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Evoluímos, mas ainda resvalamos

Em conversa com meu amigo Gustavo Nabinger, atual treinador da categoria sub-15 da Ponte Preta, dissertamos sobre alguns pormenores que ainda dificultam a transcendência do nosso futebol para outro patamar, e isso rendeu a coluna de hoje.

Bem, inicialmente temos que enaltecer as coisas boas dos últimos anos. Após a Copa do Mundo de 2014, está acontecendo uma transformação que podemos até classificar como radical no perfil dos treinadores nacionais. Cursos da CBF, intercâmbios na Europa, troca de informações sem receio, vem ganhado cada vez mais adesão. Também, o nível dos jogos na base está, a cada ano que passa, melhor, e novamente muitas promessas estão surgindo. Porém, se por um lado a profissionalização e busca por novos horizontes dos treinadores e integrantes da comissão técnica começam a ganhar corpo, outros fatores restringem a exponenciação dos profissionais devido a paradigmas que ainda estão presentes diariamente no futebol, vejamos:

PEQUENA EVOLUÇÃO NOS DIRETIVOS

Não podemos esconder que melhorou a qualidade dos diretivos, mas ainda muitos estão no clube pelo amor antigo, e isso por um lado tem um fator bonito, significativo, mas ao mesmo tempo cria um ciclo e uma identificação que foge às vezes da racionalidade. Essa tendência, apesar da evolução dos últimos anos, ainda demonstra um perfil de gestão antiga, com limitação de conhecimento específico e discrepância de orçamentos que batem na casa de dezenas (na base) ou centenas (no profissional) de milhões de reais e pouca lógica processual em todas as áreas. E, sabemos que atualmente o clube pode ser classificado como empresa, apesar de sua particularidade cultural. Então, se necessita de capacitação, formação e currículo adequado para assumir as demandas funcionais. Negligenciando isso, temos o que acontecia e ainda acontece em alguns lugares: gestão ruim da marca, instabilidade de desempenho ano a ano, dívidas, desperdício de dinheiro e de talentos e péssimo aproveitamento dos recursos do clube.

SABER CATIVAR O TORCEDOR

Poucos clubes sabem que sua maior riqueza é a torcida (o que é de uma empresa que não tem ou não conhece seus consumidores?), e por isso mesmo, pouco investem em atrair novos torcedores e conhecer os atuais. Temos exemplos claros de outros esportes ou outras culturas relativamente a isso. Por que empresas pagam fortunas para ter acesso a bancos de dados de clientes e seus hábitos de consumo e os clubes de futebol não investem em ter estas informações e aproveitá-las comercialmente? Nada melhor para o marketing do que associar sua marca a um nicho específico de consumidores num ambiente com grande apelo emocional. Isto vale uma riqueza e precisa ser mais bem explorado pelos clubes para aumentar o orçamento.

ENTENDIMENTO DAS CATEGORIAS DE BASE

Qual a razão da categoria de base existir no clube? É gasto ou investimento? É formar atletas para a equipe profissional ou para o mercado? Ou para os dois? Qual o perfil do atleta que deve ser captado e desenvolvido e como fazer isto? Qual o planejamento de carreira para este atleta chegar ao profissional? Qual a relação da equipe profissional com a base? Em muitos clubes são dois departamentos que pouco conversam ou que rivalizam ideias e pessoas. Quanto custa um atleta para o clube de sua formação até chegar ao profissional e por qual valor deve ser negociado para que tenha custo/benefício vantajoso? Como mensurar a qualidade do trabalho desenvolvido? Através de títulos, desempenho competitivo, estatísticas, algum outro índice?

ESTRUTURA DE TRABALHO

No Real Madrid o gramado de todos os campos do Centro de Treinamento (base e profissional) são trocados a cada um ano. A razão disso é: após este período, por melhor que seja a manutenção, eles deixarão de ser impecáveis e, economizar meio milhão de reais na troca de cada campo, pode custar milhões de reais em prejuízo se um atleta se lesionar, sem contar a perda de desempenho por conta de questões técnicas, como velocidade de jogo. É como se você ganhasse uma Ferrari na loteria e colocasse pneus carecas para economizar. Não parece uma decisão inteligente, não é mesmo? Esse pode ser um exemplo radical a nossa realidade, mas acontece. Em menor escala e possível de ser realizado aqui, outras equipes, de nível inferior e até mesmo sem divisão no profissional, possuem grandes estruturas, com campos bons, materiais bons e outros aspectos para o jogador receber melhores condições de treinamento. Nada astronômico como os grandes centros, mas coisas simples, bem organizadas e especialmente mantidas e cuidadas. Então, tudo inicia pela estrutura.

Para fechar, está claro que investir em profissionalização, ou seja, em pessoas, identificadas com o progresso, com as novas tendências, é uma das melhores soluções para o momento. Isso é um pequeno investimento e trará retorno, dará lucro. Como no Brasil não temos o costume de ter a infra-estutura em primeiro plano para depois realizar o trabalho, e se trabalha com baixas possibilidades de estrutura, se o foco estiver na capacitação dos profissionais gerindo uma boa relação com múltiplas-possibilidades, com os torcedores que são os verdadeiros patrimônios do clube, aos poucos o clube vai ganhando corpo, vai criando um caixa funcional, formando jogadores, vendendo jogadores, instituindo um mecanismo financeiro anual, e aí sim melhorando sua infra-estrutura, pois começamos tudo de ponta cabeça por aqui. Acredite, esse ciclo evolutivo, fará a diferença, mas tudo começa pela cachola das pessoas e não apenas pelas emoções do resultado de um jogo.

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A vocação da vitória

Há alguns dias o Jornalista Mauro Cézar Pereira, ao se referir ao atual líder da série A do Campeonato Brasileiro de futebol, o Corinthians, mencionou pelo twitter a expressão “intangível vocação da vitória”. Em pouquíssimas palavras, muito do tema que recorrentemente é abordado nesta coluna: cultura e filosofia de trabalho.

Formidável! Cultura e filosofia de trabalho são completamente intangíveis. Não se pega, não se toca. Adquire-se ao longo do tempo, com base em princípios, valores e respeito à instituição. Em colocar a organização esportiva acima de quaisquer interesses pessoais ou de pequenos grupos. O coletivo acima do individual. Forma-se através da história e tem como ponto de partida o estabelecimento de um ideal de existência que serve de norte para o clube.

Tão importante quanto o palmarés é o respeito a este ideal, que orienta todas as ações da instituição. A coluna sempre se lembra dos exemplos do Athletic de Bilbao (que só contrata atletas bascos) e do Chivas Guadalajara (que contrata apenas futebolistas mexicanos). Do protagonismo incansável do Real Madrid (que reflete sua história), assim como o respeito às origens em clubes mais populares como o Boca Juniors (Argentina) e Benfica (Portugal). Se são ou não grandes campeões, é tema para outro texto. A cultura e a filosofia são respeitadas e não há preço que pague por isso.

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O túnel de acesso dos jogadores no estádio do Corinthians. Foto: Divulgação

 

A “intangível vocação da vitória” não vem por acaso. Acontece através da construção de um grupo, do culto à história, simbologia única, respeito a uma hierarquia, por quem forma este grupo e – talvez o mais importante -, de respeito à comunicação interna. Além de “preservar o vestiário”, quando há alguma demanda para se resolver – futebolistas, membros da comissão técnica, gestores e diretoria -, sabem para quem diretamente se dirigir. Um bom ambiente de trabalho, com boas pessoas e em respeito à organização, é terra fértil para os bons resultados e consolidação de uma cultura de sucesso. A – intangível – vocação da vitória.

Com tudo isso, haja vista a situação política dos clubes de futebol do Brasil, colocar interesses coletivos em primeiro lugar, em detrimento dos individuais e dos pequenos grupos, parece realidade bem distante. Bem como o estabelecimento de uma filosofia de trabalho. Entretanto, nunca houve momento tão oportuno para a mudança quanto o atual. Além dos bons exemplos dentro de campo (e fora dele), os torcedores nunca foram tão ouvidos quanto hoje, quer seja pelas redes sociais (principalmente) e outros meios. São vossas vozes o grande motor para a definitiva quebra de paradigma do futebol nacional.

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O estudo como fuga do imediatismo

Culturalmente vivemos, desde nossas origens, uma febre do “agora”. O que é necessário agora para alcançarmos o que almejamos? Uma visão importante para se obter objetivos a curto prazo. Uma satisfação momentânea que é crucial para manutenção da auto-estima do coletivo e do individual. E, sabemos que a confiança é um pilar fundamental em todo o processo que se queira instalar para chegar a resultados positivos. Fazer o que é preciso para obter o que se deseja. Um pensamento muito importante. Porém, não é o que determina a obtenção do sucesso. Quando falamos de “sucesso”, falamos do fim de uma jornada, de uma competição. E, em minha percepção o que decide “onde iremos chegar”, é o pensamento a longo prazo. O que faremos agora deve estar contido dentro de um conjunto maior, de um propósito maior, além do agora. O que queremos para o futuro?

Já falamos muito sobre o treinar, e como deve ser entendido em fazer aprender e desenvolver capacidades, ou seja, um conjunto de ações organizadas, dirigidas à finalidade específica de promover intencionalmente a aprendizagem e o desenvolvimento de alguma coisa por alguém, com os meios adequados da natureza dessa aprendizagem e desse desenvolvimento. Neste contexto, o treinador deve ser visto como o profissional que tem a função específica de conduzir esse processo, o treino (processo pedagógico de ensino-treino), fazendo-o no quadro de um conjunto de saberes próprios, saberes esses que sustentam a capacidade de desempenho profissional. As funções do treinador definem-se, assim, com base num conjunto de competências resultantes da mobilização, produção e uso de diversos saberes pertinentes (científicos, pedagógicos, organizacionais, técnico-práticos, etc.), organizados e integrados adequadamente em função da complexidade da ação concreta a desenvolver em cada situação da prática profissional. Por isso, o estudo deve ser considerado um caminho para a fuga do imediatismo.

Porém o equilíbrio é sempre um ponto em que sonhamos encontrar, principalmente, na relação estudo/trabalho. Por vezes, me pego com o sentimento de que estudar “demais” bloqueia determinado tipo de leitura/interpretação do “agora”. Sendo este bloqueio prejudicial ao “correto”  julgamento do que se fazer e/ou dizer no momento. De como lidar com a situação a fim de tirar o melhor proveito para o coletivo e/o individual. Também, há uma impressão de cepticismo da sociedade (nomeadamente do futebol) por pessoas que estudam demais. Não falo em preconceito, mas sim uma pré-avaliação sobre profissionais que preferem buscar soluções nas suas reflexões e estudos sobre determinado assunto, ao invés de buscarem em suas experiências passadas aquilo que deu “certo” ou “errado”.

Claro que experiências passadas são fulcrais para se ter uma sabedoria sobre determinados assuntos, principalmente alguns que estão intrinsicamente ligados à prática do futebol. Lembrando um trecho da coluna anterior no qual fala que a “experiência sem teoria é cega, e a teoria sem experiência é apenas um puro jogo intelectual” (Kant). O futebol é um jogo praticado em um ambiente estritamente emocional, especialmente em uma cultura como a nossa, onde a paixão é um dos pilares de todas as tomadas de decisões que o envolve.

O estudo deve ser considerado uma prática, na verdade deve ser um hábito para aqueles que “fazem” o futebol. Com ele tomamos melhores decisões, pois nos oferece embasamento racional sobre aquilo que aconteceu e poderá acontecer. Ter uma rotina de estudos em especial sobre aquilo que queremos alcançar e sobre aquilo que esperávamos encontrar, em determinado treino, jogo, competição, liderança, etc.

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Goleiro, modelo de jogo e o passe

Em conversa com meu amigo Vinícius Ziegler Bandeira, treinador de goleiros da categoria Sub-15 da Chapecoense, pegamos algumas ideias do artigo anterior para falar um pouco sobre o uso dos pés do goleiro. No artigo passado discorri sobre o “movimentar por movimentar”, que automaticamente ocasiona um “correr por correr”, e até mesmo um “treinar por treinar” (ações feitas somente por fazer, sem um objetivo ou motivo concreto). Essa tendência tem influenciando muito no ato de “passar por passar”, e nesse caso interfere também na intervenção dos goleiros com os pés.

Mas qual o objetivo de colocar o goleiro a usar os pés? É fazer dele um décimo primeiro jogador de linha? É para iniciar a construção das jogadas ofensivas? É desmistificar que o goleiro é apenas o último defensor e que pode ser o primeiro atacante? Serve como um apoio para manter a posse de bola para equipe? Para retirar da pressão? Ou apenas transporta a ideia do treinador sair por aí dizendo que o goleiro está trabalhando de uma forma “moderna”?

Para inserir o goleiro no jogar pretendido, alguns aspectos devem ser respeitados. O primeiro requisito básico é entender a fluidez do jogo em seus momentos, ou seja, o goleiro deve participar de todos os momentos do jogo (organização ofensiva, organização defensiva, transição ofensiva, transição defensiva e bolas paradas). Isso já escancara uma situação bem comum, como, por exemplo, quando a equipe está no seu campo de ataque, alta, submetendo o adversário, e o goleiro situado na marca do pênalti longe da última linha, na grande maioria das vezes ele fica sem capacidade de intervenção ativa próxima da linha, tanto para ser utilizado como um apoio desequilibrante e equilibrante, assim restringindo a possibilidade de realizar coberturas ofensivas como apoio e defensivas como defensor dos espaços atrás da última linha.

O segundo é a identificação do pouco uso do goleiro através de passes com objetivos específicos, que geram ganho de tempo-espaço ou disponibilizam tempo-espaço para futuros receptores através de sua temporização ou aceleração. Nessa questão, enxergam-se muitas equipes com o domínio da posse, sem sofrer pressão e com oportunidade de achar passes para romper as linhas adversárias, voltando a bola até o goleiro sem critério algum.

Entendendo isso, o goleiro pode ser usado para manter a posse de bola especialmente em um momento de pressão coletiva ou individual de algum jogador das primeiras linhas de construção também em zonas mais altas, com passes em qualquer direção e distância (saindo um pouco daquela premissa mecanizada, na qual o goleiro só pode efetuar passes curtos ou passes curtos laterais). Além de ser um possível receptor para retiradas da pressão após a recuperação.

Terceiro, entendendo isso acima, o goleiro é usado para criar uma situação de superioridade ofensiva e defensiva com a intenção tática de sua equipe e do adversário. Ele participa das interações coletivas, lendo trajetórias, probabilidades e bolas de perigo por falta de interação ou interpretações erradas dos outros jogadores e pressões bem-sucedidas do adversário. Por vezes, por pragmatismo, poucos usam essa ideia do goleiro como décimo primeiro homem de linha, deixando a equipe mais desequilibrada que equilibrada, por incrível que pareça.

Claro, nada substitui o caráter defensivo do goleiro de defender a baliza, mas é interessante evoluir o posto do goleiro como um  “décimo primeiro jogador com possibilidade de usar o pé eficazmente”. Não é a toa que Guardiola se candidata mais uma vez ao título das principais competições que sua equipe jogará. Ederson, hoje seu titular, não baixa de 85% no aproveitamento de passes (em alguns jogos chega a 100%), enquanto Joe Hart, preterido pelo treinador, chega a uma média de apenas 45% de aproveitamento no West Ham. Porém, Ederson mantém esse aproveitamento em um modelo de jogo claro e definido, treinado e estimulado para isso, com passes variando trajetória e direção, objetivos e com um propósito muito claro: chegar à meta adversária através da localização escalonada dos outros jogadores e a identificação de receptores com melhor condição de seguir a progressão do ataque.

Por aqui, tem inquietado muito o não uso dos goleiros, principalmente na elite do futebol nacional, mas também inquieta o uso deles sem necessidade particular. “Usar por usar”. Ele só será bem-sucedido com os pés quando for plantado realmente nas dinâmicas de treinos diárias e no jogo. E, essa participação nos treinos deve ser feita de forma clara e não apenas com rondos que supostamente melhoram os pés. Então, qual o objetivo de passar a bola para goleiro?

Fica o questionamento: os pés dos goleiros são utilizados de uma forma efetiva no contexto coletivo ou estão servindo apenas para os modismos de plantão?

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O árbitro de vídeo e o marketing do futebol

As polêmicas vão terminar. Os debates esvaziar-se-ão. O futebol não tolera intervenções da tecnologia. É contra as tradições e a essência do futebol. Vai atrasar o jogo todo. É muito subjetivo. Estas são apenas algumas das frases mencionadas por aqueles que são contra a implementação do árbitro de vídeo no futebol.

A modalidade está em um momento em que as questões comerciais que a envolve são enormes. Logo, a arbitragem passa a ser bastante questionada uma vez que compromete resultados e coloca em cheque justamente estes interesses em jogo. Estas questões e interesses referem-se a: (1) aos investimentos de um clube para um projeto competitivo e mesmo dos investimentos pessoais dos atletas em suas respectivas carreiras; (2) patrocinadores de torneios, clubes e atletas, que querem projetar suas marcas no universo do futebol; (3) empresas de comunicação (rádio e TV) porque quanto mais comuns os equívocos de arbitragem, maior o desinteresse pelo evento por parte dos torcedores e, por último (mas não menos importante), os próprios torcedores (4), uma vez que eles investem tempo e dinheiro no espetáculo esportivo, quer seja no estádio, quer seja fora dele, por exemplo em casa quando compra o pacote de jogos pela TV por assinatura.

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O vídeo a serviço da arbitragem do futebol. Foto: Divulgação

 

O árbitro de vídeo foi implementado para auxiliar nas decisões capitais de uma partida de futebol. Assim, torna o resultado do espetáculo esportivo mais justo e mantém um nível de imprevisibilidade, fator sine qua non para a atração e retenção de público. Logo, mais justiça nas decisões conferem respeito aos atletas em campo e aos torcedores, que – em princípio – não vão se sentir prejudicados. Claro, haverá uma parte da torcida que vai se sentir prejudicada. Entretanto, o vídeo confere ideia geral de peritagem em função das inúmeras tomadas e ângulos que o árbitro terá do lance em questão.

Com tudo isso, o árbitro de vídeo vem melhorar o futebol como produto. Diminuem-se consideravelmente as decisões dúbias, a falta de comunicação entre auxiliares e o juiz principal, e a reclamação de jogadores. Como consequência, o tempo de jogo torna-se maior. Menos confusões, menos desgostosos e desatentos os torcedores nos estádios ou à frente da TV. Em resumo, o árbitro de vídeo favorecerá os dois principais elementos relacionados ao esporte: o atleta e o torcedor. Esta é a essência do futebol.

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Treinar pra que?

Começo esse artigo aproveitando a famosa frase do artilheiro genial Romário: “treinar pra que, se eu já sei o que fazer?”.

Por mais que pareça engraçada essa frase e em especial a forma como ele a citava, podemos nós profissionais do futebol, abrirmos espaço para uma análise desde conceitual até metodológica.

Cada vez mais o futebol moderno com sua alta demanda de competitividade e o pouco tempo de treinamentos e preparação para jogos e campeonatos, necessita de treinos pontuais relacionados à forma da equipe atuar.

Se treina para resolver um problema. Essa solução de problemas vem desde os aspectos individuais, tanto coletivos. O treino descontextualizado com o modelo de jogo caracteriza apenas desgaste para os jogadores e uma perda de tempo para a equipe e o ambiente que a cerca.

Até ai nada de novo, todos nós já lemos e estudamos isso há algum tempo…

O desafio é como detectar quais são os problemas que a equipe técnica quer resolver, e dai em diante modular as sessões de treino pautadas nessa diretriz.

Definição de modelo de jogo

O primeiro passo para pensar em elaborar as sessões de treinamento é definir como a equipe irá atuar, quais são os princípios estruturais e operacionais e com eles definir os aspectos metodológicos da sua equipe.

Como pretendo atacar o adversário?

Qual será minha postura defensiva?

Como irei transitar do ataque para a defesa no momento em que perder a bola? 

Como farei a transição defesa/ataque no momento em que minha equipe recuperar a bola do adversário?

Essas questões devem ser respondidas pelo treinador e sua equipe técnica antes de se pensar em elaborar sessões de treinamento. Definir a postura do time nas quatro fases do jogo é o primeiro passo quando se imagina alinhar o modelo de jogo a ser adotado.

Para entender melhor…

Se a definição do modelo de jogo, dentro da fase ofensiva da sua equipe for um time que procura o gol utilizando passes verticais, no corredor, com ataques rápidos em velocidade, treino de posse de bola, com passe apoiado e troca de corredores buscando a superioridade numérica para infiltração e finalização, terão pouca transferência com o modelo de jogo escolhido.

Com isso, se o treinador buscar nos treinos atividades que priorizam a posse de bola e circulação através de passe apoiado, no momento do jogo, dificilmente a equipe conseguirá atuar com passes rápidos, verticais como foi definido e certamente solicitado aos jogadores.

A forma da equipe atuar será um reflexo dos treinos aplicados pelo treinador e sua equipe técnica.

O mesmo exemplo vale na organização defensiva.

Se pretender que minha equipe marque pressão, em bloco alto, buscando recuperar a bola do adversário o mais rápido possível, meus treinos devem estar voltados para essa característica.

Treinar a marcação zonal em bloco baixo com o balanço defensivo e suas respectivas coberturas e ocupação de espaço, não irá gerar uma adaptação individual e coletiva para a marcação pressão que havíamos definido anteriormente.

A montagem dos treinos é a ferramenta mais importante na criação e transformação de sua equipe.

Conceitos de jogo.

Além das fases do jogo, um detalhe é fundamental para estarmos atentos na elaboração dos treinos: os conceitos que se pretende trabalhar na equipe.

Os conceitos são a base de sustentação do jogo e também devem estar relacionados com a forma como os jogadores e a equipe reagem durante as partidas.

Se quiser que minha equipe marque em bloco alto, dependo de uma série de conceitos que devem ser treinados para que os jogadores consigam de forma sincrônica atuar dessa maneira.

Ao definir e aplicar os conceitos que seus jogadores e equipe pretendem atuar, isso estará vinculado à forma que os mesmos se comportarão no treino e por consequência no jogo.

Se pretendo que minha equipe circule a bola de forma dinâmica e agrida o adversário com infiltrações, triangulações (através de superioridade numérica) e finalizações de fora da grande área, os conceitos no treino devem estar modulados a essa forma de atuar.

Essa sintonia fina entre ideia de jogo e metodologia é a base para elaboração e aplicação dos treinamentos.

Efetividade no treinamento

Um erro muito comum é pensar em elaboração de treino visando apenas o dinamismo da atividade e alta complexidade de regras e pormenores.

O treino deve ter um porque, uma tarefa a ser cumprida.

Por vezes, a alta criatividade e a busca por atividades cada dia mais complexas, geram um grande problema a sua equipe, pois se não treinar da forma como pretende atuar, não existirá transferência para o modelo de jogo, e possivelmente não gerará assimilação àquilo que propõe o treinador.

Primeira pergunta que o treinador deve fazer antes de elaborar o treino: Qual o objetivo da sessão do treino?

Após entender esse objetivo, os exercícios devem estar relacionados para essa pergunta pois, treinar sem objetivo é apenas desgastar sua equipe sem atingir os resultados esperados.

O treino é a principal arma que o treinador tem para modular sua equipe, quanto mais ele for aproveitado e otimizado, maior será a chance dos jogadores e da equipe evoluírem e se adaptarem ao modelo de jogo pretendido.

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Campeonato Mineiro merece um Ouvidor

Na última semana foi divulgada a tabela e o regulamento do campeonato mineiro de 2018. A competição será, novamente, disputada por 12 equipes, mas, ao contrário dos anos anteriores, 8 equipes se classificarão para a próxima fase.

Assim, as 12 equipes jogarão em turno único e as 8 melhores disputarão as quartas de final em partida única, enquanto, as semi-finais e a final permanecem disputadas em duas partidas.

Proposta pelo Villa Nova de Nova Lima, a alteração foi aprovada pelos demais 8 clubes do interior. Atlético, América e Cruzeiro votaram contrariamente.

Logo que a novidade foi divulgada, muitas foram as críticas, eis que 11 rodadas serão disputadas para que somente 4 equipes sejam eliminadas, ou seja, serão jogos e jogos praticamente sem motivo.

Conforme estabelece o Estatuto do Torcedor, este regulamento terá que ser mantido para 2019, ou seja, pelo menos 2 anos com 12 equipes disputando 8 vagas.

O campeonato mineiro, que possuía um dos regulamentos mais enxutos do país e garantia a disputa nas duas pontas da tabela até a última rodada, agora, por interesse individual dos clubes do interior, tenderá a ficar sem graça e com menos atratividade.

As competições esportivas precisam adotar fórmulas que atraiam o público e não que facilitem a classificação dos clubes, uma vez que se trata de um produto sedento por um mercado consumidor.

Atento a isso, o Estatuto do Torcedor criou a figura do Ouvidor de Competições ao estabelecer que as Federações designem o Ouvidor, fornecendo-lhe os meios de comunicação necessários ao amplo acesso dos torcedores.

O Ouvidor da Competição tem o dever de recolher as sugestões, propostas e reclamações que receber dos torcedores, examiná-las e propor à respectiva entidade medidas necessárias ao aperfeiçoamento da competição e ao benefício do torcedor.

Ao torcedor deve ser garantido o amplo acesso ao Ouvidor de Competições, mediante comunicação postal ou mensagem eletrônica; e o direito de receber do Ouvidor da Competição as respostas às sugestões, propostas e reclamações, que encaminhou, no prazo de trinta dias.

Ademais, o site da Federação deverá conter as manifestações e propostas do Ouvidor de Competições.

Dessa forma, o torcedor pode enviar reclamações ao Ouvidor do campeonato mineiro questionando a fórmula de disputa e, até mesmo, sugerindo alterações.

Ocorre, entretanto, que, em consulta ao site da Federação Mineira de Futebol, não há indicação do Ouvidor de Competições, nem ampla divulgação de acesso.

Após navegar no site, no “fale conosco” há uma lista de e-mails e entre eles a indicação de um e-mail (ouvidoria.estadual@fmf.com.br).

Destarte, o Estatuto do Torcedor exige a nomeação de um Ouvidor personificado e com amplo acesso, a fim de que o torcedor tenha um canal aberto com a Federação.

O campeonato mineiro, um dos maiores estaduais do Brasil, merece uma Ouvidoria forte atuante.

A Federação Mineira de Futebol que tanto se organizou e se modernizou na última gestão, poderia aproveitar a oportunidade para trazer mais profissionalismo e transparência ao promover as suas competições nomeando um Ouvidor independente e com credibilidade, e que seja o “cara” que cuidará do acesso dos consumidores ao seu evento.

Muito embora outras competições e Federações tenham seu ouvidor (do campeonato brasileiro é o Dr. Roberto Sardinha, por exemplo), não há ampla divulgação de acesso.

Assim, eventual medida da FMF no sentido de incentivar a manifestação dos torcedores e aproxima-los da competição por intermédio de seu Ouvidor além de trazer maior público e engrandecer o campeonato, teria um mega impacto para os patrocinadores.

Quem sabe, não chegou o momento da inovação?

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Insatisfação positiva

Quando se busca o alto rendimento, precisamos antes de tudo, saber o que se faz por aí e saber, principalmente, porque obtiveram o resultado que alcançaram. Mesmo ele sendo negativo ou positivo, aliás um dos grandes erros nosso é não saber a razão da derrota e, principalmente, o da vitória. Ao contrário, estamos sempre copiando sem entender o motivo das estratégias utilizadas. Com isso, continuaremos a viver uma carga enorme de emoções insanas ao expectarmos mais do que podemos realmente fazer e/ou do que estamos fazendo para conseguir nossos objetivos. Se é que temos realmente um objetivo, outra falha grave das gestões técnicas e RH.

Insatisfação positiva, uma das essenciais características dos grandes gestores e líderes, na qual queremos mais e melhor e não nos contentamos com o que temos. Ou tentamos ser perfeccionistas para conseguir coisas melhores, ou sempre viveremos à mercê de um sentimento fulgaz, oriundos de resultados medianos e expectativas altas.

O animal acomodado dorme (Guimarães Rosa). E não podemos dormir, muito menos ficar sonolento, quando queremos algo “grande”, ainda mais cobiçado por diversos profissionais tão capacitados quanto nós. Precisamos evoluir sempre, a cada passo e pensamento. A cada ação e tomada de decisão. Necessitamos ser atuais com relação as exigências que nos são apresentadas a cada novo dia, a cada jogo e a cada competição. Nisto nos enganamos, novamente, achando que tudo já está inventado e que não existe novidade. Na minha percepção, há sempre algo novo a ser estudado e observado, tanto individualmente como coletivamente. E também a cada treino, pois o jogador de hoje não é o mesmo de outrora. Atualmente ele tem acesso e busca informações das mais variadas e de diversos níveis. Aumentando exponencialmente seu nível cognitivo e esportivo.

Os grande treinadores, além de encontrarem soluções aos problemas individuais e coletivos, criam obstáculos aos jogadores tirando-os do seu “conforto comportamental”. Onde ele sempre atuou assim e sempre teve determinados resultados. É fundamental fazer com que ele perceba a importância de se reinventar técnica e taticamente. Simplesmente pelo fato de fazer coisas novas para esperar/obter resultados diferentes. Esclareço esta afirmativa com a frase de Julio Garganta: “As grandes equipes, além de solucionarem problemas, geram problemas”. Se não temos jogadores “técnicos”, construiremos uma equipe (conjunto) forte e competitiva. Com ideias consistentes, adequadas e com tempo, utilizando a melhor estratégia possível, pode-se tudo.

Se não houver espaço, deve-se criar espaço. A equipe que não tem a bola, gerencia o espaço de atuação da equipe quem tem a bola. E aquela que tem a bola deve, além de gerenciar a bola, induzir o adversário a se “desorganizar” para que possa ocupar o espaço e progredir no campo até a meta. E alguma das ideias para isso é a mobilidade ofensiva, com triangulações, aproximações, etc. Fazendo com que o adversário se movimente, gerando espaços em amplitude (para o lado do campo) e em profundidade (para o fundo do campo). Sendo fundamental que todas as ideias de jogo para a equipe estejam ligadas e sejam interdependentes. Por exemplo, as ideias de ataque (rápido, em posse, apoiado, vertical,…) são, ao mesmo tempo, o fim e o começo das ideias de construção do ataque (desorganizar a estrutura defensiva do adversário, como mobilidade ofensiva). Um ciclo recursivo onde o fim é o começo de um novo processo, onde o produto desse processo é a causa do início desse processo (Edgar Morin). As interações das ideias produzem o jogo que queremos. Mas o jogo que queremos, por sua vez, produz os jogadores dando-lhes as características desse jogo.

Contudo, não podemos mastigar desilusão. Esperarmos coisas que não trabalhamos para isso. Quais são nossos objetivos? Onde queremos chegar? Qual jogo queremos jogar? Temos fome de que? Respondendo isso, devemos ser coerentes com nossos objetivos. Nosso trabalho e estudo precisa ser específico com o que almejamos. Todavia, somente com muito trabalho e estudo conseguiremos o que queremos. Relembrando da velha máxima “kantiana” (Immanuel Kant) que nos alerta que a experiência sem teoria é cega, e a teoria sem experiência é apenas um puro jogo intelectual.

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O painel de publicidade – também – não pode falhar

Semana passada, a maior parte do primeiro jogo entre Barcelona (EQU) e Grêmio, pela semifinal do principal e mais visto torneio de clubes do continente, ficou sem a publicidade no perímetro do campo, projetada por painéis eletrônicos. Na final da Copa do Mundo sub-17 no último fim de semana, algumas falhas nesta publicidade de mesma natureza. É cada vez mais comum optarem por esta modalidade para dar visibilidade aos parceiros comerciais do clube, do campeonato ou de uma liga – o campeonato brasileiro da primeira divisão é exceção. Ao mesmo tempo não é raro observar falhas no seu funcionamento, nos mais diversos torneios.

No jogo entre Barcelona e Grêmio por quase quarenta minutos as marcas parceiras (ou patrocinadoras, como preferirem) não apareceram. Por falha na operação dos painéis, elas deixaram de ser vistas. Não foram, naqueles instantes, relacionadas a um grande jogo (pelo menos para os gremistas) que é transmitido pelo mundo todo.

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Barcelona (EQU) x Grêmio, sem publicidade no perímetro do campo. /Foto: Lucas Uebel (Grêmio FBPA)

 

Ora, quando uma empresa se associa ao esporte, pressupõe-se que, no mínimo, sua marca seja exposta. Tão importante quanto o retorno financeiro em uma relação de patrocínio, são os ganhos de atribuições conquistados quando marcas se associam: uma esportiva (o evento) e outra que com ele se relaciona.

Foram milhões no mundo todo que não viram quais se relacionavam ao jogo e ao torneio. Por analogia, é o mesmo que um futebolista, quando ao marcar um gol em partida com transmissão da TV para o país inteiro tirasse a camiseta. O patrocinador deixa de ser visto e associado ao momento máximo do futebol.

Os responsáveis pelas marcas que deixaram de ser expostas nos painéis eletrônicos em Guaiaquil devem ter se irritado bastante. É necessário extremo cuidado e zêlo nestas operações, afinal são elas as principais fontes de financiamento destes torneios. Ademais, não tão menos importante, uma falha no painel descaracteriza o espetáculo esportivo, ao torná-lo esteticamente desagradável dentro de um campo de visão como um todo, o que pode ter consequências na audiência da TV.  Em um espetáculo esportivo de alto nível, também o painel não pode falhar.

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O nome das coisas

A Fifa anunciou na última sexta-feira (27), após congresso realizado na Índia, que havia decidido reconhecer como mundiais as Copas Intercontinentais disputadas entre 1960 e 2004, período em que os embates entre campeões da América do Sul e da Europa foram feitos sem chancela da entidade. Até então, apenas o torneio de 2000 e as edições disputadas de 2005 em diante eram consideradas. E o que isso muda? A resposta passa diretamente por muitos conceitos de comunicação.

Pergunte ao torcedor de Santos, Flamengo, Grêmio ou São Paulo, times que haviam sido campeões mundiais no período que a Fifa ainda não tinha reconhecido, se eles deixaram para celebrar apenas agora. Pergunte se isso mudou o valor ou o sentimento que envolveu essas conquistas.

A resposta é que o reconhecimento da Fifa nunca foi imprescindível. A chancela da entidade tem seu peso, é claro, mas não muda a história. O nome das coisas é apenas o nome, e isso é somente um elemento em um contexto de um título. Reduzir a festa ao “é Mundial” ou “não é Mundial” é reduzir também o valor da taça.

É por isso que é tão questionável o comportamento do Palmeiras sobre a Taça Rio de 1951. A competição foi relevante, contou com grandes clubes, e chamar o torneio de Mundial é uma demanda que apenas diminui o valor do certame.

O Brasil já acompanhou um episódio semelhante quando a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) resolveu reconhecer como Brasileiros o Roberto Gomes Pedrosa e a Taça Brasil. Houve uma canetada para mudar o status e o nome de duas competições que foram nacionais, como se equipará-las ao Brasileiro fosse fundamental para o valor delas. De certa forma, é uma linha de comunicação que diminui os próprios eventos.

Se você depende de chamar um objeto de cadeira para que as pessoas se sentem, existe uma falha em diversos níveis de comunicação não verbal sobre o artefato. A teoria lacaniana de comunicação diz que a cadeira só existe a partir do momento em que alguém se refere a ela como cadeira. Essa construção, contudo, não depende apenas do nome. É uma soma de elementos que se aglutinam e moldam um perfil palatável.

Comunicação é feita de sutilezas e não depende apenas de nomes, ainda que nomes sejam elementos que ajudem a dar identidade.

 

A queda do Corinthians

Não foi apenas a vantagem do Corinthians que derreteu no Campeonato Brasileiro; foi o próprio Corinthians. Líder do certame nacional, o time paulista fez campanha histórica no primeiro turno e abriu vantagem que parecia intransponível. Depois, perdeu rendimento e ressuscitou o Palmeiras, a despeito de o time alviverde também ter questões a resolver – basta lembrar que a diretoria mudou o comando técnico há menos de um mês, quando demitiu Cuca e efetivou Alberto Valentim.

A história do Campeonato Brasileiro pode ser a de times que conseguiram chegar ao título apesar das temporadas acidentadas – casos de Palmeiras e Santos. Mas se o ano não acabar com título do Corinthians, vai ser contado sempre sobre a decadência vertiginosa (pela proporção e pela velocidade) do time paulista.

No momento, o que parece acontecer é um enorme cenário de problema de comunicação entre diretoria, comissão técnica, jogadores e torcedores do Corinthians. Há uma carga evidente de desmobilização, de falta de confiança e de pressa.

O Corinthians tem muitas questões a resolver até o clássico contra o Palmeiras, agendado para a próxima rodada. Muitas dessas perguntas têm a ver com comunicação: como fazer para que um grupo recupere o elã e retome a confiança em tão pouco tempo? Como preparar a mentalidade desses jogadores para uma necessidade que o time não teve neste ano, que é a de vencer sempre?

Independentemente do resultado final, as últimas rodadas do Campeonato Brasileiro serão marcadas por estratégias e pelo discurso. Vai ser curioso ver a abordagem que cada equipe terá.