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Concurso e Olimpíadas buscando o espírito olímpico

O Comitê Olímpico, junto ao IAB-RJ, abre oportunidade para jovens graduados. A ideia de buscar novas oportunidades para os mais jovens arquitetos se concretizou com o lançamento do concurso de projetos para a área social do primeiro campo de golpe público (com 18 buracos, ou seja, completo) do Rio de Janeiro.

Não só será um projeto para as Olimpíadas como também visa fomentar o esporte no Brasil a partir deste equipamento, ficando, sim, como legado para a população.
 

O golfe nas Olimpíadas do Rio poderá aumentar o número de praticantes no Brasil

O concurso visa receber projetos de profissionais formados a partir de 1997 e inclui, como programa, um restaurante, área social, bar, loja, vestiários, local para eventos e administração e tem premiações para os três melhores projetos.

A importância de concursos públicos de arquitetura

Já faz tempo que defendo a causa. A abertura de concursos evita direcionismo a profissionais parceiros e democratiza a oportunidade de se projetar um equipamento público.

Se todos somos cidadãos, todos podem propor ideias para o poder público com igualdade. Tudo isso dá um leque maior de opções para o governo evitando projetos equivocados, uma vez que se pode escolher o melhor dentre muitas ideias e conceitos, o que dificilmente poderia ser enxergado com uma única proposta de um único profissional.

Desde que seja transparente, o concurso evita também corrupções. Não em todos os sentidos, mas, ao menos, em um deles.

O fator polêmico entre muitos arquitetos é que todos se esforçam, todos trabalham e somente cerca de três são pagos. Isso gera uma desvalorização do trabalho, uma vez que o cliente recebe inúmeras propostas e não paga pela maioria como se não fossem trabalhos com horas dedicadas.

No entanto, é uma oportunidade dada; quem se inscreve está ciente disto e está disposto a propor ideias, livremente, sem ser, necessariamente pago por isso.

O golfe nas olimpíadas

Nas Olimpíadas no Rio em 2016 “estrearão” duas modalidades: o golfe e o rugby. No entanto, o golfe foi praticado até 1904, ano no qual participou com somente dois países (Estados Unidos e Canadá).

Para o Brasil, teremos não só a reestreia do esporte, mas também podemos esperar muito mais países participando (cerca de 30, com participantes masculinos e femininos).

Além disso, o legado olímpico mencionado acima fica a favor desta ideia, democratizando o esporte no Brasil e aumentando o número de praticantes de um esporte que, até então, é elitizado por ter custos mais caros que outras modalidades.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

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Instalações e pessoas

Estamos assistindo a uma ampla revolução, qualificação e especialização de instalações esportivas por todo o país, impulsionado sobretudo pelos megaeventos esportivos que estão por ser abrigados no Brasil.

A lista é vasta: vai desde estádios de futebol com infraestrutura de primeiro mundo, sem precedentes por aqui, até pequenos e médios centros de treinamento que sonham em receber alguma delegação internacional para período de aclimatação de seleções e equipes estrangeiras.

Este lado é um ótimo indicador do desenvolvimento esportivo de uma nação. Mas, e as pessoas? Quem vai administrar estes equipamentos pós-2016? O plano estratégico que envolve a concepção e construção da instalação esportiva compreende a formação de especialistas para que a mesma se torne autossustentável no longo prazo?

A breve reflexão é no sentido de termos uma visão mais holística da gestão do esporte, que por vezes não está atrelada somente a bens tangíveis como fundamentais para o desenvolvimento da prática, mas é fruto principalmente do conhecimento acumulado por diversas ciências ligadas à gestão e ao esporte.

Este raciocínio lógico é fundamental em um momento após grandes eventos, como o ocorrido em Londres neste mês. A tendência de justificar bons e maus resultados recai em grande parte sobre a estrutura.

E a mídia e o grande público acabam acreditando que é só isso que resolve…

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Tecnologia, só, não faz verão

Passado esse momento olímpico cria-se um espaço de debate, críticas e reflexões sobre o investimento no esporte, modelos de gestão de federações e análises do desempenho esportivo.

Sabemos que esses ciclos olímpicos muito têm a contribuir com o estudo das ciências do esporte, pois sempre surgem novos paradigmas a respeito de uma diversidade de aspectos, seja no treinamento, seja nos equipamentos, nos movimentos de competição, enfim, novidades sempre são apresentadas, ainda que demorem um pouco para serem percebidas e analisadas com profundidade.

Entre os temas discutidos estão o direcionamento dos recursos ao intercâmbio de atletas, o investimento em técnicos estrangeiros, centros de excelência esportiva e até um instituto de formação de técnicos. Enfim, vários temas recorrentes em nossas discussões sobre melhorias que podem chegar ao nosso universo do futebol também.

Entre tantos assuntos e temas que ganham projeção nesse momento julgo que um merece uma análise neste espaço. Um argumento que me chamou atenção em um evento logo após o término dos jogos, que se apresentava mais ou menos desta forma:

“O Brasil está anos luz atrás em termos de tecnologia dos outros países, é complicado competir em igualdade de condições”.

É importante nesse ponto verificar que é uma situação muito similar ao discurso que tem permeado o universo do futebol. Os resultados, principalmente em termos de seleção brasileira, estão cada vez mais contestados, questiona-se a falta de atletas de ponta (não se acham mais craques no futebol brasileiro, dizem muitos); é como se o nosso futebol tivesse parado no tempo.

Pois bem, voltando ao momento olímpico, de fato, a tecnologia colocada à disposição para os outros países contribui e bastante para uma diferença de desempenho. Porém, não podemos esquecer o conceito mister do que é tecnologia. Conceito este que já abordamos por algumas vezes, no qual entendemos que tecnologia é recurso e processo.

Assim, não importa ficar discutindo se os milhões investidos no esporte foram ou não suficientes, mas como eles foram investidos. É caro investir em equipamentos de ponta?

Sim, ainda mais se pensarmos em uma federação de boxe, nos recursos que, com certeza, são bem mais limitados do que os recursos alocados para o centro de treinamento da seleção de vôlei.

Porém, será que não existem fases de treinamentos e equipamentos comuns às diferentes modalidades que compõem o programa olímpico? O mesmo se aplica ao futebol, não existe forma de compartilhar estrutura para buscar melhores desempenhos?

E o mais importante é discutir como capacitar as pessoas para tirar proveito desses recursos tecnológicos. De nada adianta investir em equipamento, estrutura de centro de treinamento, coisa que os clubes brasileiros já têm feito, mas é importante dar um passo à frente. Quem opera esses centros? Quem cobra resultados? (não de jogo, mas de projetos, de análises) Quem administra? Afinal, quem lida com o processo tecnológico?

Faltam recursos humanos competentes?

Não acredito nisso. Temos cientistas do esporte espalhados pelo Brasil desenvolvendo importantes trabalhos nos seios da universidade; temos profissionais formando e influenciando novas gerações de profissionais do esporte.

É preciso nesse momento entender que tecnologia precisa de pessoas com competência de operá-las e, sobretudo, de transformar sua utilização em ações práticas.

E o investimento deve ser nesse sentido, de capacitar pessoas para agir no processo tecnológico vinculado à ciência do esporte.

Quando este momento chegar, os clubes disputarão os “direitos federativos” deste profissional que se destaca na competência de operar e transformar os recursos tecnológicos em desempenho. Esses, muitas vezes, serão os craques por detrás do campo.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br 

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Futebol Salva-Vidas

O futebol pode salvar inúmeras vidas em todo o mundo.

Aliás, já salva, num certo sentido.

Muitos jovens que se engajam nas categorias de base dos clubes por aí afora podem ser vistos como tendo sido salvos dos riscos sociais típicos, em especial drogas, violência e desocupação profissional.

Além dessa atividade voltada ao alto rendimento, podemos também nominar alguns projetos sócio-esportivos ou, até mesmo, as escolas de futebol, como vetores de desenvolvimento e transformação social.

Porém, o futebol também tem amparado uma fantástica iniciativa que ajuda a “salvar vidas” num sentido mais “literal” ou, pelo menos, mais trivial.

O Complexo Pequeno Príncipe é o maior hospital pediátrico do Brasil e tem sede em Curitiba. Os números são impressionantes: 390 mil crianças são atendidas por ano, incluindo consultas, exames e procedimentos cirúrgicos.

Há cinco anos, foi fundado o Instituto de Pesquisas Pelé Pequeno Príncipe, tendo como patrono e grande apoiador o maior ídolo do nosso futebol em todos os tempos.

Por tal motivo, promove-se o envolvimento entre o futebol e a responsabilidade social, por meio dos projetos socioesportivos e culturais desenvolvidos pelo Programa Gols pela Vida, vinculado ao Instituto de Pesquisas Pelé Pequeno Príncipe.

Atualmente, são 60 linhas de pesquisa, incluindo genoma humano e transtornos neurocognitivos.

O Programa Gols pela Vida foi concebido como plataforma de iniciativas que visam a levantar recursos para as pesquisas, em prol da saúde infantil, realizadas pelo instituto.

E uma delas é a chamada Copa Gastronômica Gols pela Vida.

Um time de 15 chefs renomados, do Brasil e do exterior, liderados por Claude Troisgros, o simpaticíssimo francês do programa de culinária “Que Marravilha”, são convidados a apresentar pratos especiais, a preços populares, em eventos voltados à arrecadação de fundos.

O projeto foi aprovado junto ao Ministério da Cultura e contou com diversas empresas parceiras.

A mais recente etapa se deu em São Paulo, na linda Sala São Paulo. Antes de se servirem dos pratos especiais do evento, os frequentadores puderam acompanhar um concerto de música erudita, regido pelo maestro Norton Morozowicz, que fazia parte da programação oficial.

Mais de 2500 pessoas circularam pelo evento.

Na noite seguinte, num jantar mais restrito e também com intuito de arrecadação de recursos, foram recebidos 250 convidados, para apreciar o fantástico menu liderado por Troisgros e que também contou com Alex Atala, Roberta Sudbrack, Iñaki Aizpitarte e Ignacio Echapresto, ambos da Espanha.

Tive o grande prazer de convidar e dividir a mesa com Beatriz Pantaleão e Raí, da Fundação Gol de Letra, Ana Moser, do Instituto Esporte e Educação, Jair Libardoni, do Projeto Bom de Bola Paraná.

Além destes, o jogador do Corinthians, Paulo André, cujo instituto leva seu nome, e Eduardo Tega, representando a Universidade do Futebol.

Raí e Ana Moser também lideram os Atletas pela Cidadania, que se constitui num grande fórum de discussão e execução de iniciativas socioesportivas no Brasil.

A conversa foi bastante rica, com grandes experiências compartilhadas a respeito de como se deve encarar o futebol como agente de transformação social no país, também tendo como semente a aproximação de líderes de instituições que pensam e agem seriamente sobre essa premissa.

Peraí, acho que me enganei lá em cima…

Disse que o projeto da Copa Gastronômica Gols pela Vida foi aprovado junto ao MinC, não junto ao Ministério do Esporte.

Não, não me enganei.

Futebol também é cultura.

Também pode salvar vidas.

Que marrravilha!

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Estruturação do espaço de jogo: a simetria e a assimetria defensivas

Em um jogo de futebol, a todo instante a variação dinâmica do posicionamento da bola, dos companheiros e dos adversários faz surgir, instantaneamente, uma readequação da estruturação individual e coletiva do espaço.

A variação dinâmica de qualquer natureza tende a gerar microdesequilíbrios organizacionais, tanto para a equipe que tem a posse da bola, quanto para sua adversária.

Sob o ponto de vista da estruturação do espaço, a lógica de reorganização dinâmica da equipe para manutenção de um equilíbrio posicional (defensivo e/ou ofensivo) pode ocorrer, ou de forma simétrica ou de forma assimétrica (LEITÃO, 2009; 2012).

Em geral, tanto a lógica de reorganização simétrica quanto a assimétrica independem da simetria ou assimetria geométrica da estruturação do espaço da equipe.

Isso quer dizer, em outras palavras, que para uma ocupação espacial simétrica do espaço, pode haver uma lógica interna de movimentação dos jogadores, simétrica ou assimétrica. O mesmo vale se a ocupação do espaço também for assimétrica.

Vou tentar exemplificar então, no texto desta semana, a partir de uma estruturação espacial defensiva zonal, o funcionamento de uma lógica interna de reorganização coletiva simétrica, e uma assimétrica.

Vejamos a Figura 1.

Temos nela (na Figura 1), a “equipe amarela” estruturada no 1-4-3-3.
Acrescentaremos uma equipe adversária (branca), de posse da bola, atacando pelo lado direito da defesa do time amarelo (Figura 2).

Com a bola pela esquerda da defesa, a equipe amarela flutua zonalmente para o lado dela (da bola).

A linha de ataque formada pelos jogadores 11, 9 e 7 (do time amarelo) mantém uma relação espacial entre eles, porém diminuindo a área do triângulo virtual formado no campo de jogo (Figura 3). O jogador número 9 assume um posicionamento especial para evitar que o time adversário consiga voltar a bola para trás (ele fecha o passe no jogador 3 do time branco).

Toda flutuação da equipe amarela tenta manter a geometria desenhada pelo 1-4-3-3.

Se a bola consegue ser circulada pelo adversário (equipe branca), saindo da direita do seu ataque, passando pelo centro, para depois chegar do seu lado esquerdo, deverá a equipe amarela (que se defende) flutuar de maneira a manter suas linhas do esquema tático, bem definidas.

Então, conforme podemos observar nas Figuras 4 e 5, quando a bola muda de lado, basta que as linhas da equipe que se defende, mantendo sua geometria, desloquem-se no campo de jogo, da esquerda para a direita.

Com a bola na direita da defesa, respeitando a mesma lógica defensiva que estava presente no lado esquerdo, mais uma vez a linha de ataque diminui a área do seu triângulo virtual, com o jogador número 9 “fechando” o passe do adversário para trás.

Toda essa lógica interna de reorganização dinâmica em função da posição da bola é uma lógica simétrica para a estruturação do espaço.

Isso é caracterizado pelo fato de que os jogadores das linhas de defesa, meio-campo e ataque não precisam mudar de posição entre si dentro da sua própria linha ou entre as linhas para poder manter a ocupação desejada do espaço (durante toda a dinâmica os jogadores 2, 3, 4 e 6 permanecem na linha de defesa, os jogadores 5, 8, e 10 permanecem na linha do meio campo, os jogadores 7, 9 e 11 permanecem na linha de ataque, e o goleiro mantém sua posição principal).

Agora, vejamos, para a mesma situação incial, e para a mesma estruturação do espaço, outra dinâmica de ocupação espacial.
Mais uma vez, a bola está do lado esquerdo da equipe amarela que se defende (Figura 6).

Mais uma vez o jogador número 9 da linha de ataque do time amarelo se posiciona para fechar o passe para trás da equipe branca.

Agora começa (didaticamente falando) a assimetria (Figura 7).

Quando a bola consegue ser circulada ao centro (pela equipe branca), ao invés do jogador número 9 (amarelo) correr para a faixa central, ele entra na linha do meio campo da sua equipe, pelo lado esquerdo.

Ao mesmo tempo sai para a linha de ataque o jogador número 8 (que pertencia à linha do meio-campo) – permanecendo nela (na linha de ataque).

Essa troca de posição, aparentemente mais racional sob o ponto de vista do deslocamento no campo de jogo, leva a mudanças posicionais constantes, de maneira que, para cada vez que a bola alterna de uma faixa para outra do campo de jogo, novos jogadores saem de uma linha para a outra.

Se a bola sai da faixa central e vai para a faixa direita da defesa da equipe amarela, dentro da assimetria estabelecida pela equipe, emerge uma simetria, pois após a mudança de linhas entre os jogadores de ataque e meio-campo, eles permanecem em suas novas posições sistêmicas (Figura 8).

No entanto, podemos observar (ainda na Figura 8) que ainda que esteja mantida a geometria do 1-4-3-3 zonal, estão diferentes as interações entre os jogadores 7, 9 e 11, e entre os jogadores 5, 8 e 10; porém não entre as linhas de defesa, meio-campo e ataque.

Com uma lógica interna de reorganização assimétrica, para manutenção equilibrada do espaço, é então de se esperar, que caso a bola saia agora da faixa direita de defesa da equipe amarela, em direção à faixa central, mais uma vez com uma troca, possivelmente o jogador número 8 (que agora na Figura 8 está fechando o passe para trás) entrará novamente na linha do meio-campo (por fora, pelo lado direito), e assumirá a faixa central na linha de ataque, o jogador número 11.

E, assimetricamente falando, por hoje é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
 

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A vertente emocional e mais um argumento para o treinamento com jogos

Antes de iniciar as discussões acerca do tema desta semana, gostaria de parabenizar a iniciativa de alguns profissionais do futebol que têm utilizado as redes sociais para a troca e propagação de conhecimento relativo a uma das tendências metodológicas do treinamento em futebol, mais especificamente da Periodização Tática.

Tenho acompanhado muitas das atualizações, porém, não tenho comentado por já possuir um espaço em que posso, de certa forma, colocar minha visão do mundo, ou melhor, do futebol. Além disso, não seria correto opinar e não ter tempo suficiente para avançar em discussões.

O fato é que se nota, nas leituras que faço cotidianamente, a intenção positiva dos profissionais em propor algo mais ao nosso futebol que, também notoriamente, está clamando por melhorias.

Em certos momentos percebi que alguns assuntos foram tão polêmicos a ponto de gerarem comentários mais ásperos. Penso que a divergência de opiniões é fundamental para o crescimento de todos e não há nada melhor que bons argumentos (teórico-práticos) para enriquecer e contribuir na eterna formação que deve ser nossa existência. Sugiro, apenas, como seres humanos que somos (nunca agindo somente racional ou emocionalmente), que reflitam ao optarem por reações equivocadas (colocações ásperas) que somente limitam a construção de um novo futebol.

E agora, iniciando o tema e buscando constantemente a construção de um novo futebol, lanço a seguinte pergunta: como você treina a vertente emocional de sua equipe?

Quando alguém joga futebol, representa em cada ação seu comportamento tático-técnico-físico-emocional diante dos problemas impostos pelo jogo. Para problemas semelhantes, na grande maioria das vezes, os atletas apresentam respostas também semelhantes. Exemplificando, aquele atleta que se omite do jogo quando a situação está adversa (problema) continuará se omitindo (resposta) na maioria das vezes que tal situação se repetir.

E como sabemos, a omissão não é o único comportamento evidenciado em uma partida. Diferentes situações como, torcida, placar do jogo, decisão do árbitro, cobrança de companheiros, atitudes do rival, local do campo, jogada anterior, peso da competição e tradição do adversário, potencializam o desencadeamento de inúmeras reações emocionais (e não só emocionais) em cada um dos participantes de um determinado jogo. Além de omissão, possivelmente por medo, raiva, confiança, insegurança, euforia, nervosismo, ansiedade, coragem e tranquilidade são exemplos de alguns comportamentos emocionais manifestados pelos seres que jogam.

Para você que é treinador de um clube de categoria de base, quantos jogadores de sua equipe “sentiram o jogo” ao enfrentarem um clube grande?

Outra pergunta, mais especificamente para quem trabalha com algum rebelde, quantas vezes este atleta se desligou do jogo após uma cobrança sua ou dos companheiros de equipe?

E você, que assistiu à final dos Jogos Olímpicos? Reparou em comportamentos emocionais distintos (com o placar desfavorável) dos evidenciados ao longo da competição?

Então, qual é o método de treino capaz de aproximar os problemas (não só emocionais) do jogo no treino? O método que utiliza jogos, obviamente.

Como o treinamento com jogos utiliza fractais do futebol para preparar a equipe, a essência e os pressupostos do jogo (desequilíbrio, imprevisibilidade, desafio e representação) são mantidos. Dessa forma, os atletas continuamente são expostos (no treino) aos problemas que podem (e vão) se repetir no jogo.

Infelizmente, não conseguimos recriar no ambiente de treino a totalidade das características que envolvem um jogo oficial, mesmo assim, a possibilidade de confrontar a todo o momento erros e acertos da equipe, vantagem e desvantagem no placar, erros e acertos do árbitro (técnico), ou até o comportamento nas transições ofensivas e defensivas, permite uma leitura precisa de cada um dos atletas.

Com a leitura desta vertente da equipe em mãos, a comissão tem mais uma boa ferramenta para periodizar o seu jogar.

Concluindo, não confundam a discussão do tema com a dispensa do psicólogo no grupo de profissionais que integra uma equipe. Acredito que seu papel é de uma assessoria na educação (eterna formação) do indivíduo para além do desporto. É a profissão que nos orienta para o autoconhecimento. Tema (quem sabe) para uma coluna futura.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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A “Operação Padrão da Polícia Federal” e a Copa do Mundo no Brasil

Escrevo do Aeroporto Internacional de Confins onde aguardo voo para São Paulo em conexão para São José do Rio Preto onde, a convite da OAB/SP, proferirei palestra acerca da Copa do Mundo e seus aspectos legais.

A coluna desta semana estava pronta e abordaria o tema de minha exposição em São José do Rio Preto, enfatizando a evolução da Copa do Mundo como negócio e suas implicações no mundo jurídico. Todavia, um fato mudou o enfoque deste texto.

Entretanto, logo pela manhã, li em redes sociais algo sobre uma “operação padrão” promovida pela Polícia Fedaral, inclusive, aconselhando chegar mais cedo aos aeroportos.

Como possuía compromisso inadiável pela manhã me dirigi normalmente ao aeroporto de Confins que, como o nome o sugere, é bem distante da capital mineira.

Ao realizar o “check in” a atendente da empresa aérea sugeriu-me ir o quanto antes à sala de embarque em virtude da mencionada “operação”.

E assim fiz.

Ao chegar na porta do embarque chamou-me a atenção uma imensa e incomum fila, especialmente, em se tratando de voos domésticos.
Adentrando a sala deparei-me com quase uma dezena de agentes da Polícia Federal educados, porém com feições fechadas e sem muita gentileza e, acompanhados de cães farejadores, mandando colocar bagagens no chão, em uma verdadeira operação de guerra.

Seria este o procedimento de rotina?

Se a resposta for positiva, não há ilegalidade no ato de hoje, mas teria havido gravíssima negligência da corporação nas ações pregressas.

Sendo a resposta negativa, os agentes participantes estão agindo contra a lei, eis que impõem ao cidadão contrangimento ilegal e desnecessário. Ademais, a Polícia Federal estaria claramente criando um embaraço a fim de forçar o atendimento aos seus anseios.

Destarte, trata-se de impedimento de livre circulação por meio de constrangimento ilegal e a violação ao direito de ir vir traduz ato inaceitável e injustificável e deve ser atacada por meio de “Habeas Corpus”.

Esta grave violação é oriunda de uma das corporações mais respeitadas pela opinião pública, símbolo da luta contra crimes federais como tráfico de drogas e corrupção. Triste constatar que a Polícia Federal tenha deixado de lado a atenção ao cidadão manchando sua imagem em prol de interesses particulares.

Aliás, atos parecidos tem sido realizados por servidores públicos remunerados pelo povo e para serví-los. A Defensoria Pública boicota a remuneração de advogados dativos e realiza greves impedindo que o cidadão menos favorecido possa buscar seus direitos. A receita Federal atrasa a importação de produtos encarecendo bens de consumo básicos.

Audiências trabalhistas deixam de ser realizadas pela falta de servidores e os trabalhadores deixam de receber seus direitos. Estudantes sem aula por paralização de professores e servidores.

Ressalte-se que a maioria das classes mencionadas (excetuando-se talvez apenas aquelas relacionados à área de ensino) possuem rendimentos muito superiores à média nacional e, ainda, uma série de direitos derivados do Regime Estatutário. As salas de aula de cursos preparatórios estão abarrotadas de concurseiros sedentos pelas remuneração e benefícios dessas carreiras e, certamente, nenhum dos manifestantes sequer cogita enveredar-se pelo ardiloso caminho da inicitativa privada.

Ademais, conferir ou não aumentos a servidores correspondem a uma questão matemática, pois o Governo somente pode aumentar sua despesa se aumentar sua receita e para isso não há mágica. Ou se cortam investimentos em educação, saúde, etc, ou se aumentam impostos, ou se imprime mais papel moeda (o que gera inflação).

De fato o direito de greve está previsto no artigo 7º da Constituição Brasileira, entretanto, a própria constituição estebelece que o exercício de greve por parte dos servidores públicos depende de norma regulamentadora que não existe. Assim, para viabilizar o direito de greve, o funcionário público precisa se valer do Mandado de Injunção (remédio constitucional contra violação a direito fundamental por ausência de norma regulamentadora). Sem norma regulamentadora e/ou mandado de injunção qualquer greve em setor público é ilegal.

De toda sorte, não se pode deixar de destacar que no caso da Polícia Federal não se trata de greve, mas de uma operação expressamente deflagrada com a intenção de trazer contratempos que violam fundamentais direitos ao cidadão.

Diante de tudo isso, percebe-se que muitos dos aspectos atinentes à Copa do Mundo que são amplamente debatidos tornam-se menores diante da violação de direitos perpetrada por órgão responsável pela proteção do indíviduo.

De nada adianta o país se preocupar com a Lei Geral da Copa, investir em infraestrutura, segurança, etc, se as suas instituições não respeitarem os cidadãos. O Estado e os servidores públicos perdem a razão existir a partir do momento em que se desvirtua seu dever legal.

Espera-se que a sociedade civil, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil que, inclusive, possui dentre as suas junções a proteção às leis e aos direitos humanos, tomem medidas judiciais contra as ilegalidades perpetradas.

Espera-se também que a Adminsitração Pública não ceda e puna, nos termos do Estatuto dos Servidores (Lei 8.112/1990) exemplarmente aqueles servidores que estejam agindo contra a Constituição da República.

Somente assim o Brasil estará pronto para receber os grandes eventos esportivos e, por consequência, mostrar ao mundo sua pujança.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Engenhão

Com o alto número de jogos somado à grande área de sombra proporcionada pela cobertura do Engenhão, os problemas do gramados são duros de combater. A alta frequência de jogos desgasta, enquanto a falta de luz natural faz com que pragas se proliferem.

Recentemente, o estádio adquiriu um equipamento moderno, de iluminação artificial a fim de suplementar a iluminação no gramado, principalmente nos pontos mais críticos. No entanto, os problemas não serão resolvidos sem um calendário de jogos mais coerente e consciente.

Aí é que o Botafogo entra em um impasse: como aumentar as rendas diminuindo os jogos?


 

Com jogos com frequência de quatro a seis mil torcedores, aumentando somente com a presença de Seedorf, e ainda somente nas primeiras partidas (com cerca de 23.500 espectadores), o time não conseguiu, nem mesmo, lotar o estádio (com capacidade atual de 47.000).

Três motivos podem estar diretamente ligado com o baixo público: o rendimento do time em campo, a forte ligação do clube com o torcedor e a localização do estádio.

Todos os itens são trabalháveis. O primeiro, com trabalho direto no campo; o segundo, com uma boa equipe de marketing e espelhamento em grandes times europeus, ou até mesmo no Internacional; já o terceiro é um item mais complicado. Daí a importância da escolha do local onde se construir um estádio. Temos locais da Copa, mesmo, com problemas e duvidosos da eficiência. Mas, voltando ao Engenhão, algumas coisas podem ser facilitadas.

A localização do Engenhão não é das melhores, próxima ao Complexo do Alemão, recentemente alvo de tentativa de pacificação e atuação da polícia. Esse fator não traz segurança total de acesso. É um problema social que interfere diretamente na frequência.

O medo atinge diretamente famílias que vão ao estádio juntos, os mais precavidos, a presença de crianças, mulheres e idosos. E com certa razão. Quem sai de casa para ir com dificuldade ao estádio, com riscos e ver o time do coração perder?

Além disso, o transporte público é complicado. Além de distante, o estádio não conta com metrô, o estacionamento é complicado, e não são tantas linhas de ônibus que passam ali. Ou seja, o custo, indo de carro ou táxi, também é grave e não é democrático.

A Prefeitura do Rio de Janeiro poderia muito bem melhorar o transporte até a região, não só pelo futebol, pelo Botafogo, pois não seria justificável, mas pela sociedade, mesmo. Iluminação na região é essencial para a segurança, assim como fiscalização, para quem for de carro ter o mínimo de tranquilidade.

São coisas simples, mas que podem trazer mais público ao Engenhão.

O estádio precisa de mais identidade. Não basta um escudo estampado no gramado, nem charme com os desenhos de listras no mesmo. Precisa que o torcedor se sinta totalmente em casa, e não em um estádio qualquer.

Precisa achar ações das quais a torcida participe. Mesmo fora de jogo, que ela tenha motivos para visitar o estádio. Isso pode gerar renda.

O Botafogo precisa trabalhar em cima de tudo isso, ou continuará com uma bomba nas mãos.

Sem mudanças nesse sentido, jamais o Engenhão poderá ser sede nas Olimpíadas, nem mesmo na Copa das Confederações, ou o público será baixo novamente, com gastos olímpicos.

O Rio de Janeiro precisa enxergar as possibilidades e necessidades para lucrar com os eventos e não ser um fiasco.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br
 

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Inteligência de jogo e Cristiano Ronaldo: o desempenho complexo no futebol

No blog “Falemos de Futebol” há uma entrevista, datada de 2009, feita por Nuno Amieiro (um dos autores do livro “Por que tantas vitórias?”) com o professor Vitor Frade, idealizador da “Periodização Tática”. É uma entrevista com pontos bem interessantes para debate.

Separei um trecho dela (abaixo) para que possamos fazer algumas reflexões. Está como aparece no blog, com o “português de Portugal”.

Antes, contudo, vou deixar solta no texto uma pergunta (que retomarei adiante). Vejamos: o que precisa ter um jogador para jogar bem futebol em alto nível?

Agora, ao trecho:

“Nuno Amieiro: Deixe-me pegar agora no exemplo do Cristiano Ronaldo… A generalidade das pessoas está claramente convencida de que o que ele é hoje enquanto jogador se deve em grande parte ao trabalho de ginásio (eu: academia, trabalho com pesos, etc.) que desenvolveu e provavelmente continua a desenvolver…

Vitor Frade: Isso rebate-se com facilidade. O Cristiano tem um morfotipo e joga numa posição que pode permitir que o lado atlético seja um acrescento. Mas eu penso que a juventude dele e o facto de estar a jogar em Inglaterra (eu: na época da entrevista o Cristiano Ronaldo jogava no Manchester United) ainda não o fez dar-se conta do desperdício que é o não uso tão regular da capacidade de drible, de simulação e de engano que ele tinha. E o jogo assente neste padrão atlético em que ele se está a viciar e do qual beneficiam os abdominais e o porte que ele tem, tirou-lhe algo que ele também tinha potencialmente, que era aquele poder de «ginga», que é mais o registo (eu: registro), por exemplo, do Messi.

E eu pergunto, alguém no seu perfeito juízo é capaz de dizer que o Cristiano Ronaldo é melhor do que o Messi? Na melhor das hipóteses dirão que um é tão bom quanto o outro. E o Messi é exactamente o oposto em termos de morfotipo: é pequeno, enfezado,… E é doente, pois tem problemas metabólicos.

Acho que o que é fundamental é que o jogador tenha a capacidade de resistir e de ter força… Mas é importante que se perceba o que eu quero dizer com isto, pois não tem nada a ver com o entendimento comum… Repare na conversa que há pouco estávamos a ter sobre o Fábio Coentrão. O Coentrão, sendo um indivíduo débil, frágil, numa disputa de bola contra dois jogadores matulões do FC Porto, o Cissokho e o Rolando, conseguiu, com uma «ginga», sentar os dois e ir embora com a bola… Isto, para mim, é que é ter força. Ter capacidade de arrancar, travar, voltar a arrancar mas pelo lado contrário…”

Pois bem. Independente do debate que vou propor a partir deste trecho, sugiro a leitura da entrevista na íntegra no blog (que parou de ser atualizado em 2009).

Então, vejamos.

O que você acha do apontamento feito por Vitor Frade, a respeito do desenvolvimento atlético do jogador Cristiano Ronaldo, quando argumentou em sua resposta, que a “aposta” em tal desenvolvimento deprimiu-lhe (tirou-lhe) a “ginga”?

O que você acha da associação feita por ele sobre o fato de Messi ser um jogador muito bom (melhor que Cristiano, ou na melhor hipótese – para o jogador português – “tão bom quanto”) e ter a “ginga” como marca registrada (além de pequeno, fisicamente falando)?

Jogadores de futebol podem alcançar o sucesso no alto nível competitivo, adotando caminhos diferentes, sendo oriundos de culturas diferentes, apresentando características morfológicas diferentes, com distintos comportamentos e distintas formas de jogar.

Seria justo com a Complexidade atribuir, por exemplo, à capacidade de driblar de um jogador, ou à sua potência muscular de membros inferiores, o sucesso do seu jogar (ou usar tais critérios para dizer que o jogador “A” é melhor ou pior que o jogador “B”)?

Não seria o Cristiano Ronaldo da época de Manchester United mais eficiente, perigoso e importante para a equipe, do que em sua época em Portugal? Não seria esse Cristiano Ronaldo, da Inglaterra, o que despertou o interesse do espanhol Real Madrid, e o alçou de vez como um dos melhores do mundo?

Reparem que não estou eu aqui dizendo (ou escrevendo) que o português, é melhor jogador depois que partiu de sua terra natal, em função de um motivo “X” ou “Y”. Estou insinuando apenas que ele melhorou, sem fazer atribuições a motivos específicos.

Isso quer dizer, que não seria simplesmente por “gingar” mais, ou menos, ou estar menos ou mais forte que Cristiano Ronaldo tornou-se um jogador melhor! Isso quer dizer, também, que não podemos julgar, baseado em nossas preferências particulares o desempenho de um futebolista.

O jogador torna-se melhor, mais eficaz, decisivo e determinante conforme aprimora sua capacidade de perceber?interpretar?avaliar?decidir?agir (percebendo aquilo que é importante, interpretando e avaliando corretamente, decidindo melhor e tendo capacidade de agir de maneira condizente com suas decisões), o mais rápido possível e de maneira mais econômica possível (economia complexa).

E, isso tudo, respeitando sua individualidade.

O jogador torna-se melhor, conforme fica mais inteligente para jogar. E então, o que precisa ter um jogador para jogar bem futebol em alto nível?

De certo não é driblar mais, ou correr mais. O que ele precisa, na essência, é expressar em ato, respostas excelentes aos problemas circunstanciais e imprevisíveis, emergentes durante uma partida. Cada jogador a sua maneira econômica, sem estereótipos, sem cartesianismos…

Se o desenvolvimento atlético de Cristiano Ronaldo atrapalhou sua “ginga” eu não sei. Mas que ele é melhor jogador hoje e que faz mais gols do que antes em Portugal, não há dúvidas – os “scouts” estão aí para mostrar.

Viva a Complexidade!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br
 

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A várzea forma melhor que os clubes brasileiros?

Certa vez encerrei uma de minhas colunas com a seguinte pergunta: a várzea forma melhor que os clubes brasileiros?

Na ocasião já deixava em pauta (para reflexão) um tema que tem, com os Jogos Olímpicos de Londres, um momento bem pertinente para abordá-lo.

No futebol masculino, dois atletas brasileiros tem se destacado na campanha que levou a seleção à final dos jogos diante do México.

O primeiro deles é Leandro Damião, que até a final havia marcado seis gols e estava isolado na artilharia da competição. Numa busca da história profissional do atleta, que tem 23 anos, podem ser extraídas algumas informações interessantes.

Reprovado em diversas peneiras de grandes clubes do futebol brasileiro, o atacante conseguiu espaço no futebol catarinense e foi uma das revelações do campeonato estadual de 2009 pelo Atlético de Ibirama-SC.

Havia ingressado no clube aos 18 anos, já em fase final de formação, e em menos de duas temporadas foi negociado junto ao Internacional-RS. Com a manutenção de seu desempenho e dos gols, num curto espaço de tempo chegou à seleção brasileira.

Com seu poder de posicionamento-remate, Leandro Damião integra a reduzida lista dos melhores centroavantes do futebol brasileiro na atualidade (que ultimamente, além de meias, também tem recorrido a atacantes estrangeiros).

Ver que um atleta chegou à seleção brasileira sem ter passado um período de formação em qualquer categoria de base (ao menos assim é a informação divulgada) permite alguns questionamentos e reflexões: será que os clubes brasileiros não estão conseguindo formar jogadores de alto nível para compor seu elenco principal e, inclusive, o da seleção?

Quais competências de Leandro Damião foram adquiridas na várzea que permitem que o atacante seja um dos melhores da função no futebol nacional?

É possível sistematizar o ensino de tais competências na base para aumentar o número de jogadores com potencial para servir à seleção brasileira?

Será que os clubes brasileiros, muitas vezes, retiram o Jogo dos nossos atletas e fragmentam o futebol (e os treinamentos) em suas quatro vertentes, distantes da realidade competitiva? Será que este não pode ser um dos grandes motivos da ausência de melhores jogadores no nosso futebol?

Mudando de assunto para o segundo atleta, menciono Neymar e suas atuações nos jogos olímpicos. Após um período de desempenho não excepcional, em que foi bem marcado na Libertadores pelos adversários estrangeiros das fases finais e pelo Corinthians (que tem os melhores princípios de jogo defensivos do futebol brasileiro), mais de um veículo de comunicação elogiou o atleta.

Segundo a mídia esportiva, mesmo diante da sua limitação de análise de jogo, mas respaldada pela opinião de Mano Menezes, o jogador está mais coletivo, solidário e evitando o drible (e a consequente perda) quando bem marcado.

O fato é que muitos têm afirmado que o período que Neymar tem passado com a seleção tem feito bem para o seu crescimento profissional.

Sabemos que o tempo em que os atletas ficam com as seleções, seja de base ou principal, são curtos e que muitas vezes o tempo de preparação para as competições são insuficientes. Diante disso, no tempo que está no cargo, Mano Menezes tem tentado desenvolver uma cultura de jogo que seja aplicada do sub-15 à seleção principal. Em médio-longo prazo este trabalho pode trazer resultados (não me refiro somente às vitórias). Enquanto isso, Neymar logo voltará ao seu clube e, se mal orientado, velhos comportamentos de jogo podem vir à tona.

Para facilitar o trabalho de Mano (e ele já afirmou isso em várias oportunidades), é urgente o desenvolvimento nos clubes de uma Filosofia condizente com os princípios de jogo do futebol moderno. Infelizmente, ainda vemos vários exemplos de projetos embrionários, ou então, inexistentes.

Se o cenário dos clubes assim permanecer, logo terei que publicar outra coluna. Desta vez, intitulada:

A seleção forma melhor que os clubes brasileiros?

Seria somente mais uma inversão de valores do nosso confuso futebol!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br