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Impacto da Copa 3D: a sociabilidade

Na semana passada, elencamos alguns tópicos sobre as novidades que estão sendo trazidas pela Copa da África. Um dos aspectos apresentados foram as transmissões de jogos em 3D.

Em entrevista à equipe da Universidade do Futebol, veiculada em 12 de fevereiro de 2010, Eduardo Ramos, diretor geral do canal BandSports respondeu algumas questões a cerca dessas transmissões.

Dentre seus comentários, ele ressaltou que a tecnologia 3D está apenas surgindo e tem muito para onde evoluir.

“No entanto, é preciso que se tenha calma, pois ainda há muito o que evoluir no 3D para começar a se pensar em algo novo. Foi uma evolução tremenda a passagem do analógico para o digital e do digital para o HD, o que demonstra que a televisão está em desenvolvimento acelerado”.

Não tive ainda a oportunidade de assistir um jogo em 3D, com certeza o farei quando for possível. Porém, fico pensando numa série de aspectos, desde níveis mais abstratos até situações mais práticas, sobre os impactos dessa inovação e se são positivos ou negativos.

Confesso que ainda não tenho uma opinião formada a respeito, por isso, aproveito o espaço para apresentar alguns pontos de vista, ainda que em fase incipiente, sobre o que tenho refletido a respeito do tema.

Nesta semana, discuto a questão da sociabilidade, elemento marcante para quem assiste futebol. Em geral, sempre compartilhamos um jogo com outras pessoas. A partir daí, coloco 2 visões.

Visão 1:

O evento de futebol é um evento social. Muitos gostam de acompanhar e compartilhar as emoções do jogo, seja no estádio, em casa, em churrascos, bares, enfim, em locais que permitam a reunião com os outros.

A transmissão 3D aparenta uma perspectiva de reduzir tal compartilhamento focando mais numa experiência individual, ao menos nesse primeiro momento, no qual são necessários recursos tecnológicos para a visualização das imagens, tais como os óculos especiais. É como se estivéssemos em cabines individuais para acompanhar o jogo.

Elias e Dunning (1992) apontam que na evolução da sociedade, o esporte se caracteriza como um espaço para compartilhamento de emoções com base na premissa de que o ser humano é orientado para o outro, para a sociedade.

Eles utilizam o termo sociabilidade, entendendo-a como a “busca e satisfação dos seres humanos por divertimentos e sentimentos desfrutados em companhia de outras pessoas, seja de fato ou imaginário, uma interação descompromissada, com alto teor emocional, de integração, pertencimento e identidade.” (RODRIGUES, 2006)

Se serão esses os impactos, precisamos aguardar para ver, aprofundando mais essas primeiras impressões.

Visão 2:

Ampliando nossos limites para além do esporte de rendimento, temos um interessante dado do Atlas do Esporte no Brasil que apresenta as brincadeiras e jogos populares e suas peculiaridades pelo Brasil.

O dado interessante que ele nos mostra é a média de crianças envolvidas por tipo de atividade. A média nas regiões mais urbanizadas é significativamente menor do que nas demais, refletindo os valores e necessidades de cada região quanto a questões como segurança, transporte e conforto.

 

 

 

Ainda que seja uma discussão abstrata, envolvendo aspectos diversos, ficam no ar questões importantes que nos estimulam a refletir a respeito. Afinal, já que temos o privilégio de vivenciar uma mudança que pode se tornar o marco nas transmissões esportivas, mal comparando-a com as mudanças do rádio para TV ou do preto e branco para o a cores, nada mais justo do que tentarmos entender esse processo em seu nascedouro.

Na próxima semana, seguimos a discussão com enfoque na percepção e identificação das imagens como ferramentas que podem ser úteis para a formação de jogadores, bem como nas dificuldades de percepção e compreensão da imagem pelos telespectadores.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br