Categorias
Sem categoria

Será que a culpa é do Felipão?

Deixei para escrever esta coluna após o jogo entre Brasil e Alemanha. A ideia inicial era ser, de fato, um pouco “oportunista”, aproveitando o fato de eu publicar textos aqui na Universidade do Futebol nas quartas-feiras, ou seja, um dia após o referido jogo desta semana.

Tinha em mente falar do Neymar e de, mais uma vez, o país deixar aflorada sua cultura de “lamentações eternas” sem querer debater e buscar as boas alternativas dentro de um elenco de boa qualidade, que poderiam dar novas soluções para uma equipe que não funcionou nos 5 jogos anteriores. Mas o tema perdeu a graça. Foi diminuído pela assustadora derrota do Brasil diante de um futebol que buscou uma evolução significativa nos últimos 12 anos.

Mas o jogo em si, apesar de parecer uma “obra do acaso” ou um “simples apagão”, responde muito mais angústias do que se imagina. Nos últimos 14 anos, desde que eu comecei a trabalhar e a estudar esporte, muitos especialistas vem falando da fragilidade de inúmeros processos de gestão do futebol brasileiro, tanto da parte técnica quanto do aspecto de negócios propriamente dito. Eu mesmo, frequentemente bato nesta tecla nas colunas escritas aqui semanalmente, há pelo menos 4 anos.

Vejo hoje muita gente criticando o técnico Luis Felipe Scolari. De fato, sobre o jogo em si (olhando tão somente para os 90 minutos de partida ou para a concepção da equipe enquanto time), é evidente que ele é o grande culpado. Vê-se em campo um amontoado de bons jogadores tentando fazer alguma coisa isoladamente em um esporte coletivo. É realmente difícil dar certo em razão da dinâmica e da evolução que a preparação das equipes teve nos últimos anos.

Para tirar a dúvida, basta pedir uma comparação, “em off”, para alguns dos jogadores desta seleção sobre os treinadores que eles tem (ou tiveram) nos seus clubes na Europa nos últimos anos com o que eles encontram agora no Brasil em termos de planejamento, preparação, conteúdo analítico e treinamento. Tenho certeza que as respostas seriam mais bem publicadas em programas humorísticos do que nos inúmeros programas esportivos que temos diariamente.

Felipão foi um grande treinador. Foi. Não podemos tirar este mérito dele. O vi, ainda na adolescência, treinando equipes como Grêmio e Palmeiras na década de 1990, bem montadas taticamente e, depois, merecidamente, na própria Seleção Brasileira e Seleção Portuguesa em 2002 e 2004/2006, respectivamente.

Contudo, o modelo de jogo que o futebol mundial encontrou como o mais eficiente naquela época era o da força física em detrimento à parte técnica, apesar de sempre termos tido bons jogadores que permitiam decidir jogos e campeonatos. Lembro de ter participado de várias palestras no início da década de 2000 falando somente de preparação física para o futebol. Nos Congressos, Cursos e Seminários da área, pouco se falava em aspectos táticos e da importância desta preparação em uma equipe de futebol de alto rendimento.

O(s) culpado(s), a bem da verdade, são os gestores (ou a falta deles), que insistem em escolher nomes por crenças antigas de resultados no futebol. Ainda se acredita que tudo o que ocorre no futebol é obra do acaso. Eis o nosso dilema: a grande maioria das escolhas para a montagem de comissões técnicas (tanto em clubes quanto na seleção) não passa pela análise de competências, mas sim por lógicas totalmente empíricas, ainda muito pautadas em um termo que se convencionou como “motivação” (lembrem-se: sem preparação e ferramentas adequadas, é como ir para uma guerra com paus e pedras contra um exército com armas de fogo superpotentes).

Por fim, respondo: não, o Felipão não é o grande culpado. Se ele optou por não se atualizar em termos de treinamento e preparação de equipes de forma adequada, é uma opção dele, que não cabe julgamento, apenas lamentações. A culpa é sim de quem o escolheu, acreditando que o futebol que se joga hoje é o mesmo de 20 anos atrás.

Agora sim, finalizando:

(1) Não desejo com esta coluna ser o “profeta de fatos ocorridos” ou “comentarista de resultado”. Mas é impossível deixar de lado o que ocorreu ontem sem reforçar a partir de uma análise que vem sendo feita há muito tempo, por mim e por tantos outros especialistas da área, muitos deles publicando suas excelentes opiniões aqui no Portal da Universidade do Futebol.

(2) Para olharmos para o lado bom das coisas, que este seja conhecido historicamente como o jogo da virada do futebol brasileiro e possamos fazer melhores enredos no futuro, sendo ou não campeão, mas jogando um futebol que dignifique o futebol brasileiro. 

Categorias
Sem categoria

Barbosa

Logo depois daquela bola de Ghigghia ter passado entre os braços dele e a quadrada trave esquerda do Maracanã, ele olhou para cima suspirando fundo. Talvez sabendo que aquele instante se perpetuaria na história do futebol brasileiro. Aquela chaga seria eterna na carreira e na vida dele.

Hoje, no céu, os companheiros do goleiro de 1950 estão vendo o jogo pela Sky. Provavelmente.

Eles viram Muller fazer 1 a 0 no Mineirão. E não viram nenhum zagueiro brasileiro por perto, nem o excelente David Luiz, que foi desatento como não costuma ser.

Os zagueiros Augusto e Juvenal comentaram entre si que aquele erro do primeiro dos sete gols (e sete erros…) eles não cometeriam depois do escanteio. Até por que, em 1950, a bola saía pela linha de fundo e já jogavam na área. Não tinha lance ensaiado. Nem a chegada dos zagueiros. Muito menos alguém tão livre como ficou Muller em uma semifinal de Copa.

No segundo gol, Bauer e Danilo Alvim lamentaram a desatenção na entrada da área. Alguém brincou com Bigode que se ele havia sido muito cobrado pelos dois gols que saíram pelo lado esquerdo da defesa em 16 de julho de 1950. Imagina agora o que não detonariam Marcelo…

O terceiro gol alemão parecia ter sido feito contra os 200 mil torcedores anestesiados depois do apito final no Maracanazo. Todos olhando a Alemanha tratar a bola como se fosse o Brasil sonhado, no Mineirão.

O quarto gol foi uma infelicidade de Fernandinho. Daquelas que ninguém cometeu na final de 1950.

O quinto gol estava impedido. Quem se importa?

O sexto foi outra linha de passe. Ou seria o sétimo?

Perdemos as contas.

Jair Rosa Pinto e Zizinho lamentaram a falta de armação no jogo e em quase toda Copa. Reclamaram a ausência de craques como eles. Dois monstros que não ganharam o mundo. Mas conquistaram o planeta bola.

Ademir de Menezes, goleador de 1950, lamentou a péssima forma do artilheiro Fred.

Não poucos lamentaram a ausência do lesionado Tesourinha no time de 1950.

Mas Friaça falou e calou todos:

– Mas quem fez o gol da última partida fui eu, lá da ponta direita, onde jogava o Tesourinha…

Verdade. Ninguém chorou pela ausência de um dos tantos craques de 1950 como tanto se lamentou a perda de Neymar.

Chico lamentou que Hulk não conseguiu ser o jogador da Copa das Confederações. Não apenas ele. Todos jogaram muito mais em 2013 – quando não havia Alemanha. Nem Argentina. Nem Holanda.

Flávio Costa lamentou que tenha sido tão criticado pela perda do título de 1950. Mas entende que Felipão não pode ser tão crucificado como já está sendo.

– Pode sim! Montou o time errado! Meio-campo aberto e defesa remendada exposta. Tinha de saber que a Alemanha tinha mais time, experiência e entrosamento. Mexeu errado! O Parreira também não tinha que falar que éramos favoritos antes de começar a Copa. Onde já se viu???

Quase todos lembraram que o oba-oba em 1950 foi 2014 vezes pior que este ano.

Fato.

Houve um silêncio.

Não tanto como no final daquela tarde de julho de 1950.

Mas houve um silêncio entre todos eles.

Respeitoso silêncio.

Barbosa apareceu na sala de TV da classe de 1950 lá no céu.

Ele pegou o controle remoto, e começou a zapear.

Todo o time de 1950 olhando para ele. Esperando algum comentário. Alguma lástima. Alguma cornetada. Algum suspiro olhando para o céu como aquele de 16 de julho. Ainda que, hoje, o suspiro seria olhar para os lados. Para os velhos companheiros de dor. De derrota. De vice-campeonato mundial.

Barbosa deu uma zapeada na TV. Vendo os comentaristas de sempre, cornetaristas de plantão, ex-atletas, ex-jornalistas, ex-treinadores, ex-árbitros, ex-colados, ex-croques, ex-colunistas, calunistas, todos detonando tudo. A torcida, a Fifa, a Dilma, o Aécio, a grama, o excesso de grana, a falta de gana, os cambistas, as cambalhotas, o Reich, o Fuhrer, a Alemanha, os godos, ostrogodos, visigodos, gordos e magros.

Barbosa ouviu muito, concordou pouco.

Alguns companheiros foram jogar caxeta. Alguns foram bater as asas de anjo em outros cantos.

Ele acabou sozinho.

Mais uma vez.

Suspirou fundo. Olhos para todos os lados.

Saiu da sala e foi até o gramado ao lado.

Viu a trave do campinho onde ainda hoje eles batem uma bolinha celestial lá no campo dos sonhos.

Foi até lá.

Quando encontrou os dez uruguaios de 1950 que já estão no céu. Todos batendo sua bolinha, em ainda mais respeitoso silêncio que o do Maracanazo.

(Ghigghia, justo o Ghiggia do segundo gol, ainda está vivo. Muito vivo. Só ele ainda está entre nós – não entre eles no campinho dos céus).

Os celestes nada falaram quando viram Barbosa de novo debaixo das traves.

Ele abriu os braços como se fosse fazer a defesa que todas as noites ele tenta fazer desde 16 de julho de 1950. Em vez de agarrar a bola que então e para sempre escapa, ele recebeu dez abraços respeitosos dos adversários. E, logo depois, mais dez abraços dos companheiros de vice-campeonato em 1950.

Ninguém falou nada. Apenas abraçou o goleiro que o Brasil culpou.

Acabada a sessão de abraços, Barbosa deixou a trave do campinho e voltou ao seu quarto para fazer a oração de todos os dias desde 16 de julho de 1950.

Quando pediu a Deus mais uma vez para que nenhum goleiro sofra o que ele passou.

Para que Júlio César e nenhum outro dos amarelos de 8 de julho de 2014 sofram o que a classe de 1950 sofreu eternamente.

Barbosa orou bastante.

Talvez, agora, seja escutado.

Mas, se não for, mais uma vez ele fez a parte dele.

Vergonha não é perder.

Vergonhoso é não saber perder.

Ainda mais quando não se está em campo e em jogo para ser derrotado.
 

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

Categorias
Conteúdo Udof>UdoF na Mídia

Kaká fala sobre a Universidade do Futebol na coletiva de apresentação em seu retorno ao São Paulo Futebol Clube

Confira abaixo o áudio na íntegra:

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

O Tio Sam se rende ao “soccer” e à Copa do Mundo

A Copa do Mundo entra na sua reta final e apenas oito seleções restaram na busca pela glória mundial: Alemanha, França, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Holanda, Argentina e Bélgica. Dentro e fora de campo a Copa do Mundo tem sido um estrondoso sucesso.

Este sucesso mostra-se ainda maior considerando a imensa repercussão da Copa do Mundo nos Estados Unidos, país conhecido por amar esportes bastante específicos como o Futebol Americano, Beisebol e Hóquei, além do Basquete.

Interessante observar que as ligas profissionais americanas são as mais valiosas do mundo e que o “Super Bowl”, a final do campeonato de Futebol Americano, é o evento esportivo mais assistido do planeta. Ou seja, os EUA são um mercado precioso para a FIFA e para o futebol.

Os indícios de que o futebol, enfim, tinha aterrizado na “Terra do Tio Sam” começaram com os 198.208 ingressos adquiridos pelos residentes nos EUA. Número só superado pelos brasileiros.

Na Copa, as expectativas se confirmaram e a partida entre Estados Unidos e Gana, válida pela fase de grupos, teve audiência de 15,9 milhões de pessoas, superior às finais da NBA, a mais famosa e valiosa liga de basquete do Mundo.

Aliás, os norte-americanos se reuniram para assistir às partidas do Mundial e chegaram até a fazer um abaixo-assinado para que se decretasse feriado nos dias de jogos de sua Seleção Nacional.

O crescimento do futebol nos EUA não é fruto do acaso, mas, consequência de planejamento, trabalho e profissionalismo iniciados na Copa do Mundo de 1994, realizada naquele país.

Naquela oportunidade, muitos norte-americanos sequer sabiam da realização da Copa do Mundo em seu território e hoje, vinte anos depois, cerca de 20 milhões de pessoas praticam o futebol nos EUA.

A MLS, liga profissional de futebol, possui média de público de 18 mil torcedores, superior à média do Campeonato Brasileiro (14.995).

O Seattle Souders, que disputa a MLS, possui a média de 43 mil torcedores por jogo, número não alcançado por equipes brasileiras.

Ademais, o faturamento dos clubes da MLS teve um aumento de 300% nos últimos 5 anos.

A tudo isso soma-se a excelente participação da Seleção norte-americana na Copa do Mundo que chegou às oitavas de final e disputou a vaga nas quartas em pé de igualdade com a festejadíssima geração de ouro da Bélgica.

Enfim, a Copa do Mundo de 2014 colocou os EUA definitivamente no mapa do futebol mundial. Em razão deste trabalho, em poucos anos a MLS será uma das Ligas mais valiosas do mundo e a Seleção Nacional passará a entrar nas competições com chances reais de título.

A FIFA agradece e prepara-se para virar seus olhos para outro promissor mercado, o chinês. 

Categorias
Sem categoria

O Tio Sam se rende ao "soccer" e à Copa do Mundo

A Copa do Mundo entra na sua reta final e apenas oito seleções restaram na busca pela glória mundial: Alemanha, França, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Holanda, Argentina e Bélgica. Dentro e fora de campo a Copa do Mundo tem sido um estrondoso sucesso.

Este sucesso mostra-se ainda maior considerando a imensa repercussão da Copa do Mundo nos Estados Unidos, país conhecido por amar esportes bastante específicos como o Futebol Americano, Beisebol e Hóquei, além do Basquete.

Interessante observar que as ligas profissionais americanas são as mais valiosas do mundo e que o “Super Bowl”, a final do campeonato de Futebol Americano, é o evento esportivo mais assistido do planeta. Ou seja, os EUA são um mercado precioso para a FIFA e para o futebol.

Os indícios de que o futebol, enfim, tinha aterrizado na “Terra do Tio Sam” começaram com os 198.208 ingressos adquiridos pelos residentes nos EUA. Número só superado pelos brasileiros.

Na Copa, as expectativas se confirmaram e a partida entre Estados Unidos e Gana, válida pela fase de grupos, teve audiência de 15,9 milhões de pessoas, superior às finais da NBA, a mais famosa e valiosa liga de basquete do Mundo.

Aliás, os norte-americanos se reuniram para assistir às partidas do Mundial e chegaram até a fazer um abaixo-assinado para que se decretasse feriado nos dias de jogos de sua Seleção Nacional.

O crescimento do futebol nos EUA não é fruto do acaso, mas, consequência de planejamento, trabalho e profissionalismo iniciados na Copa do Mundo de 1994, realizada naquele país.

Naquela oportunidade, muitos norte-americanos sequer sabiam da realização da Copa do Mundo em seu território e hoje, vinte anos depois, cerca de 20 milhões de pessoas praticam o futebol nos EUA.

A MLS, liga profissional de futebol, possui média de público de 18 mil torcedores, superior à média do Campeonato Brasileiro (14.995).

O Seattle Souders, que disputa a MLS, possui a média de 43 mil torcedores por jogo, número não alcançado por equipes brasileiras.

Ademais, o faturamento dos clubes da MLS teve um aumento de 300% nos últimos 5 anos.

A tudo isso soma-se a excelente participação da Seleção norte-americana na Copa do Mundo que chegou às oitavas de final e disputou a vaga nas quartas em pé de igualdade com a festejadíssima geração de ouro da Bélgica.

Enfim, a Copa do Mundo de 2014 colocou os EUA definitivamente no mapa do futebol mundial. Em razão deste trabalho, em poucos anos a MLS será uma das Ligas mais valiosas do mundo e a Seleção Nacional passará a entrar nas competições com chances reais de título.

A FIFA agradece e prepara-se para virar seus olhos para outro promissor mercado, o chinês. 

Categorias
Sem categoria

O comprometimento pessoal de um atleta

Enquanto o mundial de futebol evolui e começa seu funil ocasionado pelo início das oitavas e posteriormente das quartas-de-final, muitas seleções que ainda permanecem passam por diversos desafios para se manterem na competição.

Algumas poucas conseguem mostrar um desempenho acima da média e com isso avançam sem grandes problemas, porém outras enfrentam o fantasma do rendimento abaixo do que esperavam e as dificuldades para irem adiante cada vez aumentam mais, como foi o caso da seleção brasileira no episódio da classificação dramática nos pênaltis no confronto frente à seleção chilena e de outras seleções durante este mundial.

Em alguns casos, uma equipe de futebol só consegue atingir o melhor de sua performance coletiva quando o comprometimento pessoal de cada atleta atinge o alto nível. Ninguém pode convencer o atleta de algo é importante extremamente importante para ele, a não ser ele próprio. Um bom exercício que os atletas podem fazer é classificar de maneira honesta e sincera a importância que cada para cada um deles a disputa de um mundial de futebol pela seleção de seu país. Isso pode ser feito com a resposta a uma simples pergunta:

Numa escala de 01 a 10, que importância tem para você (o atleta) ser excelente em seu desempenho dentro da disputa do mundial de futebol?

Provavelmente aqueles que responderem entre 09 e 10, de maneira genuína, possuirão a tendência de se tornarem excelentes nos seus respectivos desempenhos em campo. O compromisso de se fazer um trabalho excelente e de qualidade elevada torna-se um pré-requisito para a conquista do desempenho de excelência no futebol. Um técnico altamente respeitado e vitorioso da NHL, chamado Scotty Bowman, nos fornece interessantes comentários a respeito do comprometimento.

• Aceitar críticas: As estrelas de uma equipe precisam saber aceitar as críticas construtivas. Eles necessitam saber lidar até mesmo com as críticas injustas, se cometem um erro eles devem procurar reconhece-los e fazer de tudo o que puderem para não cometê-lo novamente.

• Não ter medo de errar: Se um grande atleta percebe uma pequena abertura que seja, ele demonstra coragem e tenta fazer a sua jogada. Não demonstra receio e nem se detém diante ao medo de errar.

• Manter a compostura: Os grandes atletas mantêm sua compostura em campo quando um juiz apita algo contra sua equipe, mesmo que ele não considere o julgamento da marcação correto. Eles conseguem se manter frios e procuram corrigir seu comportamento e com isso acalma os demais pelo exemplo de sua atitude.

O importante para as seleções que seguem adiante é estarem atentas a questão do comprometimento de seus atletas, pois se todos estiverem 100% comprometidos em realizar seus melhores desempenhos, o impacto coletivo será o melhor possível e com isso gera-se uma valiosa contribuição para a conquista de novas vitórias dentro de campo.

Até a próxima e vamos Brasil!  

Categorias
Sem categoria

O futuro dos megaeventos

Entrevistas recentes de Patrick Nally, considerado o “Pai do Marketing Esportivo” no mundo (http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,a-copa-do-mundo-e-uma-oportunidade-desperdicada-pelo-brasil,1521857) e de Lamartine Pereira da Costa, o principal e maior estudioso da área de Gestão do Esporte no Brasil (http://www.querodiscutiromeuestado.rj.gov.br/materia.php?publicacaoId=2454&t=#.U7P98vldWVN), abriram um tom de debate não apenas sobre a gestão da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos do Brasil, mas, principalmente, sobre o futuro destes megaeventos.

O que estamos vivenciando no Brasil desde 2007, quando o país foi anunciado como sede da Copa do Mundo de 2014, foi um ciclo com inúmeros percalços. A euforia misturada com a preocupação e o pessimismo foram o tom de todo o processo de preparação para o evento.

Por se tratar de algo intangível, só a vivência dos 30 dias de evento (que é o que estamos tendo neste momento), reforça sua grandiosidade e atmosfera positiva de celebração.

Para não sofrer com tantos problemas de opinião pública como tem sido acometido os megaeventos esportivos, a tendência, a partir de um processo de aprendizagem natural e contínuo, é realizar um investimento cada vez mais racional, tendo como premissa a otimização de recursos públicos que não se esgotem simplesmente no evento.

A breve reflexão deste texto é apenas o princípio para que haja um debate mais alongado sobre o tema. A leitura das entrevistas supracitadas é fundamental para o desenvolvimento do assunto. 

Categorias
Sem categoria

Podem chorar

Já estava pensando em escrever este texto antes mesmo do shuffle do meu celular me presentear com “Wish You Were Here” do Pink Floyd. Daquelas canções em que eu choro há quase 40 anos só de lembrar que ela existe. Só de lembrar de quem tanto eu gostaria de falar desta baita Copa ao telefone e a morte não me deixa mais. Só de lembrar de tantas amadas pessoas que o skype, o whatsapp e o celular diminuem a distância nesta vida.

Mas não minimizam o mimimi. Não o chororô. Não as lágrimas que rolam como a bola por este país que percorro já não sabendo qual hotel, qual cidade, que dia é hoje.

Respiro fundo, evito que o teclado molhe, e canto para acordar Porto Alegre a letra de uma canção pungente de saudade. De amizade. De parceria. De amor. De perda. De vitórias. De heróis. De fantasmas.

Da vida que passa pelos nossos olhos que às vezes pesam e não deixam cair justamente o primeiro verbo que conjugamos e executamos deste lado – chorar.

Começamos nossos dias assim. Talvez acabemos nossas noites chorando. E, muitas vezes, não nos permitimos chorar por uma canção. Por uma imagem. Por um cheiro que faz chorar a ausência da pizza da avó. Por uma piada. Por um pio. Fio. Tio. O que for. Quem for.

Atire a primeira pedra de cristal japonês que faz chorar ator canastrão quem não chorou por nada. Atire-se quem não chora por vitória no futebol. Por derrota no futebol.

Isso é torcer. Isso é ser. Isso é direito inalienável do ser humano.

Por que então não pode chorar no Hino à capela no templo do futebol?

Por que não pode se debulhar durante os pênaltis?

Por que não pode desabafar depois de quatro anos de exageradas cornetadas?

Chora, Seleção do Brasil.

Chorem Júlio, Thiago, Neymar, quem mais?

Chorem. E nos façam chorar junto.

Ganhando. Perdendo.

Empatando.

Como é a nossa vida. Mais empates que derrotas e vitórias.

Como é a vida de E.T.s como Pelé, que do baixo dos 17 anos dele, chorou na conquista de 1958 no ombro de Gilmar.

Basicamente por ele não saber se os pais dele estavam sabendo em Bauru que naquele dia o Brasil havia conquistado o primeiro dos cinco mundiais – três com Ele em campo.

Esse era, segundo Pelé, o motivo do choro na final do Rasunda de 1958. Ele não sabia se os pais já sabiam que ele era campeão mundial.

E Ele é E.T.

Imagine, então, mortais como os atuais selecionados por Felipão. Jovens ainda. E pressionados como mandantes da Copa, não necessariamente da festa.

Chorem!

E deixem o coro dos que são contra ser, simplesmente, do contra. Gente que cobra quando o time não vibra por não ter fibra. Gente que exige quando os profissionais são gente antes de tudo.

Ninguém no time que não está bem chora só por cobrar um arremesso lateral. Chora quando acha que precisa. E ninguém pode ser cobrado por extravasar. Nem mesmo o contrário. É reação de cada um. É sentimento único. Pode chorar. Pode ficar na sua. É isso. É sua. Se sua nos olhos, se vira gelo, é sua emoção. Toda sua.

Mas os azedos e amargos de praxe e de picho não estão apelando para a razão. Abusam de um manual de procedimento sem cabimento.

Estão apenas apelando. E contra a emoção do jogo e da vida.

Chorem, meninos. Chorem, marmanjos.

Faz bem. E vocês farão ainda melhor.

Como bem definiu São Marcos:

– Nunca tive equilíbrio emocional na minha carreira.

É por aí.

Percam algumas vezes as estribeiras. Chorem mesmo. Se errarem, como Cerezo depois do gol dado a Rossi, em 1982, tentem se recuperar. Como ele mesmo fez em campo. Joguem. Se joguem. Vivam. Chorem.

Vai ter gente cobrando.

Deixem eles chorar.

Chorem por nós.
 

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

 

Categorias
Sem categoria

O tempo útil de bola em jogo: reflexões sobre a Copa do Mundo Fifa de futebol e o sobre o Campeonato Brasileiro 2014

A Copa do Mundo Fifa 2014 no Brasil está entrando em sua fase decisiva (8as de final).

São cinco equipes da América do Sul, duas da América do Norte, uma da América Central, duas da África e seis da Europa (Américas = 8, África = 2, Europa = 6).

Em 2010, na Copa realizada na África do Sul, na fase decisiva foram cinco da América do Sul, duas da América do Norte, uma da África, seis da Europa e duas da Ásia (Américas = 7, África = 1, Europa = 6, Ásia = 2).

Sob o ponto de vista da geografia das seleções que avançaram na competição, de 2010 para 2014, mantiveram-se seis europeus e cinco sul americanos. Em 2014 porém, nenhum asiático; um africano a mais e uma equipe da América Central.

Em outras palavras, houve uma troca entre equipes da Ásia, com as equipes da África e América Central.

Ainda em 2010, nas 4as de final, avançaram quatro equipes da América do Sul, três da Europa e uma da África.

Em 2014, meu palpite (nada científico, que fique claro), é que passem para as 4as de final, três seleções sul americanas, quatro europeias, além da Costa Rica, da América Central (vejamos ao longo da semana).

E mesmo com variedade de continentes, o fato é que a grande maioria dos jogadores que vão disputar as 8as de final da Copa do Mundo Fifa de futebol em 2014 (independente do continente de origem dos seus países), jogam na Europa – o que também aconteceu em 2010.

Bom, mas essa é uma boa discussão para outro momento.

Quero chamar a atenção hoje para outra coisa.

Apesar de algumas poucas similaridades, no que diz respeito especialmente as estatísticas entre a Copa anterior e essa (até agora), há um bom número de diferenças – e muitas delas explicam, de certa forma, muitos dos motivos que estão tornando a Copa do Mundo no Brasil, uma das mais interessantes, atrativas e emocionantes das últimas décadas.

E é especialmente sobre uma das diferenças, que hoje vou chamar a atenção: o tempo útil de bola em jogo nas partidas da Copa 2014.

Conforme podemos observar na figura anterior, na 1ª fase da Copa do Mundo Fifa no Brasil, em média por partida, foram 55,5 minutos de bola em jogo (dados disponibilizados pela Fifa).

Em 2010 na África do Sul, eram, também segundo a Fifa, 69,8 minutos.

A Fifa preconiza que em jogos oficiais de futebol o tempo útil de “bola rolando” seja de no mínimo 60 minutos – considerando ideal, um tempo de 70 minutos.

Esse tema (bola em jogo) vinha sendo inclusive, motivo de bons debates no Brasil desde o início do Campeonato Brasileiro de 2014 – já que os jogos não estavam atingindo o “tempo útil de bola em jogo” recomendado.

Esses debates deram origem a matérias interessantes, até a interrupção do Campeonato Brasileiro, para início da Copa do Mundo de futebol.

E é aí que algo está me chamando a atenção: o tempo útil de bola em jogo no Campeonato Brasileiro 2014, que vinha preocupando por estar abaixo da média recomendada, é quase igual ao da primeira fase da Copa do Mundo Fifa de 2014!

Segundo dados levantados pelo CieFut, a média de minutos com bola em jogo, por partida, até a 9ª rodada do brasileirão, ainda foi inferior a 56 minutos. E esse tempo, ainda que seja bem menor do que aquele encontrado na Copa da África do Sul (68,8 minutos) é quase o mesmo dos jogos da 1ª fase da Copa no Brasil (55,5 minutos).

E se no Campeonato Brasileiro 2014, as críticas para o baixo tempo de bola em jogo perseguiram a má qualidade técnica dos jogos, os campos com gramados de qualidade duvidosa e as equipes, tidas como mal organizadas, qual seria a explicação para o caso da Copa do Mundo FIFA disputada no Brasil?

Na Copa do Mundo, campos e gramados são padronizados, e em tese de excelente qualidade.

O mesmo vale para os jogadores e para as seleções.

Além do mais, comparada à competição na África do Sul, temos na Copa no Brasil, uma média maior de gols e um ritmo de jogo aparentemente maior também (especialmente se levarmos em conta que a quantidade de passes por jogo [em média] é hoje maior do que a da Copa anterior – 384 passes no Brasil, contra 353 na África do Sul em 2010).

Vale lembrar, que de certo modo, é consenso na imprensa especializada, que os jogos na Copa do Mundo no Brasil têm sido, em sua maioria, empolgantes e vistosos.

Então, nesse contexto, quatro perguntas merecem reflexão:

1) Por que o tempo útil de bola em jogo nas partidas da Copa do Mundo Fifa de futebol no Brasil, na 1ª fase, está abaixo do sugerido como adequado pela Fifa?

2) Por que o tempo útil de bola em jogo nas partidas do Campeonato Brasileiro de futebol, até aqui, está abaixo do sugerido como adequado pela Fifa?

3) Por que, aqui no Brasil, nos jogos da 1ª fase da Copa do Mundo Fifa, o tempo útil de bola em jogo foi parecido com o tempo útil apresentado nas partidas de 1ª divisão do Campeonato Brasileiro 2014?

4) Em havendo similaridades entre os tempos (como há), onde estão, nos jogos, as diferenças subjetivas e concretamente objetivas que tornam as partidas da Copa do Mundo, de certa forma mais atraentes do que as partidas do Campeonato Brasileiro?

Tenho algumas sugestões de respostas para as perguntas levantadas… Mas por agora, o que devemos, é explorar as reflexões… para ao final da Copa, e ao reinício do Campeonato Brasileiro 2014, retomarmos também essas discussões…

Por hoje é isso…

Categorias
Sem categoria

Copa do Mundo: a discreta e perigosa França

Quatro anos após o vexame da eliminação na primeira fase da Copa do Mundo na África do Sul, a França veio reformulada para a competição no Brasil e, sob o comando do ex-jogador Didier Deschamps, se classificou para as oitavas de final.

Com somente quatro atletas da campanha de 2010, Lloris, Sagna, Evra e Valbuena, o selecionado francês fez 7 pontos em 3 jogos, se classificou com uma rodada de antecedência, não repetiu a escalação em nenhuma partida e já utilizou 19 dos 23 jogadores convocados.

Integrante do Grupo E da competição, a previsão inicial apontada pela maioria da opinião pública, de se classificar em primeiro da chave e enfrentar a Nigéria (segunda colocada do Grupo F), se concretizou e confirmou a equipe europeia entre as dezesseis melhores do mundial sem qualquer alarde.

Se para Costa Rica, Argélia, Estados Unidos e Grécia esta etapa alcançada é motivo de orgulho para o país e de inúmeras reportagens pelo mundo afora, para a França (e para os franceses) a Copa do Mundo está começando agora.

Vejamos, abaixo, as escalações da França nos três primeiros jogos, sempre distribuída em 1-4-3-3.

Esquema Tático 1-4-3-3 utilizado na estreia contra Honduras (3 a 0)

 

Esquema Tático 1-4-3-3 utilizado na goleada contra a Suíça (5 a 2)

Esquema Tático 1-4-3-3 utilizado no empate frente ao Equador (0 a 0)

 

Dos 8 gols feitos na competição a equipe segue a tendência dos resultados apresentados no estudo realizado pelo treinador da equipe sub-20 do Figueirense-SC, Cristian de Souza, e pelo auxiliar técnico do Fragata-RS, Youssef Couto, quanto à predominância, nesta Copa do Mundo, dos gols a partir de jogadas de Transição Ofensiva e Bolas Paradas. Até o momento foram 4 gols (50%) a partir de jogadas de Contra-ataque, 2 gols (25%) de Bola Parada, sendo 1 gol de Pênalti e 1 gol de Escanteio, 1 gol (12,5%) a partir de uma jogada de Posse de Bola e 1 gol (12,5%) Contra, também originário em uma jogada de Contra-ataque.

Já em relação aos 2 gols sofridos, 1 foi de Bola Parada a partir de uma Falta Frontal e o outro a partir de Posse de Bola do adversário.

Pelas escalações e decisões de Deschamps até o momento, 9 jogadores tem presença garantida no onze inicial nas oitavas de final, são eles: Lloris, Debuchy, Varane, Sakho, Evra, Cabaye, Matuidi, Valbuena e Benzema. Restam 2 vagas para 4 jogadores: Pogba, Sissoko, Griezmann e Giroud. A opção escolhida, obviamente, remeterá o que o treinador francês pensa para o jogo.

Montado em 1-4-3-3, o jogo que se desenha para a equipe francesa, hipoteticamente, traz a Nigéria em bloco baixo, com duas linhas, explorando os contra-ataques com os passes dos volantes Mikel e Onazi.

Abrir o campo, conseguir jogar entre linhas, gerar desequilíbrios com dribles, progressão com tabelas, aumentar a frequência de cruzamentos na zona de risco, finalizações de fora da área, finalização em jogadas aéreas e reação imediata após a perda da posse de bola serão recursos necessários para vencer o confronto. Na sequência, para cada um dos recursos, os jogadores (2 dos 4 que Deschamps tem disponível) que podem potencializá-los:

Abertura do campo – Griezmann e Sissoko
Jogo entre linhas – Pogba e Griezmann
Desequilíbrio com dribles – Pogba e Griezmann
Progressão com tabelas – Pogba e Sissoko
Aumentar a frequência de cruzamentos – Griezmann e Sissoko
Finalizações de fora da área – Pogba e Giroud (para Benzema finalizar de fora da área)
Finalizações em jogadas aéreas – Sissoko e Giroud
Reação imediata após a perda – Sissoko e Griezmann

Não podemos esquecer das inter-relações destes recursos com os demais jogadores. Valbuena, por exemplo, é um jogador de grande capacidade de gerar desequilíbrio com dribles.

A trajetória da equipe francesa até a sonhada final pode ter no caminho a poderosa Alemanha, que, segundo estatísticas da FIFA, quase atingiu a marca de 1000 passes no último jogo, uma equipe sul-americana sensação, Chile ou Colômbia, ou ainda o anfitrião Brasil. Antes, porém, terá que passar pela Nigéria. Se fosse você o treinador, quem escalaria?