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Treinador de futebol – O paradoxo de uma profissáo

O que é preciso para ser um treinador de futebol?
 
Não muita coisa, se tirarmos como exemplo o que fez a CBF há pouco tempo, quando escolheu um ex-jogador para dirigir uma das mais respeitadas e temidas seleções do planeta, a seleção brasileira.
 
Embora Dunga possua uma respeitável biografia como jogador de futebol e pelo que sabemos trata-se de uma pessoa idônea, a verdade é que nunca teve experiência e nem formação acadêmica para exercer essa função.
 
O fato, entretanto, não é uma exclusividade do Brasil ou do nosso futebol. Muito poucos treinadores possuem os requisitos mínimos básicos para ocuparem esse cargo com competência, seja qual for o país ou continente que escolhermos.
 
Até na Europa, tão badalada em muitos aspectos por nós brasileiros, são poucos os treinadores que têm formação consistente para serem considerados verdadeiramente profissionais, na sua mais completa acepção.
 
Diferentemente de outras profissões, o treinador de futebol, não só aqui como em tantos outros lugares do mundo, possui suas características próprias e peculiaridades.
 
Apesar de ser uma profissão bastante valorizada pelo mundo afora, aonde alguns chegam a ganhar em um mês aquilo que muitos trabalhadores não conseguirão ganhar em toda a sua vida, não se exige muitos pré-requisitos desses profissionais se os compararmos com outras funções executivas.
 
Embora, pela importância e complexidade de sua profissão, um treinador precisasse de consistente liderança, formação acadêmica, conhecimentos diferenciados sobre tática, pensamento estratégico, metodologia que incorporasse processos pedagógicos avançados, além de sólidos conhecimentos das ciências humanas para poder lidar com os atletas e todos aqueles que circundam seu trabalho (entre outros saberes), o fato é que a grande maioria nem passa perto destes requisitos mínimos.
 
Ressalvadas as exceções, na verdade o treinador de futebol que deveria estar em permanente busca de novos conhecimentos e desenvolvimento, parece estagnado e sem forças em busca de sua valorização.
 

Enfim, um paradoxo incompreensível que mereceria um estudo sociológico mais aprofundado.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br