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Otimismo, pessimismo e realidade

Conceitualmente, o significado de cada uma das palavras que formam o título da coluna desta semana está enraizado na percepção das pessoas sobre o seu modo de vida e o ambiente ao qual esta está envolvida, somado principalmente ao histórico de cada indivíduo, para assuntos de diversas naturezas.

Para a nossa “realidade”, do “país do futebol”, que receberá a Copa do Mundo daqui dois anos, temos dois caminhos muito claros: achar que tudo vai dar errado ou, obviamente, acreditar que muita coisa dará certo. Para os dois cenários, podemos contribuir decisivamente, bastando assumir uma das posições.

E é aí que leio e ouço constantemente comentários sobre uma suposta tragédia anunciada de o Brasil realizar megaeventos. E isso acontece com frequência no meio do esporte, de pessoas que minimamente deveriam se informar para simplesmente tentar defender o segmento de trabalho que escolheram… trabalhar.

É fácil imaginar que se continuarmos repetindo um modelo arcaico de gestão do esporte e de discurso antiquado a respeito do fenômeno esportivo, o tsunami Copa do Mundo passará e deixará tudo como estava antes.

O pessimismo exagerado de algumas pessoas apenas tem reflexo em um antigo conceito de resistência à mudança, bastante comum em quem tem dificuldade em procurar algo novo.

Quando falamos de otimismo, devemos falar de realizações. De enfrentar o novo com novas ideias. De transformar velhos conceitos em conceitos inovadores, que possam gerar mais valias positivas para o segmento como um todo.

Acreditar, por exemplo, que as novas arenas podem ser o pilar para uma mudança radical em tudo aquilo que conhecemos hoje a respeito do marketing esportivo: partindo desde um tratamento diferenciado ao cliente (torcedor) até um melhor relacionamento com patrocinadores, passando por criar um cenário muito mais atraente para os veículos de mídia.

Enfim, o relato é uma reflexão para que passemos a olhar mais para o que há de bom por vir, sendo necessário que a gente trabalhe insistentemente para que perspectivas transformadoras contribuam para o desenvolvimento do futebol no país do futebol.

 

Obs.: o colunista Geraldo Campestrini fará uma breve pausa de três semanas. Nas próximas colunas, teremos a participação do Especialista em Gestão e Marketing Esportivo e Bacharel em Ciência do Esporte, Victor Lima, que apresentará novos temas e discussões para o ambiente da Universidade do Futebol.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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On the Road pelo futebol brasileiro

Percorri 2.200 km em quatro dias nesta semana que passou.

Objetivo: mais do que vistoriar ou fiscalizar, conhecer as lideranças locais e a realidade das instalações esportivas do Estado do Paraná que sediarão os Jogos Escolares Bom de Bola e documentar através de imagens e relatórios.

Os Jogos Bom de Bola fazem parte de uma iniciativa da empresa Parati Alimentos que, há 20 anos em Santa Catarina e há 15 anos no Rio Grande do Sul, realiza esta competição de futebol em âmbito escolar para meninos e meninas, com a chancela oficial das Secretarias Estaduais de Esporte e Educação.

A intenção é lançar mão do futebol como meio de formação e desenvolvimento humano dos jovens.

Por tal razão, não se permite a participação de seleções municipais ou equipes desvinculadas de escolas públicas ou particulares.

Neste ano, quase 18 mil serão os participantes na competição.

A equipe da escola começa e termina o campeonato. Naturalmente, todo um conjunto de valores vivenciados pelos jovens ao longo dos quatro meses de disputa traz como legado positivo para toda a vida dos participantes.

O legado almejado pelo Bom de Bola é integrar esporte, educação e cultura e transformar a realidade dos participantes de maneira positiva e duradoura.

Como efeito colateral positivo do projeto, alguns deles se tornaram jogadores profissionais de futebol e atuam em grandes clubes do Brasil e do exterior.

Embora a viagem tenha sido bastante proveitosa, também pelas belíssimas paisagens dos Campos Gerais, bem como pela acolhida calorosa das pessoas envolvidas nos Jogos em cada uma das cidades visitadas, algumas reflexões foram trazidas na bagagem.

Pude testemunhar certo mau uso da infraestrutura dedicada ao futebol. Aqui me refiro às instalações que não pertencem às escolas, mas aos municípios.

Os relatos dos profissionais com quem conversei também confirmam a articulação abaixo do esperado entre Estado, Munícipio, Escolas e Professores.

Refiro-me, principalmente, à falta de programas continuados dedicados ao esporte.

Obviamente, quem sucumbe são os jovens que já estão engajados na prática esportiva e, também, muitos outros que estão à margem e suscetíveis dos riscos sociais relativos à violência, desocupação e consumo de drogas.

Muito bom poder ver de perto a realidade e tentar contribuir para a evolução do cenário esportivo-educacional do Paraná.

O diálogo com toda a cadeia de envolvidos nos Jogos Bom de Bola resta qualificado – Poder Público Estadual e Municipal, professores, atletas-estudantes, familiares, parceiros estratégicos – e essa foi a intenção de coletar dados e impressões.

O potencial de transformação social por meio do esporte começa na escola.

Porém, enquanto não se considerar essa visão como algo politicamente institucionalizado na gestão pública – e fazer com que o esporte deixe de ser entendido como algo opcional, acessório – será um árduo caminho.

Os Jogos Escolares Bom de Bola pretendem ser um dos exemplos de integração público-privada na promoção e desenvolvimento social pelo esporte.

Longo e sinuoso caminho.

Maior que os 2.200 km percorridos.

Mas com belíssimas paisagens e histórias pra contar quando se chegar ao destino.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Reflexões: as faltas de jogo (táticas!?), o Campeonato Brasileiro e novamente o Barcelona da "era" Guardiola

Nas últimas duas semanas, assisti a programas esportivos da TV a cabo, debates interessantes a respeito do elevado número de faltas cometidas, nos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol.

Na 19º rodada da competição, por exemplo, segundo texto de Mauro Cezar Pereira, (publicado em http://espn.estadao.com.br), foram 395 faltas em 10 partidas.

A média elevada não é privilégio do Campeonato Brasileiro de 2012. Conforme publicou o ex-árbitro Leonardo Gaciba em seu blog (disponível no www.sportv.globo.com), a média de faltas por jogo vem sendo alta, pelo menos, desde 2008. Os números realmente impressionam:

– Em 2008 = 38,76 faltas por jogo (uma falta a cada 2,32 minutos);
– Em 2009 = 37,22 faltas por jogo (uma falta a cada 2,42 minutos);
– Em 2010 = 35,42 faltas por jogo (uma falta a cada 2,54 minutos);
– Em 2011 = 35,93 faltas por jogo (uma falta a cada 2,50 minutos).

Pois bem. Com números tão marcantes, muitas das discussões sobre o assunto passaram a permear comparações entre o futebol brasileiro e o europeu (no qual, em tese, e de fato, o número de faltas por partida tem sido menor).

Postura e qualidade da arbitragem, conduta e ética dos jogadores, cultura de jogo, formação dos treinadores, atuação da mídia e perfil dos torcedores foram algumas das “variáveis” mais presentes nos debates sobre essas comparações.

Em geral, dados sobre o futebol da Inglaterra, Espanha, Portugal e França, mostraram que a principal competição de clubes profissionais do Brasil tem uma média superior de faltas por jogo quando comparada aos campeonatos nacionais destes países – e também, quando os jogos comparados são os da UEFA Champions League (Liga dos Campeões).

O FC Barcelona, por exemplo, vem apresentando uma média baixíssima de faltas. Na “era” Guardiola então, nem se fale (para que se tenha uma ideia, nas últimas seis partidas disputadas pela equipe na Liga dos Campeões 2011/12, a sua média de faltas por jogo foi de 8,67).

Parece realmente muito baixa certo? (principalmente se comparada com as 39,5 faltas por jogo cometidas na 19º rodada do Campeonato Brasileiro deste ano).

Uma falta a cada 2,28 minutos de jogo, como tem acontecido no campeonato nacional, é muita coisa para um esporte disputado em terreno de área tão grande (aproximadamente de 7000 m2 – 318 m2 por jogador).

Pois bem, voltemos então ao FC Barcelona e façamos agora, antes de prosseguir, um exercício de imaginação.

A equipe catalã, na “era” Guardiola teve no tempo de posse de bola (sempre superior aos dos adversários), uma marca mais do que registrada. Nas últimas seis partidas que disputou na Champions League 2011/12, por exemplo, teve em média, impressionantes 73,5%.

Imaginemos que em um jogo a maior parte das faltas cometidas por uma equipe sejam faltas de defesa e não de ataque. Ou seja, as equipes fazem mais faltas (senão, quase todas) quando estão se defendendo.

Para efeito didático, tentemos aceitar, que aproximadamente 100% das faltas cometidas por um time, ocorrem quando esse time está tentando se defender (protegendo o gol, impedindo progressão do adversário, ou tentando recuperar a bola).

Para efeito didático também, imaginemos que quando é contabilizada a porcentagem de tempo, que se refere à posse de bola de uma equipe em um jogo, estará contido nele, tanto, o tempo que a equipe tem a posse da bola efetivamente com ela em jogo, quanto o tempo, quando a tem (a bola) fora dele (do jogo) em reposições e/ou reinícios.

Isso quer dizer em outras palavras, que devemos imaginar o tempo total de posse de bola de uma equipe, como a soma do tempo de posse, com a bola em jogo e com a bola fora de jogo (em arremessos laterais, tiros de meta, escanteios, faltas, etc.).

Aceitemos ainda, que quanto mais tempo com a posse da bola, menos chances uma equipe tem de cometer faltas (e menos tempo para isso).

E é aí que emerge um dado bem interessante. Se o FC Barcelona teve em média 73,5% de posse de bola nos jogos eliminatórios da Liga dos Campeões 11/12 (como mencionado anteriormente), então esteve com ela em seu domínio por 66,1 minutos, em média, por partida.

Com esse tempo, deu aos seus adversários 23,9 minutos, também em média, de posse da bola.

Então, por jogo, o FC Barcelona teve aproximadamente 23,9 minutos para fazer faltas (contra 66,1 minutos dos adversários).

Com uma média de 8,67 faltas cometidas nessas mesmas partidas, podemos dizer que a equipe catalã, fez, nos seus seis últimos jogos da Liga dos Campeões 11/12, uma falta a cada 2,75 minutos (no último jogo, por exemplo, contra o Chelsea, chegou a uma falta a cada 1,91 minutos).

Impressionante o elevado número de faltas por minuto do time catalão, não?

Mais impressionante ainda, saber que seus adversários nesses jogos cometeram uma falta a cada 5,27 minutos (ou seja, bem menos faltas que o FC Barcelona).

Não quero com esses números, defender as faltas. Claro que não!
O que estou tentando mostrar é que a taxa de faltas da equipe sensação do futebol mundial dos últimos dois ou três anos é bastante alta (é comparável a do Campeonato Brasileiro).

Porém, o fato de ficar muito tempo com a bola sob seu domínio acabou por mascarar essa característica.

Claro, com a bola por muito tempo nos pés, com um grande número de jogadores no campo de ataque, e com muita agressividade nas suas transições defensivas, o FC Barcelona de Guardiola sempre administrou bem os riscos de sofrer contra-ataques, utilizando-se inclusive de faltas.

Mas faltas são faltas, seja no nosso atual “brigado” futebol brasileiro, seja no vistoso futebol catalão.

Não quero com isso, comparar a forma de jogar do time espanhol, com as equipes brasileiras (especialmente tendo a “falta” como variável dependente); e nem tão pouco, justificar as faltas – principalmente porque, excetuando-se a “taxa de faltas”, uma infinidade de outras variáveis pesará a favor da dinâmica de jogo dos catalães.

O que precisamos fazer, efetivamente, nós todos do futebol, independente da área de atuação, é entender pontualmente o que esse número elevado de falta realmente significa para a dinâmica do nosso jogo, para nossa cultura futebolística, para nossa escola, e finalmente, seu significado dentro da nossa história.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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O papel do treinador na dimensão individual – parte II

Na primeira coluna a respeito deste tema foi sugerida a realização de Jogos Conceituais com o objetivo de incidir em problemas de ordem individual que limitam o desempenho coletivo das ideias de jogo do treinador.

As quatro situações hipotéticas criadas e possibilidade de aplicação dos Jogos Conceituais seguem descritas abaixo:

1ª Um centroavante precisa fazer mais penetrações;
2ª Um meia não tem buscado a recuperação imediata da posse de bola após sua perda;
3ª Um lateral tem errado muito as decisões quando chega à linha de fundo;
4ª Um meia tem finalizado pouco.

Situação 1
Dimensões do campo: 26m x 40m (grande área + espaço delimitado)

Regras do Jogo
Equipe Amarela e Preta
1- Dois toques na bola;
2- Se o jogador nº 9 receber o passe em cima dele e perder a posse de bola = 1 ponto para adversário;
3- Se o jogador nº 9 receber um passe nas costas da linha de defesa do adversário = 1 ponto;
4- Gol = 2 pontos;
5- Gol a partir de penetração = 5 pontos.

Equipe Vermelha
1- Dois toques na bola
2- Recuperar a posse com os três jogadores no mesmo setor (grande área ou espaço delimitado à frente) = 1 ponto
3- Seis passes sem devolver para o mesmo à frente da grande área = 3 pontos.
4- Pode utilizar o goleiro na grande área que a contagem de passes não zera.

Situação 2
Dimensões do campo: 26m x 40m (grande área + espaço delimitado)

Regras do Jogo
• Toda reposição, independente de quem tiver perdido a posse, será feita com o jogador de amarelo e preto onde se encontram as bolas;

Jogador Amarelo e Preto
1- Recuperar a posse no setor que perdeu = 1 ponto;
2- Gol = 3 pontos

Equipe Vermelha
1- Um toque na bola;
2- Só vale passe rasteiro;
3- Recuperar a posse com dois jogadores no mesmo setor e retirar a bola verticalmente (caso recuperá-la na grande área) ou horizontalmente caso (recuperá-la à frente da área) = 1 ponto;
4- Jogador nº 2 só pode jogar pelo lado direito e o jogador nº 6 pelo lado esquerdo;
5- Oito passes consecutivos sem repetir o setor = 2 pontos

Situação 3
Dimensões do campo: 28m x 70m

Regras do Jogo
• Toda reposição de bola será feita com a equipe amarela e preta
onde se encontram as bolas e não terá impedimento;

Equipe Amarela e Preta
1- Dois toques na bola na região central e livre na faixa lateral;
2- Bola na região lateral e equipe perder a posse de bola = 1 ponto
para o adversário;
3- Só vale gol de dentro da área;
4- Gol a partir da região central = 2 pontos;
5- Gol a partir da região lateral = 5 pontos.

Equipe Vermelha
1- Recuperar a posse com os quatro jogadores no mesmo setor na região central = 1 ponto;
2- Cada três minutos sem sofrer gol = 3 pontos.

Situação 4
Dimensões do campo: 25m x 40m

Regras do Jogo

Jogador Amarelo e Preto
1- Finalização que não dê defesa completa do goleiro = 1 ponto;
2- Gol de dentro da área = 3 pontos;
3- Gol de fora da área = 5 pontos.

Equipe Vermelha
1- Jogadores de linha um toque na bola e goleiro dois toques;
2- Gol de dentro da grande área = 1 ponto;
3- Gol de fora da área = 2 pontos;
4- Goleiro não pode fazer gol.

Encerro a coluna deixando as críticas, sugestões, comentários e observações por conta de vocês.

Abraços e até a próxima semana!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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A Lei do Ato Olímpico

Muito se discutiu sobre a “Lei Geral da Copa”, mas sem muito alarde. Em 01 de outubro de 2009, foi promulgada a lei 12.035, que institui o Ato Olímpico, equivalente a “Lei da Copa” no que tange aos Jogos Olímpicos.

Conhecida como “Lei do Ato Olímpico”, a lei 12.035/2009, no âmbito da administração pública federal, tem a finalidade de assegurar garantias à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 na cidade do Rio de Janeiro.

Tal como a “Lei Geral da Copa”, a “Lei do Ato Olímpico” legitima uma série de exigências da entidade organizadora dos Jogos Olímpicos, conforme será demonstrado.

Segundo a “Lei do Ato Olímpico”, ficam dispensadas a concessão e a aposição de visto aos estrangeiros vinculados à realização dos Jogos em 2016, considerando-se o passaporte válido, em conjunto com o cartão de identidade e credenciamento olímpicos, documentação suficiente para ingresso no território nacional, sendo, entretanto, vedado o exercício de qualquer outra função, remunerada ou não, além da ali estabelecida.

No entanto, a permanência no país será restrita ao período compreendido entre 5 de julho e 28 de outubro de 2016, podendo ser prorrogada por até 10 (dez) dias.

O poder executivo poderá revisar contratos, permissões e concessões, que tenham por objeto a utilização de bens, de imóveis ou de equipamentos pertencentes à União e a suas autarquias, desde que sejam indispensáveis à realização dos Jogos no Rio, assegurada a justa indenização.

Por exemplo, o estádio Engenhão foi concedido ao Botafogo, mas, durante os Jogos Olímpicos a referida concessão, por interesse do evento esportivo, poderá ser suspensa e o clube terá de mandar seus jogos em outro local.

No que concerne às marcas e patentes, estas serão protegidas pelas autoridades federais que, no âmbito de suas atribuições legais, atuarão no controle, fiscalização e repressão de atos ilícitos que infrinjam os direitos sobre os símbolos relacionados aos Jogos no Rio em 2016.

A “Lei do Ato Olímpico” define como “símbolos relacionados aos Jogos 2016”:

a) Todos os signos graficamente distintivos, bandeiras, lemas, emblemas e hinos utilizados pelo COI (Comitê Olímpico Internacional);

b) As denominações “Jogos Olímpicos”, “Jogos Paraolímpicos”, “Jogos Olímpicos Rio 2016”, “Jogos Paraolímpicos Rio 2016”, “XXXI Jogos Olímpicos”, “Rio 2016”, “Rio Olimpíadas”, “Rio Olimpíadas 2016”, “Rio Paraolimpíadas”, “Rio Paraolimpíadas 2016” e demais abreviações e variações e ainda aquelas igualmente relacionadas que, porventura, venham a ser criadas dentro dos mesmos objetivos, em qualquer idioma, inclusive aquelas de domínio eletrônico em sites da internet;

c) O nome, o emblema, a bandeira, o hino, o lema e as marcas e outros símbolos do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016;

d) As mascotes, as marcas, as tochas e outros símbolos relacionados aos XXXI Jogos Olímpicos, Jogos Olímpicos Rio 2016 e Jogos Paraolímpicos Rio 2016

Ademais, para proteger as marcas e patentes, é vedada a utilização de quaisquer dos símbolos relacionados aos Jogos Rio 2016 elencados acima, bem como, a utilização de termos e expressões que, apesar de não se enquadrarem no rol, possuam semelhança suficiente para provocar associação indevida de quaisquer produtos e serviços, ou mesmo de alguma empresa, negociação ou evento, com os Jogos Rio 2016 ou com o Movimento Olímpico.

Ficam suspensos igualmente pelo período compreendido entre 5 de julho e 26 de setembro de 2016, os contratos celebrados para utilização de espaços publicitários em aeroportos ou em áreas federais de interesse dos Jogos Rio 2016, na forma do regulamento. Dessa forma, eventuais futuros instrumentos contratuais deverão conter cláusula prevendo a suspensão nele referida.

Ressalte-se que a suspensão mencionada condiciona-se a um requerimento do Comitê Organizador dos Jogos, devidamente fundamentado, com antecedência mínima de 180 (cento e oitenta) dias, com faculdade de opção de exclusividade na utilização dos referidos espaços publicitários, a preços equivalentes àqueles praticados em 2008, devidamente corrigidos monetariamente.

Esta prerrogativa de adquirir os referidos espaços publicitários poderá ser transferida pelo Comitê Organizador do evento a quaisquer empresas ou entidades constantes do rol de patrocinadores e colaboradores oficiais do COI e do próprio comitê.

Durante os Jogos Rio 2016 serão aplicadas as disposições contidas no Código da Agência Mundial Antidoping (Wada) bem como nas leis e demais regras de antidoping ditadas pela entidade e pelos Comitês Olímpico e Paralímpico Internacionais vigentes à época das competições.

Na hipótese de conflito entre as normas citadas e a legislação antidoping em vigor no território nacional, deverão as primeiras prevalecer sobre esta última, específica e tão somente para questões relacionadas aos Jogos de 2016.

O governo promoverá a disponibilização para a realização dos Jogos no Rio sem qualquer custo para o seu Comitê Organizador: segurança; saúde; serviços médicos; vigilância sanitária; alfândega e imigração.

Fica assegurada às pessoas envolvidas no evento (comitês olímpicos, atletas, autoridades) a disponibilização de todo o espectro de frequência de radiodifusão e de sinais necessário à organização e à realização da Olimpíada, garantindo sua alocação, gerenciamento e controle durante o período compreendido entre 5 de julho e 25 de setembro de 2016.

Inclusive, durante este período e para a finalidade de organização e realização dos Jogos Rio 2016, o uso de radiofrequências pelas entidades e pessoas físicas enumeradas relacionadas às Olimpíadas será isento do pagamento de preços públicos e taxas ordinariamente devidos.

Por fim, caso seja necessário, a “Lei do Ato Olímpico” autoriza a destinação de recursos para cobrir eventuais défices operacionais do Comitê Organizador dos Jogos, a partir da data de sua criação, desde que atenda às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e esteja prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

Diante de todo o exposto percebe-se que a aceitação de exigência não se restringiu à organização da Copa do Mundo, mas, apesar de não ter havido polêmica, estendeu-se aos Jogos Olímpicos.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Calendário

A CBF anunciou nesta semana o calendário do futebol brasileiro para 2013, contemplando desde amistosos da seleção brasileira até a Série D do Campeonato Brasileiro, passando pela Copa das Confederações, que será um dos principais focos do ano vindouro.

As duas grandes novidades foram a ampliação da Copa do Brasil para sete meses, seguindo em partes os moldes das copas disputadas em alguns países da Europa, e o retorno da Copa do Nordeste, ainda demasiadamente enxuta no meu modo de entender, mas representando um importante avanço a ser trilhado para as próximas temporadas como mote para desenvolvimento do futebol local.

O resultado deverá reservar um novembro/dezembro de 2013 bastante interessante, que culminará com as finais da Copa do Brasil, as últimas rodadas do Brasileirão e ainda a possibilidade de ter uma equipe brasileira se preparando para as finais do Mundial de Clubes em meados de dezembro.

O perfil de hoje, em que o campeão da Copa do Brasil (e também da Taça Libertadores, quando é um time brasileiro) se acomoda ao longo de todo o ano na disputa do Campeonato Brasileiro tenderá a não ocorrer.

Neste breve cenário desenhado, somado às inúmeras possibilidades de combinação de resultados e desempenho dos principais clubes do Brasil, reforçará o viés do planejamento, uma vez que teremos um final de temporada recheado de capítulos finais e a natural necessidade de os clubes manterem ao longo do ano um elenco bastante qualificado, não só os 11 titulares habituais.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Ter respeito pelos bons relacionamentos

Saudações a todos!

Ao comemorar grandes conquistas, a tendência da maioria das pessoas é falar sobre as dificuldades enfrentadas até chegar ao topo, como superaram as dificuldades, quais as pessoas que prejudicaram de alguma forma seu trabalho, como se livraram dos contratempos, etc. Nesse momento de empolgação, típica de quem acabou de vencer, não é difícil se esquecer de falar de quem as ajudou.

A exceção para esta regra são os verdadeiros campeões. Eles, quando celebram grandes conquistas, lembram e destacam quem os ajudou a chegar lá. Agindo assim, além de fazerem “justiça”, mantêm por perto pessoas importantes e dispostas a ajudar.

Ter uma rede de relacionamentos ativa e disposta a contribuir é um dos grandes segredos dos verdadeiros campeões que, não por acaso, se mostram grandes líderes. Exemplos não faltam para confirmar esta realidade.

Citarei nesta coluna dois deles, por terem conquistas importantes, conhecidas por todos e bem recentes, assim como serem emblemáticas.

O primeiro exemplo é o Tite. Não preciso falar da dimensão da conquista dele até porque acho que ainda é imensurável. Além de ganhar a Libertadores, que por si só já é uma conquista ímpar, o treinador gaúcho ganhou sendo invicto, com o time super ajustado, ganhou pelo Corinthians – que sonhava há anos com esse título. Superou o Santos de Neymar na semifinal (tido por muitos como o melhor time da América) e na final venceu o Boca (tido como o “papão” do torneio).

A magnitude dos fatos que levaram a esta conquista são tão relevantes que posso apostar que estará entre os três maiores destaques do esporte na América Latina em 2012.

O segundo exemplo é o Felipão, que conquistou a Copa do Brasil, outro campeonato que só pela conquista e importância merece destaque. Mas ele foi além da “simples” conquista: foi campeão invicto com um time considerado limitado tecnicamente; além disso, lidou com situações políticas internas e com muita pressão já que não conquistava um título de maior importância há 13 anos e vinha sonhando em voltar a disputar a Libertadores.

A maioria das pessoas no lugar deles agradeceriam os atletas, a comissão técnica, as pessoas mais próximas no clube, a direção, o presidente e contaria as dificuldades e como as superou e já estava bom, né? Afinal, nestas horas, todos querem os flashes e os holofotes em si. Certo? Errado! Nem todos…

Os verdadeiros campeões, os líderes de fato, como o Tite e o Felipão, no momento das grandes conquistas, também agradecem a “todos mais próximos”, mas, além disso, agradecem quem está longe, quem ajudou na conquista e ninguém sabia e teoricamente “não precisava” ser lembrado.

Essa parte, só os nobres campeões sabem fazer! E fazem de forma exemplar.

Vejam os fatos no caso do Tite e do Felipão:

O Tite falou que a ajuda do Abel Braga foi fato muito importante para a sua conquista. Abel, treinador do Fluminense e que recentemente havia sido eliminado pelo Boca, deu dicas, contou “segredos”, deu sugestões, etc. e, claro, ajudou na conquista do corintiano.

O que chama atenção é que mesmo o Tite citando este fato, ele teve pouco destaque e tenho certeza de que muita gente ainda não sabia disso. O mais importante para o Tite é que o Abel que foi quem o ajudou, ouviu isso e com certeza ficou orgulhoso pela contribuição e sempre estará disposto a repetir!

O Felipão, da mesma forma, destacou que a contratação do Betinho, jogador de atuação decisiva nas finais – que marcou um gol e sofreu um pênalti –, foi avalizada pelo volante Márcio Araújo, que trabalhou com o jogador no São Caetano.

À época da contratação, ao ser questionado pelo Felipão, Araújo, além de “dar o seu aval”, conferiu dicas sobre a personalidade do atleta e de como aproveitá-lo melhor.

O que chama atenção mais uma vez é que mesmo o Felipão citando este fato, a mídia deu pouquíssimo destaque. Com certeza o volante ficou orgulhoso por ser lembrado e contribuirá novamente!

E você, tem essa atitude nobre que tiveram o Tite e o Felipão quando obtém conquistas?

Com o mercado de trabalho aquecido, as oportunidades tendem a surgir com maior frequência e se você for um dos “premiados” com uma conquista – uma promoção, um aumento salarial, a conquista de um emprego melhor, uma venda importante, uma barreira superada na carreira ou na família, etc., comemore muito e não se esqueça de relembrar sua trajetória até a conquista. E, principalmente, não deixe de agradecer e enaltecer quem contribuiu para que ela fosse possível.

Depois de refletir um pouco sobre isso, lembre as dicas dos seus primeiros chefes, as broncas, como isso te ajudou, ou os seus clientes mais exigentes (internos ou externos) que te cobraram e que te deram “pistas” de como fazer melhor. Ou ainda lembre os colegas para os quais você ligava quando precisava saber como fazer algo…

Depois de relembrar tudo isso, ligue para eles ou mande um SMS, um e-mail, conte sobre suas conquistas e ressalte a importância das contribuições deles na conquista.

Tenho certeza de que eles ficarão felizes e orgulhosos por terem sido lembrados e saiba que, quando precisar, estarão ali com você novamente.
É isto, pessoal!

Vejam se estão agindo como verdadeiros campeões, compartilhado e agradecendo suas conquistas com quem contribuiu para que elas fossem possíveis ou então viverão êxitos solitários e de pouco valor real.
Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos no próximo mês.

Abraços a todos!

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br

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O FC Barcelona, o treinador José Mourinho, a Periodização Tática e os treinos analíticos: fatos e reflexões

“Para quem tem como única ferramenta o martelo, todos os problemas são pregos.”
 

Parafraseando Mark Twain, que é o autor da frase acima, proponho nesta semana uma reflexão sobre alguns fatos que envolvem discussões (e problemas) que têm cercado o momento “metodológico” e “filosófico” do nosso (brasileiro) futebol profissional e de base.

De início, vamos aos fatos.

Fato 1: Quando começou a ganhar destaque no cenário mundial do futebol, conquistando títulos internacionais pela equipe do FC Porto, o treinador José Mourinho deu início também a uma eufórica e desenfreada série de reportagens, matérias, vídeos e livros reverenciando sua ação como treinador e os seus métodos inovadores de trabalho.

Estar ao lado dele, conhecê-lo, ser seu amigo ou mesmo ter sido seu professor em alguma etapa de sua formação acadêmica passou a ser, de alguma forma, vantajoso. Qualquer tipo de associação com a sua imagem fez aumentar o capital simbólico de publicações, pessoas e mais especificamente para a nossa discussão, de metodologias de treino.

Fato 2: Quando o Santos FC foi “atropelado” (me desculpem pelo “atropelado”) pelo FC Barcelona na partida final do Mundial de Clubes da Fifa 2011, emergiu no Brasil uma série de debates propondo nas entrelinhas (e sobre as linhas) que o “modelo” Barcelona de jogar e formar jogadores precisava, por que não, ser seguido pelas equipes brasileiras – sugerindo que os clubes no Brasil estavam (ou estão) atrasados em planejamento, conhecimento, modelos de treino, nível de profissionais, e etc.

Assim como aconteceu no caso do treinador português José Mourinho, passou a ser vantajoso para defender certos pontos de vista, utilizar o FC Barcelona como referência para justificar argumentos em uma ou em outra direção.

Pois bem.

Colocados os fatos, é bom esclarecer que não tenho intuito com esse texto de apontar verdades, mentiras, erros ou acertos, nem tampouco fazer julgamentos exatos sobre qualquer coisa.

O que desejo realmente é provocar reflexões.

Então, vamos lá.

Estive, entre 2010 e 2012, em três momentos distintos (simpósio, fórum e competição – não nesta ordem) com profissionais das categorias de base do FC Barcelona debatendo e trocando informações sobre futebol, processo formativo, meios e métodos de treinamento.

Tive acesso às planilhas do clube, assisti a vídeos de treinos e pude filmar alguns. E para os que dizem o contrário, posso afirmar: são realizados sistematicamente nos treinamentos das categorias de base do clube exercícios analíticos (fragmentados, previsíveis e centrados na técnica).

E que relação tem isso com o “fato 2” mencionado acima?

Muitos de nós, na justa ânsia de romper com paradigmas impregnados no nosso “brasileiro futebol” e expandir as fronteiras do conhecimento – em prol da disseminação de uma ideia de Complexidade – acabamos muitas vezes por associarmos nossas ideias àquilo que seria feito nas categorias de formação do time catalão (naquilo que, nos nossos sonhos, justificaria a avassaladora aula de futebol dada por eles na final do Mundial de Clubes).

Essa associação justificou muitas vezes a não utilização de atividades analíticas de treino. Mas, como, se o FC Barcelona se utiliza desse tipo de atividade em seus treinamentos?

Não estou defendendo os exercícios analíticos. O que estou sugerindo é a análise crítica dos fatos, e acima de tudo da Complexidade.

Não podemos aceitar os argumentos a favor de uma ou outra metodologia de treino, contrária a atividades analíticas, utilizando o FC Barcelona como referência dessa não utilização.

Continuemos.

Da mesma maneira que argumentos são associados ao FC Barcelona para dar valor a certas ideias, muitas e muitas vezes, foi e continua sendo vinculada à forma de trabalhar do treinador português José Mourinho a metodologia portuguesa (concebida pelo professor Vitor Frade) de concepção dos treinamentos chamada “Periodização Tática”.

Ainda que tenha grande valor, será mesmo que Mourinho se utiliza da Periodização Tática para planejar e construir seus treinos?

Por muito tempo os portugueses vêm dizendo que sim. E isso tem aumentado cada vez mais o simbolismo da Periodização Tática.

Estive com Rui Faria (adjunto do treinador português) em uma visita ao centro de treinamento do Real Madrid, por ocasião de uma viagem a Espanha, e em uma conversa informal, pude perguntar sobre o seu trabalho com Mourinho e sobre a relação desse trabalho com aquilo que foi “batizado” de Periodização Tática (tema que o próprio Rui debateu em trabalho acadêmico no passado).

Objetivamente, ele apontou para o fato de que não aplicavam a “Periodização Tática” de Vitor Frade, mas sim, uma periodização que também levava em conta a ação tática do jogador dentro do planejamento geral.

Disse que o jogo de José Mourinho é um jogo muito maior do que aquele de dentro do gramado, e que afirmar que eles (Mourinho e sua comissão técnica) trabalhavam e alcançavam sucesso a partir da Periodização Tática seria uma redução demasiada da qualidade e complexidade do trabalho que realizavam.

Não estou criticando a Periodização Tática; especialmente porque ela é um marco na história metodológica do treinamento dentro do futebol – ainda que apresente lacunas em nome da própria Complexidade que defende. O que estou sugerindo mais uma vez é a observação crítica dos fatos.

Não podemos construir a base dos nossos argumentos em falsas verdades (ou no desconhecimento dos fatos reais) – porque assim eles perdem consistência. E não estou aqui dizendo que sou eu o conhecedor dos fatos reais.

Reforço novamente que o que desejo é propor reflexões.
Citando Bruno Pivetti, “sabemos que no futebol existem muitas verdades e mentiras, que há possibilidade de o certo resultar em errado, e de o errado transfigurar-se em correto” (livro “Periodização Tática”, que recomendo).

E será isso obra do acaso, ou resultado da nossa incapacidade de compreender a ordem dentro do Caos?

Por que não avançarmos e tentarmos perceber, de posse de um martelo como única ferramenta, outros problemas, que não sejam somente pregos – dando ao martelo outra utilidade?

Por que não sustentarmos e apoiarmos nossos argumentos na essência das coisas, e que, certos ou errados, não precisemos fazer associações incorretas para aumentar o capital simbólico deles?

Tem um martelo? Então, qual o seu problema?

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
 

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Os princípios e a leitura de jogo

Durante o recesso dos campeonatos europeus, os olhares se voltaram para o futebol brasileiro. E tanto nos campeonatos nacionais, como nos estaduais de divisões inferiores, poucos minutos de acompanhamento por jogo são suficientes para a constatação de que muitas de nossas equipes estão aplicando princípios de jogo de maneira incoerente e os jogadores executando (demasiadamente) leituras de jogo equivocadas.

Os estudos do futebol apontam que para uma equipe apresentar/manter um bom desempenho ela deve convergir (e ter coerência) em seus princípios de jogo para cada um dos momentos do jogo. Tais convergências e coerências (que não podem perder a relação com o Todo e com a Lógica do Jogo) fazem com que os comportamentos individuais e coletivos pretendidos sejam mais facilmente aplicados e, dessa forma, o sistema-equipe se mantenha mais organizado.

É comum observar equipes que pretendem jogar em posse, mas não têm os onze jogadores posicionados no campo de ataque para circular a bola enquanto buscam a finalização. Sem os onze jogadores no ataque, as coberturas ofensivas, a superioridade numérica e a formação de triângulos (que dão coerência ao jogar em posse) ficam mais difíceis. Facilitar o comportamento de manutenção da posse implica zagueiros com qualidade de jogo no campo ofensivo, quesito raramente observado em nosso futebol.

Também é comum observar equipes que, dentro de casa, estão operacionalmente orientadas para buscar a recuperação da posse de bola. Com pressões individuais, ausência de referências espaciais ou atitudinais para a pressão e excessiva distância entre linhas, este comportamento se mostra, frequentemente, pouco eficaz.

Já fora de casa, observam-se equipes orientadas para impedir progressão. Para dar coerência a este princípio, a gestão do espaço entre bola e alvo, a recomposição, a boa flutuação e o direcionamento para setores de menor risco são fundamentais. O que se observa, porém, é um acúmulo desordenado de jogadores próximos à bola, a negligência ao espaço e a atenção excessiva ao adversário como referência para marcação.

Quanto à transição ofensiva, para aquelas equipes que buscam a retirada vertical do setor de recuperação, pedem-se leitura e passe de quem recuperou a posse, um balanço ofensivo bem posicionado e jogadores que buscam deslocamento ofensivo para receberem a bola em setores mais próximos do alvo adversário. É mais comum, no entanto, a falta de recurso técnico-tático para a transição, o mau posicionamento dos jogadores responsáveis pelo balanço ofensivo, que ignoram sua função defensiva quando se encontram à frente da linha da bola e a lentidão dos jogadores distantes dos setores de recuperação que dariam sentido à pretendida retirada vertical.

E na transição defensiva, para as equipes que buscam a recuperação imediata, ao invés de serem detectados a pressão coletiva de espaço e tempo na região em que se perdeu a posse de bola e o rápido mecanismo de fazer campo pequeno a defender, a prevalência é de ataques isolados à bola, combinados com perdas preciosas de segundos para mudanças de atitude por parte de alguns jogadores.

Toda esta incoerência na aplicação dos princípios de jogo exemplificados evidenciam os graves problemas de leitura de jogo que acometem o jogador brasileiro. Num olhar direcionado para as individualidades do sistema é certo que para o mesmo problema os jogadores apresentem quatro, cinco ou seis respostas diferentes. A equipe joga apenas um jogo e a diferente leitura expressa pelos jogadores resulta numa unidade coletiva desorganizada. Um grande passo para o insucesso de um treinador.

Enquanto nos nossos treinos não predominarem a resolução de situações-problemas, vinculadas ao Todo e à Lógica do Jogo, o cenário não irá mudar. Enquanto não buscarmos uma leitura de jogo coletiva e maiores previsibilidade e ordem aos imprevisíveis problemas do jogo, nosso desempenho seguirá minimizado. Teremos, por exemplo, que suportar scouters do futebol europeu debocharem do futebol brasileiro ao mencionarem que nosso jogo está taticamente ultrapassado, de seis ou sete Copas atrás. Ou então, corroborar com Tostão que aprecia o jogo europeu, pois vê mais jogadores procurando o passe.

Chegamos ao triste ponto de, neste ano, uma equipe comemorar um título tendo vibrado durante o jogo ao se desfazer da bola com um chutão.

Percebam que a discussão parou na coerência dos princípios. Imaginem se nas análises forem consideradas suas inter-relações…

O nosso futebol merece mais! Capriche no seu treino!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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Copa do Mundo: evolução, lei geral, polêmica e legado

A Copa do Mundo de futebol foi concebida em 1928 pelo então presidente da Fifa, o francês Julies Rimet, e teve sua primeira edição realizada dois anos depois no Uruguai.

A primeira Copa que foi vencida pelos anfitriões contou com 13 participantes e um público de 434.500 torcedores.

Vinte anos depois, em 1950, o Brasil organizou o Mundial, também vencido pelo Uruguai, com 13 seleções e público de 1.043.500 torcedores, ou seja, mais do que o dobro do primeiro evento.

Em 1978, a Argentina organizou e venceu sua primeira Copa, desta vez disputado por 16 países e com público de 1.546.151 torcedores. Pela primeira vez houve preocupação quanto à visibilidade dos anunciantes. Ademais, a Fifa constatou que a Copa do Mundo poderia ser lucrativa por meio da venda de direitos de exibição e publicidade.

Aliás, o responsável pelo crescimento do evento e de sua audiência é o publicitário Patrick Nally, pois foi a sua agência, a West Nally, que criou o modelo seguido atualmente pela Copa do Mundo e pelos Jogos Olímpicos.

Neste contexto com uma série de exigências, em 1982, na Espanha, a Fifa, pela primeira vez vendeu publicidade e direitos de transmissão. O número de participantes aumentou para 24, o público foi de 2.109.723 e a competição foi vencida pela Itália.

Em 1998, na França, novamente o número de participantes cresceu, passando para 32. O Mundial foi vencido pelos anfitriões e contou com público total de 2.785.100.

No intuito de “ganhar” o mercado asiático, em 2002, a Copa foi co-organizada pela Coreia do Sul e pelo Japão com a participação de 32 equipes e público de 2.705.19 torcedores. O Mundial que teve jogos também na Coreia do Norte foi vencido pelo Brasil.

Em 2006, a Alemanha organizou pela segunda vez o evento (a primeira vez foi em 1974). Com 32 países, público de 3.359.439 torcedores. O Mundial foi vencido pela Itália. Apesar disso, segundo o então técnico alemão, Klismann, a Alemanha perdeu a Copa mas ganhou um país, em alusão à unidade do povo alemão pós-queda do muro de Berlim.

Finalmente, 2010, a Copa do Mundo chega ao continente africano. Organizado pela África do Sul, a competição teve 32 participantes, público 3.178.856 torcedores e foi vencida pela Espanha.

Diante do exposto percebe-se que de pouco menos de meio milhão de torcedores, a Copa do Mundo chegou a mais de três milhões de torcedores, tornando-se o maior evento esportivo do planeta e o Brasil terá a missão de sediá-lo em 2014. Isso sem contar os bilhões de telespectadores.

Para tanto e a fim de proteger a qualidade do evento e seus patrocinadores, a Fifa realiza uma série de exigências. Aliás, ao se candidatar, o país já sabe o que deverá fazer para receber o evento. Estas exigências foram legitimadas por meio da Lei Geral da Copa.

A referida lei logo no início demonstra uma estrutura semelhante a um contrato, eis que se tem de um lado a Fifa, dona do evento, e do outro o Brasil, querendo organizá-lo.

Ao ser sancionada, a presidente Dilma Roussef vetou alguns pontos:

-Parágrafo que separava 10% dos ingressos para jogos do Brasil (300 mil ingressos na Copa do Mundo e 50 mil na Copa das Confederações) para venda a preços populares (cerca de R$ 50)

-Artigos que não permitiam que o serviço de voluntários substituísse empregos assalariados ou precarizassem relações de trabalho já existentes

-Trecho que suspendia leis locais sobre meia-entrada para os estádios

-Dois artigos que determinavam que os estrangeiros tirassem seus vistos em seus países de origem com prazo mínimo de 30 dias

Vale lembrar que os vetos podem ocorrer por inconstitucionalidade ou interesse público. Além disso, muitos foram os pontos polêmicos, com destaque especial para a venda de bebidas alcoolicas em estádios de futebol e proteção às marcas da Fifa e de seus parceiros.

Sobre a questão das bebidas alcoolicas, imprescindível destacar que não há qualquer vedação no Estatuto do Torcedor, o que a lei de proteção do torcedor proíbe é a venda de produtos que prejudiquem a segurança do evento.

Destarte, o álcool não é causador de violência, pois esta é fruto de diversos elementos, a saber:

•Emoção

•Descarga de frustrações cotidianas

•Falta de infraestrutura adequada e de atenção aos direitos dos torcedores

•Ausência de medidas pedagógicas e educacionais

•Sensação de impunidade

•Ausência ou demora de medidas punitivas

No que tange às marcas, é natural que o Brasil combata a pirataria e também que impeça o maketing de emboscada, ou seja, que uma empresa não patrocinadora ou parceira “pegue carona” no evento e divulgue a sua marca.

Na África do Sul, por exemplo, um incidente ganhou detaque. Na partida entre Dinamarca e Holanda, uma marca de cerveja utilizou-se de belíssimas mulheres com microvestidos para divulgar o produto durante a partida, em detrimento da patrocinadora oficial, a Budweiser. As modelos foram presas e deportadas.

Ora, trata-se de empresas que investem milhões de dólares, viabilizam o evento e querem, portanto, assegurar o seu retorno publicitário.

Conferiu-se muita atenção a estes pontos e esqueceu-se de que durante a Copa do Mundo alguns artigos do Estatuto do Torcedor foram revogados, com destaque para a responsabilização objetiva do mandante e do organizador do evento. A responsabilidade objetiva corresponde à desnecessidade de comprovação de culpa do agente, basta comprovar o dano e o nexo de causalidade com o evento.

Assim, se o torcedor sofrer um dano em uma partida da série A-3 do Campeonato Paulista, os organizadores serão responsabilizados objetivamente. Mas, se o dano ocorrer na final da Copa do Mundo, caberá ao torcedor comprovar a culpa da Fifa.

Urge destacar que concordar com eventuais exigências da federação não corresponde a uma afronta à soberania, eis ser soberano corresponde à autonomia para aceitar ou rejeitar o que se propõe. Se o Brasil não quer aceitar, basta dizer “não” e a entidade máxima do futebol realizará a Copa do Mundo em outro país.

O fato é que não passa pela cabeça de nenhum brasileiro deixar de receber a Copa em razão de venda de bebidas, proteção de marcas, ou qualquer outro item da Lei Geral.

O importante é que o país utilize os grandes eventos que se aproximam para trazer um legado ao seu povo. Os Jogos Olímpicos de Barcelona (1992), por exemplo, revitalizaram a cidade e hoje a capital catalã é uma das cinco cidades mais visitadas do mundo. A Alemanha dobrou o número de turistas no ano seguinte ao Mundial.

Além disso, há o investimento em infraestrutura que tem como foco a Copa e/ou os Jogos Olímpicos, mas cujos benefícios serão usufruidos para sempre.

Portanto, percebe-se a magnitude e a importância de se receber um grande evento esportivo, cabendo ao Brasil conduzir a sua realização de forma que tenhamos dias inesquecíveis e um legado fantástico.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br