Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

Tecnologia no futebol – “Mini fórum” com os leitores: os portões abertos

Olá, amigos!

Nesta semana, a palavra é para o grupo de amigos leitores que defendem os portões abertos do futebol para a tecnologia e seu uso na arbitragem.

O grupo de e-mails de pessoas que defendem o uso da tecnologia é numerosamente maior que os demais, o que nos mostra certa convergência daqueles que discutem futebol, respeitando, com certeza, a colocação dos outros colegas que se manifestaram contrários totalmente ou parcialmente.

Mas isso não nos apresenta valor, uma vez que não foi a importância estatística e quantitativa de respostas que pretendíamos com esse debate, e sim a discussão sob os mais diversos pontos de vistas com base para reflexões mais aprofundadas e de alto nível, contando com a colaboração de opiniões aprofundadas sejam elas com o juízo de valor que tiverem.

Apenas mencionei o volume de informações com intuito de me desculpar antecipadamente por um eventual deslize e esquecimento de algum dos nomes de nossos amigos colaboradores.
 

Os portões abertos

É quase que unânime a opinião de que os benefícios da tecnologia na arbitragem surgem como instrumento de credibilidade que vem a somar com os árbitros, e não substituí-los. Argumentos que defendem a tomada de decisão do árbitro, apenas contando agora com instrumentos mais eficazes.

Em tópicos:

O uso da tecnologia oferece mais transparência e decisões objetivas da regras, minimizando o erro humano (Luis Sérgio, Carlos Batista, Ferreira Santos, Mario Furns, Fabio Lins, Romeu R., Lucas Proença, Ana Maria Siqueira, Xandinho);

A precisão da tecnologia permite que os questionamentos e intimidações de atletas percam sentido, indo de acordo com o tão chamado Fair Play que a Fifa prega, uma vez que jogadores e técnicos não teriam como intimidar psicologicamente um aparato tecnológico para errar ou acertar na chamada lei da compensação (Ana Maria Siqueira, Peterson Figueiredo, Jonas Mariano);

A tecnologia pode contribuir com o tempo de bola em jogo, diminuindo o tempo perdido com lances polêmicos (Carlos Batista, Jonas Mariano, Mario Furns, Fabio Lins, Romeu R., Peterson Figueiredo, Lucas Proença, Ana Maria Siqueira, Xandinho, Zé Luis, Fabio Guedes)

Tornaria o jogo mais centrado em estratégias, planejamento e, sobretudo, na ação do talento individual como fatores de decisão de resultados (Ana Maria Siqueira, Jonas Mariano, Luis Sérgio);

Assim como a adoção do cartão para facilitar a comunicação, a adoção do spray em alguns lugares para manutenção da distancia regulamentar da barreira, e da mais recente comunicação via rádio pelos árbitros, a adoção de outros recursos viriam como instrumentos auxiliares aos árbitros para tomadas de decisão (Fabio Guedes, Lucas Proença, Isabel Martinelli, Carlos Batista, Fabio Lins, Ferreira Santos, Xandinho);

Sobre os altos custos de implementação de maneira universal, alguns defendem que é um preço que tem de se pagar, e outros que isso seria absorvido naturalmente com o tempo e barateado cada vez mais quando adotado em escalas maiores.

Agradeço a participação de todos ao longo dessas semanas. Na próxima, montaremos um painel com as três linhas de argumentos e teceremos algumas considerações.

Fico com a certeza de que essa troca de experiência e opiniões é muito rica e “sem sombra de dúvidas” modificou um pouco de cada uma de nossas ideias, entendendo um ponto de vista aqui, discordando de outro acolá, mas sempre em busca de um aprofundamento consistente.

Abraços e até a próxima terça!

Para interagir com o autor: fantato@149.28.100.147

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

Tecnologia no futebol – “Mini fórum” com os leitores: os portões encostados

Olá, amigos!

Damos sequência nesta coluna ao nosso “mini fórum” sobre o uso da tecnologia no futebol, abrindo espaço para o grupo de leitores que defendem a entrada parcial da tecnologia no universo da modalidade.

Agradeço aos amigos que têm participado do debate e contribuído com a parte principal destes textos, cabendo a mim apenas reorganizar e expor as ideias. Lembro que não estou à parte do debate, mas conforme o combinado, deixarei meu ponto de vista para as considerações finais, nas quais haverá espaço também aos nossos colaboradores.

Quando idealizei essa série de produções imaginava duas correntes argumentativas polarizando a discussão. Uma com aqueles que defendem os portões fechados para a tecnologia no futebol; e outra com os incentivadores do uso da mesma pelo esporte bretão.

Para nossa surpresa e enriquecimento do debate, um terceiro grupo apresenta-se com opiniões que se situam no meio termo. Para os mais apressados, poderiam ser os “em cima do muro”, mas é necessário compreender seus pontos de vista, daqueles que chamo de defensores dos “portões encostados” (ou “semi-abertos”) para a tecnologia.

Assim como quem entende que os “portões” devam estar “fechados” para a tecnologia, esse grupo apresenta a ideia de que os custos e necessidades de investimentos para a implantação dos recursos na arbitragem são elementos de “des-democratização”. Por isso, defendem uma linha de inserção da tecnologia com ressalvas, focando seu uso muito mais no processo de planejamento do futebol, entendendo este como decisões tomadas do ponto de vista estratégico e gerencial com o auxilio da tecnologia, e não decisões de campo.

Alguns pontos podem até parecer contraditórios, mas lembro que são opiniões de diferentes colaboradores, que pela essência de seus comentários se encaixam nesse perfil de “portões encostados” para a tecnologia.

Portões Abertos:

Tecnologia para controle e precisão do tempo de jogo, acréscimos, tempo de bola parada, etc. (Lincon Fonseca)

Melhoria dos sistemas de comunicação (já em uso) dos árbitros e assistentes (Lucas Iano)

Tecnologia como sistema de avaliação, feedback para a performance de árbitros, e atualização dos profissionais (Lincon Fonseca, Ricardo Rodrigues)

Portões Fechados:

Soluções que não são imediatas e interferem na decisão prévia do árbitro, como o replay de lances polêmicos (Lincon Fonseca, Lucas Iano)

Utilização de recursos que tira a responsabilidade do árbitro, como chips na linha de gol ou identificação eletrônica de impedimento (Ricardo Rodrigues)

Sistemas que requerem custos elevados de investimentos, dificultando uma uniformidade da arbitragem em nível mundial (Ricardo Rodrigues)

Na próxima semana, apresentarei os tópicos da turma dos “portões abertos”, que defende o acesso à tecnologia no futebol.

Participe, mande seus comentários, via e-mail ou twitter (@edufanta).

Para interagir com o autor: fantato@149.28.100.147  

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

Tecnologia no futebol – “Mini fórum” com os leitores: os portões fechados

Olá, amigos!

Damos sequência ao texto Portas Fechadas: tecnologia não entra! Por quê?

Agradeço os emails recebidos e tentarei sintetizar aqui algumas das opiniões colocadas pelos leitores. Como o espaço é curto, não reproduzo todos os diálogos, mas indico os nomes dos amigos que colaboram com essa ideia de “mini fórum” a respeito da tecnologia no futebol.

A modalidade fechou as portas para a tecnologia e a pergunta que fazemos a respeito disso é:

estão certos os homens que gerenciam o futebol? Sim? Não? Talvez? Por quê?

Hoje, apresento algumas das ideias do pessoal que defende a postura da Fifa. No final deste “mini fórum”, faremos uma grande amarração entres pensamentos e participantes.

Portão Fechado

Alguns amigos defendem que a Fifa está num caminho certo, que não deve adotar tecnologia sobre diversos pretextos, os quais estão topificados a seguir:

Permitir o acesso à tecnologia tira o aspecto humano do jogo, é como se o futebol fosse automatizado (Fred Souza, Elisário Soares, Rodolpho);

Perde-se a polêmica, a discussão, grande atrativo para o torcedor (Elisário Soares, Rodolpho, José Irineu);

Se gastaria muito tempo para utilizar os recursosm acarretando em atraso e muitas paralisações (Rodrigo Martins, Amauri Furlan, José Irineu, Fred Souza);

Não seria democrático, pois nem todas as categorias poderiam se beneficiar. Teríamos um futebol diferente de acordo com as condições financeiras de cada região ou mesmo num determinado campeonato, como o Brasileiro, com claras diferenças entre estádios e poder econômico (Rodrigo Martins).

São argumentos defendidos pelos colegas de diferentes formas, mas que de modo sintético estão contidos nesses aspectos.

Para não “contaminar” tais tópicos com meus contrapontos a esses argumentos, deixo-os para que outros amigos emitam suas opiniões a respeito.

Na próxima semana, apresentarei os tópicos da turma do “Portão Aberto”, que defende o acesso à tecnologia no futebol. Existe ainda a turma do “Portão Encostado”, que defende em partes a tecnologia – esta também terá seu espaço nessa coluna.

Após exposto sem juízo num primeiro momento os tópicos, darei espaço para o debate propriamente dito, com direito à réplica e tudo mais.

Acredito, assim, pessoal, contribuirmos para aprofundar um pouco mais a respeito do uso da tecnologia no futebol, sem ficar numa perspectiva batida, e para tal disponibilizo esta proposta de “mini fórum”

Participe, mande seus comentários, via email ou twitter (@edufanta).

Para interagir com o autor: fantato@149.28.100.147

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

O futebol bem feito fora dos grandes centros do Brasil: você conhece a “máquina verde” de Lucas do Rio Verde?

O Brasil é um país de território muito grande, de muitas oportunidades e contrastes. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, muitas riquezas, problemas e variedades.

O futebol do “país do futebol” é uma das expressões de tamanha grandeza e diferenças.

Em centros específicos do país, muito dinheiro, projeção, visibilidade; em outros, muito trabalho e dificuldades para fazer com que ele (o futebol) possa crescer a cada dia e também ganhar destaque.

A respeito das diferenças e grandeza do futebol no Brasil, muitas coisas podem surpreender positivamente.

Dentre essas surpresas, escreverei hoje alguns parágrafos a respeito de uma equipe jovem (tem poucos anos de vida) do Mato Grosso, conhecida por lá como “máquina verde”: o Luverdense EC.

A equipe do Luverdense foi campeã mato-grossense em 2009. É no estado do Mato Grosso o time com melhor calendário de competições do ano de 2010 (Estadual, Brasileiro da Série C e Copa do Brasil). Tem sede na belíssima Lucas do Rio Verde, cidade pequena em tamanho, mas grande em oportunidades, organização e planejamento. Suas escolas municipais são excepcionais – de fazer inveja a ótimos colégios particulares espalhados pelo Brasil (de impressionar!).

Seu treinador é Tarcísio Pugliese. Pouco conhecido no cenário do futebol brasileiro (o que deve mudar rapidamente, porque vem fazendo ótimos trabalhos, que certamente darão a ele destaque), gosta de estudar o jogo, de debater e aplicar novas ideias.


 

Apesar de seus poucos anos de vida, o Luverdense tem grandes projetos (um deles é ter bom desempenho na Copa do Brasil – perdeu o 1º jogo para o Coritiba por 1 a 0, e agora aposta suas fichas no próximo confronto) e ações muito bem planejadas.

É uma equipe de sucesso, não só pelo rápido crescimento dentro do cenário esportivo, mas também por como vem construindo tão bem sucedido caminho, dentro e fora do campo.

Para chegar onde está, e para continuar crescendo, além do trabalho que vem fazendo Tarcísio Pugliese e Leandro Rocha (preparador físico) – com suas atribuições gerenciais, que transcendem aquelas comuns nas equipes de futebol pelo Brasil -, conta também com a condução administrativa de uma “figura” visionária, muito interessante e inteligente, que apesar de pouco tempo efetivamente dentro do futebol, pode compartilhar muitas coisas com seus pares de clubes mais conhecidos do Mato-Grosso e outros estados brasileiros. Falo do presidente do clube, e empresário bem sucedido da soja, Helmute Augusto Lawisch.

Abaixo, trago uma entrevista feita com ele antes do primeiro jogo entre a equipe do Luverdense e a equipe do Coritiba pela 1ª rodada da Copa do Brasil de 2010 (um jogo que se comparássemos apenas a folha de pagamento das duas equipes, o Coritiba deveria “atropelar” e eliminar o segundo jogo, o da volta, coisa que não aconteceu).


 

Segue a entrevista:

O Luverdense EC é hoje, a principal equipe do Mato Grosso. Em poucos anos de história, chegou ao Campeonato Brasileiro da Série C, a Copa do Brasil e a títulos que culminaram com a conquista do Campeonato Mato-grossense de 2009. Que tipo de projeto foi elaborado para que o Luverdense EC chegasse onde está hoje?

No primeiro momento – 2004 – era pura empolgação. Montamos um time em 15 dias e construímos um estádio em 45 dias.

Ganhamos o primeiro título com nove meses. Fomos campeões da base (sub-20) e conquistamos o direito de participar da Copa SP em janeiro de 2005 em Bauru. E não fizemos feio… Perdemos para os donos da casa, ganhamos do Santa Cruz, de Recife, e empatamos com a Ponte Preta, de Campinas. Ganhamos também em 2004 a primeira edição da Copa Mato Grosso, que nos deu o direito de disputar a Série C de 2005. Ou seja, com 15 meses de existência, já estávamos participando de um Brasileirão.

O planejamento para chegar onde estamos se deu em 2007. Nós precisávamos ganhar a Copa Mato Grosso daquele ano para voltar a disputar a Série C em 2008. Aí já começou o planejamento. E deu certo! Montamos um bom grupo e fomos bi-campeões, com direito a participar da Série C. Aí ocorreu a mudança na terceira divisão nacional e precisávamos no mínimo nos manter nela. Mais uma vez deu certo!

O Luverdense EC é respeitado também por direcionar bem os investimentos, e gastando menos dinheiro que equipes tradicionais do Estado do Mato Grosso, tem conseguido resultados muito mais expressivos. Onde está o segredo? Onde o senhor julga ser mais importante concentrar o foco dos investimentos para montar uma equipe vencedora e com as finanças em dia?

O segredo está em ser partícipe. Entrar num projeto de corpo e alma e acreditar. Isso vale para a vida! Ter convicção naquilo que você se dispuser a fazer.

Um clube de futebol é uma estrutura que alguém manda! Para ganhar títulos, tem que montar um bom elenco.

Começa pelo treinador. Quando for montar o grupo – a direção tem que participar! Para participar, você tem que conhecer quem é quem! Atletas e membros da comissão técnica.

Após montado o grupo, você tem que definir os objetivos da temporada. Zelar pela disciplina! Não ter medo de “boleiro”. Não basta só ser bom de futebol: tem que ser gente!

Na sequência, tem que motivar e cobrar, mas cobrar com força e aplaudir quando vem o resultado.

No Luverdense, hoje, o treinador Tarcísio Pugliese (que vem fazendo ótimo trabalho) participa ativamente da contratação de jogadores e construção da equipe, com autonomia para tomar decisões que tradicionalmente ficam, no futebol, a cargo de dirigentes. Esse modelo de gestão, apesar de funcional em equipes estrangeiras, não é muito comum no Brasil. Esse modelo sempre foi marca no Luverdense, ou ganhou força com a chegada do atual treinador? Por quê?

A autonomia é conquistada. O que ocorre na Europa diferente do Brasil é que os dirigentes sempre saem pela tangente quando o bicho pega! E os treinadores no Brasil trabalham também menos tempo no mesmo clube. Uma tradição burra do nosso futebol. O que é preciso ser feito é avaliar antes de contratar o treinador.

E outro assunto: muitos dirigentes que tem peso na consciência por estarem pensando só em ganhar dinheiro, não aguentam um “assoprão” das torcidas. E no primeiro obstáculo demitem os treinadores. Treinador com serviço prestado, confiança adquirida, tem que ter autonomia, sim!

O senhor tem em sua comissão técnica atual (treinador, preparador físico, auxiliar técnico) profissionais formados em uma das principais Universidades do Brasil, a Unicamp. Isso é coincidência? Para o senhor, que convive diariamente com o mundo do futebol, ter profissionais, que além da experiência no futebol, tenham boa formação acadêmica, confere alguma diferença ao trabalho do dia-a-dia de treinos, relacionamento com jogadores, dirigentes, imprensa e torcedores?

Neste momento pode ser coincidência. Mas como eu participo ativamente do dia-a-dia do clube, interação constante, e não gosto de cara burro, prefiro profissionais de alto nível. Não suporto burrice!

Qual é o projeto delineado para o Luverdense EC para os próximos anos?

Nós precisamos chegar à Série B do Brasileirão e precisamos montar a nossa base (categorias de base).

O senhor é um empresário muito bem sucedido, que em princípio tinha pouca experiência com o futebol. Trouxe muitas lições do mundo dos negócios para a administração de uma equipe de futebol? Se sim, quais foram essas lições?

Com certeza! Vou citar algumas: “Não ter medo de errar!”; “ser rápido nas tomadas de decisões”; “falar e cumprir!”; “não criar falsas expectativas”;

A experiência me diz quando um “mala” se aproxima, e também quando uma pessoa de bem chega por perto. São coisas da vida.

Que pergunta o “empresário Helmute” gostaria de fazer ao “presidente Helmute”, e qual a resposta para ela?

“Senhor presidente, você não faz contas? Quando virá o retorno financeiro disso tudo?”

Resposta: “Olha, Helmute, você já participou de tantas coisas. Colocou dinheiro em tantos negócios… Você sabe como ninguém que amanhã o retorno virá! Inclusive o financeiro”.

Para interagir com o autor: rodrigo@149.28.100.147  

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

Estado de ‘atensão’

Não, você não leu errado. Nem eu joguei fora a gramática. Mas é essa a sensação que temos quando se depara com a notícia de que Ricardo Gomes teve uma espécie de AVC (Acidente Vascular Cerebral, o popular “derrame”).

Ontem, na entrevista coletiva após o jogo entre Palmeiras e São Paulo, senti uma certa irritação em Gomes na resposta às perguntas dos jornalistas. Não é do feitio dele. Ou costumava não ser.

Pelo visto, nem mesmo o polido Ricardo Gomes conseguiu resistir à pressão de dirigir uma equipe de primeira grandeza do futebol. Pressão da torcida, dos atletas, da diretoria, dos jornalistas, dos familiares… Haja estômago para conseguir resistir. Ou, no mínimo, haja equilíbrio mental para isso.

Gomes sofreu com a tensão que cerca o ambiente do futebol nos dias de hoje. Um estado de tensão constante, praticamente bélico, que coloca de um lado jornalistas e do outro técnicos.

Tudo, hoje, cai nas costas do treinador. Mais do que antes. É o treinador quem, obrigatoriamente, tem de falar ao final do jogo. É ele quem responde sobre o lance polêmico envolvendo o árbitro. É ele que tem de confirmar o time titular. É ele quem tem de assumir o erro de uma escalação errada, de um resultado ruim. É ele, é ele, é ele…

Sim, o cara é bem pago para isso. Mas é claro, ao mesmo tempo, que essa relação precisa mudar. Ou, pelo menos, ficar menos beligerante. É algo que não tem sentido de ser. A cobrança por resultados, que leva do céu ao inferno um treinador, agora já mostra que pode causar muito mais estrago do que isso.

É como a questão dos confrontos entre torcedores “organizados”. Que se empolgam ao agir em bandos, acreditando que nada poderá lhes fazer mal. O comportamento irracional do ser humano quando age em grupo é algo que se estuda há vários anos. E que, a cada clássico no futebol brasileiro, fica mais claro de como é um fenômeno incontrolável.

O estado de tensão é, mais do que nunca, um estado de atenção que cerca o universo do futebol. Se não pararmos para pensar qual o propósito da coisa, continuaremos a ter “acidentes” de percurso muito, mas muito preocupantes.

Para interagir com o autor: erich@149.28.100.147

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

‘Invictus’ e simpáticos

Se você ainda não viu, corra para assistir “Invictus”, filme com o sempre simpático vovô Morgan Freeman e Matt Damon, que não é vovô e, também, nem tão simpático assim, e dirigido por Clint Eastwood, que deve ser um dos vovôs mais antipáticos do mundo. Eu, pelo menos, teria muito medo de ser neto dele.

De qualquer maneira, o filme é bacana. Não é nenhuma obra-prima, mas é legal. Não que eu seja um gordo de cavanhaque e que, portanto, tenha uma válida opinião sobre obras cinematográficas, mas o filme é divertido. Flui bem e você sai do cinema se sentindo bem pelas duas horas bem gastas.

Só que se você se interessa pelos macro-aspectos do futebol, você precisa assistir por mais motivos do que puro entretenimento. Primeiro, porque o filme conta a história da eleição de Mandela e a relação entre política e esporte. Quer dizer, como um político pode usar o esporte para atingir objetivos próprios. No filme, isso fica bacaninha. Afinal, é o Mandela sendo interpretado pelo Morgan Freeman. Não dá pra um personagem ficar muito mais simpático do que isso. Mas é bom lembrar que o que acontece ali aconteceu em vários de lugares ao redor do mundo, muitas vezes envolvendo ditadores, chacinas e coisas do tipo. No Brasil, por exemplo, o futebol foi e por vezes ainda é utilizado da mesma maneira que o Mandela usou o rugby. No filme, fica legal. Na vida real, nem tanto.

E segundo, e talvez mais importante, é entender o contexto do filme em si, e não da sua história. Não é coincidência nenhuma que um filme sobre o rugby na África do Sul tenha sido lançado em 2010. Afinal, é o ano em que a Fifa quer fincar sua bandeira e proclamar que a partir de então, a África do Sul é mais um país a integrar a grande nação futebolística. E o filme “Invictus” é apenas uma das maneiras que a IRB, International Rugby Board, tem pra dizer “nã-nã-nã”, a África do Sul não é do futebol. É do rugby. Afinal, conforme você pode ver no filme, foi o rugby que uniu o país no pós-apartheid. Foi o rugby o maior responsável pelo sucesso do Mandela. Foi o rugby que conseguiu se sobrepor à hercúlea tarefa de unir brancos e negros sob o mesmo fenômeno, sob a mesma bandeira e sob o mesmo hino. E não o futebol. Futebol, como um personagem fala no filme, é um jogo de cavalheiros, jogado por hoolingans, enquanto que o rugby é um jogo de hoolingans disputados por nobres cavalheiros.

A batalha do rugby com o futebol vem desde a própria fundação dos dois esportes, um pouco depois da metade do século XIX. A partir de então, o futebol se firmou como o maior esporte global e o rugby acabou se firmando como o maior esporte das colônias britânicas, notadamente na Oceania e África do Sul. Só que o rugby vem se desenvolvendo bem ao longo dos anos. É, possivelmente, o único esporte coletivo capaz de fazer frente à popularidade do futebol. Existem regiões da Inglaterra, principalmente a região norte, em que o rugby é muito mais popular que o futebol. E países com grande tradição futebolística, como Argentina e França, também são grandes redutos do esporte. Isso faz da IRB possivelmente a grande rival da Fifa, ainda que a primeira conte com 95 filiados e a segunda tenha seus 205, 206, 207, dependendo do dia e do humor.

Não que o rugby tenha atualmente qualquer condição de desbancar a popularidade do futebol em escala global, longe disso. Mas o mundo está em um constante estado de mutação, e o fenômeno globalizado do futebol é recente demais para dizer que manterá tal status para sempre. Se há 50 anos o futebol não tinha a força global que possui hoje, quem garante que daqui a 50 anos ele continuará a ter?

Ninguém. Nem o Morgan Freeman. Por mais simpático que ele seja.

Para interagir com o autor: oliver@149.28.100.147

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

Cabañas e a ‘interatividade’ do torcedor

O caso é o extremo a que se pode chegar, mas é também emblemático para se pensar um pouco mais sobre a tal “interatividade” que tomou conta da mídia desde que se revolucionou a relação das pessoas com os meios de comunicação.

O tiro dado por um torcedor mexicano na cabeça do meia Cabañas, aparentemente por um desentendimento pela performance do paraguaio dentro de campo, revela um pouco mais sobre a relação cada vez mais bélica entre as pessoas. E que, cada vez mais, se expressa nas ferramentas de interatividade que são liberadas para o torcedor na mídia em geral.

Não, longe de ser contra essa possibilidade de dar “voz” ao consumidor da mídia. Pelo contrário. É fundamental para o desenvolvimento da mídia nos dias atuais colocar o seu cliente na condição de gerador do próprio conteúdo.

Só que a pergunta que não se cala, ainda mais quando acontecem casos como o de Cabañas, é uma só: o consumidor está preparado para essa interatividade?

À exceção de alguns fóruns específicos, geralmente o que se vê por aí é uma agressão aparentemente sem fim de quem tem direito a opinar sobre um determinado assunto. O colunista não falou o que se esperava? É porque ele conspira contra o seu time. O tema não lhe diz respeito? É porque o autor é um “chato”, “vendido”, “desinformado”, e por aí vai…

O pior é que essa agressividade do torcedor, aparentemente, não tem se resumido a veículos em que ele pode se “esconder” sob o anonimato, com pseudônimos, e-mails falsos e afins.

O que era para ser a era em que as pessoas teriam um acesso muito maior ao debate, à troca de ideias, à democratização no consumo da informação tem, infelizmente, revelado o lado mais triste de toda essa história.

E o caso de Cabañas é uma espécie de personificação disso. Em vez de argumentar, de tentar entender a mensagem, de tolerar aquele que erra, ou que simplesmente pensa diferente de você, o torcedor toma a via da agressão. Não tolera o erro, o diferente, o que lhe decepciona.

Não é preciso dar um tiro na cabeça de alguém para que ocorra um crime. É hora de começar a se pensar, mundialmente, numa forma de criminalizar a agressão, a injúria, a difamação e qualquer coisa do gênero também nos fóruns de discussão via web. Só assim, provavelmente, para que as pessoas tenham mais coerência na hora de opinar.

Para interagir com o autor: erich@149.28.100.147

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

Defesa à zona: as linhas elásticas e a “basculação”

Dia desses, após uma palestra em que fui falar sobre os aspectos táticos do treinar e do jogar “zonal”, pediram-me para falar um pouco sobre a “flutuação das linhas zonais elásticas”. Como o tema rendeu boas discussões, e como muitos dos ouvintes não tinham idéia do que se tratava, resolvi escrever um pouco sobre o assunto na coluna de hoje.

Primeiro vamos recapitular o conceito de flutuação (ou basculação). Esse conceito diz respeito à dinâmica de ocupação do espaço do campo de jogo por uma equipe, quando ela se move “horizontalmente”, ou seja, de lateral a lateral (em largura).

Quando uma equipe adota um jogar zonal, passa a ter como principal referência (mas não a única) ao se defender, a movimentação da bola. Isso quer dizer que de acordo com a movimentação da bola, os jogadores devem manter as estruturas e desenhos que caracterizam a equipe.

Então se um time se organiza zonalmente no 1-4-3-3, com um triângulo no meio campo, uma linha de quatro jogadores na defesa e de três no ataque, ao flutuar de um lado para o outro, não poderá (a menos que a referência posicional seja outra) perder o desenho que caracteriza suas linhas.

O mesmo vale para qualquer esquema tático ou qualquer estrutura geométrica definida para uma equipe.

Pois bem. Quando uma equipe constitui, por exemplo, na composição do seu meio campo, uma linha de quatro jogadores, esta deve ser mantida, com as devidas eqüidistâncias entre seus componentes, em todo e qualquer movimento de flutuação.

Algumas equipes, porém, para manter o equilíbrio horizontal (a melhor ocupação dos espaços em largura) e evitar bolas “viradas” ou “invertidas” de uma faixa lateral para a outra do campo de jogo, pelo adversário, passaram adotar “linhas elásticas” em suas flutuações.

Elas receberam esse nome porque a distância entre o jogador da linha que está no lado oposto da bola, e o seu companheiro mais próximo (companheiro de linha), não respeita a mesma dinâmica de posicionamento dos demais jogadores. Enquanto todos flutuam mantendo iguais (ou aproximadamente iguais) os espaços entre eles, o jogador que está no lado oposto da bola deixa a distância aumentar um pouco mais, com relação ao jogador da linha que está mais próximo dele.

Obviamente que outras soluções foram e vêm sendo empregadas para manter a flutuação em linha, sem necessidade de se fazer a linha elástica para impedir a “inversão” de bolas de uma lado para o outro do campo de jogo.

Essa porém, foi uma das soluções mais empregadas, especialmente por não necessitar de grandes mudanças a partir das dinâmicas iniciais das equipes na flutuação das linhas.

Por hoje é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@149.28.100.147

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

Estudiantes de la Plata vs FC Barcelona: como a equipe argentina “amarrou” a equipe espanhola e, por causa disso, perdeu o jogo

O FC Barcelona parecia preso pelo Estudiantes. Enquanto a equipe espanhola mostrava dificuldades ofensivas estruturais, o que é incomum, a equipe argentina apresentava jogo zonal com estruturas móveis muito bem organizadas. No final, somente no final, o Barcelona conseguiu fazer o que devia…

Muitas matérias, colunas, relatos e análises foram feitas a respeito da partida final do Mundial de Clubes da Fifa 2009.

Li artigos ingleses, espanhóis, portugueses, argentinos, paraguaios, uruguaios, brasileiros, enfim de diversas origens, e com diferentes tipos de abordagem e enfoque.

Muitas coisas boas e interessantes, coisas que não precisam ser ditas novamente, porque já foram muito bem colocadas.

Como também vi o jogo, e inevitavelmente, tive minha atenção captada por algumas questões que envolveram as dinâmicas das equipes, quero apresentar e acrescentar novos ingredientes a todas as discussões já feitas até então.

Vou então, explorar alguns detalhes do jogo que dizem respeito a organização das equipes, sob a perspectiva funcional e estrutural de suas dinâmicas, especialmente sobre o primeiro tempo da partida. Quero chamar a atenção e fazer apontamentos para as dificuldades da equipe do FC Barcelona que pareceu ter seu jogo “amarrado” pelo Estudiantes, o que de certa forma surpreendeu alguns torcedores desavisados, que esperavam um “atropelo” por parte da equipe espanhola.

O FC Barcelona tem um Modelo de Jogo bem definido, credenciado faz anos e posto à prova inúmeras vezes. Manutenção da posse da bola, ataques apoiados, transições defensivas rápidas e agressivas, tentativas constantes de recuperação da posse da bola. Esquema tático base (matriz), o 1-4-3-3. Não foi diferente no jogo (pelo menos em grande parte dele).

O Estudiantes de la Plata, com ações bem definidas e estruturadas, optou por um jogo de progressão rápida ao ataque, com intensas transições ofensivas. Defensivamente, realizou pressões setorizadas tentando recuperar a posse da bola, predominando porém, as ações organizadas para impedir a progressão do Barcelona ao campo de ataque (ações de ocupação racional do espaço, e não de ataque a bola). Sem a bola, estruturou um 1-4-4-2 (com meio campo em losango), que por vezes se pareceu com um 1-4-3-1-2 (mas não era), com excelentes estruturas móveis. Com a bola, construiu em campo um 1-3-4-1-2, que foi mais transitório do que realmente concreto.

Pois bem, com as equipes com propostas de jogo bem definidas, boa parte dos “especialistas” acreditavam que o FC Barcelona ia impor sua maneira de jogar, e que restava ao Estudiantes esperar o apito final do árbitro para formalizar a derrota.

Pois é, mas o que se viu foi um Barcelona, com posse de bola sim, mas com muita dificuldade para fazer evoluir seu jogo ao campo de ataque. A equipe espanhola teve tantos problemas que nem sequer seu jogo zonal de ocupação dos espaços conseguiu predominar.

O primeiro grande obstáculo para o FC Barcelona foi a forma com que o Estudiantes de la Plata estruturou seu posicionamento base (matriz) para a ocupação dos espaços. O encaixe entre os esquemas táticos das equipes, especialmente pela geometria apresentada pelo Estudiantes quando estava sem bola, fez com que a equipe espanhola tivesse quase que a todo tempo desvantagem numérica de jogadores nas regiões do campo onde estava a bola (principalmente a partir da linha do meio-campo, aumentando consideravelmente conforme o Barcelona tentava progredir).

A equipe argentina, apresentou um jogo zonal bastante interessante. Com estruturas móveis bem definidas, alguns jogadores, especialmente no setor de meio campo e na direita da linha de defesa, puderam trocar constantemente de posição nas recomposições após perda da posse da bola. Essas estruturas facilitaram a manutenção do esquema tático proposto por seu treinador, principalmente sem a posse da bola.

Como o jogo definido pelo Estudiantes preconizava, como uma das referências defensivas mestras, a vantagem numérica na região da bola (impedindo progressão, direcionando e depois atacando-a), com certa frequência precisou ter um número grande de jogadores recompondo atrás de sua linha (a linha da bola); o que foi uma vantagem defensiva, mas ofensivamente trouxe dificuldades.

Isso principalmente porque apostou em um jogo de progressão rápida ao campo de ataque – o que demonstrou problemas já que ao recuperar a posse da bola, normalmente tinha poucos jogadores já posicionados a frente dela, em condições de recebê-la e mantê-la no campo de ataque.

O FC Barcelona, com as dificuldades iniciais, desmanchou diversas vezes o seu sempre bem definido desenho tático. Não obteve êxito. Até mesmo o jogador Ibrahimovic, normalmente um dos principais responsáveis por aumentar o espaço efetivo de jogo em profundidade quando o Barcelona está com a posse da bola, passou a buscá-la entrando na linha do meio campo (tentando compensar a desvantagem numérica de sua equipe nesse setor).

O que aparentemente poderia ser parte da solução, na verdade aumentou os problemas da equipe espanhola, já que acabou por diminuir seu espaço efetivo de jogo, e eliminou diversas vezes a possibilidade dos passes em profundidade alongados (o Estudiantes marcava zonalmente, portanto a movimentação de Ibrahimovic não desencadeava desequilíbrios na linha de defesa argentina).

A força defensiva do Estudiantes de la Plata foi aumentada pelas típicas características da equipe espanhola, que nas transições ofensivas, primeiro buscava tirar a bola da zona de pressão para depois progredir; e que nas progressões sempre preferiu o jogo apoiado.

A inteligência do Estudiantes de la Plata, foi fazer com que o jogo preferido do FC Barcelona se tornasse de certo modo confortável a ele (Estudiantes); não tentou mudá-lo. Seus grandes pecados, foram, não estar totalmente pronto para a possibilidade (ainda que pequena) de uma mudança de comportamento típico da equipe espanhola (o que aconteceu no final do segundo tempo), e de ter perdido força ofensiva para cumprir suas referências defensivas.

O resto da história, todo mundo já sabe…

Para interagir com o autor: rodrigo@149.28.100.147

Categorias
Conteúdo Udof>Colunas|Sem categoria

Mini-jogos e “preparação física” do jogador de futebol: alguns problemas

Hoje, vou escrever apresentando dados coletados por mim, faz algum tempo, com objetivo de discutir algo que parece óbvio, mas que, em conversa recente com alguns colegas treinadores, realmente não é!

Atualmente, existe uma tendência na preparação desportiva do jogador de futebol, que é a “preparação física” a partir de jogos em espaços reduzidos e com regras adaptadas.

Há muito também, se ouve falar (com “ar de crítica”), da boca de alguns de nossos treinadores que se aventuraram fora do Brasil que, na Europa, por exemplo, o trabalho com os tais “mini-jogos” é o que predomina no desenvolvimento “físico” do atleta.

Pois bem. Algumas vezes, nesse mesmo espaço, defendi a preparação do jogador de futebol subordinada ao jogo, mas isso não quer dizer simplesmente treinar o “jogo pelo jogo”.

Treinar o jogo pelo jogo significa introduzir os tais “mini-jogos” nas sessões de treinamento sem preocupação com uma organização lógica de cargas, desenvolvimento da maneira de jogar, ou processo pedagógico.

Quando o “mini-jogo” aparece nos treinos como parte desconexa de um modelo de jogo, ou seja, sem ter preocupações com o desenvolvimento da identidade da equipe e sem ter objetivo de fortalecer o jogo que se quer jogar, ele, o “mini-jogo”, se afasta totalmente da ideia que defendo há tanto tempo.

Para que haja sentido, um trabalho que se utilize de jogos diversos, em espaços variados e com regras adaptadas, é necessário realmente que a preparação esteja subordinada, de fato, ao jogo, e isso quer dizer, em outras palavras, à construção de um jogar, de um saber fazer, individual e coletivo.

Para esclarecer o que estou dizendo, apresento na sequência alguns dados interessantes:
 

  MOMENTO 1
pós 20 sessões de treinos Exemplo de variação de uma das variáveis do modelo de jogo (scout de modelo de jogo de seis jogos) Exemplo de avaliação de uma das variáveis dos “testes tradicionais”
Variação média no tempo de recuperação de posse de bola nas transições defensivas Variação média no índice de fadiga no teste de resistência anaeróbia de sprints
GRUPO 1 Melhora de 20% Melhora de 6%
GRUPO 2 Melhora de 3% Melhora de 6%

No quadro do momento 1, temos um grupo de jogadores de futebol de base dividido em dois outros grupos submetidos a 20 sessões de treinos, a partir de jogos. Nesse momento (momento 1), o grupo 1 foi aquele submetido a treinos subordinados ao jogo, com objetivo planejado de construção de um modelo de jogo. O grupo 2, no momento 1, também foi submetido aos mesmos exercícios (jogos) do grupo 1, mas sem respeitar uma sequência pedagógica condizente com o objetivo de construção de um modelo de jogo (ou seja, treinou por meio do “jogo pelo jogo”).

Notemos que ambos melhoraram igualmente no teste de resistência de sprints, mas foram especialmente diferentes na evolução do tempo de recuperação da posse da bola nas transições defensivas. O grupo 1, treinado de acordo com um processo definido para construção do modelo de jogo teve melhora muito superior ao grupo 2.

Na sequência, temos o momento 2, quando os trabalhos foram invertidos. O grupo 1 passou a treinar “o jogo pelo jogo’ e o grupo dois objetivando a construção de um modelo de jogo.
 

  MOMENTO 2
pós 20 sessões de treinos Exemplo de avaliação de uma das variáveis do modelo de jogo (scout de modelo de jogo de seis jogos) Exemplo de avaliação de uma das variáveis dos “testes tradicionais”
Variação média no tempo de recuperação de bola nas transições defensivas Variação média no índice de fadiga no teste de resistência anaeróbia de sprints
GRUPO 1 Decréscimo de 2% Melhora de 3%
GRUPO 2 Melhora de 30% Melhora de 2%

Após 20 sessões de treinos, mais uma vez o grupo submetido aos treinos concebidos processualmente (grupo 2) teve evolução, eu diria, absurdamente superior a do grupo submetido aos treinos a partir de jogos descontextualizados do processo.

Mais uma vez também, a evolução nos testes de resistência de sprints foi semelhante.

No momento 3, tanto grupo 1, quanto grupo 2 foram submetidos a treinos subordinados ao jogo, contextualizados, e com objetivo de melhorar o jogo que se desejava jogar.
 

  MOMENTO 3
pós 20 sessões de treinos Exemplo de avaliação de uma das variáveis do modelo de jogo (scout de modelo de jogo de seis jogos) Exemplo de avaliação de uma das variáveis dos “testes tradicionais”
Variação média no tempo de recuperação de bola nas transições defensivas Variação média no índice de fadiga no teste de resistência anaeróbia de sprints
GRUPO 1 Melhora de 15% Melhora de 1%
GRUPO 2 Melhora de 13% Melhora de 0%

Os dois grupos evoluíram de maneira parecida, e continuaram a demonstrar boa melhora no tempo de recuperação da posse da bola.

Notemos que, comparando a evolução percentual dos tempos de recuperação da posse da bola, somando os três momentos, que o grupo 1, no momento 3 poderia ter maior potencial para evolução, quando comparado ao grupo 2, mas que os treinos subordinados ao jogo, de certa forma, homogeneizaram os ganhos percentuais no mesmo momento.

O fato é que, é notório, que os treinos a partir de jogos desvinculados de um processo definido de construção de modelo de jogo, não propiciam ganhos satisfatórios na evolução do jogar.

Ressalto, mais uma vez, que os mesmos exercícios foram empregados aos dois grupos. A ordem dos mesmos é que foi diferente. Nos grupos em que os treinos estavam contextualizados com o jogar, respeitou-se uma ordem pedagógica de “sobrecarga” (e entenda-se aqui, sobrecarga, como algo que integra as dimensões tática, física, técnica e psicológica). Nos grupos em que os treinos foram no formato “jogo descontextualizado”, os exercícios (os jogos) foram alocados nos treinos e semanas de trabalho, em ordem aleatória.

Não tenho objetivo, aqui nesse espaço, de descrever minuciosamente aspectos referentes à metodologia para coleta de dados ou análises estatísticas. Isso é coisa para outro fórum de discussões – e já foi, outrora, bem discutido.

Espero, porém, ter contribuído para avançarmos com algumas ideias e esclarecer certas dúvidas.

Acho que é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@149.28.100.147