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Doença crônica

Robinho é a capa da revista “Veja” desta semana. Qual o motivo para que a principal publicação semanal do país decida estampar a cara de um ídolo do futebol nacional? Só pode ser pelo sucesso dentro de campo do jogador do Manchester City. Ou não…

A capa dada a Robinho poderia reverenciar aquele que já foi muito comparado a Pelé, atleta franzino, surgido meio que por acaso no Santos e que, com a camisa alvinegra, decidiu conquistar (ou, nesse caso, reconquistar) o mundo. Robinho das pedaladas, das diabruras dentro de campo, das travessuras em cima dos zagueiros. Robinho que devolveu ao Santos o status de time campeão após 20 anos de espera e desilusões.

Mas não. O motivo é mais um escândalo que norteia a carreira de uma das maiores promessas do futebol brasileiro e que, a exemplo de outros, se perde no caminho que leva às vitórias, mas que é recheado de fama, dinheiro e mulheres. Ah, as mulheres…

Ex-companheiro de Robinho na seleção que foi à Alemanha em 2006, Ronaldo foi outro que se envolveu em polêmica com as mulheres na semana que passou. Mulheres que cercaram o jogador numa boate em São Paulo, a nova terra do Fenômeno. Tão fenomenal que não percebe o impacto que tem um simples espirro que possa dar. Chama a atenção do mundo inteiro e vira epidemia de gripe na hora.

Mas quem disse que a lambança é só por aqui? Michael Phelps, o ultracampeão dos Jogos Olímpicos de Pequim, também deu sua escorregada nos últimos dias. Foi flagrado fumando maconha (?!?!?!?!) durante uma animada festa nos Estados Unidos. Pode até ser suspenso pela atitude antidesportiva. E já botou em alerta um séquito de marqueteiros da terra do Tio Sam para tentar salvá-lo de um desastre de imagem.

Robinho, Ronaldo, Phelps e tantos outros são vítimas. Sim, isso mesmo. São vítimas de um processo de acompanhamento maciço da mídia sobre suas vidas particulares. Quase todo mundo já derrapou alguma vez na vida. Mas nem todos tinham a importância para a mídia de um Ronaldo, um Robinho ou um Phelps. Mesmo quando a intenção é boa, como foi o caso de Kaká, que doou para a Igreja que freqüenta o troféu de melhor do mundo em 2006.

Não tem como, a imprensa espera o deslize, a conduta que foge do padrão vencedor, vitorioso, insuspeito de um ídolo do esporte. Assim como é na música ou nas artes. A doença é crônica. E o campo de trabalho para evitar que esses deslizes venham a público, maior ainda.

Pena que Robinho e Ronaldo não estejam balizados para conseguir blindar o assédio da imprensa e dos aproveitadores de plantão que toda hora surgem na vida de um famoso. Sorte da mídia, que sempre tem boa história para contar…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br