O Brasil é reconhecidamente um produtor de jogadores de futebol em grande quantidade e qualidade, tanto para compor as centenas de equipes profissionais brasileiras, como para o mercado internacional.
Fontes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e do Banco Central do Brasil informam que 2.380 jogadores de futebol deixaram o país entre 2002 e 2005, movimentando mais de US$ 1 bilhão em transferências.
Por outro lado, levantamentos apontam que mais da metade (cerca de 60%) desse contingente exportado retorna rapidamente ao Brasil, devido principalmente às dificuldades de adaptação e ao despreparo dos atletas.
Durante décadas que a formação de nossos jogadores de futebol ocorria preferencialmente através da prática intensa e arraigada em nossa cultura, disseminada em campos de várzea, campinhos, praias e espaços urbanos improvisados, entre outros.
Com a crescente e acelerada urbanização (*) esse processo também se adaptou e se transformou, passando a se caracterizar por práticas mais sistematizadas e reguladas realizadas em quadras e escolinhas de futebol que se multiplicaram nas duas últimas décadas.
Esta transformação de uma prática natural e espontânea, para uma prática mais sistematizada, regulada e regulamentada, provocou mudanças importantes que muitas vezes não são consideradas pelos especialistas, mas repercutem no perfil atual e futuro dos profissionais de futebol.
A “marca registrada” do futebol brasileiro é o talento técnico de seus jogadores, caracterizado principalmente pela sua capacidade de improvisação e criatividade, que realça um diferencial apreciado e valorizado em todo o mundo.
Manter esse diferencial é tarefa que os projetos pedagógicos e/ou metodológicos consistentes devem cumprir, para garantir uma prática que não só incorpore os novos conhecimentos advindos das diversas ciências que dão suporte à performance esportiva, como também garantam o ambiente favorável para o adequado desenvolvimento da habilidade criativa.
(*) Por volta de 1958, quando o Brasil conquistou a primeira Copa do Mundo, a maioria da população brasileira era rural. Hoje mais de 80% vivem em áreas urbanas.
Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br