio de sua associação (NHLPA) e os dirigentes da liga chegaram a um acordo e estabeleceram um contrato básico de trabalho, ou seja, um documento que traga todas as relações profissionais na liga, como, por exemplo, quanto do faturamento da NHL é destinado para o pagamento de salários.

A NHL faturou US$ 3,3 bilhões em 2012 e ainda não foram divulgados detalhes sobre o novo contrato básico de trabalho.

O fato é que com o acordo, a NHL em 2013 terá uma edição reduzida com 48 rodadas, como ocorreu no campeonato de 1994/1995.

Após o impasse, a preocupação dos dirigentes agora será repatriar os atletas que estão jogando nas ligas europeias, especialmente a russa e, ainda, a queda de interesse do público pelo hóquei, eis que pesquisa aponta que um percentual elevado de pessoas não pretende voltar a acompanhar a liga.

Independente de se avaliar as condutas das partes envolvidas, o locaute na Liga Profissional Americana de Hóquei mostrou a força dos atletas da modalidade, oportunidade em que surge a indagação: os jogadores do futebol brasileiro teriam força para paralisar as competições?

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br