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A questão dos ‘home-grown playersé na Europa

Caros amigos da Universidade do Futebol,
 
Todos nós sabemos que o mercado Europa infesta-se de jogadores de futebol brasileiros. E não é à toa. Nossos jogadores, via de regra, mostram no Velho Continente que possuem uma qualidade técnica que em média é muito superior aos demais jogadores, eu diria, do mundo (exceção talvez feita aos jogadores argentinos).
 
De toda forma, o que temos notado é que aqueles jogadores formados fora da Europa terão, a cada dia, maior dificuldade de atuar em clubes europeus.
 
A Uefa (confederação continental européia) tem grande preocupação com a formação de jogadores europeus (os chamados “home-grown players”). Para se ter uma idéia, durante a temporada 08/09 nas suas principais competições de clubes (Liga dos Campeões e Taça Uefa), adotar-se-á a regra de que, do limite de 25 jogadores que podem ser inscritos, oito obrigatoriamente devem ser formados na Europa (entenda-se formado na Europa, em linhas gerais, o jogador que tenha sido registrado por um clube europeu durante três temporadas no período entre seus 15 e 21 anos).
 
O número parece pequeno de home-grown players, porém tem sido gradualmente elevado. Na temporada 06/07 eram quatro. Na temporada 07/08, foi aumentado para seis.
 
A Fifa também apóia essa iniciativa. Vimos o Presidente Blatter dizer na cerimônia de entrega de da Copa de 2014 ao Brasil: “Jogadores brasileiros, fiquem em seu país.”. A grande justificativa é o receio de que se perda a identidade local dos clubes, com o excesso de jogadores que, por terem sido formados fora daquele país, não colaborariam para manter viva a cultura local através do futebol.
 
Interessante notar que essa regra nada diz respeito com relação à questão da cidadania do jogador. Ou seja, o que importa é que a quota mínima de jogadores tenha sido treinada na Europa, podendo ser de outra nacionalidade. Brasileiros poderiam “driblar” essa regra caso tenham sido treinados pelo menos três temporadas nas suas formações em clubes europeus.
 
Para a questão da cidadania, lembramos que existe outra regra que limita o número de estrangeiros dentro das quatro linhas, dependendo da competição.
 
A questão interessante a se pensar é até que ponto chegará esse limite mínimo de home-grown players que vem crescendo a cada temporada? Poderá um dia haver uma tentativa de não se admitir jogadores formados no exterior? Além disso, questões de ordem legal saltam aos nossos olhos: não seria uma regra que limitaria o direito de trabalhar dos jogadores? E o direito a livre concorrência? Ou essas questões estariam cobertas pela especificidade do esporte?
 
E não seriam apenas os jogadores os prejudicados. Do outro lado da balança temos os clubes e as ligas européias, que obviamente querem times mais competitivos, e, portanto, recheados de estrangeiros de qualidade. Essas partes igualmente se oporiam a uma limitação exagerada de jogadores formados no exterior.
 
Até onde temos notícia, não há julgados nas Cortes européias sobre essa matéria. Mas, certamente, caso o limite mínimo de home-grown players continue a subir, muitos casos deverão surgir.
 
Vendo a questão pelo lado do mercado brasileiro, essa potencial confusão jurídica pode dar mais uma deixa para que os clubes e federações aproveitem para manter bons jogadores por maior período no Brasil, e assim colaborar para o desenvolvimento do futebol pátrio.

Para interagir com o autor: megale@149.28.100.147

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A questão dos 'home-grown playersé na Europa

Caros amigos da Universidade do Futebol,
 
Todos nós sabemos que o mercado Europa infesta-se de jogadores de futebol brasileiros. E não é à toa. Nossos jogadores, via de regra, mostram no Velho Continente que possuem uma qualidade técnica que em média é muito superior aos demais jogadores, eu diria, do mundo (exceção talvez feita aos jogadores argentinos).
 
De toda forma, o que temos notado é que aqueles jogadores formados fora da Europa terão, a cada dia, maior dificuldade de atuar em clubes europeus.
 
A Uefa (confederação continental européia) tem grande preocupação com a formação de jogadores europeus (os chamados “home-grown players”). Para se ter uma idéia, durante a temporada 08/09 nas suas principais competições de clubes (Liga dos Campeões e Taça Uefa), adotar-se-á a regra de que, do limite de 25 jogadores que podem ser inscritos, oito obrigatoriamente devem ser formados na Europa (entenda-se formado na Europa, em linhas gerais, o jogador que tenha sido registrado por um clube europeu durante três temporadas no período entre seus 15 e 21 anos).
 
O número parece pequeno de home-grown players, porém tem sido gradualmente elevado. Na temporada 06/07 eram quatro. Na temporada 07/08, foi aumentado para seis.
 
A Fifa também apóia essa iniciativa. Vimos o Presidente Blatter dizer na cerimônia de entrega de da Copa de 2014 ao Brasil: “Jogadores brasileiros, fiquem em seu país.”. A grande justificativa é o receio de que se perda a identidade local dos clubes, com o excesso de jogadores que, por terem sido formados fora daquele país, não colaborariam para manter viva a cultura local através do futebol.
 
Interessante notar que essa regra nada diz respeito com relação à questão da cidadania do jogador. Ou seja, o que importa é que a quota mínima de jogadores tenha sido treinada na Europa, podendo ser de outra nacionalidade. Brasileiros poderiam “driblar” essa regra caso tenham sido treinados pelo menos três temporadas nas suas formações em clubes europeus.
 
Para a questão da cidadania, lembramos que existe outra regra que limita o número de estrangeiros dentro das quatro linhas, dependendo da competição.
 
A questão interessante a se pensar é até que ponto chegará esse limite mínimo de home-grown players que vem crescendo a cada temporada? Poderá um dia haver uma tentativa de não se admitir jogadores formados no exterior? Além disso, questões de ordem legal saltam aos nossos olhos: não seria uma regra que limitaria o direito de trabalhar dos jogadores? E o direito a livre concorrência? Ou essas questões estariam cobertas pela especificidade do esporte?
 
E não seriam apenas os jogadores os prejudicados. Do outro lado da balança temos os clubes e as ligas européias, que obviamente querem times mais competitivos, e, portanto, recheados de estrangeiros de qualidade. Essas partes igualmente se oporiam a uma limitação exagerada de jogadores formados no exterior.
 
Até onde temos notícia, não há julgados nas Cortes européias sobre essa matéria. Mas, certamente, caso o limite mínimo de home-grown players continue a subir, muitos casos deverão surgir.
 
Vendo a questão pelo lado do mercado brasileiro, essa potencial confusão jurídica pode dar mais uma deixa para que os clubes e federações aproveitem para manter bons jogadores por maior período no Brasil, e assim colaborar para o desenvolvimento do futebol pátrio.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br