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Questão de estilo

Felipão não conseguiu nenhuma vitória em clássicos pelo Chelsea. Para piorar, no último domingo seu time foi dominado e nocauteado pelo Manchester United: 3 a 0 sem que o time de Drogba, Ballack e cia. pudesse assustar.

Nas últimas semanas, os jornais brasileiros destacaram, até pela falta de assunto generalizada no esporte, a corda-bamba em que vive o treinador brasileiro. Recém-contratado a peso de ouro, Felipão encontra um grupo rachado, um dono de clube com menos dinheiro após a queda mundial das bolsas e uma situação muito difícil de trabalho.

E, muito provavelmente, alardeia o noticiário de cá, Felipão será demitido do Chelsea. É só uma questão de tempo. Ou de Roman Abramovich conseguir um bom treinador para o seu lugar. Ou de clube e treinador acertarem a redução da multa rescisória do contrato e darem um “tchau” mais amigável.

Mas será que, de fato, existe algum problema no time do Chelsea? Felipão teve enormes dificuldades em seu começo na seleção de Portugal. Da mesma forma, penou no início mais do que turbulento de trabalho no time do Brasil (quem não se lembra da derrota para Honduras?!?!?!). E, igualmente, levou um pouco mais de tempo para engrenar com Cruzeiro, Palmeiras e Grêmio.

Começo de trabalho, com Luiz Felipe Scolari, geralmente é marcado por um período de ajustes, de conhecimento, de “começo de trabalho”. Como em qualquer área, início sempre é período de adaptação, de ambientação, de aprendizado.

A cultura européia permite que um treinador passe por um início um pouco menos brilhante do que o esperado. Brasileiros e russos talvez não tenham muito esse tipo de paciência. Para sorte, ou competência, de Felipão, o lugar que ele escolheu para treinar é dominado por um inglês. Sim, porque Peter Kenyon é o CEO do Chelsea.

E, por ter trabalhado no Manchester, em que o treinador está há mais de 20 anos no cargo, sabe que, no futebol, início é período de vacas magras. E olha que ainda Felipão não jogou as oitavas-de-final da Liga dos Campeões para ver se o vento, de fato, não vira a seu favor…

É uma questão de estilo. Não de urgência.

Para interagir com o autor: erich@cidadedofutebol.com.br

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Caro leitor,
 
Informamos que o colunista Rodrigo Leitão entrou em período de férias e não terá seus textos produzidos neste mês de janeiro.
 
Agradecemos a compreensão e desejamos um ótimo 2009 a todos!
 
Equipe Cidade do Futebol
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O retorno de craques

Caros amigos da Universidade do Fubebol,

Passadas as festividades do final do ano, é hora de começarmos a esquentar as turbinas para o ano de 2009. Como dissemos nas últimas colunas de 2008, é hora de checar o nosso bloco de anotações e ver quais foram as metas traçadas para o ano. E começar a trabalhar para atingi-las.

Uma anotação importante que tenho em meu bloco é a melhoria da nosso campeonato de futebol no Brasil. Não necessariamente em termos de organização. Mas principalmente em termos estratégicos, com vistas ao que está acontecendo ao redor do mundo.

Um importante evento ocorrido em 2008 foi a assinatura de Ronaldo “Fenômeno” com o Sport Club Corinthians Paulista. Toda a movimentação gerada por esse fato resulta em enorme contribuição para o futebol brasileiro. Mesmo aqueles comentários de natureza jocosa circulados principalmente pela internet.

A notícia do Fenômeno movimentou a mídia internacional. Isso mostra o aumento do interesse do nosso campeonato. Todos os comentários entre torcedores também indica que o interesse interno também crescerá. Vamos acompanhar o índice de audiência da estréia do Ronaldo. 

Agora, imaginem se cada time trouxer um grande astro, alguém que não estivesse sendo bem aproveitado no exterior e que tenha uma identificação com o clube, ou particular relevância no futebol nacional, etc. 

O retorno de ídolos é uma ferramenta que deve ser aproveitada e incentivada pelas autoridades do futebol. É claro que os “kakás” não voltarão. Mas existe uma infinidade de craques que poderia estar jogando no Brasil.

É claro que temos que ponderar a questão financeira que os clubes brasileiros enfrentam. Mas com a atual crise, todos os clubes, nos quatro cantos do mundo, estão sofrendo um pouco. E já existem mecanismos bastante criativos para trazer um jogador aparantemente inviável. Existem arranjos com patrocinadores, formas alternativas de remuneração variável, acordos de cooperação estratégica entre clubes, etc. 

Basta uma vontade extra e um pouco de visão.

O futebol brasileiro é pentacampeão, e o nosso campeonato interno tem que ter a mesma força.

Que venha 2009.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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Previsões para 2009

Mais um ano começando e mais um monte de previsões aparecendo por aí, seja em revista de fofocas, na bolsa de valores ou em colunas esportivas. Todos dividindo o mesmo grau de QI e a mesma capacidade de acertar as coisas do futuro.

Eu, que faço parte dos escritores de coluna, dos que perderam dinheiro na bolsa e dos que secretamente leem revistas de fofoca, também me permitirei a fazer as minhas furadas previsões. Também faço parte daqueles que demorarão a se acostumar com leem sem acento.

A bolsa vai subir e aquele casal legal vai se separar. Essas são minhas previsões para os itens que não interessam a esse site. Para aquilo que concerne esse espaço, aqui vão 05 palpites para 2009: 

 

 
1)    Se nada de excepcional acontecer, o São Paulo deve ser o campeão brasileiro de 2009. Não adianta ser o time mais rico se você gasta muito dinheiro com quem não vale tanto assim. O São Paulo atual não parece ser o caso. Muricy aparenta ter o mesmo impacto na indústria do futebol brasileiro que o Ferguson na indústria inglesa. É mais difícil prever o resultado para a Libertadores e para o Paulista, uma vez que estes são mais curtos e imprevisíveis, mas ele deve se sair bem.
 
2)    Se nada de excepcional acontecer, o Santos deverá ter problemas de performance ao longo do ano. O clube deverá voltar à fase pré-Robinho, uma vez que só saiu dessa era por causa do time excepcional ao qual pertencia o próprio Robinho. Foi uma alteração de curso que já foi compensada.
 
3)    Se nada de excepcional acontecer, Internacional e Cruzeiro parecem ser os clubes de fora do eixo RJ-SP, que a cada dia mais vira só eixo SP, com maior capacidade de se destacar. O time do Grêmio do ano passado foi excepcional. Nesse ano, as coisas devem voltar ao normal.
 
4)    Se nada de excepcional acontecer, os times do RJ devem ter problemas ao longo do ano, principalmente o Botafogo. O Vasco, que pode ser a surpresa do Estadual, deve voltar para a primeira sem maiores problemas, mas talvez de forma mais tortuosa que a do Corinthians.
 
5)    Se nada de excepcional acontecer, a janela de transferências será minguada. Somando isso às péssimas condições do mercado de patrocínio, clubes terão receitas comprometidas, o que gerará um problema para arcar com salários de jogadores com contratos feitos no período de bonança. Isso gerará descontentamento do elenco e consequente baixa performance. Na dúvida, vai sobrar para os técnicos. É possível que tenhamos um alto índice de troca de cadeiras durante o ano.
 
Essas, ao meu ver, são algumas das tendências do ano, baseado mais na capacidade de geração de receita e reaplicação em performance do que em uma própria análise do elenco de cada clube.

Nunca fui bom em palpites. Se nada de excepcional acontecer, eu devo errar em quase todos eles.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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O planejamento, a tecnologia e as dimensões organizacionais da Copa de 2014, no Brasil: abrem-se as cortinas

Olá amigos! Inicio o ano com o desejo de muito trabalho e conquistas para todos.

Abriremos com uma série de textos nos quais pretendo discutir algumas dimensões sobre a realização da copa do mundo no Brasil, observando o cenário, as condições, as perspectivas e tendências, tendo como pano de fundo a questão tecnológica, lembrando sobretudo dos princípios que identificamos na tecnologia, processo e recurso.

Estava, recentemente, vendo notícias sobre as cidades candidatas à sede da Copa de 2014, no Brasil. A parte às disputas políticas e interesses muito obscuros a todos nós, alheio ainda às questões de opinião sobre a capacidade ou falta dela para organizarmos tal evento, resolvi debater um pouco do que seria essa tal infra-estrutura necessária em meio aos recursos tecnológicos disponíveis e acessíveis no Brasil.

Existem diferentes camadas do campo esportivo na concepção bem simplificada do conceito discutido pelo sociólogo Bourdieu sobre a teoria dos campos. Essas camadas fazem parte de uma teia complexa que está interdependente uma da outra para o sucesso da realização de um evento como esse. Afinal, podemos falar de camadas como a construção civil, hotelaria, imprensa, transporte, turismo, alimentação, conforto, espetáculo, publicidade, responsabilidade social (embora seja fácil esquecê-la), enfim quantas camadas não estão envolvidas.

Para tanto defini algumas dimensões para discutirmos com base nesses campos que orbitam em torno do grande assunto: a copa do mundo.

Poderíamos discutir se a classificação é certa, adequada, se faltou ou se sobrou algo, mas o mais interessante é colocar os pontos de vista para refletirmos.

Eis as dimensões organizacionais que abordarei nos próximos textos

– Estádio – subdividido em:
         – infra de jogo

         – infra de espetáculo
         – infra de comunicação

– Turismo

– Legado Social

– Transporte

É evidente que muitas outras camadas existem e com certeza não são isoladas umas das outras, pelo contrário, estabelecem uma rede interdependente, um sistema complexo.

Mas, antes de tudo, esbarramos na questão primordial para a realização de um grande evento (ainda que seja possível colocar com tal ou mais importância os aspectos políticos), o sempre questionado e badalado PLANEJAMENTO.

Nas idéias mais simples, planejamento significa tomar decisões de forma antecipada com vistas a um objetivo e resultados esperado.

Com base nisso amplia-se a questão de que qualquer planejamento deve vir sustentado por prioridades, lembrando que priorizar alguma coisa não significa deixar de lado outras e sim organizar o tempo em função da demanda e necessidade, encaixando as prioridades mais baixas nos intervalos ociosos ou de maturação de prioridades mais altas. E completa-se um planejamento com o acompanhamento do projeto, dos impactos e atividades previstas.

Assim iniciaremos o debate no próximo texto com a questão dos estádios e deixo duas perguntas para os amigos.

Qual o estádio mais moderno e tecnológico do Brasil?

O que é necessário para que um estádio seja moderno e tecnológico?

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Caro leitor,

Informamos que a coluna de Erich Beting não será publicada nesta segunda-feira e aproveitamos o espaço para pedir desculpas pelo infortúnio.

Esperamos que a situação seja normalizada na próxima semana e estamos trabalhando para isso.

Obrigado!

Equipe Cidade do Futebol

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Musculação, personal-training e periodização: o que Rui Faria diz sobre isso!

Hoje minha coluna terá desenho diferente. Será informativa, mas não serão minhas as palavras que conduzirão seu conteúdo.

Apresentarei (com os devidos ajustes a “língua portuguesa brasileira”) um pequeno trecho do livro “A justificação da Periodização Tática como uma fenomenotécnica: a singularidade da intervenção do treinador como a sua impressão digital” escrito por Carlos César Araújo Campos e publicado pela MCSPORTS em novembro de 2008.

Trata-se de uma das entrevistas realizadas pelo autor e apresentada no terceiro anexo presente no livro. O entrevistado é Rui Faria (adjunto de José Mourinho que vem acompanhando o treinador ao longo dos anos e hoje esta com ele na Internazionale de Milão).

Obviamente não tenho intenção de fazer propaganda do livro. Mas como o tema “periodização no futebol” tem “pegado fogo” na Universidade do Futebol nas últimas semanas (e sendo eu um dos incendiários), boto mais lenha na fogueira e sugiro sim, que quem puder, leia o livro.

Pergunta: Mas estando a top, onde qualquer detalhe é decisivo, não sente necessidade de uma individualização do treino com recurso a máquinas de musculação, piscina e personal-training… Insisto nisso porque somos confrontados diversas vezes, mesmo dentro da nossa Faculdade, com fato de vocês no Chelsea, utilizarem este tipo de recursos? Confirma isso? Em que moldes o faz?

Rui Faria: Só por idiotice e falta de rigor científico se pode afirmar uma coisa dessas porque a necessidade em termos de evolução do jogo é de tal ordem que não temos tempo para pensar nesse tipo de particularizações e nessas questões. A nossa perspectiva de trabalho não fomenta isso porque não acredita que isso possa privilegiar em termos de rendimento; e como o que nós queremos é rendimento e isso passa por organização; é de extrema idiotice por em causa ou dizer-se – e eu não sei onde se foi buscar essa idéia – que temos personal-trainers ou fazemos musculação. É uma falta de rigor científico enorme fazer-se comentários desse gênero pois quando nós já não temos tempo para treinar aquilo que é fundamental para nós, quanto mais para treinar coisas que não fazem parte da nossa forma de pensar o treino; portanto elas não fazem parte da nossa natureza mesmo que tivéssemos tempo e que fique bem claro que elas não existem na nossa forma de treinar! Volto a repetir que só por idiotice e por falta de rigor científico é que as pessoas podem dizer que tínhamos personal-training ou que fazíamos treinos na piscina!

Aliás queria te pedir para que, quando fosses novamente confrontado com essas afirmações, convidasses essas pessoas a fazer um estágio conosco para saber qual é a nossa realidade e para terem maior rigor quando fazem esse tipo de observações. Não temos que provar nada a ninguém nem temos necessidade de dizer que fazemos coisas que depois na realidade não fazemos, portanto até me dá vontade de rir quando me dizes que ouves isso.

O principal responsável era o treinador e em seguida era eu e como segundo responsável da estrutura técnica afirmo que é ridículo pessoas dizerem que fazemos um determinado tipo de coisas que na realidade não fazemos! Quem não acreditar pode vir observar e constatar o que estou a dizer.

É fácil perceber que durante um processo de reabilitação médica, existam jogadores que tenham, pela forma como o departamento médico se organiza, responsáveis pelo seu processo de reabilitação, de superação da lesão, e estes jogadores eram entregues a elementos do departamento médico que tinham em determinadas horas o cuidado de tratar deles e atividades para fazer com jogadores sendo que aí sim, utilizavam os meios que eles consideravam serem importantes para a sua recuperação mas aqui os jogadores não estavam a trabalhar no terreno, não estavam entregues a equipe técnica pois estamos a falar do processo de recuperação funcional e biomecânica. A partir do momento em que os jogadores estavam recuperados funcionalmente e voltavam para o terreno, todo o trabalho era progressivamente específico em termos de modalidade e Modelo de Jogo.

Não temos necessidade de provar nada a ninguém, até pelo trajeto que temos feito, nem temos necessidade de dizer que fazemos uma coisa e fazermos outra só porque nos lembramos de dizer que somos diferentes. Nós somos efetivamente diferentes e para as pessoas que não conseguem perceber essa realidade é-lhes mais fácil dizer que nós somos iguais a eles do que dizerem que trabalhamos duma forma diferente porque só sabemos como eles treinam mas eles desconhecem completamente a nossa forma de operacionalizar o treino. (páginas 187 e 188).

Então senhores, continuemos com as nossas reflexões…

Nas próximas quatro semanas as Colunas Táticas entram de férias, mas em fevereiro voltam a todo vapor. Bom início de ano a todos!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Crise em 2008, oportunidade em 2009

Caros amigos da Universidade do Futebol,
 
Como muitos de nós estamos cansados de ouvir, o termo “crise” em chinês é composto por dois ideogramas que, isoladamente considerados, correspondem a “risco” e “oportunidade”. Isso, de fato, não se trata de mero acaso. A frieza de raciocínio no decorrer de uma crise para mapear a situação e identificar as melhores alternativas geralmente conduz ao caminho do sucesso no período pós-crise.
 
Entendemos que no futebol essa regra também se aplica, e que o momento não poderia ser mais oportuno para essa reflexão por três motivos: (i) o ano de 2008 foi marcado por uma crise semelhante àquela de 1929; (ii) os clubes de futebol começam a sentir em seus cofres o impacto da crise; e (iii) estamos nos primeiros dias de 2009, época de refletir sobre o ano passado e projetar o crescimento para o Ano Novo.
 
A expectativa para o ano de 2009 aos clubes, ligas e federações ao redor do mundo é um enxugamento rigoroso nas verbas de patrocínio e investimento em geral no esporte. Isso pode refletir sensivelmente nos salários dos jogadores e nas contratações de novos atletas vindo de mercados emergentes.
 
Nesse contexto, o maior impacto para os clubes brasileiros residirá na demanda do mercado internacional de transferência de jogadores.
 
Temos visto que, nos últimos três ou quatro anos, o número de jogadores brasileiros transferidos para o exterior cresceu ano a ano, tendo atingido a marca média aproximada de mil jogadores por ano.
 
Esse movimento representou importante receita para os clubes brasileiros, fazendo com que essa entrada passasse a ser considerada praticamente certa nas balanças financeiras dos clubes.
 
O grande risco agora é que esse número passe a cair, e que compromissos já assumidos pelos clubes possam não ser cumpridos. E então poderemos ter uma crise interna no nosso futebol profissional brasileiro.
 
Por outro lado, e é aqui que entra o outro lado da moeda – o da oportunidade -, os clubes devem observar esse novo cenário para vislumbrar novas frentes de interesse.
 
Um grande exemplo é o investimento (não só financeiro) nas categorias de base. Essa pode ser a oportunidade de ouro para que os clubes passem a valorizar a base. Segurar os seus bons jogadores, criar uma mentalidade no clube de amor à camisa, e enraizar seus jovens atletas no clube.
 
É hora de os clubes brasileiros terem a mesma força no exterior que os jogadores já têm. E os jovens jogadores são peças fundamentais nesse processo.
 
Hoje, jovens jogadores sonham em jogar no exterior. Essa mentalidade precisa mudar (e vai ter que mudar, com o novo cenário financeiro mundial). O primeiro sonho deve passar a ser o de jogar na equipe principal, de disputar campeonatos locais, de vencer o campeonato regional e brasileiro, e assim por diante.
 
Entendemos perfeitamente das pressões que os clubes enfrentam para terem equipes competitivas a todo momento.
 
Mas com um pouco de criatividade, os clubes que melhor prepararem a sua estrutura, com boa governança técnica e administrativa, terão maior fôlego para suportar a crise.
 
É bom lembrar que o jogador de 15 anos de hoje pode ser o ídolo da torcida em dois ou três anos, quando a crise tiver passado de vez… As transferências internacionais lucrativas voltarão naturalmente.
 
Como dizia o compositor brasileiro Raul Seixas, “quem não tem visão, bate a cara contra o muro”. A frase é mais válida do que nunca neste momento.
 
Vale a reflexão. Um excelente início de ano a todos.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br
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Caro leitor,

Informamos que a coluna de Oliver Seitz não será publicada nesta quinta-feira e aproveitamos o espaço para pedir desculpas pelo infortúnio.

Esperamos que a situação seja normalizada na próxima semana e estamos trabalhando para isso.

Obrigado!

Equipe Cidade do Futebol

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Carta Aberta ao Cristiano Ronaldo

Meu caro Cristiano Ronaldo,
 
Perdoe-me a ousadia desta carta. Não sei se já ouviu falar de mim. Num ponto estaremos de acordo: nem sequer ainda nos cumprimentámos! Mas eu conheço-o inevitavelmente. O Cristiano é um dos grandes mitos do nosso tempo! Vejo futebol, há muitos anos e não me custa colocá-lo, no pódio, ao lado da meia-dúzia de melhores jogadores que conheci: o Pelé, o Maradona, o Matateu, o Eusébio, o Puskas e o Cruyff. Estou a vê-los, neste momento, com os olhos da saudade – da mais dolorosa das saudades que é aquela que nós sentimos por nós mesmos!… Há-de estranhar não ter referido o nome do Di Stéfano. Ele foi, para mim (e até é natural que eu me engane) o maior entre os maiores. Esperemos que haja prémio, no Céu, que o distinga. Na Terra, não há. Entre ele e todos os outros, há uma diferença de qualidade. No entanto, em Portugal, é bem possível que nenhum jogador haja beneficiado da publicidade que o tem anunciado, por esse mundo além. Confesso, porém, que talvez nenhum deles apresentasse o dom de comunicabilidade, a energia persuasiva, a originalidade criadora que o Cristiano tem… indiscutivelmente!
 
Se, neste caso, o todo é maior do que a soma das partes, a totalidade que você é, como futebolista de eleição, talvez não tenha par, na história do futebol português. E, por isso, para o nosso tempo (e não só na sua terra natal que, neste momento, estremece de emoção pelos seus feitos), o Cristiano Ronaldo é um semi-deus! Nas religiões tradicionais, as divindades sempre estiveram directamente relacionadas com as forças da natureza, fosse nos faraónicos egípcios, na Grécia ou na Roma da Antiguidade. No judaísmo, Iavé fala com Moisés, no meio de trovões. No Evangelho, os ventos e as ondas obedecem a Jesus Cristo. Na nossa sociedade, laica e agnóstica, Deus parece poder ser dispensado, mas não morreu a necessidade de crer num Absoluto, qualquer que ele seja. Ortega y Gasset percebeu que “a religião do século XX é o futebol”. O historiador Eric Hobsbawn é mais específico e adianta: “o futebol é a religião laica da classe operária”. Não surpreende, por isso, que você, ilustre madeirense e português, produto do seminário de jogadores excepcionais, que é o Sporting Clube de Portugal, seja (repito) um semi-deus.
        
Eu estudo filosofia do desporto há precisamente quarenta anos; já convivi com muitos colegas seus de profissão e com alguns treinadores de nomeada, como o José Maria Pedroto (para mim, o maior de todos) – e aprendi, por isso, que o futebolista genial não o é só pelas suas qualidades físico-motoras, mas também pelas suas qualidades psicológicas e espirituais. Arrebatadores e assombrosos, fisica e tecnicamente, foram também o Mané Garrincha ou, em Portugal, o Vítor Batista, e acabaram na miséria física e moral. E o Maradona é o actual seleccionador da Argentina, porque uma nação inteira o não deixa tombar por terra. Não há exemplo maior de divinização de um futebolista do que a referência ao golo ilegal que ele fez aos ingleses no Mundial de 1986… “com a mão de Deus”, dizem! Só que nenhum dos tristes exemplos aqui citados (e outros que me ocorrem) dispunha do dinheiro que você aufere, nem do calor que lhe transmite o regaço carinhoso de sua família.
 
Mesmo assim, não se esqueça do que há de frágil na glória, nem o que há de efémero no êxito. Com muito dinheiro, são muitos os que não são cidadãos exemplares, são muitos os que não são modelos de virtudes cívicas, são muitos os que findam os seus dias, sem paz e sem amor. Ora, um atleta da sua craveira, mesmo sujeito a errar, como “é próprio do Homem”, deve manifestar também uma mentalidade forte, uma sólida formação moral. Porque só se é verdadeiro desportista, quando antes se é Homem, na acepção plena do termo. O Cristiano Ronaldo já tem por si a admiração de muita gente, como jogador de futebol! Que a tenha também como Homem! Deixe-me agora assinalar que o prestígio das instituições deve-se quase sempre à conduta dos homens (e mulheres) que os servem (ou serviram). E um Clube que lhe paga e solicitamente o acompanha, como o Manchester United o faz, bem merece, da sua parte, solidariedade e respeito.
 
Uma vez mais, peço-lhe que me desculpe por esta carta. Afinal, eu só queria associar-me, com legítimo orgulho, porque sou português e velho amante do futebol, aos aplausos que, neste momento, o rodeiam – aplausos inteiramente merecidos ao meu compatriota que é considerado por muitos o melhor futebolista do mundo! Eu escrevi “por muitos”? É que, de facto, são muitos também os que apostam em Messi ou Kaká! E com irrecusáveis argumentos…
        
Seu
                                     
 
Manuel Sérgio
 
*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal

Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br