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Saiu o campeão! E com ele o gabarito do “Vestibular da Bola”

Antes de iniciar a coluna quero agradecer imensamente a todos os leitores que enviaram suas respostas e lotaram nossa caixa de e-mail em tempo recorde. Por razões óbvias, não tenho como listar nominalmente a todos vocês, mas conforme prometido segue o gabarito do “Vestibular da Bola” com o resumo das principais respostas enviadas.

O que de fato aconteceu após o título:

O Corinthians sagrou-se campeão do certame e o trabalho de toda equipe foi valorizado. Estranhamente, pelo menos até a conclusão desta coluna, o contrato de Tite ainda não havia sido renovado.

O Vasco terminou o campeonato na vice-liderança pela terceira vez. Apesar disso o saldo do clube é considerado positivo, já que a conquista da Copa do Brasil e a classificação prévia à Libertadores amenizaram a frustração da falta do título.

Nos próximos dias, Ricardo Gomes deverá retomar o trabalho aos poucos e Cristóvão poderá receber outras propostas de equipes de menor expressão cabendo a ele a decisão de continuar como auxiliar num clube grande ou assumir a posição de treinador em equipes de menor expressão. Se Andrade (campeão do Brasileirão 2009) servir de exemplo, melhor Cristóvão permanecer em São Januário.

O que as pessoas responderam que ia acontecer:

Lembro que as respostas aceitas foram enviadas até o início da rodada e, portanto, encontram-se com o tempo verbal no futuro pela manutenção da originalidade dos textos.

01 – Calcule, em percentil, o peso da contribuição do treinador no resultado final de uma equipe ao término do Brasileirão 2011.

R: Pensando que as jogadas são realizadas pelos atletas que estão em campo, então seria 50% de responsabilidade para cada parte (jogadores + treinador), mas no caso do Brasileirão 2011, se o Corinthians vencer, a responsabilidade de Tite estará valorizada e sua contribuição poderá ser estimada em até 80%. Caso o Vasco seja campeão, o papel do treinador estará desvalorizado, já que o time carioca melhorou seu rendimento mesmo sem a presença de Ricardo Gomes – treinador oficial.

02 – O que acontecerá, respectivamente, com quem vencer ou perder a edição deste Nacional?

Em caso de vitória do Corinthians:

R: O Tite será mantido no cargo e renovará seu contrato. Estará valorizado e pode até receber aumento para a temporada 2012 que inclui a Taça Libertadores da América. Além disso, será muito elogiado não apenas pelo título, mas por ter mantido o time na liderança do campeonato 70% do tempo.

Quanto ao Vasco, o Cristóvão será criticado, porém como teve a função de ocupar provisoriamente o lugar de Ricardo Gomes, será poupado por ter acertado nas substituições contra o Fluminense na penúltima rodada e ter levado o Vasco até a última rodada com chance de títulos.

Em caso de vitória do Vasco:

R: O Cristovão será considerado apenas um coadjuvante e o papel do treinador será colocado em xeque.

Quanto ao Corinthians, não conseguir um empate contra seu arquirrival jogando em casa e com o estádio lotado será muita pressão para a permanência do Tite, que provavelmente será dispensado e chamado de incompetente. Dependendo da história do jogo (se sofrer gol durante a partida, as substituições serem coerentes e acertadas, se o IME perder mesmo jogando bem) sua responsabilidade pela derrota será aliviada, mesmo assim, dificilmente ele permanecerá no cargo.

Os próximos dias confirmarão se nosso gabarito está 100% correto.

Até lá, só nos resta esperar e torcer para que o próximo Brasileirão seja tão disputado quanto o deste ano…

Para interagir com o autor: cavinato@149.28.100.147

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Participe da “Entrevista Tática”

A Universidade do Futebol, dia após dia, amplia seu acervo de notícias, entrevistas, colunas, aulas gratuitas e cursos online com o objetivo de proporcionar ao leitor uma atualização constante nas diversas áreas do conhecimento inter-relacionadas do futebol. Em relação às entrevistas, em cerca de oito anos, foram publicadas mais de trezentas, com diferentes profissionais direta ou indiretamente ligados à modalidade.

Dentre os entrevistados, estão técnicos, preparadores físicos, auxiliares, preparadores de goleiros, treinadores adjuntos, psicólogos, advogados, profissionais de marketing, nutricionistas, fisiologistas, filósofos, médicos, mestres, doutores, especialistas, enfim, centenas de profissionais que contribuem com cases, opiniões, discussões, reflexões e apontamentos que favorecem a todos os leitores quanto ao desenvolvimento de um olhar transdisciplinar do futebol.

Com o objetivo de contribuir com esse espaço, a Universidade do Futebol criou a “Entrevista Tática”. Idealizada por este colunista, a entrevista será realizada com jogadores brasileiros de diferentes categorias e escalões do futebol nacional e, possivelmente, internacional.

Como a demanda das entrevistas semanais é significativa e, tradicionalmente, é um espaço reservado para outros profissionais do futebol que não os próprios jogadores, a “Entrevista Tática” será postada periodicamente como tema da minha coluna semanal.

Utilizando a tática como pano de fundo, o portal pretende oferecer um novo material que aproxima o jogador de futebol da Ciência. Sem o intuito de capacitá-lo, a ideia será somente ouvi-lo para que todos os interessados em melhorar sua atuação profissional possam ter noções de como é a interpretação da realidade por cada jogador, principalmente como o mesmo enxerga o futebol.

Na coluna desta semana, serão apresentadas as perguntas-padrão que farão parte da entrevista e será aberto a você, leitor, um espaço para sugestões de novas questões (lembrando do viés tático como pano de fundo) que, após análise do portal, poderão ser incorporadas às tematicas já estabelecidas.

Abaixo, a lista de perguntas-padrão da “Entrevista Tática”:

1- Quais os clubes em que você jogou a partir dos 12 anos de idade?

2- Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

3- Para você, o que é um atleta inteligente?

4- Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

5- Para ser um dos melhores jogadores da sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

6- Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

7- Pense no melhor treinador que você já teve! Por que ele foi o melhor?

8- Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

9- Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?*

*Leia-se 1-4-4-2, 1-3-5-2, 1-4-3-3 e plataformas de jogo

10- Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:
Com a posse de bola;
Assim que perde a posse de bola;
Sem a posse de bola;
Assim que recupera a posse de bola;
Bolas paradas ofensivas e defensivas.

11- Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

12- Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

13- Se você tivesse que dar um recado para qualquer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

Mais três perguntas serão analisadas e escolhidas para complementar a entrevista. Nas próximas duas semanas, através do meu e-mail (indicado no final da coluna), irei interagir com o leitor para ler e encaminhar as sugestões aos responsáveis pela aprovação. Caso sua pergunta seja escolhida, você receberá os devidos créditos na coluna de abertura.

A Universidade do Futebol irá se aproximar daqueles que dão vida ao jogo de futebol e às ideias de jogo dos treinadores. Participe!

Para interagir com o autor: eduardo@149.28.100.147 

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A corrente “futebolística” do bem

Quarta-feira, 10/08/2011, 19h e assunto da coluna semanal definido. Porém, antes de redigi-la, uma rápida leitura sobre os acontecimentos esportivos do dia (especialmente futebolísticos) para acompanhar o mercado faz com que o tema pensado para esta semana continue arquivado.

Com a derrota da seleção brasileira por 3 a 2, fora de casa, para a Alemanha e as duras (e injustas) críticas feitas pela imprensa nacional ao treinador Mano Menezes, algum texto deveria ser publicado com o intuito de poupá-lo e propor uma discussão mais abrangente além das pressões, desconfianças e questionamentos da competência exercidos sobre o treinador.

Como somente um texto é insignificante para combater as já conhecidas análises imediatistas, que se reproduzem exponencialmente e que se baseiam somente em resultados, será proposto um desafio a você, leitor, inspirado no filme dirigido por Mimi Leder, denominado A Corrente do Bem (2000).

Neste filme, indispensável para quem quer aprender sobre a vida, quer dizer, sobre o futebol, Trevor é um menino cursando a sétima série, que tem como trabalho escolar na disciplina de Estudos Sociais a tarefa de pensar uma maneira de transformar o mundo e tentar colocá-la em prática.

A ideia do jovem, que inclusive intitula o filme, tem três premissas: fazer algo por alguém em que este não pode fazer por si mesmo, fazer isso para três pessoas e solicitar que a pessoa ajudada faça o mesmo para outras três. Como objetivo final, com a aceitação e participação das pessoas, as boas atitudes evoluirão em progressão geométrica. Idealismo, é claro!


 

Transferindo para o desafio em questão, a missão de cada um é, em sua próxima discussão sobre futebol em que o trabalho de Mano Menezes seja posto em xeque, argumentar a favor do projeto comandado pelo treinador visando à Copa de 2014.

Bons argumentos não faltam para contrapor àqueles que já afirmam que um ano de trabalho e 13 jogos (6 vitórias, 4 empates e 3 derrotas) é tempo suficiente para a seleção convencer:

– Robinho e Ganso, sozinhos, não conseguem trazer as vitórias ao Brasil, assim como Messi, o melhor jogador do mundo, não foi suficiente para levar a Argentina ao título. Não entrem em detalhes, mas sabemos que o todo é maior do que a soma das partes;

– Se existe um período em que o Mano deve observar outros jogadores na seleção brasileira (conduta, comportamento em equipe, performance de campo), este período é agora e não quando faltar um ano para o início da Copa do Mundo, onde os ajustes nos elementos da equipe deverão ser mínimos;

– O Modelo de Jogo apresentado no Mundial 2010 agradou a pouquíssimos brasileiros. Está claro que Mano Menezes pretende aplicar um jogar com a cara do Brasil, mas que acompanhe as evoluções do futebol moderno. Para isso, tempo, que ele ainda não teve, é fundamental.

– Exemplos recentes, como a Espanha e o Uruguai, no profissional e na base, têm mostrado que a solidificação e sustentabilidade de um projeto somente serão estabelecidas se os resultados estiverem planejados, pelo menos, para o médio prazo;

– Se as cobranças, desconfianças e pressões permitirem, o trabalho de base da seleção brasileira terá continuidade e poderá proporcionar à nação o espetáculo que ela espera ver, aperfeiçoado em anos de formação com a camisa amarela.

– E, para encerrar os argumentos, qual treinador está preparado para substituir Mano Menezes e aplicar, imediatamente, um belo futebol, recheado de vitórias e com grande probabilidade de conquista do hexa em 2014? Peça para justificar a resposta!

Assim como no filme, não espere convencer a todos; no entanto, não deixe de fazer a sua parte, pois lembre-se que eles não podem fazer por si mesmos. Se três pessoas com as quais você conversa sobre futebol mudarem o discurso e essas três pessoas conseguirem, cada uma, mudar o discurso de outras três e assim sucessivamente, logo será observada uma progressão geométrica a favor do projeto de renovação da seleção brasileira.

Se for considerada a visibilidade do portal Universidade do Futebol e o público-alvo, a possibilidade da mencionada progressão chegar ao conhecimento dos formadores de opiniões, ou seja, da mídia, é grande.

E, se por ventura, algum dia, a opinião dos formadores de opinião se modificar, as consequências positivas ao futebol brasileiro serão significativas, porque o discurso comum do resultado imediato, da vitória a qualquer custo, dos gastos exorbitantes, da valorização individual, das matérias sensacionalistas e da troca de treinadores como solução dos problemas de gestão será substituído.

E entrará em campo o discurso do resultado planejado, com gastos condizentes às realidades de cada clube, da valorização do coletivo, das matérias com críticas construtivas e da permanência e projeção de bons treinadores como produtos de uma boa gestão.

Aproveite a corrente “futebolística” do bem e a progressão geométrica por ela proporcionada para ajudar as pessoas quanto às tendências de ensino do futebol e a metodologia de treinamento. Assim como a atitude iniciada por Trevor se espalhou por diferentes lugares dos EUA, o iniciado por você pode alcançar diferentes lugares e pessoas em todo o Brasil.

Idealismo, é claro!

Ps: Quarta-feira, 10/08/2011, 22h45m. Em nota publicada no site da entidade esportiva brasileira (às 19h38m), Ricardo Teixeira afirma: “O trabalho segue com toda a confiança da CBF.”
Ufa…

Para interagir com o autor: eduardo@149.28.100.147  

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Há vantagem de se jogar “em casa”?

Passado o primeiro terço da Série A do Campeonato Brasileiro para a maioria dos clubes, dos 134 jogos realizados até aqui, o número de vitórias com mando de campo é de 48%, contra 27% sem mando.

Mas se o importante é somar o maior número de pontos, será que adquiri-los dentro ou fora de casa faz alguma diferença?

A tabela abaixo mostra o aproveitamento dos quatro primeiros colocados no campeonato, em que observamos aproveitamento superior aos 60% em todos os clubes.


 

É possível observar que até o momento, apesar de serem as melhores equipes do campeonato, o comportamento de cada é bem diferente em relação aos jogos com ou sem mando de campo.

O Palmeiras, por exemplo, embora seja o que tem maior aproveitamento em jogos como mandante (90,47%), é a equipe que apresenta-se com a quarta colocação em função do mal aproveitamento dos jogos realizados fora de casa (33,33%). Já o Flamengo é a equipe que apresenta maior equilíbrio tanto fora quanto em casa (71,42% para cada), assim como o Vasco, que segue a mesma tendência.

Muitos estudos já comprovaram que há vantagem de se jogar em casa independente do esporte praticado (Pollard e Pollard, 2005). No futebol, esse fenômeno não é diferente e já foi documentado em Espanha, (Sánchez et al. 2009), Turquia (Seçkin e Pollard, 2008), França (Dosseville 2007), Austrália (Clarke 2005), Escócia (Nevill et al. 1996), Inglaterra (Thomas et al. 2004) e em várias competições européias e sul-americanas (Pollard 2006).

Recentemente, um estudo realizado com o futebol brasileiro (Silva et. al. 2010) verificou não somente a vantagem de se jogar em casa, mas também as diferenças entre times de alta e baixa qualidade. Após analisar o desempenho de equipes brasileiras nos campeonatos que ocorreram entre 1998 e 2007, os autores encontraram taxa de aproveitamento de 32,60±5,62% para os times de baixa qualidade; 50,60±2,31% para equipes medianas e 66,60±2,79% para equipes de ponta (p<0,001). Com o levantamento, os autores concluíram que o fator local do jogo pode ser atributo de vantagem nos confrontos do Campeonato Brasileiro da primeira divisão, sendo mais pronunciada quando a qualidade do clube é maior.

Apesar dos achados, os fatores que justificam tal aproveitamento ainda não são claros ou não se reproduzem em todos os países.

Fatores como viagem, motivação, auto-confiança, postura da equipe, pressão da torcida e interferência da arbitragem podem explicar parte desse fenômeno e necessitam de maior investigação.

Com isso, é importante que cada equipe conheça suas forças e limitações tanto dentro quanto fora de casa para traçar estratégias que possam melhorar seu desempenho geral afinal três pontos em casa valem a mesma coisa do que três pontos fora.

Para interagir com o autor: cavinato@149.28.100.147

Referências bibliográficas

Pollard R, Pollard G. Long-term trends in home advantage in professional team sports in North America and England (1876-2003). J Sports Sci. 2005 Apr;23(4):337-50.

Sánchez PA, García-Calvo T, Leo FM, Pollard R, Gómez MA. An analysis of home advantage in the top two Spanish professional football leagues. Percept Mot Skills. 2009 Jun;108(3):789-97.

Seçkin A, Pollard R. Home advantage in Turkish professional soccer. Percept Mot Skills. 2008 Aug;107(1):51-4.

Dosseville FE. Influence of ball type on home advantage in French professional soccer. Percept Mot Skills. 2007 Apr;104(2):347-51.

Clarke SR. Home advantage in the Australian Football League. J Sports Sci. 2005 Apr;23(4):375-85.

Nevill AM, Newell SM, Gale S. Factors associated with home advantage in English and Scottish soccer matches. J Sports Sci. 1996 Apr;14(2):181-6.

Thomas S, Reeves C, Davies S. An analysis of home advantage in the English Football Premiership. Percept Mot Skills. 2004 Dec;99(3 Pt 2):1212-6.

Pollard R. Worldwide regional variations in home advantage in association football. J Sports Sci. 2006 Mar;24(3):231-40.

Silva CD, Medeiros NC, Silva ACD. Vantagem em casa no campeonato brasileiro de futebol: efeito do local do jogo e da qualidade dos times. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum 2010, 12(2):148-154.

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DVD’s: os “melhores momentos” dos jogadores de futebol

No ambiente corporativo, a contratação de bons profissionais passa inicialmente pelo crivo da seleção de currículos e, num segundo momento, iniciam as entrevistas e dinâmicas de grupo. Para jogadores de futebol, a criação do seu DVD é o seu currículo e, consequentemente, carta de apresentação para os procedimentos iniciais de uma possível contratação.

As contratações e negociações de atletas acontecem em todos os níveis do futebol, entre equipes de base e profissionais, em transferências no país ou internacionais, nas primeiras e nas últimas divisões nacionais, por intermédio de empresários, agentes, dirigentes e até por indicações de treinadores.

Para quem já teve oportunidade de assistir à edição de jogos de algum atleta, provavelmente deve ter se deparado com uma exacerbação de qualidades técnicas, com imagens fechadas em um ou dois jogadores na maioria das ações, com predomínio de jogadas individuais e ações exclusivamente com bola.

Nestas edições, os vídeos dos goleiros compreendem as ações diretas de defesa e algumas saídas do gol, os dos defensores, os desarmes, carrinhos, subidas de cabeça e interceptações e nos vídeos dos atacantes observam-se os dribles, finalizações e gols. Para cada posição, os vídeos resumem-se aos fundamentos técnicos mais utilizados pelas suas regras de ação.

Nos grandes clubes, que devem contratar bons jogadores ou então potenciais bons jogadores em atividade, conhecer a performance atual de um atleta é simples. Com um departamento de análise de desempenho, bons analistas, vídeos e relatórios de vários jogos do atleta pretendido, é possível definir se o jogador em questão atende aos interesses da diretoria e/ou comissão técnica em relação ao desempenho de jogo.

Já para todos os demais clubes (a grande maioria), que são os não tão grandes, os pequenos, os formadores e até os que nem sabem o que são, a realidade já não é a mesma. Departamento de análise de desempenho e analistas inexistem. No entanto, do menor ao maior clube, em todas as salas dos departamentos de Futebol espalhadas pelo Brasil, inúmeros DVD’s se acumulam semana após semana.

A questão é: os DVD’s existentes realmente mostram os “melhores momentos” de um determinado jogador de futebol? Infelizmente, não!

Com a precocidade das negociações do mercado atual e a repercussão gerada pela mídia, é bastante comum meninos de 13, 14 e 15 anos já terem seus “melhores momentos” editados em uma mídia e distribuídos pelos pais em diversos clubes e até postados na internet.

A partir dos 16 anos, a quantidade de DVD’s é espantosa. Distribuídos por agências, dirigentes e empresários, esses materiais chegam até aos clubes, para agregar valor ao produto jogador de futebol e despertar interesse de contratação.

O conteúdo, porém, não permite a identificação de todas as características de jogo de determinado atleta para além de sua relação com a bola. Um bom material deveria apresentar predomínio de imagens amplas, que visualizassem diversos jogadores na mesma ação e que possibilitassem a observação dos comportamentos não só individuais como coletivos para cada momento do jogo.

Independente da posição, um bom DVD deveria conter ações ofensivas, defensivas e de transições do jogador para ações com e sem bola.


 

No olhar tradicional, os “melhores momentos” são observados somente quando o jogador tem a bola sob seus pés (ou mãos, no caso dos goleiros), mas, quem já superou esse paradigma sabe que o tempo sem bola ao longo de um jogo é consideravelmente superior ao tempo com bola. Logo, muitos melhores momentos durante uma partida acontecem quando o jogador está exercendo alguma ação sem bola que identifica o seu nível de compreensão do jogo.

Com bons DVD’s em mãos, equipes profissionais com poucos recursos financeiros e equipes de futebol de base poderiam ser mais precisas nas contratações, reduzindo seus custos.

Exemplificando: para aquelas três vagas que existem no alojamento não precisam passar vinte atletas até três serem escolhidos pelo treinador e dirigentes para permanecer no clube. Uma pré-seleção a partir do DVD pode ser feita e seis ou sete atletas convidados para a segunda fase do processo seletivo.

Uma equipe apresenta carência em uma posição e o treinador precisa de um meio-campista que já tenha jogado aberto em uma plataforma 1-4-4-2 em duas linhas de quatro, faça diagonais com e sem bola em velocidade, tenha bom passe curto e longo, seja veloz na transição defensiva para passar a linha da bola e feche linhas de passe para marcar. Quando sua equipe recupera a posse, busca rapidamente a faixa lateral do campo. Um bom DVD lhe pouparia tempo para encontrar tal jogador.

Em relação às negociações, apresentar bons DVD’s aumentaria o poder de barganha para a negociação, sendo valorizado o currículo do jogador de futebol e apresentado com a maior fidedignidade possível o seu desempenho técnico-tático-físico-emocional.

Porém, antes de mudar os DVD’s existentes no futebol brasileiro, a visão do mercado sobre o atleta deverá mudar. Treinadores, dirigentes, empresários e agentes precisam enxergar de maneira ampliada as funções de um jogador de futebol, pois a produção dos “melhores momentos” atuais somente contribui para a manutenção de um pensamento reducionista, limitado as ações técnicas do jogo e que escondem muitas características de cada jogador.

Como para tudo na vida, a mudança não acontecerá na mesma velocidade e com todas as pessoas. Seguramente, aqueles que mais rapidamente se adaptarem terão maiores chances de sucesso no concorrido mercado futebolístico, seja para captar bons jogadores, ou então, para negociar o seu produto.

E se um dia todos mudarem, no período de recesso do futebol europeu, talvez não escutemos mais inúmeras declarações de jogadores brasileiros dizendo que os treinamentos por lá são muito diferentes dos treinamentos feitos por aqui, principalmente no que diz respeito à “parte tática”.

Você já viu um bom DVD?

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O “estado de jogo”

Numa determinada sessão de treino, é significativamente difícil ter todos os atletas focados, comprometidos, cientes dos objetivos do treino na aplicação de um determinado jogo, entendendo suas regras, compreendendo sua lógica e agindo em função do seu cumprimento.

A ação pedagógica torna-se ainda mais trabalhosa se for considerado um ambiente em que pais, mídia, diversos treinadores e os próprios atletas afirmam que os jogadores de futebol já nascem prontos e também a convivência diária com jovens promissores que, certas vezes, tomam como exemplo alguns comportamentos de atletas pouco profissionais.

Porém, como mediador de um processo de evolução do “jogar” da equipe e como agente formador (e transformador), é função do treinador extrair o melhor de cada um de seus atletas e facilitar, por meio de sua liderança, abordagem, intervenção, comportamento e didática, o acesso ao “estado de jogo”, que é um grande parâmetro de qualidade do treino para quem ensina com Jogos.

O “estado de jogo”, definido pelo Dr. Alcides Scaglia, é caracterizado pela suspensão momentânea da realidade, onde há predomínio da subjetividade em detrimento da objetividade e que o seu ambiente (contexto) irá definir o que é ou não jogo.

No plano coletivo, ao iniciar um jogo da sessão de treinamento, é objetivo do treinador que, ao soar o apito inicial, toda a equipe rapidamente alcance referida condição. No entanto, quem já utiliza o jogo como metodologia de ensino perceberá que tal objetivo nem sempre é alcançado em todos os atletas.

Nem sempre é alcançado, pois no plano individual, cada elemento (jogador) do jogo encontra-se com foco, comprometimento e nível de compreensão da atividade distintos. Equalizar estes três fatores é a missão do treinador que pode ter início a partir dos questionamentos abaixo:

É possível entrar em “estado de jogo” preocupado com problemas particulares?

É possível entrar em “estado de jogo” insatisfeito com a perda da condição de titular?

É possível entrar em “estado de jogo” o atleta que não gosta de treinar?

É possível entrar em “estado de jogo” se, minutos antes da atividade, ao invés de discutir com a equipe o comportamento para o jogo em questão, a conversa referia-se ao lazer do último final de semana?

É possível entrar em “estado de jogo” se, minutos antes da atividade, ao invés de discutir com a equipe o comportamento para o jogo em questão, o atleta fica chutando bolas para o gol?

É possível entrar em “estado de jogo” se o treino aplicado encontra-se acima da zona proximal de desenvolvimento da equipe?

É possível entrar em “estado de jogo” se o treino aplicado encontra-se abaixo da zona proximal de desenvolvimento da equipe?

É possível entrar em “estado de jogo” aplicando exatamente o mesmo treinamento por um longo período de tempo?

É possível entrar em “estado de jogo” aplicando um treino com quantidade excessiva de regras sem devida progressão complexa?

É possível manter-se em “estado de jogo” se, a todo instante, o treinador para o treino para suas abordagens?

É possível manter-se em “estado de jogo” se o treinador deixa seguir o lance em que a bola saiu do campo de jogo somente alguns centímetros, afinal a atividade “é só pra treinar”?

É possível manter-se em “estado de jogo” quando a diferença de pontos no placar fica considerável?

Para cada questionamento, existe a melhor solução a ser encontrada pelo treinador. Para equipes diferentes, soluções diferentes. Para jogadores diferentes, respostas também diferentes. Logo, a “fórmula mágica” para o acesso ao “estado de jogo” está longe de ser encontrada em livros, teses ou dissertações.

Nestas fontes, porém, podem ser encontrados os embasamentos científicos para cada ação do treinador que contribuem para atingir o mais rápido possível o “estado de jogo” e sua manutenção até o apito final. O que fazer em cada questionamento parece simples, como podem ser lidos nos exemplos abaixo:

Atletas com problemas particulares (financeiros, familiares, etc.) necessitam de abordagens para que consigam esquecer, ao menos momentaneamente, o mundo real para alcançarem o mundo do jogo.

O foco na insatisfação, e não no jogo, com certeza atrapalhará o acesso ao “estado de jogo”.

Quem não gosta de treinar (jogar) não deve ser atleta de futebol, logo, não deve fazer parte de um elenco!

No treinamento, criar procedimentos em que a concentração esteja nas atividades do dia e que quaisquer ações/conversas paralelas não cabem, é missão do treinador.

Chutar bolas para o gol quando o treino vai iniciar é uma das atividades que não cabe.

A leitura minuciosa da equipe e jogadores permitirá ao treinador a criação de jogos adequados ao nível de desenvolvimento dos mesmos.

Com a evolução da equipe, os problemas se modificam, logo, os treinos também devem se modificar.

Demorar muito tempo para compreender as regras pode comprometer o tempo de entendimento do que fazer para ganhar o jogo.

Saber quando parar o jogo é indispensável para a manutenção da suspensão da realidade.

Se a bola saiu, mesmo que alguns centímetros, ela saiu. Não estrague o jogo!

Estabelecer a cultura de não aceitar derrotas, no mais simples jogo, faz com que o “estado de jogo” termine somente no apito final.

Agora, o COMO fazer, é o desafio de cada treinador a partir da já mencionadas liderança, abordagem, intervenção, comportamento e didática.

Então, no mundo ideal, em que todos os atletas estiverem em perfeito “estado de jogo”, que é o objetivo do treinador, os problemas estarão resolvidos?

É claro que não! O “estado de jogo” só faz sentido se as devidas respostas de cada jogador para cada problema do jogo estiverem alinhadas ao modelo de jogo da equipe e a ideia de jogo do treinador.

Mas isto é tema para outra coluna.

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It’s Showbol

O Showbol se populariza no Brasil há alguns anos, na esteira do apoio da TV paga.

Assim como o Beach Soccer – ou Futebol de Areia – na TV aberta também.

O casamento entre TV e futebol favoreceu a equação financeira que faltava para que a conta fosse paga pelos anunciantes e patrocinadores, grandes interessados em se associar aos eventos esportivos.

Assim, tal qual em outra atividade econômica, o dinheiro procura se acomodar onde encontra organização, segurança e retorno do investimento, após analisar e administrar os riscos envolvidos na operação.

E esses dois eventos já vêm cumprindo a lição de casa com muita competência, o que ratificou o interesse da TV em ser grande parceiro na promoção comercial de ambos.

Tanto é que, agora, já assistimos a uma aproximação junto aos grandes clubes de futebol, tanto do Brasil quanto da Europa, para que criem estas duas nova modalidades de forma oficial.

Um dos exemplos foi o Mundialito de Futebol de Areia, disputado, recentemente, em São Paulo, que contou com Flamengo, Vasco, Corinthians e Santos, além de Boca Juniors, Milan, Sporting e Barcelona.

Eventos como esse são muito bem organizados já há bastante tempo, e que contam com bastante entrosamento com a TV do Brasil e do exterior.

No outro, o Showbol, ainda pende a necessária transição para a oficialidade – e verdadeira legitimidade – do evento.

Isso porque os clubes ainda não outorgaram a licença de uso de sua marca para a exploração comercial dos direitos e propriedades inerentes às competições.

Algo bem simples de entender, mas nem tão simples de realizar: ou os clubes estão a favor ou contra o uso de sua marca.

Existe uma zona cinzenta na relação que, conforme for conduzida a coisa, pode significar algo bem atraente em receita para os clubes, os jogadores e ídolos do futebol envolvidos, ou sepultá-la como mais uma boa idéia executada de forma equivocada.

Tenho certeza que o caminho que o dinheiro seguirá para se acomodar será a melhor resposta a esta dúvida.

Para interagir com o autor: barp@149.28.100.147

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Banco de jogos: atividade de transição ofensiva estrutural e ‘pressing’ com dobras de marcação

Descrevo hoje o exemplo de uma atividade que pode, se bem conduzida e bem inserida, contribuir para o desenvolvimento do comportamento de ataque à bola (com dobras de marcação ou ataques triplos), para a retirada da bola da zona de pressão e para a manutenção da posse da bola a partir da estruturação zonal do espaço.

Não é uma atividade inicial dentro do processo. Ela requer que conceitos já estejam bem estabelecidos entre jogadores e equipe.

As dimensões do campo e o número de jogadores devem variar de acordo com o nível de desenvolvimento dos atletas, objetivos e momento do processo.

Descrição:

a) A atividade é composta por 3 equipes (uma equipe de 4 coringas e duas equipes de 5 jogadores de linha

b) Os coringas jogam no exterior do campo de jogo delimitado pelas linhas demarcatórias (cada um dos coringas é responsável por um lado do campo de jogo e pode deslocar-se livremente sobre esse lado).

c) As equipes de 5 jogadores jogam entre si no espaço delimitado pelas linhas, sendo que a equipe com posse da bola pode contar com o apoio dos coringas 

d) No espaço de jogo existem “zonas”desenhadas (as zonas A, B, C, D e F). Cada equipe, ao ter a posse da bola deve ter um jogador em cada uma dessas zonas (sendo que esses jogadores só podem agir com bola, em suas regiões).

e) A equipe sem a posse da bola pode ocupar livremente o espaço de jogo e deve buscar criar dobras de marcação

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Pontuação:

Momento 1 – as equipes marcam 1 ponto todas as vezes que conseguirem recuperar a posse da bola na mesma zona em que ela foi perdida, antes que haja troca de posição da bola entre as zonas.

Momento 2 – além da regra anterior, as equipes podem pontuar a cada 10 passes que realizarem sem interrupção por parte do adversário.

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Polícia e futebol, uma perigosa combinação

O Estatuto do Torcedor, com o passar dos anos, pode ser considerado um marco na gestão do futebol brasileiro como negócio. Desde 2003, quando ele foi aprovado como lei, que o torcedor é tratado como uma espécie de consumidor dentro de um estádio de futebol.

A situação ainda está muito distante do mundo ideal, mas já é muito melhor do que há dez anos, quando torcedor era confundido com animal pronto para o abate. Hoje já se percebe que o clube entende que o torcedor deve ser tratado como uma pessoa importante dentro da cadeia produtiva da bola, e muito disso deve-se a algumas mudanças provocadas pela lei.

Só que ainda há uma grande lacuna nessa legislação, que passou despercebida quando da sua criação (durante o ano de 2002) e agora, em alguns outros ajustes que a lei sofreu.

Continua-se a deixar, no Brasil, a polícia militar como responsável pela segurança do evento.

A partida entre Ceará e Santos mostrou, mais uma vez, o quão despreparada é a polícia que “cuida” da ordem num evento esportivo no Brasil. A cacetada que o meia santista Marquinhos levou, apenas por estar próximo a uma discussão que acontecia na saída das duas equipes, revela dois lados cruéis de uma história marcada pela truculência da polícia brasileira.

Para quem não viu a cena, o policial se coloca atrás de Marquinhos, aparentemente para convencê-lo a seguir andando e, com uma mão sobre o ombro do atleta, usa a outra para, sem tirar o cassetete da cintura, almejar as costas do jogador. Depois, tenta sair do bolo, mas é intimado por outro atleta do Santos. Então, é convencido pelos demais policiais a descer para o vestiário, como se não tivesse cometido nenhum delito.

Num país em que a lei serve para dar poder a um e tirar o de outro, e não para que todos vivam em harmonia, é inadmissível que continuamos a ter policiais despreparados tomando conta da segurança de uma partida de futebol, ou de qualquer outro evento.

Quando o episódio envolve um torcedor, rapidamente a opinião pública vira-se a favor do policial, considerando-o vítima de uma bandidagem maior, a do violento torcedor agindo em bando. O caso de Marquinhos mostra quão desvirtuada é essa impressão.

O Estatuto do Torcedor tem sua gênese no Taylor Report, criado no início dos anos 90 na Inglaterra. Lá, a mudança de tratamento com o torcedor se deu também pela criação de leis mais severas (como por aqui), mas um dos grandes saltos de qualidade para que absurdos envolvendo a polícia nos estádios como ainda acontecem no Brasil foi a adoção de um treinamento especial de policiais que trabalham especificamente em estádios de futebol.

Hoje, os policiais do futebol na Inglaterra entendem que não se trata multidão com cacetadas, e muito menos time de futebol. Policial, aliás, só entra em campo se houver necessidade. No Brasil, o clube de futebol perde, e muito, deixando para a polícia a segurança dentro de um estádio de futebol. Não há competência dos policiais em gerenciar crises envolvendo torcedores e, como ficou evidente neste domingo, até mesmo com atletas.

Enquanto a regra for bater primeiro para depois tentar descobrir se há mesmo problema, de nada adiantará exigir mais do torcedor e do clube. A combinação entre polícia e futebol é ainda muito perigosa. Especialmente para o negócio futebol.

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Com os pés

Nesta semana, o Brasil jogou contra os Estados Unidos e todo mundo tratou o evento como se fosse o país que mais sabe de futebol no mundo contra o país que menos sabe o que é futebol no mundo. Justo, diga-se, dado o estereótipo cultivado da aversão natural existente entre americanos e futebol jogado com os pés. Comentários sugeriam o desconhecimento generalizado das regras pelo público e o ar de excentricidade que o esporte trazia para a terra do Tio Sam.

Mas ninguém parou pra analisar de fato o crescente mercado de futebol nos Estados Unidos. Mais importante, ninguém parou pra pensar que o futebol nos Estados Unidos pode ser considerado maior que o futebol no Brasil. Pensamento excêntrico, não?

Normalmente, sim. Mas analisando dados, não. E memorize bem os números que você vai ver a seguir, porque eles podem mudar pra sempre o jeito que você vê o futebol nos Estados Unidos e, possivelmente, no Brasil.

Em 2010, a média de público do Campeonato Brasileiro, de acordo com a CBF, é de 13.351 pessoas por jogo. Na MLS, também em 2010, a média de público por jogo é de 16.143 torcedores por jogo, 2.792 (21%) torcedores a mais por jogo do que no Brasil. A média de público do Seattle Sounder, clube recém-criado, é de 36.154 torcedores por jogo, 11.247 (45%) a mais do que a média de público do Corinthians e mais do que o dobro da média do Internacional no Brasileirão desse ano.

O Seattle Sounders leva por jogo praticamente a mesma coisa que o público somado de Atlético Mineiro, Palmeiras e São Paulo e apenas 569 torcedores a menos do que Santos, Atlético Goianiense, Avaí, Guarani e Grêmio Prudente juntos. E isso é assustador.

Alguém pode dizer que isso é decorrente da boa campanha dos EUA na Copa de 2010. Justo, mas superficial. Nos últimos cinco anos, a média de público do Brasileirão foi de 15.739 torcedores por jogo. Da MLS, foi 15.996 torcedores por jogo, 227 torcedores por jogo a mais do que no Brasil.

A MLS vem se desenvolvendo aos poucos e de maneira bastante planejada. Atualmente, conta com 16 times. Até 2012, terá 19. Tudo programado, tudo bem estudado e tudo com muita, muita calma. Sem passos maiores do que a perna. Tirando um ou outro jogador, os salários e os valores de transferências são bastante inferiores, mantendo a operação financeira viável e, principalmente, estável. Devagar e sempre.

Na última terça, ficou claro que a seleção americana tem muito o que aprender com a seleção brasileira. Mas o Campeonato Brasileiro tem muito mais a aprender com o Campeonato Americano.

Para interagir com o autor: oliver@149.28.100.147