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Interatividade

Não é novidade a interatividade dos meios digitais de comunicação atualmente. A internet junto com as redes sociais permitem uma liberdade enorme para criar e se relacionar com o público-alvo.

A Nike lançou a campanha “My Time is Now” com grandes craques da marca em um projeto que trabalha o canal de vídeos Youtube em sinergia com o Facebook, permitindo um nível de interação ímpar com os jogadores e a marca.
 


 

No ano passado, o Bayern de Munique fez uma campanha pelas redes sociais para escolher o cruzamento de um daqueles torneios de verão de pré-temporada europeia, envolvendo inclusive o Internacional-RS. O público poderia escolher o primeiro chaveamento da competição, que classificaria para a final na Allianz Arena os times vencedores.

Enfim, exemplos e modelos não faltam. É bem verdade que algumas reportagem têm dado conta que as empresas estão, na verdade, ainda “pisando em ovos” quando o assunto tem relação com ações de marketing nas redes sociais. Como tudo é muito novo e a repercussão pode ser “n” vezes multiplicada, os cuidados em fazer campanhas a este nível devem ser relevados.

E este parece ser um ótimo canal de comunicação com os milhões de torcedores que alguns clubes possuem. O Corinthians fez muito bem isso na campanha do centenário e da República Popular do Corinthians que, aliás, foi premiado em alguns festivais de publicidade.

Abrir os horizontes, inclusive em parceria com as marcas que patrocinam o clube, deve trazer resultados positivos para a entidade.

Com base em tudo que foi falado e nas inúmeras publicações que saem diuturnamente sobre o assunto, finalizo com algumas perguntas no ar: estaríamos em um momento de ter no departamento de marketing dos clubes uma equipe especializada em mídia digital e comunicação pela internet? Demorou? Estamos preparados para absorver esta inovação?

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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O Corvo

Conhece alguém que sente azarado, ou que é tido pelos outros como tal?

Aquela pessoa para quem tudo acontece de errado?

Ou nunca, nada, acontece?

Ainda, naquilo que se envolve também costuma não “vingar”?

Como existem muito mais coisas entre o céu e a terra que nossa vã filosofia pode imaginar, assim como “no creo en brujas, pero que las hay, las hay”, sim, tem gente que anda com o corvo sobre os ombros.

O corvo é tido como símbolo de clarividência, em especial do mau agouro, dos maus presságios – embora estudos recentes apontem que o animal dispõe de traços de instintos apurados de sobrevivência e adaptação.

Apelar para o inexplicável, ou para a sucessão de coisas inexplicáveis na vida pessoal e profissional, como justificativa para que as expectativas se confirmem em verdadeiras frustrações é o que muita gente adota.

“Só acontece comigo”, “nada vai dar certo”, “não tenho sorte”…

Muito daquilo que o folclore do futebol vinculava ao Botafogo, ao cravar que as coisas pesadas, negativas, sofridas, só aconteciam com o clube.

São frases que traduzem pensamento e, principalmente, atitude de derrotado na véspera dos acontecimentos.

Bastou o Botafogo, já há alguns anos, implantar gestão profissional, ter o estádio João Havelange como casa, passar por grande revolução no marketing e comunicação, disputar títulos regionais e nacionais, que os comentários que invocavam o sobrenatural para os infortúnios do clube cessassem.

Muito daquilo que fazemos de nossa vida pessoal e da atividade profissional depende de nossas escolhas, de nosso preparo, de nossa atitude.

Obviamente, o talento também tem sua parte inata, que vem de berço.

“Nasceu pra isso” é a frase que se houve nesse caso.

Nascer pra isso e esperar que todo o restante, também, venha, aleatoriamente, é arriscado demais.

A dedicação, o preparo, o treinamento, a qualificação e o aperfeiçoamento técnico-funcional são imperiosos para que o resultado venha para uma pessoa, ou para um grupo de pessoas, reunidos em torno de uma instituição.

Picasso, uma vez perguntado como ele fazia para produzir suas obras maravilhosas, respondeu: “São 24 horas trabalhando”.

E, na máxima do futebol, que afirma que “o craque tem sorte; o perna-de-pau tem azar”, percebemos que o corvo não costuma pairar sobre os ombros errados, mesmo.

Aliás, conheço um cara que sim, esse sim, não só carrega o corvo consigo, mas também faz a ave negra e reluzente passear pelo ombro de quem estiver por perto de qualquer coisa em que esteja envolvido.

“Craque” no que faz, ele não é.

Isso deve ser o começo de alguma explicação. Deste mundo, não do além.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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Inovação tecnológica nos esportes: XXVI Prêmio Jovem Cientista

Olá, amigos!

Há algum tempo escrevi sobre a necessidade de os clubes estruturarem um departamento que respondesse por busca de fomentos e desenvolvimento de inovações tecnológicas a fim de contribuir com as inúmeras necessidades que existem neles, desde aspectos administrativos até a aspectos práticos e do jogo propriamente dito.

Assim, aproveito a sugestão dada pelo colega Bruno Camarão sobre o XXVI Prêmio Jovem Cientista, que conta com a organização e apoio do CNPq, Fundação Roberto Marinho, Gerdau e GE e tem como tema neste ano justamente o assunto em questão: “Inovação Tecnológica nos Esportes”.

Pois bem, um incentivo que busca identificar inovações no setor e ajuda a dar vazão nas pesquisas acadêmicas que muitas vezes ficam restritas a esse meio e circulam em revistas e congressos científicos, mas que acabam se perdendo na transição ao mercado justamente por falta incentivo e recursos, mas muito também pela falta de visão que se atribui ao que a tecnologia pode contribuir com o futebol.

Um exemplo sobre essa resistência fica bem evidente no filme Moneyball – O homem que mudou o jogo, que estava no cinema até bem pouco tempo atrás. Através de estudos e algoritmos, buscava-se identificar perfis de atletas que se encaixassem nas carências da equipe, isto é, tanto financeiramente como analisando a eficiência do atleta.


 

Acredito que a grande maioria dos projetos que devam ser enviados ao Prêmio Jovem Cientista sejam quase que totalmente vinculados a instituições de ensino e pesquisa. Seria interessante que algum clube tivesse esse olhar e fizesse essa aproximação. Não pretendo entrar no mérito da antiga e batida discussão do distanciamento acadêmico e prático, mesmo porque não acredito que possamos ver isso acontecendo ainda, seja a única razão pela dificuldade dos usos da tecnologia pelo futebol.

Imagine, amigo leitor, que um departamento de um clube ajudando a incentivar e desenvolver projetos nessa linha poderia atuar nas duas frentes quando citamos um prêmio desta natureza.

Uma ideia que seria desenvolver prêmios similares incentivando a aproximação e desenvolvimento de inovações, trazendo as suas necessidades ao desafio de tantos pesquisadores que poderiam contribuir.

Por outro lado, poderia dentro do seu departamento desenvolver projetos para captar recursos com o objetivo de desenvolver sua própria tecnologia. Lembrando que nesse ponto é importante ressaltar que se deve superar a captação de recurso simplesmente pelo recurso, ainda que possamos estar um pouco desiludido com tanta corrupção no nosso país.

Ainda, é importante também que o clube não aja independentemente, em segredo e isolado das demais equipes. Pois, agindo em conjunto, estaria contribuindo com o futebol como um todo, e ainda que ache que estaria beneficiando seus rivais, a medida que consegue o pioneirismo e compartilha, ocorre a redução de custos para todos e sobra recursos para desenvolver e investir em profissionais capacitados que operem tais tecnologias, afinal, são esses que farão toda diferença, sem contar os possíveis royalties.

Prêmios, incentivos e fomentos à tecnologia têm surgido. O que nos deixa de certa forma preocupados é que por trás destas inciativas não encontramos os clubes envolvidos.

Será que acham que não vale o esforço? Será que pararam para pensar que através de um projeto bem estruturado ele poderá reduzir custos e aumentar eficiência em seus distintos segmentos com a utilização de tecnologia especialmente desenvolvida para ele?

Fica a dúvida.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br
 

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A análise de desempenho no futebol – parte II: informações de jogo

Na parte I da trilogia da análise de desempenho, vimos algumas das funções do analista e a interação entre vários tipos de dados.

Na segunda parte da série, gostaria de discutir com vocês a respeito das informações de jogo.

No jogo, por ele ser imprevisível, caótico, complexo, etc., muitos dados podem ser coletados e se transformar em informações para os jogadores, técnicos, preparadores físicos, árbitros, público e assim por diante.

É possível, por exemplo, coletarmos os dados de scout e apresentar para a comissão técnica um relatório com informações técnicas da equipe, como passe.

Vamos utilizar o exemplo do passe e ver como o mesmo pode nos trazer algumas informações do jogo.

Em um relatório X, vejo que a equipe A teve um aproveitamento de passe de 85%.

O que isso me mostra?

Quase nada!

Apenas com essas informações tenho poucos recursos para avaliar o jogo e fazer algum tipo de intervenção na prática, justamente por mostrar apenas uma parte descontextualizada do jogo (!).

Vamos tentar transformar esse dado em uma informação um pouco mais valiosa, se é que podemos dizer isso.

Então, tenho um dado que mostra que a equipe A tem 85% de aproveitamento de passes, contudo vejo que 70% dos mesmos são para trás ou para o lado e mais da metade deles (dos 70%) ocorrem no campo de defesa.

O que esse dado começa a me mostrar?

Que a equipe A tem um bom aproveitamento de passes, mas os mesmos ocorrem para trás e para o lado e no setor defensivo.

Continuo tentando dar sentido aos dados…

Olhando para o jogo vejo que o adversário, equipe B, tem como princípio de defesa impedir progressão atrás da linha 3 (meio-campo) e na transição defensiva os jogadores mais próximos à bola retardam a jogada, enquanto os demais voltar para trás da linha do meio-campo.

A equipe A, por sua vez, na transição ofensiva buscar tirar a bola da zona de pressão e logo inicia um jogo de manutenção da posse em seu campo defensivo e só progride em momentos em que cria superioridade numérica nos setores laterais do campo.

Olhando ainda para os dados vejo que nas regiões laterais do campo próximas à intermediária ofensiva há dois dados distintos em relação ao aproveitamento de passes. Enquanto no lado direito o aproveitamento passa dos 65% em passes para frente, do lado esquerdo esse valor não chega aos 30%.

Indo mais a fundo, vejo que do lado direto há um adversário na linha do meio que não está integrado ao processo e não estrutura bem o espaço em sua região. Por esse fato, a linha defensiva se posiciona a fim de compensar essa falha do jogador.

Por sua vez, essa compensação leva a uma perda do equilíbrio horizontal e os dados mostram que os lançamentos do lado direito para o lado esquerdo da defesa no campo ofensivo tiveram um aproveitamento de 50%.

Quando a equipe virava o jogo corretamente (da direita para a esquerda) e o jogador que recebia a bola buscava a progressão (45% das vezes), a equipe conseguiu criar três jogadas que acabaram em finalizações; em uma delas inclusive o gol aconteceu…

Vejam: de um dado de aproveitamento de passes conseguimos chegar ao gol!

O grande segredo é transformar os dados em informações valiosas.

O analista de desempenho precisa mostrar o jogo e dar informações reais, pontuais e que ajudarão a equipe a ganhar jogos ou a formar atletas melhores!

Dar apenas um pedaço do todo não é o suficiente!

Por isso volto a afirmar que isso é só o começo…

Espero que continuemos com bons mestres para que a cada dia aprendermos mais sobre a essência do jogo e para além disso!

A informação se encaixa?

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
A análise de desempenho no futebol – parte I: dados gerais

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Onde estão os nossos craques?

Uma afirmação recorrente tem sido observada por todos profissionais que de alguma forma estão relacionados com o futebol: nossos craques estão em extinção!

Não se observa mais jogadores com a qualidade técnica para lançamentos de longa distância como faziam alguns jogadores nas décadas de 70 e 80. O futebol mágico apresentado pelo Brasil em 1982 não tem a menor condição de ser repetido, pois os jogadores de hoje possuem um nível inferior aos daquele tempo. Salvo Neymar e Ganso, é claro.

Atributos de um craque como visão de jogo, passes precisos e a capacidade de driblar e/ou fazer gols espetaculares são competências dos atletas do passado. Hoje existem, no máximo, bons jogadores.

Treinadores das categorias de base e empresários procuram incessantemente as “moscas brancas” em cada canto possível que se joga futebol no país. Estes espaços, que são os campos de várzea, as ruas e as quadras são cada vez mais escassos, o que colabora com o sumiço de craques.

A evolução da preparação física é outro fator que contribui para o desaparecimento das pedras preciosas. Com o jogo mais disputado, jogadores mais fortes e com excessivos contatos físicos, não sobra espaço para o craque demonstrar seu valioso futebol.

A mídia, que precisa criar ou inventar craques, também tem sofrido com este problema. Supervalorizam jogadores medianos que obtêm destaque pontual, que após um curto período de tempo decepcionam a todos. Por não serem craques, não conseguem manter a performance digna de um jogador acima da média.

E não é só a preparação física a responsável pela falta de craques. Antigamente era dedicado muito mais tempo à repetição de fundamentos do futebol. Os atletas de hoje estão chegando à categoria profissional com uma série de deficiências oriundas do pouco treinamento técnico. Além disso, a robotização originada pelos treinamentos táticos, que limitam a criatividade do atleta brasileiro, é outro fator que impede o surgimento de verdadeiros craques.

Alguns sugerem até que Deus deixou de ser brasileiro e tem resolvido privilegiar com o dom somente o argentino Messi e a turma de Xavi, Iniesta e Cia.

Declarada por jornalistas, ex-jogadores (craques ou não), comentaristas, dirigentes e por treinadores, cada expressão mencionada torna-se verdade absoluta, portanto, inquestionável.

Como a opinião geralmente vem carregada de crenças, qualquer mudança de interpretação da realidade dificilmente será observada. Mas não custa tentar!

Se todos afirmam que faltam craques, assumem que o nível do nosso futebol está baixo. E diante do baixo nível do nosso futebol, facilmente observado na bagunça defensiva das equipes ao tentarem parar o Neymar individualmente (e por isso o Mano quer que ele vá logo para a Europa), repito a pergunta do título da coluna: “Onde estão os nossos craques?”.

Nossos craques, hoje, estão nas disseminadas escolinhas de futebol, sonhando em serem “Messi”, “Cristiano Ronaldo”, “Xavi”, “Neymar”, “Ganso”; estão nos campos de várzea que, mesmo em escala decrescente, ainda existem em quantia assustadora neste imenso país; estão nas categorias de base dos clubes brasileiros que, em muitos casos, não conseguem lapidar as joias que tem.

Temos material humano para ter mais craques que qualquer nação do mundo. O que ainda não temos consciência é de que o craque não está pronto nas escolinhas de futebol, nos campos de várzea ou nas categorias de base. Craque não se nasce, se cria! O craque de ontem jogou o futebol do passado: mais lento, mais espaçado, com mais tempo pra agir e com menor nível de organização coletiva das equipes. O mesmo jogo com outra dinâmica!

Infelizmente, na cadeia produtiva da formação de craques, que deveria se iniciar no processo de transição esportiva da iniciação para a especialização, as lacunas são imensas. É certo que alguns movimentos isolados surgem na tentativa de reverter o atual cenário do futebol brasileiro. É certo, também, que se estes movimentos falharem em pontos capitais da cadeia produtiva poderão desperdiçar milhões de reais.

Cerca de 10 anos é tempo suficiente para a produção de craques. Como estaremos em 2022?

Dependeremos do surgimento aleatório e seguiremos a caminhada em passos largos para a extinção ou conseguiremos formar jogadores inteligentes, completos, adaptáveis à dinâmica do futebol atual e que poderão ser protagonistas da retomada do Brasil ao topo do mundo na modalidade?

Aguardo sua opinião, leitor.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br 
 

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Alteração de horários pela Justiça do Trabalho viola Estatuto do Torcedor

Um debate recorrente é a alterabilidade dos horários das partidas de futebol pela Justiça do Trabalho, inclusive com decisões da Justiça do Trabalho dos Estados do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul que chegaram a proibir a realização de partidas de futebol em determinados horários, em razão da elevada temperatura, sob o fundamento de que haveria lesão à dignidade e à integridade dos trabalhadores.

Ocorre que para atividades insalubres, incluindo-se exposição a altas temperaturas, a Constituição Brasileira em seu art. 7º, a CLT e a NR 15 preveem o pagamento do adicional de insalubridade. Não há qualquer previsão de alteração de horário de trabalho.

Fosse assim, os demais profissionais que laboram sob altas temperaturas, sob o sol, como carteiros e trabalhadores da construção civil deveriam ter seus horários alterados.

Não bastasse a inexistência de previsão legal para alteração de horário das partidas, tal decisão afronta visceralmente os direitos do torcedor, uma vez que o Estatuto do Torcedor, em seu art. 9º, determina que as tabelas serão divulgadas sessenta dias antes do início das competições e somente podem ser alteradas em casos extremos, cabendo aos interessados, apresentar reclamações e sugestões ao Ouvidor da competição no prazo de dez dias.

Assim, novamente o grande protagonista do evento esportivo foi relegado à coadjuvante e teve seu direito respeitado.

Portanto, caso se constate a condição insalubre, a medida legal cabível é a obrigação dos clubes (empregadores) pagarem aos jogadores (empregados) o adicional de insalubridade e não a restrição das partidas, sob pena de violar, além dos direitos do torcedor, o Princípio da Legalidade previsto no inciso II, do art. 5º, pois determina que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Cidade-sede: Natal

Eis a cidade-sede com um dos estádios mais atrasados da Copa. Um estádio incoerente e sem quase nada a acrescentar – a não ser se, de repente, trouxer investimentos privados para a proximidade do “complexo” dos quais eles se gabam, mas não é o que o povo tem visto dos políticos devida tanta falta de gestão de verba e de capacidade.

Sempre valorizo que se alguém decide por construir um estádio, ele deva ser um marco, algo inusitado, referencial para a arquitetura, para que seja capaz de se tornar um ícone digno de turismo, ou seja, verba entrando para a sua manutenção. Mas pode, a Arena das Dunas, atual, ser parecida com o estádio do Arizona Cardinals, nos Estados Unidos desta forma?

É o mesmo estádio visualmente falando, mas o modelo para o Brasil parece desandar ao sair do forno, como um bolo.

Ambos os projetos de arquitetura são do Populous, escritório internacional, com vasta experiência em equipamentos esportivos e, digamos, com vários de extrema qualidade, como o Incheon Stadium, o Soccer City, o Aviva Stadium, entre tantos outros.

No entanto, isso não os isenta da extrema semelhança. A única diferença que vejo é que o brasileiro foi um pouco mais mal feito e salientarei alguns dos motivos até o fim desta coluna.

Como podemos ver acima, o projeto é um complexo: estádio, anfiteatro, arena de eventos (fora do estádio), hotel, centro comercial, centro administrativo municipal e federal – como se fosse uma “Brasília Potiguar”. Ou seja, nada fica dentro do estádio, praticamente se resumindo aos jogos. É bom para o gramado, mas não é nada bom financeiramente.

E digo isso não só por questão de lógica, mas porque, observando o projeto, vemos gastos imensos que, claro, vão para os cofres públicos; ainda mais que nenhum time tem grande interesse em jogar em um estádio que não é seu.

Pelo leque de projetos do Populous, vemos que eles foram contratados somente para o estádio – ao menos espero que seja – , pois o entorno parece bastante discrepante do padrão do escritório, que geralmente é muito bem elaborado.

Natal tem cerca de 320 dias de sol por ano e tem, no verão, uma média de 31°C e, no inverno, 28°C, ou seja, sempre quente. É, portanto, incompreensível o uso de tantos vidros espelhados.

O vidro espelhado barra o sol, mas exige um uso intenso de ar-condicionado e iluminação artificial, indo completamente contra a sustentabilidade que a “Copa Verde” focava. Então por qual motivo pode ter sido escolhido nos prédios do complexo? Provavelmente por ter dado certo em alguma experiência fora do Brasil. Mas nem tudo pode ser importado na arquitetura: o que pode funcionar muito bem em Londres, jamais funciona bem em Natal, que é o caso.

Nem me aprofundarei na influência dos reflexos de tantos espelhos para o entorno e nos malefícios para os pássaros; isso só complementa a justificativa.

Uma solução possível seria o uso de brises (aletas devidamente orientadas para barrar a insolação, mas também para permitir entrada de luz) ou de elementos vazados, como cobogós ou até mesmo muxarabis, que permitiriam a ventilação natural e luz natural entrando, reduzindo a necessidade de gastos energéticos desnecessários.

São elementos bem conhecidos na arquitetura e seriam muito úteis para a região de Natal, tanto para o estádio, quanto para os edifícios ao redor.

Sobre o estádio, como podemos ver pelas fotos noturnas, há aberturas em toda a fachada, que permite os raios de luz à noite. O que antes fora apresentado com um elemento leve pelo material escolhido, tornou-se, pelo desenho, um elemento pesado e com desenho questionável.

Acima, apresentação original do projeto.

Atualmente, o projeto já apresenta uma solução mais elegante e mais bem trabalhada, como podemos ver abaixo – embora não seja um material muito bem feito e muito bem definido, já mostra uma evolução do projeto.

O interessante do estádio é, felizmente, a circulação, um dos pontos mais importantes na elaboração de um projeto que abriga grandes multidões. Cada bloco de arquibancadas tem escadas logo abaixo às frestas da cobertura, permitindo melhor evacuação e sinalização para momentos de pânico e emergência. Isso pode ser visto tanto nas aberturas na perspectiva interna, quando na externa, onde as escadas podem ser visualizadas saindo do limite do revestimento.

Segundo o escritório, as aberturas transparentes (em ETFE, excelente material com potencial autolimpeza) também servem para captar a brisa e fazê-la circular pelas arquibancadas. A forma ondulada de sua cobertura seria devido à referência às dunas de Natal, por isso o nome do estádio.

Como o andamento das obras neste local é um dos piores, felizmente ainda temos tempo para definir melhor as coisas. Só espero que sejam alertados os governantes e, aí sim, modificado algo no projeto. Além disso, planejado melhor o uso do estádio. Ou será, este sim, o mais promissor elefante branco do país.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

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Esporte jovem

Por meio de redes, jogos eletrônicos, jogos sociais ou formas reduzidas do esporte. Esta tem sido uma tendência cada vez mais latente de algumas modalidades para ampliar a base de fãs da modalidade.

E o que se percebe é a preocupação por ocupar cada vez mais espaço entre as preferências do público jovem, classificado como o futuro formador de opinião da sociedade e, por consequência disso, consumidor do seu esporte preferido e que levará tal linguagem para as gerações posteriores.

Na mídia, os movimentos têm caminhado para este sentido também, com a valorização cada vez maior da prática esportiva entre crianças e adolescentes. Em entidades esportivas supranacionais, de administração do esporte, que se preocupam em apresentar uma linguagem mais descontraída da sua modalidade. E, logicamente, o posicionamento na internet e redes sociais, que permitem multiplicar com uma rapidez incrível a mensagem desejada.

Este breve e resumido relato serve para uma reflexão sobre o futebol que, em alguns casos, caminha para o lado contrário da linguagem do público jovem.

Acompanhei algumas pesquisas recentes que mostram o gradual “envelhecimento” dos apaixonados pelo futebol. É verdade que a redução é diminuta – e não poderia deixar de ser, por ainda ser, disparado, o esporte declaradamente preferido pela maioria das pessoas.

Não é preciso grandes revoluções ou transformações no jogo. Não se trata de mudar radicalmente a linguagem do esporte. Mas pensar em uma comunicação mais solta, que alie o universo do jovem com o mundo do futebol não é mais só atacar um nicho de mercado, mas sim competir para a sobrevivência da sua indústria no longo prazo.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Chorar

O ato de chorar faz parte de nossas vidas.

Normalmente, segundo as mais intensas emoções, sejam elas positivas, carregadas de alegria, sejam impregnadas de dor e tristeza.

É a resposta fisiológica do corpo humano para algo que vem da mente ou do coração, da alma, do espírito, como queiram nominar.

Verter lágrimas de pranto é um dos gestos mais verdadeiros e belos que uma pessoa pode protagonizar ou testemunhar.

Alegria, tristeza, medo, depressão, raiva, dor, saudade, são alguns dos sentimentos emanados por nós que se concentram nos olhos e correm pelo rosto traduzindo, ao mesmo tempo a soma de tudo aquilo que somos, bem como as circunstâncias que provocam tal reação.

Nascemos chorando como instinto de defesa, para, inconscientemente, avisar aos que nos cercam de algum perigo ou necessidade.

O futebol é sempre pródigo em revelar toda nossa emoção através do choro.

Mais ainda num dia de decisões nos campeonatos estaduais, bem como no “Day after”, em que o luto por derrota ou celebração das vitórias ainda faz conservar o brilho molhado do pranto já derramado.

Um belíssimo exemplo disso veio nesta semana da equipe do Athletic Bilbao.

Na final da Liga Europa, após terem perdido o jogo para o Atletico de Madrid por 3 a 0, os jogadores desabaram no gramado, num comovente choro.


 

Choro esse que, imagino, mistura todas as emoções vividas durante uma belíssima temporada disputada pela equipe basca, sob o comando de Marcelo Bielsa, num momento intenso como uma final de competição européia favorece.

Somado a alegria, tristeza, medo, depressão, raiva, dor, saudade, está também o orgulho pelo trabalho realizado, e pela representação da comunidade basca, ainda que não tenha sido possível sublimar esse conjunto na representação da taça levantada pelo capitão.

Como diria o filósofo espanhol Ortega y Gasset, “Yo soy yo y mi circunstancia”, e o futebol permite aos clubes e a seus torcedores, bem como aos jogadores, viver intensamente cada circunstância de maneira plena, contribuindo, com a sua história, a construção da História e de grandes estórias.

Inclusive chorar.

Principalmente, chorar.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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A análise de desempenho no futebol – parte I: dados gerais

Depois da trilogia do Felipão, vamos agora para a série sobre a análise de desempenho!

Nos últimos anos, a análise de desempenho vem ganhando cada vez mais espaços no âmbito esportivo.

Em algumas modalidades, o papel da análise se configura com um dos pontos centrais da performance, como no futebol americano, beisebol, basquete, vôlei, futsal, atletismo, e assim por diante.

Assistindo a algumas partidas de vôlei da Superliga Nacional, notei que muitos treinadores ficam com seus tablets ao lado da quadra (alguns deixam com seus auxiliares) recebendo informações instantâneas sobre onde estão sendo os saques do adversário, onde os pontos estão acontecendo, onde a bola está passando pelo bloqueio, etc.

Será que tudo isso é importante? Será que ganha jogo?

No futebol, a análise de desempenho vem a algum tempo ganhando espaço, principalmente após a contratação do analista Rafael Vieira pela CBF. Quando o mesmo foi apresentado como membro da comissão de Mano Menezes, muitos se perguntaram o que esse profissional faria.

Mas o que ele faz?

Bom, neste ano iniciei um projeto piloto na base do clube e gostaria de compartilhar algumas reflexões e mesmo dúvidas sobre essa função.

No meu primeiro dia como analista de desempenho levantei as funções que pensei ser relevantes se tratando de formação e de resultado.

A lista é extensa.

De uma maneira geral, as funções giram em torno da análise individual dos atletas em treinos, jogos e fora do campo; análise coletiva da equipe em jogos e treinos; análise do adversário individual e coletivamente.

Dentro dessas funções, temos subdivisões que vão desde a análise comportamental do atleta até a análise das suas ações no jogo com controles subjetivos, quantitativos e qualitativos de seu desempenho.

Desempenho que precisa ser entendido com algo complexo, onde as variáveis são fractais do desempenho.

Por exemplo, em um controle hipotético de deslocamento do atleta, vejo que ele percorreu 6,320 km em um período de 80 minutos. Pelos parâmetros utilizados observo que é uma distância relativa baixa; contudo, com a análise do jogo, posso identificar que minha equipe recuperava a bola muito rapidamente e economizava energia para chegar ao gol adversário. Além disso, esse atleta ocupa muito bem o espaço e é ponto fundamental para a progressão da equipe com bola. Analiso também que mesmo tendo um volume total de deslocamento não tão alto. Suas ações de alta intensidade estão na média do grupo, ou seja, um dado apenas pode visto fragmentado do todo: complexidade.

O desempenho de um atleta de futebol não se resume as ações “táticas” ou ao posicionamento em campo. Ele é muito mais do que isso.

Analisar o desempenho do atleta é compará-lo com ele mesmo em toda a sua essência e verificar como cada variável está interagindo com as demais.

Depois de tudo isso é preciso ainda gerar as informações e os relatórios para os diversos departamentos do clube. Cada um deles precisa de um tipo de informação baseado nos próprios dados que eles fornecem para o analista que tem o papel integrador da informação. Ele deve agir como um ser transdiciplinar dentro do clube.

Mas e as informações para o treinador?

O que é importante para ele ganhar os jogos?

Muitas informações!

Mas não todas!

Como diria Renato Russo:

“Já não me preocupo se eu não sei por que.
Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê
E eu sei que você sabe, quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você.”

Isso é a análise de desempenho.

Em próximas colunas continuo essa discussão.

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Rafael Vieira, analista de desempenho da seleção brasileira principal