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Banco de jogos – jogo 3

Conseguir fazer com que todos os jogadores “joguem o mesmo jogo” nas transições implica a operacionalização de muitas situações de treino que permitam a repetição dos comportamentos esperados pelo treinador. Em equipes de alto nível, as transições ofensivas observadas privilegiam o jogo apoiado, com rápida retirada (vertical ou horizontal) da zona de recuperação e eficiente ampliação do campo efetivo de jogo.

Na coluna desta semana, será apresentada uma proposta de atividade que, se adequadamente conduzida, propiciará inúmeras situações-problema para o referido momento do jogo.

Jogo Conceitual de Transição Ofensiva

– Dimensões de ¾ do tamanho do campo oficial. ~ 75m x 70m;
– Campo dividido em três faixas verticais (10m, 50m e 10m);
– Uma metade do campo dividida nos setores A (21,5m x 20m), A’ (21,5m x 15m) e A” (16m x 15m);
– Tempo de atividade, incluindo esforço e pausa, a critério da comissão técnica, em função dos objetivos desejados.

 


 

Plataforma de Jogo Equipe A (azul): 1-4-2-1
Plataforma de Jogo Equipe B (verde): 1-4-4-2 (losango)

 

 
 

Regras do Jogo

1.Se a equipe verde recuperar a posse de bola no mesmo setor em que perder no campo de ataque e retirá-la deste setor, horizontal ou verticalmente no sentido do ataque = 1 ponto;

2.Se a equipe azul recuperar a posse no campo de defesa e após três segundos de posse não houver os dois laterais ocupando a faixa lateral delimitada = 1 ponto para o adversário;

3.Se a equipe azul recuperar a posse no campo de defesa e ultrapassar o meio campo com a bola dominada por condução ou troca de passes = 1 ponto;

4.Se a equipe verde não ultrapassar o meio campo com a bola dominada, por condução ou passe, após recuperar a posse no campo de defesa = 1 ponto para o adversário;

5.Se a equipe azul acertar uma finalização sem que o goleiro faça uma defesa completa = 3 pontos;

6.Gol da equipe verde = 5 pontos;

7.Gol da equipe azul = 30 pontos;

8.Se a equipe verde recuperar a posse e fizer o gol na mesma jogada em até 10 segundos = 10 pontos

Veja, abaixo, alguns exemplos:

 

O jogador número 6 da equipe Verde perde a posse de bola no setor A’, para o jogador número 2 da equipe Azul. Na sequência da jogada, o jogador número 8 da equipe verde recupera a posse no mesmo setor em que sua equipe havia perdido e realiza um passe para outro setor, para o jogador número 5. Esta ação vale 1 ponto para a equipe Verde.

 

O jogador número 2 da equipe Azul recupera a posse de bola ao roubá-la do jogador número 6 da equipe Verde. Na sequência, faz um passe para o goleiro e após 3 segundos da recuperação o jogador número 6 da equipe Azul não ocupa a faixa lateral delimitada. Esta ação vale 1 ponto para a equipe Verde.

 


 

O jogador número 2 da equipe Azul recupera a posse de bola ao roubá-la do jogador número 6 da equipe Verde. Na sequência, faz um passe para o jogador número 8 e recebe um passe deste jogador à frente do meio campo. Esta ação vale 1 ponto para a equipe Azul.
 


 

 

O jogador número 3 da equipe Verde recupera a posse de bola e faz um passe para o jogador número 2. Este faz um passe vertical para o jogador número 9, porém, o goleiro da equipe Azul recupera a posse para sua equipe. Como a equipe Verde não passou o meio campo com a bola dominada através de passe ou condução, esta ação vale 1 ponto para a equipe Azul.

 

 

A equipe Azul realiza uma finalização em que o goleiro da equipe Verde não consegue fazer uma defesa completa. Esta ação vale 3 pontos para a equipe Azul.


 

 

O jogador número 3 da equipe Verde recupera a posse de bola e faz um passe para o jogador número 2. Este faz um passe vertical para o jogador número 9, que finaliza e marca um gol para sua equipe em menos de 10 segundos após a recuperação. Esta ação vale 10 pontos para a equipe Verde.

Gostaria de receber em meu e-mail as regras e elementos do jogo que, a princípio, o transforma numa atividade propensa ao aperfeiçoamento da transição ofensiva de ambas as equipes. Justifique sua resposta!

Boas reflexões!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Banco de jogos – jogo 1
Banco de jogos – jogo 2

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A competição das Escolas de Samba vista como um evento esportivo

Nos próximos dias, a folia momesca tomará conta da vida de todos os brasileiros e todo o país acompanhará, em horário nobre, pela Rede Globo de Televisão, os desfiles das Escolas de Samba. Certamente, cada brasileiro terá sua agremiação favorita. Estas “Escolas de Samba” movimentam milhões de reais.

Neste contexto, pergunta-se até que ponto a competição entre as “Escolas de Samba” pode se enquadrar no conceito de esporte? Para encontrar a resposta, é necessário identificar os elementos que compõem o conceito de esporte.

Em sentido amplo, conforme exposto na Carta Européia do Esporte (Rodas, 1992) esporte define-se como “todo tipo de atividades físicas que, mediante uma participação, organizada ou de outro tipo, tenham por finalidade a expressão ou a melhora da condição física e psíquica, o desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de resultados em competições de todos os níveis”.

Neste mesmo sentido, dispõe o Manifesto sobre o Esporte elaborado pelo Conselho Internacional para a Educação Física e o Esporte (CIEPS) em colaboração com a UNESCO (México, 1968) que conceitua esporte como “toda atividade física com caráter de jogo, que adote uma forma de luta consigo mesmo ou com os demais ou constitua uma confrontação com os elementos naturais”.

Assim, segundo os conceitos amplos de esporte, poder-se-ia considerar desporto praticamente qualquer atividade física, o que traria o risco de se desvirtuar o próprio conceito de desporto ao incluir como esporte expressões culturais que não fazem parte da sua autêntica natureza.

Assim, deve-se buscar uma definição que delimite juridicamente os elementos que compõem o fato desportivo, motivo pelo qual, em sentido estrito, esporte deve ser entendido como um conjunto de atividades físicas institucionalizadas que suponham uma supérflua confrontação ou competição consigo mesmo ou com um elemento externo. Portanto, para uma atividade ser definida como esporte, deve possuir:
 

a) Atividade Física: manifestação de dimensão externa, física, do homem que compreende qualquer atividade que suponha e exija a participação do sujeito e que suas qualidades físicas, sejam de resistência, potência, elasticidade, agilidade, reflexos, habilidade, destreza, sejam determinantes. Excluem-se do conceito de esporte, portanto, atividades em que o sujeito principal é um animal ou uma máquina, tal como corrida de cachorros.

b) Institucionalização: conjunto de regras e princípios próprios regulamentados por uma Entidade, tal como ocorre com as Federações de futebol e basquete, por exemplo.

c) Confrontação ou Competição: o elemento agonístico é essencial ao esporte, eis que é inerente ao desporto a necessidade de vencer um obstáculo, intencionalmente assumido, que pode servir para comparação aos demais. Na concepção de confrontação supõe-se a necessária existência de dois elementos, a regulamentação e a possibilidade de se objetivar os resultados, eis que toda competição precisa que os resultados sejam mensuráveis e que suas regras permitam determinar com certeza e exatidão o vencedor.

d) Supérflua: o esporte não é uma atividade útil, pois a atividade física realizada deve ser inócua para satisfazer as necessidades vitais. A finalidade do esporte deve se exaurir em si mesma dentro de limites estabelecidos de tempo e espaço.
 

Resta analisar se o Desfile das Escolas de Samba enquadra-se no conceito estrito de esporte.

Pode-se entender existente a atividade física, pois necessita da atividade intelectual ao elaborarem os temas (sambas-enredos), organizarem as alas, ritmos, danças, coordenando as infinitas possibilidades de movimentos corporais combinados aos elementos de ballet e dança teatral, realizados fluentemente em harmonia com o tema (samba-enredo).

Desenvolvem-se hamornia, graça e movimentos criativos traduzidos em expressões pessoais através da combinação musical e técnica, que transmitem satisfação estética aos que a assistem. A atividade intelectual existe em esportes como o xadrez e o bridge (jogo de cartas) e os movimentos corporais na ginástica rítmica desportiva.

A institucionalização decorre do regulamento dos desfiles que estabelece, entre outras coisas, o tempo máximo e mínimo do desfile, número de integrantes, carros alegóricos e até critérios para acesso e descenso. Ademais, em várias cidades há órgãos autônomos que organizam os desfiles, como a LIESA (Liga Independente das Escola de Samba) no Rio de Janeiro e a LigaSP (Liga Independente das Escolas de São Paulo).

Durante os desfiles, as “Escolas de Samba” são avaliadas por jurados segundo quesitos previamente estabelecidos no regulamento, vencendo a que obtiver maior pontuaçao total, donde se apreende a confrontação.

Finalmente, as atividades das “Escolas de Samba” são supérfluas, ou seja, não correspondem a necessidades vitais.

A inclusão dos desfiles das “Escolas de Samba” no conceito de esporte possui consequências jurídicas relevantes, eis que implicaria na aplicação à competição de Leis atinentes ao esporte como a Lei Pelé, o Estatuto do Torcedor e até mesmo o Código Brasileiro de Justiça Desportiva.

Assim, as “Escolas de Samba” poderiam, por exemplo, receber recursos do Ministério dos Esportes, nos termos do art. 7º, da Lei Pelé, teriam que criar Tribunais de Justiça Desportiva e, ainda, deveriam atender às exigências do Estatuto do Torcedor.

Portanto, percebe-se a possibilidade do enquadramento do desfile das “Escolas de Samba” no conceito de desporto, eis que as competidoras precisam ter graça, leveza, beleza e técnicas precisas em seus movimentos, alegorias e adereços para demonstrar harmonia e entrosamento com o samba-enredo, seus componentes e adereços em um ambiente de expressão corporal contextualizada inclusive pelos sentimentos transmitidos através do corpo, das alegorias e das fantasias e pelas capacidades psicomotoras nos âmbitos físico, artístico e expressivo. Por essa reunião de característica, pode-se definir os “Desfiles das Escolas de Samba” como esporte-arte.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Visibilidade

Recentemente foi constatado que o estádio Independência, em Belo Horizonte, Minas Gerais, terá cerca de 20% dos lugares com visibilidade prejudicada – o equivalente a cerca de seis mil assentos, incluindo camarotes. E isso me fez decidir retomar o tópico da minha primeira coluna aqui na Universidade do Futebol.

Hesitei repetir o assunto, mas vai funcionar como um complemento, mostrando também como o Brasil em si deve parar e rever tudo, desde a legislação, até mesmo a uma reciclagem de profissionais e ao incentivo do conhecimento da arquitetura.

 

Brasileiro, em geral, não gosta de arquitetura, não conhece arquitetura e a confunde muitas vezes com engenharia ou, infelizmente, com decoração. Isso não seria problema se não cegasse o cliente na contratação do serviço de arquitetura.

Ele, o escritório de arquitetura, na maioria das vezes, é contratado por status, por obrigação e, até mesmo, sem o cliente saber o que está contratando.

O serviço de arquitetura deve prever um bom funcionamento da edificação, não exclusivamente soluções para uma exigência considerando somente o custo. Nota-se, pelo caso citado, essa tal postura.

Não dá para entender, em um país prestes a sediar uma Copa do Mundo, a conclusão de um projeto que obedece às necessidades do Corpo de Bombeiros e que desfavorece a principal atividade e o bom uso do equipamento.

É um momento privilegiado para o país, para o esporte, para investidores e para os atletas. O momento, agora, seria digno de captação de recursos para construção de campos de treinamento com melhores estruturas, reorganização espacial (ao menos) de estádios menores e adequação a uma legislação menos restritiva ou somente mais atualizada. Não defendo que a segurança deva ser deixada de lado, mas garantida ao mesmo tempo em que mantenha o bom funcionamento do estádio.

Há soluções que interferem menos, materiais mais caros, mas com melhor custo-benefício. A questão é saber enxergar a médio e longo prazo e não somente momentaneamente. O estádio, hoje, tem um público cada vez mais exigente e pretende-se que esse público seja variado, abrangendo cada vez mais mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência física, ou seja, cada vez terá que garantir sucesso arquitetônico para conquistar e manter fiel esse público.

O estádio de hóquei, Ondrej Nepela, em Bratislava, Eslováquia, com capacidade de pouco mais de 10.000 torcedores, mostra uma solução interessante, além de acabamentos que podem até baratear uma obra de grande porte. É claro que o público é menor, mas se trata de uma mesma função. O gradil em si fica somente como suporte de segurança em áreas de circulação sem necessidade de visibilidade.

Voltamos, claro, no comportamento do brasileiro em estádios, mas isso não justifica barreiras visuais como temos visto em muitos estádios.


 

No Independência, também há vidros em alguns trechos, mas sem estrutura e fixação adequadas a qualquer ato de vandalismo ou confrontos.


 

O Brasil, portanto, tem que evoluir em projetos de estádios e aprender a ponderar seus investimentos.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br
 

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Ausência

Caro leitor,

Excepcionalmente nas próximas semanas não teremos a coluna de Geraldo Campestrini. O colunista estará em recesso até 6 de março, voltando com seus textos semanais no dia seguinte.

Atenciosamente,

Equipe Universidade do Futebol

Leia mais:
Veja as últimas colunas de Campestrini na Universidade do Futebol

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Deu zebra, ou melhor, deu Zâmbia!

Olá, amigos!

Na coluna desta semana trago novamente uma discussão que se eterniza no cenário do futebol mundial: “não existem mais bobos no futebol”.

A seleção de Zâmbia sagrou-se campeã no último fim de semana da Copa Africana de Nações, surpreendendo equipes tradicionais e com jogadores de maior prestigio no cenário mundial. E ainda tivemos Mali surpreendendo a equipe de Gana na disputa de terceiro lugar.

Alguns podem considerar insignificante o fato, e muito mais o comentário a respeito deste feito neste espaço. Entretanto, cabe-nos aprofundar a questão.

Isso porque é importante tentar levantar aspectos que culminaram neste resultado. E, sobretudo, nos impactos que podem surgir.

É bem verdade que o título da Copa de Nações não tem tradição de destaque em competições de grande porte, salvo em 2000, ano em que Camarões ganhou a Copa das Nações Africanas e as Olimpíadas.

Porém, é importante que se desenvolvam instrumentos de avaliação de competições como essas. O que fez com que Zâmbia fosse campeã? Que impactos essa conquista pode trazer para futuros encontros com países africanos?

No ano passado, Mano Menezes foi massacrado por conta de um amistoso com Gabão. Criticado por participar de um amistoso chamado de “caça níquel”. Sem entrar no mérito da questão, temos que esquecer até certo ponto elementos políticos e ressaltar a importância de um jogo contra equipe do estilo africano.

Afinal, o Brasil não tem tido sucesso contra esse estilo de jogo – relembremos os casos do Mazembe contra o Inter, e das Olimpíadas com Camarões e Nigéria, sem contar Gana nos mundiais de categorias de base.

Se Zâmbia ainda está longe de se classificar para uma Copa ou para as Olimpíadas para merecer o respeito dos brasileiros, o Gabão pode encontrar o Brasil nos Jogos ainda este ano. E conhecendo nosso histórico contra africanos, nada mais justo do que recorrer a analises de competições africanas bem como do próprio amistoso, ainda que com as seleções principais.

A gente discute tecnologia, porém, mais do que isso ,sempre defendemos que informações não dependem apenas dela: elas podem e devem ser oriundas de diferentes fontes, cabendo ao recurso tecnológico a facilitação do armazenamento, consulta e utilização destas.

As tradicionais equipes africanas foram surpreendidas por Zâmbia e Mali; nas Olimpíadas, Gabão será novidade. E em 2014?

Não podemos esperar para ver, se existem métodos de observação e tecnologia suficientes para acessar vídeos e informações hoje no mundo inteiro. Temos que abrir nossos olhos para não repetirmos o discurso de que não existem mais bobos no futebol e tampouco repetir o sentimento do Maracanazzo.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br
 

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O caminho no sonho chamado futebol

É bom ter uma meta no fim da jornada,
Mas é a jornada que importa, no fim.

Ursula K. LeGuin

 

Peço licença aos leitores para abordar um tema que parece fugir do campo, mas no fundo tem tudo a ver com nossa prática.

Era uma vez um sonho chamado futebol…

Sonho sonhado por muitos, mas realizado por poucos.

Sonho que se sonha desde muito novo e que requer dedicação e sacrifícios para que se concretize.

Sonho que às vezes se torna pesadelo, quando não dá certo ou mesmo quando dá certo, mas não no nível esperado.

Mas o que fazer para torná-lo realidade?

Sonhar e buscar incessantemente os melhores caminhos!

É justamente isso que o torna difícil…

Buscar os melhores caminhos!

Não precisamos ter inúmeras informações, mas sim as certas.

Não precisamos jogar ou trabalhar em inúmeros ambientes, se não aproveitarmos as coisas certas.

Tudo isso pode parecer um tanto quanto filosófico, mas não é.

Cada um de nós terá as melhores respostas para cada uma das perguntas e reflexões apresentadas até aqui.

O fato é que não existe apenas um caminho, mas inúmeros deles para se chegar onde se quer no meio do futebol!

Primeiro precisamos traçar nosso objetivo ou sonho de vida.

Depois pensar sobre o processo para se chegar até ele.

Processo que é particular a cada um e nos expõe a uma série de decisões e reflexões profundas que podem mudar totalmente o rumo de nossas carreiras e vidas…

Como saber se as decisões foram corretas?

Decidindo!

Contudo, como disse Napoleão Bonaparte: “Nada é mais difícil, e por isso mais precioso, do que ser capaz de decidir”.

Quem decide é você, ninguém mais pode fazer isso, a não ser que você queira.

Decidir faz parte do processo.

Só saberemos se tomamos a decisão certa ao longo do caminho e nada impede de mudarmos ou transformarmos nossas rotas de vida.

No final das contas, segundo Fernando Sabino: “Tudo dá certo, e se não deu certo é porque ainda não chegou ao fim”.

Mas como saberemos se chegou ao fim?

Não sei…

Só sei que não é fim que realmente importa, mas sim todo o processo para chegar até ele.

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br

 

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A gestão (tática-técnica-física-mental) do ritmo de jogo

Para produzir a coluna semanal levo em consideração diversos fatores. As sessões de treino e jogos da equipe que trabalho; as conversas informais que tenho com profissionais do futebol; as trocas de e-mails com os leitores que me instigam, sugerem ou permitem o surgimento de ideias; as leituras, científicas ou não, direta ou indiretamente relacionadas ao futebol e a até o acompanhamento de mesas redondas, entre outros programas televisivos, que discutem a modalidade.

Em relação ao último item, os comentários referentes ao baixo desempenho de jogo apresentado pelas equipes do estado de São Paulo na rodada do fim de semana (04 e 05/02) me despertaram para esta publicação. Para muitos, o motivo do baixo desempenho “técnico” deveu-se ao fato do forte calor no momento em que ocorreram as partidas, o que gerou sensível aumento do desgaste “físico”.

Seguramente o forte calor (de fato, muito forte!) influenciou na manutenção da intensidade de jogo apresentada pelas equipes, porém, defini-lo como o único responsável pela diminuição da performance significa reduzir a função tático-estratégica do treinador, que deve considerar a influência de fatores externos, como o clima, ao preparar seus jogadores para o jogo.

Basicamente, existem duas maneiras da equipe “correr menos”, logo, ter um menor desgaste “físico” no jogo.

Para a primeira, defensivamente, a equipe deve baixar o bloco e estar orientada operacionalmente à proteção do alvo. Além de uma boa organização defensiva zonal que neutralize as ações ofensivas do adversário, será necessário um sistema de transição ofensiva vertical em que poucos jogadores se ofereçam à frente da linha da bola. O jogo praticado ofensivamente será sempre em inferioridade numérica e a Lógica do Jogo pode ficar mais distante de ser cumprida. Opção questionável! Especialmente para grandes equipes, ainda mais se sofrerem um gol durante o confronto.

Outra possibilidade de conseguir “correr menos” está relacionada ao descansar com bola, terminologia utilizada por alguns estudiosos do futebol que se refere à posse pela posse.

A posse pela posse, utilizada quando a ação ofensiva aparentemente não está orientada para busca do alvo oponente, pode ser feita em duas situações: quando a equipe está cumprindo a Lógica do Jogo e momentaneamente não precisa fazer gol para vencê-lo, ou então, quando precisa se recuperar devido à fadiga originária por motivos diversos (situações de jogo em que estava perdendo, “correu mais” e virou o placar, menos jogadores devido à expulsão, modelo de jogo que privilegia alta intensidade, o próprio clima, minutos finais do jogo, falhas coletivas que levaram a sucessivas perdas da posse e ineficientes recuperações, etc.).

Para aplicar este mecanismo, a ideia de jogo do treinador não necessariamente deve privilegiar a recuperação imediata da posse, porém, é bom considerar o fato de que para recuperações imediatas e, consequentemente, mais próximas do alvo oponente, mais perto sua equipe estará do cumprimento da lógica do jogo (se o comportamento coletivo assim estiver orientado, é claro).

Já para a organização ofensiva, ampliação do espaço efetivo de jogo, apoios constantes, participação do goleiro neste momento do jogo, coberturas ofensivas, decisão pelo passe à jogada individual, ocupação de espaços vazios e mobilidade serão competências necessárias para se tornar possível descansar com a bola.

Caso uma equipe domine estas competências, terá habilidades suficientes para a aquisição de mais uma: a gestão do ritmo ou rotação de jogo.

Gerir eficazmente o ritmo do jogo significa comandar a velocidade e intensidade do jogo. Para tornar esta ação ofensiva (afinal depende fundamentalmente da posse da bola) um comportamento coletivo, habituar os jogadores aos “como” e “quando” de sua utilização são pré-requisitos para se beneficiar do referido mecanismo.

Então, se no Modelo de Jogo da equipe a posse pela posse é um dos princípios que se deseja construir (torná-lo hábito), qual o melhor ambiente/contexto para fazê-lo? Releia o subtítulo da coluna.

Volto a mente para os jogos daquele fim de semana e me questiono quanto aos treinamentos realizados na pré-temporada e primeiras semanas do ciclo competitivo por cada uma das equipes. Desconheço as práticas integralmente realizadas na grande maioria dos clubes e me limito às informações publicadas pela mídia em relação à importância do treinamento físico neste período do ano, além das conversas com companheiros de profissão e atletas espalhados pelos clubes de São Paulo.

Afirmo, no entanto, que pelos jogos apresentados a gestão eficaz do ritmo do jogo não foi observada. Caso tivesse sido, aquelas habilidades anteriormente mencionadas estariam evidenciadas. Questione (e justifique) caso discorde!

Por fim, idealizo situações de treino em que a equipe com determinada vantagem no placar tenha objetivos diferentes no jogo (descansar com a bola) daquela que está em desvantagem. Em outras situações, a criação de jogos com regras que aumentem o ritmo (intensidade) do jogo. Um Modelo de Jogo que alterna rotações tem valor agregado para manter a ordem no grande ambiente de desordem que é um jogo de futebol.

Baixar o ritmo pode ser um princípio importante para adquirir/manter/conseguir vantagem perante aos adversários. Para fazê-lo (nos “como” e “quando”), serão necessários jogadores que dominem tais regras de ação impostas pelas ideias do treinador. Questiono-me se os atletas profissionais, já formados e em maestria esportiva, dominarão tais regras de ação se treinarem em caixas de areia, em volta do campo, em circuitos, com trações, em salas de musculação, ou então, em quaisquer outros treinos que não jogos que tornem propensos os comportamentos desejados. Acho que já conhecem a minha resposta!

Obs: Não pensem que desconsidero o físico. Desconsidero-o isoladamente! Não deixe de acompanhar as próximas colunas que, em breve, tratarão deste tema!

Para interagir com o colunista: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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Série C

Um dos assuntos mais comentados desta semana, chegando ao topo dos “Trending Topics” do Twitter, a até então relegada Série C do Campeonato Brasileiro ganha novos ares, patamares e projeção após anúncio da CBF de que a competição passa a ter subsídio financeiro para os clubes (em transporte, hospedagem, taxa de arbitragem e alimentação), TV e um calendário mais amplo.

O avanço merece registro. Há algum tempo os clubes de médio e pequeno porte clamavam por uma atenção maior da entidade máxima do futebol que, enfim, veio em boa hora, em um momento que o mercado do futebol no Brasil começa a ensaiar os primeiros passos rumo a um crescimento mais sustentável – desde que, é claro, se quebrem algumas barreiras e mentalidade arcaica dentro de alguns clubes e entidades de administração do esporte.

Fazendo uma conta bem rápida, se consideramos os 20 clubes da Série C, com um elenco de jogadores mais a comissão técnica, girando em torno de 40 pessoas, o aumento em dois meses na competição representa um incremento em torno de R$ 8.000,00 apenas para este grupo de pessoas.

A conta não leva em conta toda a indústria que gira em torno do futebol, que vai desde o vendedor de cachorro quente (ou espetinho de gato), passando pelo transporte utilizado para levar o torcedor até o estádio até os profissionais da imprensa esportiva, que terão mais oportunidades para realizar a cobertura do campeonato.

Enfim, pela dimensão do país e a quantidade de clubes existente, um olhar mais cuidadoso em todas as manifestações da prática do futebol será capaz de contribuir ainda mais para o desenvolvimento e a formação de novos jogadores no Brasil.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Direito Desportivo na prova da OAB

Até o ano de 2016 o Brasil realizará um grande evento esportivo por ano, quais sejam: Copa das Confederações em 2013, Copa do Mundo em 2014, Copa América em 2015 e Jogos Olímpicos em 2016. Diante disso, percebe-se um imenso crescimento do Direito Desportivo.

A força do Direito Desportivo foi novamente demonstrada no último exame da OAB por meio da questão abaixo:

Durante competição esportiva (campeonato estadual de futebol), o clube “A” foi punido com a perda de um ponto em virtude de episódios de preconceito por parte de sua torcida. Com essa decisão de primeira instância da justiça desportiva, o clube “B” foi declarado campeão naquele ano. O clube “A” apresentou recurso contra a decisão de primeira instância. Antes mesmo do julgamento desse recurso, distribuiu ação ordinária perante a Justiça Estadual com o objetivo de reaver o ponto que lhe fora retirado pela Justiça arbitral. Diante de tal situação, é correto afirmar que:

(A) como o direito brasileiro adotou o sistema de jurisdição una, tendo o Poder Judiciário o monopólio da apreciação, com força de coisa julgada, de lesão ou ameaça a direito, é cabível a apreciação judicial dessa matéria a qualquer tempo.

(B) as decisões da Justiça Desportiva são inquestionáveis na via judicial, uma vez que vige, no direito brasileiro, sistema pelo qual o Poder Judiciário somente pode decidir matérias para as quais não exista tribunal administrativo específico.

(C) como regra, o ordenamento vigente adota o Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição (art. 5º, XXXV, da CRFB); todavia, as decisões da Justiça Desportiva consubstanciam exceção a essa regra, já que são insindicáveis na via judicial.

(D) o Poder Judiciário pode rever decisões proferidas pela Justiça Desportiva; ainda assim, exige-se, anteriormente ao ajuizamento da ação cabível, o esgotamento da instância administrativa, por se tratar de exceção prevista na Constituição.

A resposta indicada como correta foi a da letra “D”.

Trata-se, no cerne, da averiguação da aplicabilidade, ou não, do princípio da inafastabilidade da jurisdição (art. 5º, XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito).

A resposta é encontrada no § 1º, do art. 217:

“§ 1º – O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.”

Dessa forma, não afasta-se do Poder Judiciário as questões atinentes à Justiça Desportiva, mas condiciona ao esgotamento das instâcias desportivas, o que afasta as alternativas “A”, “B” e “C” e corrobora a resposta.

Apesar disso, há um ponto no enunciado da questão que merece atenção especial. O avaliador, utilizou o termo “Justiça Arbitral” para qualificar a Justiça Desportiva. Destarte, entendo ter havio equívoco, eis que a “Justiça Arbitral”, prevista na Lei 9307/1996, estabelece a possibilidade das partes, mediante convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral. Ademais, a sentença arbitral somente pode ser objeto de anulação pelo Poder Judiciário, nos termos do art. 33, da Lei de Arbitragem.

No caso da Justiça Desportiva inexiste cláusula arbitral, o que há é uma determinação constitucional acerca da competência para decidir questões atinentes à disciplina e competições despotivas com a ressalva de que o Poder Judiciário somente poderá ser acionado após o exaurimento das instâncias desportivas.

Apesar da impropriedade apontada, não creio que haja razão para anulação da questão, razão pela qual ratificaria o gabarito oficial.

De toda sorte, não há dúvidas de que a Ordem dos Advogados do Brasil demonstraram valor e apreço ao moderno ramo do direito conhecido como Direito Desportivo e a imensa comunidade de juristas, advogados, estudantes e simpatizantes, agradece.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Custo das arenas para a Copa do Mundo de 2014

Ultimamente tenho visto muita gente comparando os custos dos estádios da Copa do Mundo 2014. No entanto, vejo que isto está sendo feito de um ponto de vista não muito coerente e com o intuito errado. A grande e imensa maioria olha para os valores comparando de forma a criticar um ou outro, de acordo com seus interesses, seja por provocação a times, como crítica a cidades e políticos.

Acredito que deveriam ser olhados um por um para ver se o valor está de acordo com o que cada projeto e local propõe, buscando, aí, uma transparência dos investimentos públicos.

O Brasil tem grandes diferenças sociais e de investimento e a Copa do Mundo abrange as cinco regiões do país: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Cada local tem custos de construção extremamente variáveis, tanto em relação aos materiais básicos de construção (ferragens, concreto, etc.), como no custo da mão-de-obra. Construir em São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, é bem mais caro que fora dessas capitais. Não justifico aqui os gastos altíssimos desses estádios, mas quero mostrar que devem ser tratados individualmente em suas análises de custo.

São muitos fatores que influenciam nestes orçamentos apresentados e citarei aqui alguns deles. Qualquer profissional considera o prazo de elaboração de projeto ou prestação de serviços alterando, assim, seus honorários; portanto, é óbvio que a Arena Corinthians, feita sob urgência extrema, terá um preço que seria bem mais barato se a cidade tivesse se preparado adequadamente conforme os prazos da Fifa, apresentando ainda na fase da escolha das cidades-sede o seu estádio oficial, do Corinthians, com o projeto semi encaminhado.

Por outro lado, estádios que estavam encaminhados provavelmente sofrerão mudanças de custos devido ao atraso nas obras, como Natal, Pernambuco (que, na verdade, é São Lourenço da Mata) e Porto Alegre. Ou seja, cronograma influenciou e pode ainda influenciar no custo das obras.

Há multas contratuais diárias para atrasos em obras, principalmente de grande porte. Nisso, entram: aluguéis de máquinas e equipamentos, perdas de materiais, atrasos em entregas, gastos com mão-de-obra a mais e com turnos noturnos (mais caros), entre outros gastos.

O projeto também interfere muito, tanto pelo tratamento e acabamento trabalhados pelo arquiteto, quanto pelo conceito já definido a princípio (sustentabilidade e atividades muito bem definidas antes mesmo de começar o projeto). Um estádio com estruturas temporárias, de certo, terá custo diferente de estádios com estrutura permanente/definitiva, ou seja, construção de fato.

Não dá para comparar somente a capacidade dos estádios. Movimentações de terra (terraplanagem e sondagem), materiais de acabamento, soluções de iluminação, ventilação artificiais ou naturais, estrutura e tecnologia podem tornar mais baratas ou mais caras as construções a princípio, mas podem mudar muito e são fundamentais para a gestão futura destes equipamentos, diminuindo seus custos futuros com manutenção de materiais e reduções mensais dos gastos fixos dos estádios, como água, luz, e controles de temperatura, por exemplo.

Algumas destas soluções mais bem pensadas requerem mão-de-obra extremamente especializada, fornecidas pelos próprios fabricantes, o que implica em maiores gastos iniciais, mas obrigatórios para uma execução adequada e que podem poupar em gastos desnecessários futuros.

Deve ser levada em conta a situação do estádio antes das obras, sendo que pode ser uma reforma ou a construção total ou parcial do equipamento. Temos exemplos em todos estes casos, somando mais um motivo para dificultar a comparação. O estádio da Fonte Nova e a Arena de Manaus são exemplos de reforma, com implosão de partes extremamente atrasadas e deterioradas, respectivamente, entrando no valor total não só o custo de construção, mas de implosão e retirada de materiais.

Já como reforma de um estádio de qualidade relativamente boa e atualizada, entra a Arena da Baixada, no Paraná, onde os gastos estão relacionados somente a reformas e adequações podendo somar ainda, tecnologia de ponta. A Arena do Corinthians, por exemplo, entra como uma construção total (mesmo com o terreno e fundação brevemente iniciadas com projeto anterior), obrigando ter custos mais altos que os de reforma. Já o caso do Maracanã, o que pode elevar bastante o custo é o seu porte, aí sim, pois ser significativamente maior.

Há, sem dúvida, exploração dos contratados visando um ganho maior com a necessidade e única opção no fornecimento de materiais ou serviços, ficando mais caro dependendo do que consta no projeto de cada estádio. A necessidade ou não de transporte de matéria-prima pode colaborar com o custo final da construção, assim como gastos com restauro e obras nas imediações, coisa que muitas cidades não se propõe a fazer.

Neste momento deve entrar a fiscalização para que os estádios possam conquistar o selo de construção verde, controlando o descarte e obtenção de resíduos e materiais.

É incabível, portanto, comparar os estádios – são muitos quesitos a serem considerados, e mencionei somente alguns que me vieram em mente. A população deveria parar de querer comparar os gastos, mas questionar se cada um deles é pertinente e cobrar que as licitações não influenciem nos custos altos, que os gastos sejam postos à consulta pública e que a fiscalização seja feita evitando a corrupção.

De qualquer forma, abaixo estão os custos* de cada arena que será sede da Copa do Mundo 2014:

Mineirão – Custo: R$ 666,3 milhões (estádio: R$ 438,2 mi / esplanada: R$ 228,1 mi)*

Mané Garrincha – Custo: R$ 920 milhões

Arena pantanal – Custo: R$ 456,7 milhões

Arena da baixada – Custo: R$ 183 milhões

Castelão – Custo: R$ 474,8 milhões

Arena da Amazônia – Custo: R$ 499,5 milhões

Estádio das Dunas – Custo: R$ 400 milhões

Beira-Rio – Custo: R$ 330 milhões

Arena Pernambuco – Custo: R$ 465 milhões

Maracanã – Custo: R$ 883,5 milhões

Fonte Nova – Custo: R$ 591 milhões (R$ 786 milhões, incluindo outras despesas)

Arena Corinthians – Custo: R$ 900 milhões (entre R$ 50 mi e R$ 70 mi para arquibancadas provisórias e R$ 10 mi para remoção de dutos)

*Os custos foram retirados do Portal da Copa 2014.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br