O Mundial de Clubes teve a sua final no último domingo e consolidou o Real Madrid como o maior campeão mundial da história, considerando as disputas da Copa Intercontinental realizada desde 1960 e a Copa do Mundo de Clubes a partir de 2005 (além de uma edição anterior realizada em 2000).
Agora são 5 títulos do Real Madrid, ultrapassando o também gigantesco Milan que possui 4 títulos, mas que vive um momento de reconstrução, após entrar em completa decadência financeira e esportiva na última década.
A partida final foi disputada contra o Kashima Antlers, sendo a primeira final de uma equipe japonesa e a terceira de uma equipe fora da América do Sul, demonstrando a queda dos clubes sul-americanos, especialmente brasileiros e argentinos. As outras duas equipes citadas que chegaram à final são do continente africano. Em 2010, com o Mazembe do Congo e, em 2013, com o Raja Casablanca de Marrocos. Do outro lado da chave, sempre houve a presença de um clube europeu, que jamais ficou pelo caminho na fase semifinal.
Na história, agora são 30 títulos para clubes europeus e 27 para sul-americanos. Apesar do franco predomínio europeu com 9 conquistas nas últimas 12 temporadas, desde que passou a contar com a participação de clubes de todos os continentes em 2005, Brasil e Argentina lideram o ranking de países com mais conquistas, sendo 10 para cada. Espanha e Itália aparecem logo na sequência, com 9 títulos para clubes de cada país.
A profissionalização e o poder econômico dos clubes europeus são os principais fatores para sustentarem esse predomínio e a tendência é que isso se mantenha durante os próximos anos, sempre com a possibilidade de uma ou outra zebra no meio do caminho. Não será surpresa ver clubes da MLS dos EUA ou Liga Chinesa conseguirem enfrentar com certo equilíbrio as potências europeias e sul-americanas.
O Real Madrid é o clube que melhor simboliza essa discrepância, por representar o modelo de clube gigante globalizado que consegue construir elencos multimilionários e multicampeões. Além de ser o maior campeão mundial de clubes com esses 5 títulos, também é o maior vencedor do principal torneio da Europa, a Champions League, com os seus incomparáveis 11 títulos (o segundo maior vencedor é o Milan com 7 conquistas) e o maior campeão espanhol com 32 títulos (contra 24 do seu grande rival Barcelona).
Líder do ranking Football Money League da Deloitte por onze anos consecutivos, o clube obteve receita de €577 milhões na última temporada, sendo €249 milhões somente com os seus 24 patrocinadores. O valor do seu elenco é avaliado em inacreditáveis €3,2 bilhões, considerando nessa conta o jogador mais midiático e mais bem pago do planeta Cristiano Ronaldo e astros do calibre de Gareth Bale, Benzema, Kroos, Modric, Sergio Ramos e todos os demais ídolos dessa constelação.
Somente com esse potencial de receita foi possível construir verdadeiros esquadrões ao longo de sua história para ter em seu elenco grandes craques presentes nas listas de maiores jogadores de todos os tempos, como Puskás, Alfredo Di Stéfano, Gento, Raul González, Zidane, Roberto Carlos, Ronaldo, Figo, Casillas, Sergio Ramos, Cristiano Ronaldo e tantos outros de grande destaque.
Os investimentos para esse sucesso são exacerbados, porém o retorno financeiro também ocorre na mesma proporção. Além de patrocínios, o clube possui uma elevada arrecadação por meio de venda de camisas, itens licenciados, ingressos para jogos com sua lotação plena durante toda a temporada e pela presença do clube cada vez mais maciça pelos quatro cantos do mundo.
Se olharmos a força do clube nas redes sociais, conseguimos entender o tamanho do seu potencial. São mais de 93 milhões de curtidas na página do Facebook, além de 41 milhões de seguidores no Instagram e outros 21 milhões no Twitter. Pouquíssimas plataformas de comunicação em qualquer segmento do mundo conseguem atingir uma quantidade tão grande de fãs entusiastas.
O grande símbolo do atual Real Madrid é o craque português Cristiano Ronaldo. Considerado o maior jogador do ano em 4 oportunidades, é praticamente certo que vencerá novamente a eleição da FIFA em janeiro, ainda mais por ter vivido um ano especial com a conquista da 11ª Champions League, a inédita conquista da Eurocopa por Portugal e, nesse final de semana, o esperado 5º título do Mundial de Clubes. A sua história no clube é fenomenal. Em 367 jogos, alcançou a marca impressionante de 380 gols, entre tantos outros recordes que simplesmente pulverizou. Não à toa, é o jogador de futebol mais rico do mundo, considerando salários e patrocínios individuais.
Em meio a tantas glórias e conquistas, também uma série de polêmicas circulam a história do Real Madrid, tornando-o amado pelos seguidores do Madridismo e odiado pelos seus rivais. A suposta ajuda da ditadura de Franco que utilizou a força da marca do clube como propaganda do regime, benefícios indevidos dados pelo governo municipal em diversas permutas de terrenos para a construção da Ciudad Real Madrid em Valdedebas e a injusta distribuição da receita de TV na Espanha que privilegia os gigantes de Madrid e Barcelona, são exemplos de casos que arranham a sua riquíssima história.
Sem dúvida, as polêmicas e injustiças devem sempre ser avaliadas de forma isenta, independente do nome que esteja por trás. Porém, dentro de campo, a história do Real Madrid é fundamental para a história do futebol, com seu lado apaixonado e mágico.