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Notas, muitas pequenas notas

Quatro, para ser mais preciso. Vamos a elas:

1-    Notícias cada vez mais freqüentes dão sinais de que a ampla oferta de crédito recente no mercado brasileiro começa a gerar problemas para a população de menor renda. Muitas dívidas aliadas à crescente inflação dos setores mais básicos de consumo, principalmente alimentação, implicam em dificuldades em continuar adimplente. Menos dinheiro disponível afeta, obviamente, o setor de recreação e lazer. Menos dinheiro disponível para o lazer, menos dinheiro disponível para o futebol. Não que isso vá ter um efeito devastador no futebol brasileiro, mas certamente afeta as projeções de crescimento do mercado para os próximos anos. E faz com que planos para estádios e afins fiquem sujeitos a possíveis revisões.

2-    Um importante jogador de um importante clube de futebol brasileiro disse em entrevista esses dias acreditar que o verdadeiro torcedor é aquele que vai ao estádio independente de tudo, que por vezes deixa de comprar comida para ir ao estádio, e que ele acha isso super bacana. Não, não é nada bacana. Não mesmo.

3-    Joan Laporta está se segurando por um fio na presidência do Barcelona. Dois anos atrás, quando o Barcelona ganhava tudo, ninguém ousaria questioná-lo. Quiçá o considerariam o melhor presidente do mundo. Depois de dois anos sem ganhar nada, a coisa mudou e a destituição do cargo parece iminente. São as maravilhas do regime associativo. Há quem goste. O Laporta, nesse momento, certamente odeia.

4-    Platini está encabeçando uma nova encruzilhada. A bola da vez é a busca pelo esfriamento do mercado de salários e transferências europeu, que cada vez mais ruma ao insustentável. Para isso, ele adotou a estratégia mais básica para esse tipo de controle, que é a instituição de um teto salarial para o futebol europeu. Historicamente, outras organizações, como a Football League até os anos 60, já adotaram essa prática. Nunca deu muito certo no mundo globalizado, uma vez que o futebol em geral é um mercado aberto. Teto salarial é bom pra ligas fechadas, como as americanas, por exemplo. Em ligas abertas, em que o mercado dos jogadores é amplo e não controlado, fica quase impossível instituir um teto salarial. Com um máximo de salário em um mercado, a tendência é que os jogadores busquem maiores salários em outras ligas. Caso instituíssem um teto no mercado inglês, por exemplo, os melhores jogadores se transfeririam para outros mercados que estivessem dispostos a arcar com maiores custos, como o espanhol. Fechando o mercado europeu como um todo, as portas estariam abertas para o oriente médio e, talvez, os Estados Unidos e México. Não por acaso, a Premier League já disse que é contra a idéia. O Platini está aproveitando que a França acabou de assumir a presidência do Conselho da União Européia para ver se consegue viabilizar politicamente o projeto. É uma medida meio batida e que dificilmente vai dar em alguma coisa. Mas se der, vai mudar muita coisa.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br