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O treinador nacional e o estrangeiro

Tratemos, hoje, de um tema que, sem dar ares de adivinho, parece manter alguma actualidade: qual o melhor treinador, para o futebol (ou o basquetebol, ou o andebol, ou o voleibol, etc.) de um país, o treinador nacional ou o estrangeiro? Em Portugal, a concluirmos pelo enlevo que certas pessoas sentem por tudo o que chega da estranja e o pessimismo demolidor que lançam sobre os homens e as coisas de Portugal, os treinadores portugueses são muitas vezes minimizados, com enfatuada ironia.

A enriquecer esta tese, adianta-se, de fisionomia aberta e jubilosa, o facto incontroverso de, com Luiz Filipe Scolari, Otto Glória, Bella Guttman e Tomislav Ivic, o futebol português ter alcançado êxitos retumbantes (e o mesmo poderia dizer doutras modalidades, como, por exemplo, o voleibol). Eles instigaram-no a novos métodos que nele se repercutiram, durante anos. Mas por que se esquece repetidamente que é nosso o que, há bem pouco tempo, foi considerado o melhor treinador do mundo e ainda Fernando Vaz, José Maria Pedroto, Artur Jorge, Carlos Queirós, Jorge Jesus, Paulo Bento, Manuel José e outros?… Num país de velhas tradições e de longa caminhada histórica, até no futebol gostamos de ser colonizados! E, como veremos, não
há razão para mais um complexo de inferioridade.

Mas a pergunta continua teimosamente de pé: qual o treinador que melhor serve o futebol de um país, o nacional ou o estrangeiro? Em igualdade de circunstâncias, o nacional, indubitavelmente! Ao treinador estrangeiro, em terra alheia, sem o domínio da língua nativa (e não é linguagem o desporto?) e desconhecendo o futebol como expressão de uma cultura que lhe é estranha – escasseiam-lhe, normalmente, ao nível do agir e do inteligir, uma larga soma de dados imprescindíveis ao exercício da sua profissão… longe do seu país!

É uma antiga questão esta da existência ou não-existência de características nacionais, no futebol. De facto, que realidade traduz a designação brasileiro, inglês, soviético, aposta ao vocábulo futebol? Há futebol brasileiro, ou futebol no Brasil? Há futebol inglês, ou futebol na Inglaterra? Há futebol coreano, ou futebol na Coreia? Tentemos estabelecer a noção de futebol: ele é um desporto colectivo, com as regras por todos conhecidas e dependente do génio individual dos jogadores, da capacidade de liderança do treinador-principal e da organização global dos clubes.

Mas os elementos raça, geografia, língua, tradições, cultura, etc. singularizam o futebol dos diversos países? Indubitavelmente! Por isso, existe o “futebol sambado” do Brasil, o “futebol atlético” dos ingleses, o “futebol racionalista e geométrico” de alguns países da Europa Central. O futebol também interpreta o real, à sua maneira; também ele é uma visão do mundo, existindo no plano do conhecimento não consciencializado; também ele resulta da sensibilidade peculiar de um povo. O futebol pode fazer suas as palavras de Ortega y Gasset: eu sou eu e a minha circunstância!

Tudo isto, para concluir que aposto nos treinadores nacionais, no cotejo com os estrangeiros, para dirigir e orientar as nossas equipas de futebol (ou de qualquer outra modalidade desportiva). Desde que sejam treinadores que aliem uma prática incessante (de treinadores, logicamente) a uma teorização rigorosa. A grande mensagem que o José Mourinho, Manual Jesualdo Ferreira, o Carlos Queirós, o Nelo Vingada, o José Peseiro, o Mariano Barreto, o Manuel Machado, o Carlos Carvalhal, o Rui Dias e outros mais licenciados em Desporto pretendem transmitir ao futebol português (e não só) é esta: também é preciso estudar, para se obterem vitórias, no futebol. Também aqui a teoria e a prática deverão existir em função uma da outra, visando não só um saber, mas uma sabedoria.

Recordo a terminar Cândido de Oliveira, Fernando Vaz, Mário Wilson, Manuel Oliveira, José Maria Pedroto, Artur Jorge, Jorge Jesus, Manuel Cajuda que, sem um curso universitário de Desporto, anunciaram, à sua maneira, que a teorização é indispensável à prática de treinador de futebol – o que fazem os que tiveram, como professores, o Manuel Jesualdo Ferreira, o Mirandela da Costa, o Carlos Queirós e o Nelo Vingada, no ISEF de Lisboa, e o Vitor Frade, no ISEF do Porto!

No entanto, é de exigir aos licenciados que escutem, com humildade, os que levam anos e anos de futebol. É que também o futebol se teoriza, no quadro de uma inegável dimensão histórica, social e política.

Ocorre-me o conceito de “prática-teórica” de Louis Althusser, ou mesmo a “teoria-prática” de Gyorgy Lukács. Por mim, quero denunciar, tanto o idealismo da “teoria pura”, como o pragmatismo de uma prática acéfala; tanto uma dialéctica unicamente de categorias e de conceitos, como a “consciência espontânea” (altamente tributária da tradição e do passado) dos que não estudam e abdicam do papel orientador da teoria.
 

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.

Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br

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Tempos de criança

Giovanni está velho para o futebol, Ronaldo precisa voltar à forma, Roberto Carlos tem de se readaptar ao futebol brasileiro, o Palmeiras não sobreviverá sem mais atacantes, o São Paulo tem de encontrar novamente seu equilíbrio.

Ou, então.

A Portuguesa, o Palmeiras e o Santos são os favoritos ao título paulista. Giovanni é craque. O Palmeiras não precisa de um atacante fixo na área. O Corinthians e o São Paulo estão mais preocupados com a Libertadores do que qualquer outra coisa.

Início de trabalho, volta de férias, pé no freio para aguentar a atípica temporada de Copa do Mundo, planejamento para render mais quando for afunilamento de campeonato.

Nada disso é levado em conta na hora da análise de como vai se comportar um time de futebol ao longo de 11 meses de trabalho. Depois de uma pré-temporada em que a imprensa mais especulou sobre contratações do que procurou se informar como estava sendo a preparação do time para os cerca de 50 jogos que serão realizados até o final do ano, não tem mistério.

É o resultado dentro de campo que vai determinar quais dos discursos colocados acima serão mais recorridos pela imprensa ao longo de, pelo menos, os próximos três primeiros meses do ano.

Numa época em que a mídia apela ao mau gosto para garantir audiência, em que os anunciantes olham a quantidade muito mais do que a qualidade, e o público “engole” a programação que lhe é oferecida, não tem muito o que esperar de novidade na cobertura da mídia esportiva sobre o futebol.

É só reparar o que aconteceu neste domingo nas mesas-redondas por aí, inclusive nas de TV a cabo, em que teoricamente o peso da audiência em massa não existe. Uma série de profecias espalhada por aí, com o que aconteceu num primeiro jogo determinando a sorte para as outras partidas do ano.

Depois do que aconteceu no Campeonato Brasileiro de 2009, era de se esperar, no mínimo, mais prudência da crônica esportiva na análise do futebol, entendo que o desempenho de um clube não se mede pelos primeiros resultados. E, talvez, nem pelos últimos!

Palmeiras e Santos terão duras batalhas neste Paulistão. Da mesma forma, Vasco, Flu e Bota podem sofrer no Rio. O motivo é óbvio. Diferentemente de seus rivais São Paulo, Corinthians e Flamengo, os jogos da Copa do Brasil no formato mata-mata vão criar um desgaste maior nesses times. Do outro lado, o trio enfrentará uma primeira fase de Copa Libertadores, geralmente nada preocupante para os clubes brasileiros.

Será assim também em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul, com Atlético-MG e Grêmio sofrendo mais que os grandes rivais Cruzeiro e Inter. Por isso mesmo, não dá para fazer qualquer projeção tendo como base os jogos iniciais de todos os clubes que não têm no Estadual a sua prioridade.

O duro é o jornalista se lembrar disso na hora em que o Ibope parece martelar sua cabeça e deturpar as opiniões. Nessas horas, voltamos aos tempos de criança, em que até Copa São Paulo de Juniores era campeonato em que o resultado nos levava do céu ao inferno com nossos amigos.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Defesa à zona: as linhas elásticas e a “basculação”

Dia desses, após uma palestra em que fui falar sobre os aspectos táticos do treinar e do jogar “zonal”, pediram-me para falar um pouco sobre a “flutuação das linhas zonais elásticas”. Como o tema rendeu boas discussões, e como muitos dos ouvintes não tinham idéia do que se tratava, resolvi escrever um pouco sobre o assunto na coluna de hoje.

Primeiro vamos recapitular o conceito de flutuação (ou basculação). Esse conceito diz respeito à dinâmica de ocupação do espaço do campo de jogo por uma equipe, quando ela se move “horizontalmente”, ou seja, de lateral a lateral (em largura).

Quando uma equipe adota um jogar zonal, passa a ter como principal referência (mas não a única) ao se defender, a movimentação da bola. Isso quer dizer que de acordo com a movimentação da bola, os jogadores devem manter as estruturas e desenhos que caracterizam a equipe.

Então se um time se organiza zonalmente no 1-4-3-3, com um triângulo no meio campo, uma linha de quatro jogadores na defesa e de três no ataque, ao flutuar de um lado para o outro, não poderá (a menos que a referência posicional seja outra) perder o desenho que caracteriza suas linhas.

O mesmo vale para qualquer esquema tático ou qualquer estrutura geométrica definida para uma equipe.

Pois bem. Quando uma equipe constitui, por exemplo, na composição do seu meio campo, uma linha de quatro jogadores, esta deve ser mantida, com as devidas eqüidistâncias entre seus componentes, em todo e qualquer movimento de flutuação.

Algumas equipes, porém, para manter o equilíbrio horizontal (a melhor ocupação dos espaços em largura) e evitar bolas “viradas” ou “invertidas” de uma faixa lateral para a outra do campo de jogo, pelo adversário, passaram adotar “linhas elásticas” em suas flutuações.

Elas receberam esse nome porque a distância entre o jogador da linha que está no lado oposto da bola, e o seu companheiro mais próximo (companheiro de linha), não respeita a mesma dinâmica de posicionamento dos demais jogadores. Enquanto todos flutuam mantendo iguais (ou aproximadamente iguais) os espaços entre eles, o jogador que está no lado oposto da bola deixa a distância aumentar um pouco mais, com relação ao jogador da linha que está mais próximo dele.

Obviamente que outras soluções foram e vêm sendo empregadas para manter a flutuação em linha, sem necessidade de se fazer a linha elástica para impedir a “inversão” de bolas de uma lado para o outro do campo de jogo.

Essa porém, foi uma das soluções mais empregadas, especialmente por não necessitar de grandes mudanças a partir das dinâmicas iniciais das equipes na flutuação das linhas.

Por hoje é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@149.28.100.147

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Defesa à zona: as linhas elásticas e a "basculação"

Dia desses, após uma palestra em que fui falar sobre os aspectos táticos do treinar e do jogar “zonal”, pediram-me para falar um pouco sobre a “flutuação das linhas zonais elásticas”. Como o tema rendeu boas discussões, e como muitos dos ouvintes não tinham idéia do que se tratava, resolvi escrever um pouco sobre o assunto na coluna de hoje.

Primeiro vamos recapitular o conceito de flutuação (ou basculação). Esse conceito diz respeito à dinâmica de ocupação do espaço do campo de jogo por uma equipe, quando ela se move “horizontalmente”, ou seja, de lateral a lateral (em largura).

Quando uma equipe adota um jogar zonal, passa a ter como principal referência (mas não a única) ao se defender, a movimentação da bola. Isso quer dizer que de acordo com a movimentação da bola, os jogadores devem manter as estruturas e desenhos que caracterizam a equipe.

Então se um time se organiza zonalmente no 1-4-3-3, com um triângulo no meio campo, uma linha de quatro jogadores na defesa e de três no ataque, ao flutuar de um lado para o outro, não poderá (a menos que a referência posicional seja outra) perder o desenho que caracteriza suas linhas.

O mesmo vale para qualquer esquema tático ou qualquer estrutura geométrica definida para uma equipe.

Pois bem. Quando uma equipe constitui, por exemplo, na composição do seu meio campo, uma linha de quatro jogadores, esta deve ser mantida, com as devidas eqüidistâncias entre seus componentes, em todo e qualquer movimento de flutuação.

Algumas equipes, porém, para manter o equilíbrio horizontal (a melhor ocupação dos espaços em largura) e evitar bolas “viradas” ou “invertidas” de uma faixa lateral para a outra do campo de jogo, pelo adversário, passaram adotar “linhas elásticas” em suas flutuações.

Elas receberam esse nome porque a distância entre o jogador da linha que está no lado oposto da bola, e o seu companheiro mais próximo (companheiro de linha), não respeita a mesma dinâmica de posicionamento dos demais jogadores. Enquanto todos flutuam mantendo iguais (ou aproximadamente iguais) os espaços entre eles, o jogador que está no lado oposto da bola deixa a distância aumentar um pouco mais, com relação ao jogador da linha que está mais próximo dele.

Obviamente que outras soluções foram e vêm sendo empregadas para manter a flutuação em linha, sem necessidade de se fazer a linha elástica para impedir a “inversão” de bolas de uma lado para o outro do campo de jogo.

Essa porém, foi uma das soluções mais empregadas, especialmente por não necessitar de grandes mudanças a partir das dinâmicas iniciais das equipes na flutuação das linhas.

Por hoje é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Um bom ano

A relação entre futebol e política é muito mais intensa do que normalmente se imagina.
Aliás, a relação entre clubes de futebol e políticos é muito mais intensa do que se imagina.

Por isso, o ano de 2010 tem tudo para ser um clássico.
Não apenas porque é ano de eleição presidencial e estadual, mas também porque é o ano da eleição de quem vai estar no comando até a Copa de 2014.

Quem mexe com o negócio sabe, e muito bem, que está tudo bastante atrasado para o Mundial. O problema é que a tendência é que tudo fique ainda mais atrasado. O meu palpite é que nada de muito importante começará antes das eleições estarem definidas. Nenhum governo vai começar nada em um cenário em que o ganho político possa ser transferido em poucos meses para a oposição.

Tenho poucas dúvidas de que a maioria dos estádios do Brasil ainda não saiu do papel por questões políticas. E que tão logo a eleição acabe, novos projetos – menores e menos onerosos – serão anunciados.

Isso em se falando só de Copa do Mundo.
Se formos falar de clubes, as perspectivas ficam mais engraçadas.

Porque uma pá de dirigentes de clubes e federações, entre outros envolvidos com o futebol, será candidato a alguma coisa.

E outra pá já é político eleito e vem usando o clube com fins eleitorais há tempos.
Um tentará aparecer mais que o outro.
Outro tentará aparecer mais que um.

Será uma farra.
Será bizonhamente engraçado.

Será, enfim, um bom ano.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br  

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Eleições

2010 será um ano de eleições majoritárias no Brasil. Elegeremos presidente, governadores e senadores.

São as pessoas que serão escolhidas, democraticamente, por todos nós, para comandar nossa vida, em boa parte naquilo em que ela depende da organização e aplicação dos recursos públicos.

Cabe a nós, eleitores, interromper um ciclo administrativo com o qual não concordamos ou renovar a confiança sobre o que entendemos como favorável aos nossos interesses.

Interesses individuais, de um determinado grupo socioeconômico, ou que visam o bem-estar coletivo (esse último interesse, altruísta, é o mais raro de se transformar em voto, dada a natureza humana…)

Já em 2009, houve eleições em alguns clubes de futebol do país. Desde o Coritiba, fragilizado pelo episódio de violência ocorrido no fim do ano em seu estádio, cuja mudança dos membros da Diretoria apenas preservou o Presidente, passando pelo Santos e por Flamengo, nos quais houve significativa ruptura com o quadro político anterior.

Especialmente no Flamengo, pois se tratou da vitória de Patrícia Amorim, a primeira mulher a comandar o clube de maior torcida no Brasil.E olha que ela não é oriunda das alas do clube vinculadas ao futebol. Era nadadora profissional.

Este fato político, de suposta e esperada renovação, enseja um grau de responsabilidade ao longo da gestão, não só dos mandatários, mas também dos mandantes.

Fomos acostumados a transferir responsabilidade política ao Estado e aos que desempenham funções públicas, bem como às instituições privadas que representam nossos interesses profissionais ou de classe. Um exercício perigoso que faz acumular erros que, cedo ou tarde, vêm à tona com força.

O direito de votar necessita ser acompanhado do dever de fiscalizar. Os eleitores destes clubes também serão responsáveis pelo estado de coisas durante e após as gestões que ajudaram a chegar ao poder.

Deve-se ter em mente, principalmente naqueles clubes em que verdadeiras dinastias são perpetuadas, por meio de sucessivas reeleições, que o provérbio árabe se encaixa direitinho: Se me engana uma vez, a culpa é sua. Se me engana outra vez, a culpa é minha.

Lembre disso, sempre, na hora de votar. Na eleição do clube ou nas eleições públicas Brasil afora. Isso também serve para as eleições de síndico do seu prédio.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Top 10 Brasileirão-09 – aspectos defensivos

Olá amigos!

Na última semana, vimos os números relativos a distribuição de bola. Nesta, divulgaremos os dados sobre os aspectos defensivos.

Os dados são oriundos do ScoutOnline e apresentados em dois formatos:

– média por jogo, dividindo o número de ocorrências pelos jogos;
– média por minuto jogado, dividindo o número de ocorrências pelo minutos em campo de cada jogador.

Eis os top 10:

Desarmes tentados


Desarmes completos


Desarmes incompletos


Interceptações


“Bola quebrada” (“chutão”)


Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Fontes de desinformação

“Boato não é notícia”. Essa foi uma das primeiras lições que tive na Folha de S. Paulo assim que entrei na redação na famosa Alameda Barão de Limeira. Além do “na dúvida, não chute, cheque”, a Folha costuma ter como norma uma regra que deveria ser básica do jornalismo: notícia só é notícia quando é fato. Especulações, falatórios e afins não entram na lista do que pode ganhar manchete num veículo que pretende ser sério.

É por isso que, nesta época do ano, com o recesso dos principais campeonatos do país, sempre me pego lembrando essa norma da Folha. A quantidade de noticiário de que um jogador vai para um determinado lugar chega a ser entediante. Mas, pior do que a expectativa exacerbada que isso cria no torcedor, é o festival de desinformação que esse tipo de jornalismo tem.

Os meses de janeiro e julho se transformaram naqueles em que os agentes de atletas vivem os seus dias de glória. Geralmente sempre atuando ao largo da fama e estrelato de seu cliente, o “empresário” tem neste momento de entressafra da bola o seu grande palco, em que está livre para desfilar o maior número possível de balelas sobre seu jogador.

“Fulaninho tem interesse em jogar no São Paulo”. “Clube ainda quer meia e atacante, que podem ser Zidane e Romário”. “Melhor do mundo interessa ao campeão brasileiro”.

E por aí vai a série de asneiras que são publicadas em jornais, sites, rádios, televisões e qualquer meio de “informação” esportiva. Sim, isso mesmo. Informação entre aspas, porque o que menos se faz neste janeiro de negociações é informar.

Empresário, por essência, não pode ser fonte de informação. Sua frase sempre terá como objetivo promover o atleta. Seja forçar a barra para melhorar um contrato vigente, seja para buscar um novo (ou velho) clube para o jogador.

Só que é justamente o empresário a principal fonte de informação dos jornalistas. E aí é que se dá o grande enrosco para quem está em busca de notícia. Porque o clube, quando confrontado com a declaração do empresário, quase nunca o desmente. Faz parte da negociação o blefe. E, convenhamos, o clube também tem muito interesse em desviar o foco de uma empresa.

Para o cenário ficar completo, porém, tem-se a enorme dificuldade dos veículos de terem aumento ou mesmo manutenção de audiência numa época do ano em que, naturalmente, as pessoas tendem a desligar mais a TV, ouvir menos rádio, ler menos jornal, ligar menos a internet. Com tudo isso, o jornalista, obcecado pelos números de audiência, embarca numa canoa furada.

E a informação? Oras, para que perder tempo com ela, se uma simples especulação garante cliques, Ibopes, leitores…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Como construir treinos integrados e pautados na complexidade: as inter-relações e as interdependências do sistema

Hoje falarei sobre um aspecto de fundamental importância na construção de atividades de treino, que de maneira integrada (transdimensionalmente) propõe trabalhar e desenvolver conteúdos específicos de um modelo de jogo qualquer.

Todo sistema – e aqui quero usar “sistema” de uma forma mais ampla, e não utilizá-lo como sinônimo de esquema tático, tática, etc. – pode ser analisado também pelas inter-relações e interdependências entre seus elementos constituintes.

As inter-relações e as interdependências entre elementos de um sistema representam como e com qual intensidade esses elementos se relacionam e dependem uns dos outros.

Sem que nos aprofundemos no tema, o fato é que na concepção de atividades, para a construção de um treino integrado que seja orientado pela complexidade, é necessário compreender qual grau de inter-relações e interdependências se deseja alcançar ou criar com determinada atividade ou sessão de treino.

Se por exemplo um dos objetivos de uma sessão de treino for melhorar a dinâmica de flutuação de uma linha de defesa de quatro jogadores, é necessário que as atividades para tal sejam construídas pensando em circunstâncias-problema que evidenciem e privilegiem as relações e dependências entre os elementos dessa linha (tratando a linha como subsistema do sistema “JOGO”).

Mas, se o objetivo da sessão for integrar a movimentação dessa linha de defesa, com a movimentação do “volante” que compõe uma das pontas do triângulo formado pelos três jogadores da linha de meio-campo (em um 1-4-3-3, por exemplo), então as atividades de treino devem propiciar o surgimento de circunstâncias-poblema que evidenciem e privilegiem as relações e dependências entre os elementos da linha de defesa e o “volante”.

Por mais que isso tudo pareça óbvio, o fato é que mesmo em planejamentos bem feitos, com sequência pedagógica e sobrecargas adequadas, muitas vezes essas inter-relações e interdependências são tratadas como variáveis inerentes, por exemplo, à construção de esquemas táticos (que representam apenas um dos conteúdos de um modelo de jogo), e não das dinâmicas que nascem da associação de todos os conteúdos de um modelo de jogo.

E isso pode mudar significativamente tudo!

Não é possível construir treinos fractais sem conhecer bem e a fundo as inter-relações e interdependências entre os elementos do sistema “JOGO”, especialmente se não tratarmos o modelo de jogo como subsistema desse sistema, e não o contrário…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Previsões para 2010

Na primeira coluna do ano passado eu fiz cinco previsões. Acertei quatro. Quer dizer, três vírgula oito.

Um espetacular desempenho de 70%. Que, se fosse na Mega-Sena, não teria dado em nada.

Assim como não deu em nada aqui também.
Afinal, não foram previsões surpreendentes. Muito pelo contrário.

Disse que o São Paulo seria campeão e errei.
Disse que o Santos e o Grêmio iriam ter uma temporada minguada e acertei.
Disse que o Inter e o Cruzeiro seriam os clubes fora do eixo RJ-SP a se destacarem e acertei.
Disse que os times do RJ, especialmente o Botafogo, iriam sofrer. Meio que acertei. Disse que o Vasco seria campeão da Série B de maneira mais tortuosa que o Corinthians e acertei. Disse que o Vasco seria campeão estadual e errei.

Disse, por fim, que o mercado de transferências seria minguado e acertei. Disse que o haveria uma grande rotatividade de técnicos e meio que acertei.

Enfim. Nada de muito novo.
Mas gostei da brincadeira.
Tanto que vou dobrar o número de previsões.

Serão dez curtos chutes daquilo que acontecerá ao longo desse ano.

Vamos a eles:

1) O Flamengo não será campeão brasileiro. Aliás, o clube deverá enfrentar sérios problemas internos ao longo do ano, uma vez que é ano eleitoral e as coisas tendem a ficar meio conturbadas nesses períodos em clubes engajados politicamente, como é o caso do Flamengo. O Botafogo vai sofrer. O Vasco também. O Fluminense, eu não sei.

2) O campeão Brasileiro será algum time patrocinado pela Reebok.

3) O campeão da Libertadores também será algum time patrocinado pela Reebok.

4) O mercado de transferência de jogadores ficará aquecido no meio do ano, especialmente depois da Copa. A estabilização da economia global deve permitir que clubes voltem a investir, mas isso apenas se a próxima bolha não estourar antes da metade do ano. Caso isso aconteça, esqueça.

5) Os maiores clubes do Brasil começarão a ter problemas para vender jogadores, uma vez que o Real tem se mantido estável e jogadores talvez refutem a transferência por um ganho pequeno. Mas, como o item acima, se a próxima bolha estourar, esqueça.

6) A Copa será ganha por um time que nunca ganhou antes. Isso é puro chute. E meu chute é que será um país africano. Uma coisa é certa: o Brasil não será hexa. E a Argentina pode surpreender, por bem ou por mal.

7) O Barueri vai cair. O Atlético Goianiense também vai cair.

8) O Corinthians terá problemas ao longo do ano. O Palmeiras vai ser campeão paulista.

9) Um time rebaixado no campeonato estadual disputará a Série A do Campeonato Brasileiro.

10) Eu vou terminar, enfim, o meu doutorado.

As previsões são essas.
Eu acho que pelo menos duas eu acerto. Mas acho que vou errar um monte. Deveria ter pensado um pouco mais antes de escrever.

De qualquer maneira, torço para que a última se concretize.

Se não, já é hora de largar os bets.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br