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O conhecimento científico e a prática: a ciência precisa provar da prática e aprender com ela!

A aquisição de informação é quase que inevitável. O simples fato de estarmos vivos já nos permite passar por experiências que de certa forma vão compondo os nossos saberes.

Saber significa experimentar. Experimentar significa viver novas experiências a cada dia. Muitas são as experiências pelas quais passamos ao longo de anos de vida. Algumas vezes nos deparamos com problemas pelos quais já passamos, e o fato de tê-los vivido anteriormente nos ajuda na elaboração de soluções mais apropriadas para encará-los novamente. O fato é que por algumas vezes nos cegamos alicerçados pela tal “experiência” e nos fechamos a novas opiniões, novas sugestões, novos conhecimentos.

O conhecimento também é algo que também adquirimos, mas advém de outra fonte, não da experiência vivida, saboreada. O conhecimento vem dos livros, vem dos debates, vem das discussões, vem das observações. O conhecimento nos permite entender certos fenômenos sem que eles sejam “saboreados”. Então podemos conhecer o gosto de uma maçã mesmo sem nunca ter comido uma. Mas nunca saberemos de verdade o gosto dessa fruta se não a saborearmos.  Para conhecermos sobre o gosto de uma fruta que nunca comemos basta perguntar a alguém que já a comeu e teremos uma descrição do seu sabor. Para sabermos qual o gosto dela, devemos comê-la.

E é daí que parece um grande problema, principalmente ao observamos o Futebol (mas que está presente na política, na universidade, nas grandes empresas, enfim em diversos contextos do dia-a-dia das pessoas): a distância entre o conhecimento científico e a prática experimentada e vivenciada por aqueles que tem de vida quase a mesma idade que tem de Futebol.

O fato é simples, por vezes a Universidade produz conhecimento que não alcança a prática, o campo (ou chega nele atrasado), e portanto não contribui como poderia para o desenvolvimento maior do Futebol (nos seus mais diversos aspectos). Por outro lado, paira por vezes uma certa desconfiança daqueles que sabem sobre o Futebol (por que o experimentaram em suas diversas manifestações) a cerca do conhecimento científico que a comunidade acadêmica pode trazer à prática deste desporto (afinal será realmente que a Universidade conhece os problemas da prática?).

A Universidade poderia aprender, crescer e construir mais e mais conhecimento se pudesse estar presente na prática do Futebol, pois conhecimento e sabedoria juntos podem estruturar informações mais aplicadas e concisas.

Clubes, equipes, técnicos, jogadores são as pedras mais preciosas que as Ciências aplicadas ao Futebol podem estudar.

E é esse o ponto.

Infelizmente, movida muitas vezes por uma soberba sem sentido, a Universidade certa daquilo que pode ensinar aos “homens do Futebol” se descuida e não percebe que é ela que tem muito a aprender.

E se os “homens da Ciência” têm coisas imediatas que podem ensinar (e claro, tem muito!), mas não são ouvidos, que não reclamem, e que tratem logo de fazer aquilo que deveriam estar habituados em seu ofício: provar (provem e serão ouvidos; mas que falem em uma língua que possa ser entendida)!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Movimento uniformemente parado

Dois fatos durante os últimos meses, um no Brasil e um na Europa, evidenciam a natureza um pouco insana da indústria do futebol.

No começo do ano, estava tudo meio parado, e parecia que esse tédio iria durar certo tempo. Times não contratavam jogadores nem técnicos, principalmente, esses últimos. Apesar da má performance de algumas equipes, dirigentes se refutavam demitir o comandante de seus times. A argumentação era que não havia boas opções no mercado. O sistema estava, de certa forma, imóvel e estável.

Bastou um time demitir, no caso, o São Paulo demitir o Muricy, para o sistema se tornar completamente instável. Se há poucos meses, todos os técnicos estavam minimamente tranquilos em suas posições, de repente, todos ficaram ameaçados. O sistema está, no presente momento, maluco. A sombra de Muricy ameaça muita gente. Quando ele se assentar, aparecerá a sombra de Luxemburgo. E assim por diante.

O mesmo acontece com o mercado de transferências. Estava tudo muito tranqüilo. A crise tinha esfriado os ânimos de muita gente. Mas eis que reaparece o Pérez pra por fogo no circo. Com a grana do C. Ronaldo, o Manchester já pagou o Valencia do Wigan, que por sua vez contratará jogadores menos valorizados e, talvez, em maior quantidade. Com a grana do Kaká, o Milan já comprou um zagueiro estadunidense, e agora promete levar o L. Fabiano. Com a grana dele, o Sevilla deve comprar outros atletas menos valorizados, o que pode abrir espaço para jogadores, atualmente, jogando no Brasil, assim como a grana do Benzema pro Lyon, e daí pra frente.

A mobilidade e migração de trabalhadores, tanto jogadores como técnicos, é uma das características mais preponderantes da indústria do futebol. Ela não obedece a padrões normais de outros mercados de trabalho, sendo muito reagente ao capital disponível no mercado específico do futebol, que, por sua vez, é variável de acordo com uma série de questões que vão desde a necessidade de chamar a atenção perdida, como o Real Madrid, ou uma briga por questões hierárquicas, como o Luxemburgo e o Palmeiras.

Uma hora ou outra ele volta a ficar parado. Mas, do jeito que as coisas estão indo, ainda vai demorar um pouco.

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Thriller esportivo

“A maior personalidade em licenciamento de marca do país.

Eliana. Apresentadora, cantora, produtora, empresária.

Eliana está comemorando 21 anos de carreira. Uma marca que já movimentou mais de R$ 1 bilhão. Vamos planejar o que ela pode fazer por sua marca”.

Este é o anúncio da empresa de licenciamentos, participações e produções da multiartista Eliana na Revista Veja desta semana, cuja mudança da TV Record para o SBT não encontra rival no mercado interno de transferências em nosso futebol ao longo dos últimos meses.

Existem muitos indicadores do sucesso de Eliana na área de licenciamento de produtos – livros, filmes, brinquedos e CD – que justificam sua escolha por empresas que queiram associar suas marcas à imagem da artista.

Kaká foi apresentado, na semana passada, para um Santiago Bernabéu lotado por 55 mil torcedores do Real Madrid. Um verdadeiro evento, que atraiu a atenção de um número fantástico de meios de comunicação e jornalistas. Leonardo, brasileiro e atual técnico do Milan, clube anterior do jogador, o comparou a Tom Cruise, dada sua pertinência no imaginário das pessoas que acompanham o futebol mundial.

Recordes? Nada. Cristiano Ronaldo foi apresentado ontem. Mais caro, mais pessoas no estádio, mais jornais e TVs… O melhor jogador do mundo em 2008 também teve aparição e cortejo cinematográficos.

Os ídolos são um grande e poderoso dínamo que move as indústrias das artes e dos espetáculos e é algo que pode começar a ganhar mais relevo no esporte em geral.

Isso se deve ao interesse pelo sportainment: mescla entre esporte e entretenimento. As pessoas querem se deleitar com espetáculos cheios de astros, de emoções (positivas e, até mesmo, negativas), de experiências sensoriais. E, estão dispostas a pagar por tudo isso, pois são momentos de refúgio da realidade cotidiana que, no mais das vezes, oprime ousadias subjetivas e levam pessoas a fazerem o que podem e o que não podem com seus espremidos orçamentos.

Em um caldo cultural favorável, a própria morte de uma pessoa importante do showbizz, Michael Jackson, passou, rapidamente, de momento trágico e triste para um filme cheio de suspense e negócios: Como morreu? Por quê? Quem cuida dos filhos? Quem cuida da herança e das dívidas? Prejuízo pelos shows cancelados? Não, os fãs querem guardar os ingressos como lembrança. Por falar em ingressos, você poderia tentar comprar o seu, via internet, para o funeral do cantor em Los Angeles. No meio disso tudo, muito dinheiro rolando, com vendas de CD e downloads de músicas nas alturas…

No futebol brasileiro, fica difícil imaginar algo semelhante ao que ocorre no Real Madrid. Nossos astros não estão aqui. Estão lá. A movimentação das riquezas da indústria do futebol também ruma para a Europa, num ciclo virtuoso.

Quem sabe, Flamengo e Corinthians, com Adriano e Ronaldo, desafiem este protocolo por meio de uma herança maldita de décadas de descaminhos administrativos em nosso futebol.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Futebol, tecnologia e frases para refletir I

Olá amigos.

Costumo sempre utilizar algumas frases ditas por famosos sejam eles grandes intelectuais ou apenas, como diriam alguns, pessoas como nós, comuns, mas não menos inteligentes.

Algumas pessoas, às vezes se queixam, dizendo que a utilização dessas frases é um artifício pirotécnico, que servem apenas para impressionar, talvez até com a ideia de que quem as utiliza o faz por petulância e necessidade de referendar seus pensamentos com nomes mais conhecidos.

Não que isso não aconteça, mas eu, particularmente, penso de outra forma, acredito sim no  poder de captação que o nome conhecido dá a frase, mas muito mais do que isso, existem algumas que se encaixam perfeitamente de forma sucinta e direta naquilo que tentamos nos expressar com páginas e páginas de argumentos.

No texto de hoje me permito trazer algumas e coloco-as vinculadas a uma dada situação que observamos a respeito do mundo do futebol e da tecnologia ao qual nos referimos semanalmente.

Esses vínculos são frutos da subjetividade deste que vos escreve, mas gostaria de ouvir e receber dos amigos leitores o que algumas dessas frases lhes fazem pensar e que relações estabelecem com o futebol.

Sobre a centralização do poder nas mãos dos técnicos, e o egocentrismo exagerado de alguns deles, esquecendo, às vezes, de que os frutos de seu trabalho dependem muito da relação que estabelecem com seus subordinados. Ou ainda, por outro lado, sobre as pessoas que utilizam de artifícios para se eximir de suas responsabilidades:

“Ninguém é suficientemente competente para governar outra pessoa sem o seu consentimento”. (Abraham Lincoln)

Sobre as análises que se fazem após o resultado obtido, da qual julgo ser muito perigoso vincular sucesso, única e exclusivamente, ao resultado do jogo. Ainda que, o que vale de fato seja o resultado propriamente dito, julgo necessário que se desenvolvam mecanismos de avaliação concreta, condizentes com planejamento, com as condições oferecidas, com bases em parâmetros claros e coerentes, pois, senão, o que nos resta e concorda que:

“As melhores estratégias são escritas no pretérito”. (Alphonse Allais)

Sobre a resistência à implementação tecnológica no futebol, sobretudo na perspectiva de que a tecnologia é falha justamente por não atender a todas as expectativas (leia-se: o notebook não entra na área para cabecear uma bola), acaba-se por julgar a tecnologia como algo que não serve ao futebol, que não representa a necessidade  primária, que é fazer a mágica daquilo que deveria ser fruto do trabalho e do planejamento.

“Qualquer tecnologia suficientemente avançada parece ser mágica”.  (Arthur C. Clarke)

Bom amigos, planejo ao menos uma vez por mês trazer algumas breves reflexões e frases, e espero contar com a participação de vocês para estendermos o debate interpretativo dessas citações.

No texto de hoje, contamos com a contribuição de um trio composto por um advogado e ex-presidente americano, um jornalista e escritor francês, além de um escritor e inventor britânico.

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O dilema de Muricy

Não sei, de fato, a quantas andam as conversas entre Palmeiras e Muricy Ramalho. Também não tenho ideia de quais seriam os fatores que possam ser decisivos para a escolha ou a recusa ao cargo de novo treinador do Palmeiras.

Dinheiro, provavelmente, não é. Muricy já foi muito bem remunerado no São Paulo e continuaria a ter um elevado patamar salarial no Palestra Itália. Garantia de trabalho de longo prazo também não deve ser um empecilho, principalmente porque o Palmeiras precisa, até por uma questão de imagem, manter seu treinador por mais tempo que o habitual.

O que deve estar pegando mesmo, a meu ver, é a imprensa. Ou, melhor, o quanto Muricy está preparado para deixar esse delicioso período de duas semanas de férias.

É muito provável que, na cabeça do treinador, um filme deva estar passando por sua cabeça. Viagens, concentrações, entrevistas coletivas… MEU DEUS! Não, por favor, não as coletivas…

Muricy encarnou, em três anos de São Paulo, o protótipo do ranzinza. Respostas atravessadas, pouca chance de se relacionar bem com os jornalistas, falta de vontade de falar, seja na alegria, seja na tristeza.

E, nessa disputa, estou totalmente do lado de Muricy. Nesses dias de sossego com a família, o treinador deve estar pensando, e muito, se vale o sacrifício de, mais do que ir ao treino, mais do que aguentar a pressão de jogadores e torcedores, mais do que ter de se relacionar com dirigentes, ter de enfrentar, todo dia, a mesma rotina, as mesmas perguntas, as mesmas indagações de por que o time vai mal ou por que ele vai bem.

Muricy poderia colocar uma condição para a diretoria do Palmeiras para aceitar o convite de ser o treinador. Entrevista coletiva, apenas duas vezes por semana. Uma antes de cada partida.

Depois dela, deixem os jogadores falarem.

É bem provável que a vida de Muricy, e da própria mídia, seria mais tranquila com um pré-requisito desses. E, no final das contas, quem sabe a imprensa começaria a refletir qual é, afinal, o real sentido de uma entrevista coletiva…

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Seleção Brasileira de Futebol e os atalhos do jogo: menores distâncias percorridas e mais partidas vencidas

Chegou ao fim a “Fifa Confederations Cup”, ou simplesmente Copa das Confederações. A seleção brasileira de futebol foi mais uma vez campeã. Mas, como tudo passa muito rápido nesse nosso mundo, já não é mais notícia nos jornais esportivos Brasil a fora. Kaká, Copa Libertadores, pré-temporadas na Europa, Copa do Brasil, etc., etc., etc… Novos (ou velhos) assuntos vão chegando e saindo do noticiário esportivo, e a vida segue.

Pois bem. Ainda que possa parecer notícia atrasada – mas não tendo nada a ver com notícia e muito menos atrasada – quero hoje falar da Copa das Confederações; ou melhor, da seleção brasileira de futebol na Copa das Confederações.

O Brasil das confianças e desconfianças teve um desempenho muito bom. Se considerarmos que “no futebol competitivo, um bom treinador e uma boa equipe são os que vencem, são os campeões” e que isso “passa pela valorização futebolística e humana dos jogadores, pelo interesse que eles colocam no que fazem, pelo valor que eles descobrem em si mesmos e nas vitórias que perseguem” (MANUEL SÉRGIO, 2008, p.124), podemos dizer que o desempenho foi muito bom mesmo.

Se buscássemos entender e analisar o rendimento da equipe brasileira por outras lentes, que não somente a do resultado final, certamente teríamos muito para discutir. Talvez mais prós, talvez mais contras. O fato é que a seleção do Brasil foi campeã, e isso vai ser usado a favor do meu argumento que virá na seqüência.

Recentemente levantei, aqui nesse espaço, questões e propus reflexões a respeito de outra forma de olhar para a fisiologia e para a preparação física no jogo de futebol. Sem querer mais polêmicas, mas com o intuito de uma sutil provocação quero dizer ainda aos que não tiveram acesso à informação: a seleção brasileira de futebol, a equipe campeã da Copa das Confederações foi a equipe que percorreu menor distância nos jogos dentre todas as participantes da competição.

Vejamos a figura abaixo:
 

 

Observemos que a equipe do Brasil não só foi a que percorreu a menor distância nos jogos, como também comparada a seleção dos Estados Unidos, que foi a vice-campeã, “desbravou” 34 quilômetros a menos no total percorrido nos cinco jogos que jogaram. Se levarmos em conta que um jogador em uma partida percorre em média entre 10 e 11 quilômetros, podemos dizer que a seleção norte-americana “correu” para mais três jogadores quando comparada ao Brasil.
 
A seleção brasileira ganhou, percorreu menor distância (correu pelos “atalhos”?!) e ainda – é só consultar o site da Fifa para conferir – acabou correndo menos também (em intensidade relativa as velocidades de deslocamento).
 
Não estou eu aqui a defender que não se corra em campo, que os jogadores não precisam se deslocar e que a movimentação não é importante no jogo.
 
Nada disso.
 
O que quero mais uma vez, é chamar a atenção para o fato de que o jogador se desloca jogando (por motivos, significados, intenções), para resolver problemas do jogo.
 
Isso quer dizer que para uma tarefa qualquer do jogo que precise ser resolvida, resolvê-la não significa necessariamente correr. Da mesma forma, percorrer maiores distâncias (ou correr mais) não vai necessariamente ser solução para os problemas que surgem no jogo.
 
Se fosse uma maratona, ou outra prova de corrida e resistência, e não o jogo de futebol, certamente os números da seleção brasileira com relação a distância percorrida não seriam animadores quando comparados aos dos seus adversários.
 
Há quem prefira dizer que esses resultados significam tão e somente que os jogadores brasileiros estavam mais cansados do que seus pares oponentes.
Pode ser. O fato é que, por esse ou por outro motivo qualquer, prefiro a idéia de que o Brasil correu “melhor” (e não “mais”) para resolver os problemas do jogo (e os seus).
 
Inegável é que a seleção brasileira, foi circunstancialmente melhor, afinal venceu a competição.
 
E para terminar, uma coisa:
 
– Ou eu ou o Van Gaal, um dos dois deve estar com problemas para entender futebol neste momento. Ao que me consta, e espero estar errado, ele não quer contar com o Lúcio (o Lúcio, capitão da seleção brasileira de futebol!) na sua equipe na Alemanha. Com tantas conquistas do treinador holandês, quem realmente deve estar com problemas sou eu. Espero melhorar…
 
Citação presente no corpo desse texto:
SÉRGIO, M. Textos insólitos. Lisboa: Instituto Piaget. 2008.

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Lições da final da Copa do Brasil

Caros amigos da Universidade do Futebol,

Esta semana foi marcada no cenário futebolístico do Brasil pela vitória do Corinthians na Copa do Brasil.

Pudemos tirar duas importantes lições desse fato, que devem servir de exemplo para os outros clubes e demais organizações de futebol do nosso país.

A primeira delas é positiva. Em diversas oportunidades, temos dito neste espaço que o futebol nacional precisa ser alavancado pela presença de grandes jogadores. O Brasil é sem dúvida nenhuma o maior produtor de craques, e é inadmissível que nossos campeonatos não tenham um nível de excelência em campo.

Temos ressaltado também que é impossível segurar nos nossos clubes os grandes astros da atualidade, como Kaká, Robinho, etc. Porém, perdemos todos os anos jogadores espetaculares que, se tivéssemos uma maior organização interna, não iriam para o exterior.

Além disso, temos a chance de trazer de volta grandes ídolos que já fizeram carreira internacional, e, hoje, estão mais perto da aposentadoria e ainda jogando no exterior.

A vinda do Ronaldo para o Corinthians foi não só uma grande jogada de marketing, como também influenciou diretamente os resultados do time dentro de campo. Esse modelo de ação estratégica deve ser ressaltado e seguido por outros clubes, na medida de suas capacidades. Tudo em prol de um maior desenvolvimento de nossos campeonatos pátrios.

A lição é que temos que fazer o possível para manter, ou trazer de volta, nossos grandes valores.

A segunda grande lição da final da Copa do Brasil é a questão disciplinar. E essa é negativa.

Em um jogo de grande interesse por parte de investidores, mídia e torcedores, não podemos mais aceitar impunemente cenas de incitam a violência e o anti-jogo.

Dentro desses atos, incluem-se as cenas de brigas, que são obviamente lamentáveis, mas também a cena do jogador do Corinthians que impede que seu companheiro de clube levante-se, sugerindo que permaneça no gramado para retardar o reinício do jogo. Esse ato, naquela altura do jogo, provocou uma reação desmedida dos jogadores do Inter e deve ser igualmente repreendida.

Uma final como aquela aguça o emocional de quem quer que assista a partida. São esses sentimentos que fazem com que exista investimento no futebol.

E nosso papel é proteger esses momentos e blindá-los contra qualquer tipo de atitude negativa.

E parabéns ao Corinthians e ao Inter pelo belo espetáculo de futebol. Todos nós agradecemos.

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O meu doutorado

Acabei o primeiro capítulo do meu doutorado. Na verdade, na verdade, é o segundo. É sobre a indústria do futebol europeu. O primeiro foi sobre o ambiente brasileiro. Só que esse eu escrevi em 2006 e em português. Ou seja, além de desatualizado, está na língua errada. Esse de agora, sobre o futebol europeu, resolvi escrever direto em inglês para poupar tempo. Não é nada fácil. Mas é melhor do ter que traduzir depois.

Nesse capítulo foram utilizadas 84 referências diferentes, 67 artigos e 17 notícias de jornais diversos. Ainda não contabilizei os livros e as revistas, mas deve ser pouco mais do que isso. O grosso é artigo mesmo. Tem até um falando sobre o futebol norueguês.

Eis o que tem de interessante:

– Os clubes da Premier League devem, conjuntamente, mais do que £3 bilhões. Metade disso é responsabilidade do Manchester United e do Chelsea;

– Em 10 anos, a receita dos clubes das cinco principais ligas da Europa cresceu 284%. O gasto com salários e transferências, em compensação, subiu 323%;

– De 1999 a 2001, o Leeds pegou £109 milhões emprestados e gastou £70 milhões só com transferências. Deu no que deu;

– A receita de camarotes do Emirates, novo estádio do Arsenal, gera a mesma grana por jogo que o antigo estádio inteiro, o Highbury;

– O Chelsea gastou £20 milhões em seu novo CT;

– Em 1991, sem a Premier League, a Sky tinha 2,1 milhões de assinantes. Em 2008, depois de 16 anos com a Premier League, a Sky tem 13,5 milhões de assinantes;

– O site da Bundesliga teve em média mais de 90 milhões de pageviews por mês na temporata 2007-2008;

– Os quatro clubes com maiores contratos de patrocínio da Premier League receberam em conjunto £ 36 milhões na última temporada. Os quatro menores receberam 10 vezes menos;

– Nos últimos 10 anos, todas as principais ligas da Europa viram um significativo aumento de torcida no estádio, menos a Itália, que passou de 31 mil a 23 mil torcedores por jogo.

Fora isso, é tudo enrolação, que se arrasta por 21 longas páginas. Trabalho acadêmico bom é aquele que você escreve o conteúdo de uma linha em uma página.

Peço desculpas pelo teor da coluna. Sei que tem coisa muito mais importante pra falar do que o meu doutorado. Mas, acredite, o dia que você tiver a infeliz idéia de fazer uma tese de doutorado, você vai perceber que não consegue falar sobre mais nada além dela.

O primeiro capítulo, ou o segundo, pelo menos, já foi.

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O jogo da lei contra o mercado

O Direito, expressado por sua regulamentação normativa, normalmente, surge como consequência dos acontecimentos sociais, não como sua causa. 

A legislação, quando é meramente proibitiva, costuma engessar a capacidade de evolução da atividade humana. É melhor regulamentar do que apenas proibir. Sempre. 

No futebol, não seria e não é diferente. Legislação desportiva – amplamente considerada aqui, e que inclui regulamentos e normativas da própria Fifa e desígnios do sistema jurídico no Brasil – e as movimentações dos atores no grande mercado esportivo mundial costumam vivenciar momentos de tensão e energia transformadora, de tempos em tempos, para, como nos terremotos, acomodarem-se as placas dos interesses em disputa.

Não só nestes casos, mas também isso ocorre, ainda que de maneira latente, em contratos válidos e em vigor, que se transformam na chamada “lei entre as partes”.

Ilustremos este embate de forças por meio de quatro recentíssimos temas que impulsionam a discussão sobre a prevalência de um sistema sobre o outro.     

1. Miranda: o jogador foi para a seleção brasileira campeã da Copa das Confederações e teve visibilidade internacional ainda maior do que o prestígio conquistado em tempos de São Paulo. O Milan demonstrou interesse, segundo o próprio jogador. Lei: paga-se a cláusula penal em favor do São Paulo, estimada em US$ 20 milhões e o jogador é transferido. Mercado: o São Paulo necessita de dinheiro em caixa e admitiu vender o jogador por menos. Vitória para o mercado. 

2. Kaká: foi para o Real Madrid vendido pelo Milan por estimados US$ 65 milhões. Talvez a cláusula penal de seu contrato fosse maior do que isso e o valor/utilidade do jogador sejam maiores. Mas o Milan também precisava de dinheiro. Vitória para o mercado.

3. Copa Paraná: a Lei Pelé obriga as entidades de administração do esporte que, em seu âmbito de atuação, federal ou estadual, ofereçam calendário de competições oficiais durante o ano todo para os clubes filiados. No Paraná, para a disputa da copa estadual, no segundo semestre, houve apenas três clubes interessados. Os demais alegaram prejuízos insanáveis para disputá-la e a competição foi cancelada. Vitória para o mercado.

4. Lúcio: um dos melhores zagueiros do futebol mundial nos últimos anos e capitão da seleção brasileira, além de nove anos de sucesso no futebol alemão. Com este histórico, acaba de ser dispensado pelo novo técnico de seu clube, Louis Van Gaal, do Bayern de Munique, mesmo tendo mais um ano de contrato. Provavelmente, jogador e clube entrarão num acordo amigável para liberação e, por ser o Lúcio quem é, será contratado por um grande clube do futebol internacional, por valores muito menores do que seria em uma transferência como a de Kaká. Vitória para o mercado.

Em minhas contas, goleada do mercado sobre a lei, por pujantes 4 X 0.

Essa é a tendência. As tentativas da lei de encerrar o mercado numa redoma regulatória, fundamentalmente, servirão para conter abusos e equilibrar forças e disputas de poder entre os atores do palco chamado futebol.

Não é suficientemente eficaz e inteligente enclausurar o futebol num escafandro de ferro chamado contrato, pois ele irá quebrá-lo ou morrer sufocado, se não houver este equilíbrio de forças e clareza de propósitos entre aqueles que o firmaram e, por que não, quando chega o momento de resolvê-lo consensualmente. 

O mercado, atualmente, é time grande e global, como Real Madrid, Milan, Barcelona, Manchester. A lei, talvez seja convidada para disputar a Copa Paraná.

Em 2010, se houver quórum…

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O neverland do futebol

Michael Jackson se foi. E, junto com ele, foi o seu neverland, a sua terra do nunca, a máscara em que ele mesmo se meteu e se acabou ao longo de quase 30 anos de sucesso na indústria da música e do entretenimento.

O maior erro na vida de Michael Jackson talvez tenha sido ter virado uma presa fácil ao massacre da mídia. Desde que surgiu lá nos Jackson Five, nos anos 60, Michael se prendeu a um rótulo que a mídia criou. O show-man dos palcos se transformou no homem da terra do nunca dentro de casa, preso a uma mansão, atolado em dívidas, viciado em remédios.

A deplorável forma como terminou a vida de Michael Jackson revelou o que há de pior na perseguição da mídia às celebridades. Ao longo de décadas, a pressão da imprensa sobre um astro do pop levou-o à ruína, perdido dentro da imagem que a própria mídia criou.

O que vale para a música, sem dúvida vale da mesma forma para o esporte. O astro é equiparado o tempo todo ao esportista de sucesso. Pressão da mídia, necessidade de dar grandes shows, vida privada sempre devassada pelos jornalistas… 

Na sexta-feira, Vanderlei Luxemburgo foi demitido do Palmeiras. O treinador decidiu usar o Twitter e o seu blog pessoal para anunciar a decisão da diretoria palmeirense. 

Hoje, Luxa talvez seja o mais midiático técnico de futebol do país. Só que essa sua habilidade no relacionamento com a mídia é o que mais tem levado-o ao seu neverland. Luxemburgo tem se perdido na imagem que a própria mídia criou para ele.

Manager, estrategista, rei do Brasileirão… 

Já foram muitos os adjetivos usados para descrevê-lo. Curiosamente, quase sempre todos foram aplicados no momento de glória da carreira do treinador. 

E, assim como Michael Jackson, o treinador Vanderlei Luxemburgo tem ficado cada vez mais preso a essa imagem criada no passado, esquecendo-se da sua essência, que é ser um treinador de futebol.

A pior coisa que pode acontecer a um profissional midiático é ele ficar preso ao rótulo que a mídia criou. E o futebol é repleto de casos assim.

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