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Brasileirão

Mais um Campeonato Brasileiro que está por começar, com os mesmos cenários e as doses de emoção prometidas para as rodadas finais da competição. O modelo de pontos corridos se solidifica, para o bem do calendário e da “justiça” competitiva, ao indicar de fato a melhor equipe da competição.

Nestes oito anos foi possível perceber melhor que os resultados esportivos do Campeonato Brasileiro refletem as equipes com melhor estrutura e modelo de gestão, embora quase que a totalidade dos clubes vivam aquilo que podemos chamar de “ondas de organização”, ou seja, momentos em que os dirigentes resolvem colocar os pés no chão e promover um equilíbrio entre as contas a pagar, as contas a receber e a administração global da entidade e em outros, quando voltam à década de 1980, com um modelo incompatível para a atual época.

Nem mesmo clubes que pareciam trilhar um caminho interessante e compatível com seus valores, cultura e público consumidor no início da última década foram capazes de manter a evolução e se posicionar em um patamar de soberania no futebol nacional. Assim, os últimos oito anos refletiram momentos e não efetivamente projetos.

No que concerne à competição como um todo (e, por tabela, aos clubes participantes), chamo a atenção para dois pontos interessantes: a evolução significativa do trabalho realizado pelos departamentos de marketing e a falta de investimentos sobre a estrutura de estádios Brasil afora. Sobre o marketing, apesar de estarem longe daquilo que se percebe em mercados como Europa e EUA, temos de reconhecer que houve um progresso significativo, com inúmeras ações voltadas à exploração da marca dos clubes brasileiros.

Sim, repito, estamos longe do ideal – e essa distância se deve mais pelo amadorismo de quem comanda o clube como um todo do que propriamente dos profissionais que lideram os departamentos específicos da área.

O surgimento de revistas especializadas, a atenção de jornais e revistas setoriais sobre negócios a explorar casos ligados ao futebol, prêmios internacionais em razão de campanhas realizadas por clubes brasileiros, congressos científicos com um nível de debate elevado sobre marketing ligado ao esporte e outros podem ser traduzidos como alguns dos indicadores relevantes para essa evolução.

Por outro lado, lamento a estrutura (ou falta de) oferecida para o torcedor (consumidor), que pouco ou nada mudou ao longo desses últimos anos. Como temos uma competição longa, com vários jogos que, geralmente, guardam as principais emoções para as rodadas finais, é fundamental pensar no conceito de entretenimento.

Sem essa ideia na cabeça, somado à ausência de conforto oferecido para todos os torcedores – que é diferente da segmentação por espaços, como a criação de áreas VIP, conceito que se alastrou como a “galinha dos ovos de ouro” para as receitas em estádios no Brasil – não é possível alcançar um nível ótimo de rentabilidade ao longo de toda a temporada. Os nossos velhos estádios continuam velhos, com os mesmos problemas, os mesmos pontos cegos, a dificuldade de acesso e uma negligência incrível sobre o bem-estar do público como um todo.

Os estádios da Copa devem trazer um novo conceito de arenas esportivas para o Brasil, a exemplo do que já ocorre em outros países. Essa estruturação é fundamental para o aumento das receitas, a otimização da exploração comercial em dias de jogos e o estreitamento da relação com os torcedores.

Que o Campeonato Brasileiro seja melhor que o do ano passado e pior que o do próximo ano. E que essa evolução venha em progressão geométrica, multiplicando a cada temporada as inovações em torno da principal competição do nosso calendário.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Arena quase multiuso

Na onda da modernização da infraestrutura do futebol nacional, além dos atrasos em obras desse tipo, outro termo muito em moda é a tal “arena multiuso”, que justifica a construção dos estádios.

Aqui na capital paulista, os três clubes estão trabalhando nessa perspectiva. O Palmeiras com a Arena Palestra Itália, o Corinthians com o tão discutido Itaquerão, e o São Paulo com o seu bom e velho Morumbi.

Pois bem! É com base no clube tricolor que gostaria de ilustrar alguns de nossos textos anteriores nesse mesmo espaço, quando discutimos inovações tecnológicas e ressaltamos que de nada adianta virem aparelhos e recursos de última geração se os processos e pessoas não compreenderem suas reais funções.

Penso que a partir daí podemos ilustrar para os críticos de carteirinha da palavra “processo no futebol” que não é apenas um termo bonito para justificar qualquer coisa, e sim algo que precisa de fato ocorrer para dar sentido às mudanças e inovações que virão.

O São Paulo adota o termo “Arena do Morumbi”, embora muito resistentes, os meios têm noticiado de alguma forma esse caráter que o clube tenta atribuir para seu estádio. Mas fica evidente que o conceito de arena requer mais do que o simples fato de abrigar shows e eventos de grande porte. Sabemos que é necessário pensar em transporte, acessibilidade, conforto, flexibilidade, cronograma de eventos de grande porte. Mas mesmo com isso tão evidente, não entrarei nesse mérito ainda no texto desta semana. Quero chamar a atenção para outro fator.

Se pararmos para observar o estádio da final da Copa do Mundo de 1998, perceberemos que existe um calendário de eventos de conhecimento antecipado, vinculando esporte, shows, espetáculos e exposições. E que nesse calendário tudo se encaixa sem necessidade de ajustes, mudanças, cancelamentos e adiamentos.

Não precisamos sair do país, mas temos de certo modo, como visualizar algo parecido com a Arena HSBC no Rio de Janeiro. O que isso significa? Que tais arenas são entendidas de fato como arena multiuso, nas quais existe uma programação de eventos para uma temporada.

E onde quero chegar com essa discussão?

Justamente naquilo que o São Paulo tem feito com seu estádio, e que pode refletir a mentalidade do que os dirigentes venham a fazer com a Arena Palestra Itália e com o Itaquerão: transformá-los em arenas quase multiuso.

É compreensível, porém inaceitável, ver o São Paulo ter que mandar jogos em Barueri ou outro estádio porque o Morumbi seria usado para shows. Quando digo compreensível, falo pela questão de pôr a conta na ponta do lápis, calcular quantos torcedores o clube arrasta para o estádio, quanto isso traz de receitas e quanto um show traz de receitas para os cofres do clube.

Porém, é inaceitável que o clube tenha de fazer isso, relegando o próprio time para segundo plano.

Um clube de futebol (o São Paulo é apenas tomado como exemplo da mentalidade dos dirigentes brasileiros que agem em sua grande parte da mesma maneira) deve aprender a utilizar esses recursos e infraestruturas que o país vai adquirir, sobretudo com a Copa do Mundo. Fazer um planejamento de eventos vinculado a jogos não é tarefa das mais complicadas, ainda que existam fatores que devem ser um tanto complexos.

Como podemos pensar uma arena multiuso para os estádios se os próprios clubes mantêm o futebol longe do palco principal? Aí já entramos numa questão de gerenciamento mais ampla, que extrapola a discussão das arenas apenas. E tais questões, da forma como são conduzidas hoje, apenas justificam e dão razão para tirar o jogo do clube de seu estádio para cedê-lo a outro espetáculo – afinal, se meu time não é capaz de atrair torcedores, ou seja, não se consolida como espetáculo, é sem dúvida muito mais fácil trazer o U2.

O receio é que daqui a pouco os dirigentes acreditem que possam fazer o Bono Vox virar jogador de futebol e anunciá-lo como contratação…

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Agentes do destino

Deveria ter enviado este texto antes aos meus editores da Universidade do Futebol.

Entretanto, por um conjunto de fatores alheios à minha vontade, o fiz com certo atraso, sujeitando-me às punições cabíveis e devidas.

Quis alguma força maior que houvesse visto o filme “Agentes do Destino” antes de publicá-lo.

A mesma força que me faz, uma vez mais, invocar um bom filme para escrever sobre o mundo do futebol, de forma análoga.

David Norris (Matt Damon) é um político importante com uma carreira promissora, mas um escândalo atrapalha a sua corrida ao Senado. Tão logo perde a disputa pela vaga, ele conhece a enigmática Elise, bailarina por quem se apaixona.

Contudo, homens com estranhos poderes de interferir no futuro aparecem do nada e começam a pressioná-lo para que ele não dê continuidade a este romance porque isso poderá atrapalhar o futuro de ambos.

Como se houvesse um plano pré-definido por alguém, os dois não podem ficar juntos, ainda que o protagonista não só sinta como queira a mulher ao seu lado para toda vida.


 

Neste fim de semana, o futebol brasileiro teve muitos heróis e vilões.

Homens agindo a favor ou contra o desfecho das histórias.

Gols feitos. Gols perdidos. Pênaltis marcados. Pênaltis defendidos.

Ah, se aquela bola na trave tivesse sido gol…

Talvez seu time, nesta segunda-feira, iria achar que estava tudo bem, com mais uma taça no museu e menos pressão por melhorar a gestão, o marketing, as finanças, o futebol…

Nossa vida é a soma de todas as coisas. Muitas delas dependem de nossa vontade, de nossos esforços, do livre arbítrio que diferencia os homens dos animais.

Um outro tanto talvez esteja além de nossa capacidade de interferência e compreensão.

No meio disso, devemos exercitar nossos planos com convicção, e suportar os resultados, sem transferir culpa ou responsabilidade.

Tentar, enfim, ser pelo menos um dos agentes do nosso próprio destino.

Segunda-feira é um ótimo dia pra começar.

Inclusive para não entregar esta coluna semanal com atraso.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br  

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Jornalista é notícia?

Na semana passada, os jornais esportivos da hora do almoço na Globo e na Band dedicaram parte de seu tempo com reportagens sobre a Copa Nike Aceesp de Imprensa, que acontece na capital paulista. Os dois programas deixaram de noticiar outros fatos relevantes do universo esportivo para dedicarem sua reportagem ao torneio disputado entre jornalistas.

No último domingo, o programa “Pânico na TV” produziu uma matéria sobre o embate entre os colegas de imprensa, mas o foco da pauta era polemizar sobre a briga entre o comentarista da Band Neto e o apresentador do Globo Esporte Tiago Leifert. Em determinado momento da reportagem, os repórteres questionaram Mauro Beting, comentarista da Band e de diversos outros veículos, sobre o que ele achava da briga e quem teria razão:

“Ninguém tem razão. Nem quem acha que jornalista é notícia. A imprensa não pode ter essa importância toda”.

Os repórteres caíram no riso e brincaram com Mauro, dizendo que ele tinha acabado de “estragar a pauta”. Mas aí é que é o ponto. Jornalista, realmente, é notícia?

A discussão sobre isso passa, necessariamente, pelo debate do que é notícia. O que é relevante para o consumidor da informação? O que a pessoa que vai comprar o seu jornal, ler a sua revista, ligar a TV ou o rádio e clicar na internet espera?

Dedicar parte de um programa de 20 minutos para falar sobre uma partida de futebol entre jornalistas é um pouco demais da conta. Muito mais ainda é perder tempo discutindo se um ou outro jornalista está com a razão dentro de um conflito de ideias, algo absolutamente natural de acontecer e salutar para o desenvolvimento do processo democrático.

Quase sempre vivemos nos extremos. Ou o noticiário deve ser denso e crítico, ou então leve e descontraído. Essa é a graça do surgimento dos veículos de imprensa. A função é exatamente defender um ponto de vista e comunicar-se para aqueles que têm interesse naquele tipo de informação e, mais do que isso, de forma de abordagem do noticiário.

Não podemos incorrer no erro de acreditar, porém, que a notícia é o jornalista. Qual a relevância em saber, dentro do noticiário de esportes, sobre o feito alcançado por um profissional da imprensa? Não seria mais correto com o consumidor abordar o tema pelo qual ele se propõe a dedicar o seu tempo?

O jornalista pode ser a notícia, desde que tenha sentido abordá-lo como tal. O que não se pode admitir é a busca sedenta do profissional por virar notícia. Mesmo que seja de forma “ingênua”, como no relato de um simples torneio entre jornalistas.

Notícia é notícia. A função do jornalista é relatar para o público o que ele presenciou ou descobriu.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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O currículo de formação do atleta de futebol – parte I

O nosso futebol passa por um gradativo processo de profissionalização. As mudanças na Lei Pelé, que privilegiam o clube formador, como por exemplo, o direito da verba de solidariedade inclusive para transferências nacionais, são indicativos de que a formação do atleta brasileiro está sendo redimensionada e que a devida importância lhe está sendo conferida.

É certo, também, que os futuros craques do Brasil, em cinco, sete, 10, 12 anos, hoje estão nas categorias de base dos milhares de clubes existentes no país e que será insignificante a quantidade de atletas que sairão direto dos campos de várzea para o alto nível profissional.

Sob este viés, a gestão integrada da base será pré requisito para que, após os oito a 10 anos de processo de formação de uma determinada categoria, a quantidade de atletas de alta performance seja satisfatória. Além disso, a comunicação entre todas as comissões técnicas dos clubes deverá ser constante no que tange a definição dos pontos fortes e fracos de cada atleta e equipe ao longo dos anos, para nortear as decisões estratégicas, técnicas e administrativas da empresa.

O grande diferencial do trabalho de campo diante dessa nova perspectiva deve ser o desenvolvimento, por parte de cada clube de base, do currículo de formação do atleta de futebol. Nele, cada instituição pode definir os perfis dos atletas que pretendem formar e quais serão os conteúdos ensinados para que os diferentes perfis sejam alcançados.

Entretanto, conforme foi citado anteriormente, a profissionalização do futebol brasileiro é gradativa, logo, a gestão integrada da base, que é fundamental para modificações sensíveis nos corpos técnicos de cada clube (com profissionais competentes e capacitados continuamente), ainda é considerada utópica. Então, se a grande parcela dos gestores não está preparada para o “novo” futebol, qual é o papel de cada profissional inserido (ou que pretende se inserir) no mercado em quaisquer clubes, nas categorias de base, dentre os milhares existentes no Brasil?

O papel de cada um desses profissionais é buscar a elaboração e aplicação de um currículo do atleta. Assim como todo curso profissionalizante, graduação, ensino técnico, médio, supletivo, entre outros, existem conteúdos (disciplinas) que cada atleta deve aprender (de maneira circunscrita ao jogo) para se tornar um grande jogador de futebol.

Além da falta de conhecimento técnico da gestão, outros fatores já conhecidos por quem vive o “ambiente do futebol” podem ser apontados como limitantes para a elaboração do referido material. São eles:

Falta de comunicação intra comissão técnica, em que predominam preocupações com os fragmentos do jogo em relação ao “todo” da equipe (e jogo);

Falta de comunicação inter comissões técnicas, em que o treinador do sub-15 pouco se importa com o que está acontecendo no sub-17, nunca assistiu a um jogo do sub-14 e, talvez, nem saiba o nome do técnico do sub-11;

Ausência de um ambiente de discussões e aprendizagem oferecido pelo clube;

Futebol profissional desvinculado das categorias de base, em que os treinadores e dirigentes do departamento profissional optam por negociações intermediadas por agentes em detrimento dos atletas formados no clube.

Lacunas nas idades do processo de formação com manutenção somente das categorias com competições oficiais;

A pressão por vitórias a qualquer custo como “garantia” de permanência no cargo;

Neste cenário não muito animador, para muitos, “sobreviver” é o grande objetivo. E, seguramente, a sobrevivência não está garantida. Você pode ganhar todos os jogos e a diretoria, de uma hora para outra, ser modificada e você, demitido. Os patrocinadores que financiavam os custos da categoria de base podem abandonar o clube e você, por consequência, perder o emprego. Você pode ser preparador físico do sub-15 e, de repente, receber um convite para integrar a comissão sub-20 que durará somente enquanto houver vitórias. Porém, neste mesmo cenário instável, oportunidades positivas tendem a surgir.

Como, por exemplo, chegar ao clube em que você trabalha um gestor com conhecimento técnico suficiente (acredite que eles já existem!) para saber como um plano coerente de trabalho de formação a médio/longo prazo traz resultados (lucro) e sustentabilidade ao negócio. Esse gestor precisará de pessoas que ponham em prática tal plano de trabalho.

Cresce o número de profissionais do futebol que acreditam que a categoria de base é a grande responsável pelo nosso futuro no cenário futebolístico mundial. Você pode trabalhar ao lado de um destes e não ter ciência justamente por fazer somente a sua função de sobrevivência. Um dirigente (quem sabe um dia algum headhunter) pode procurá-lo para fazer-lhe uma proposta de trabalho por conhecer e acreditar no seu potencial profissional.

Nessa área de atuação, profissionais de destaque do mercado (salvo aqueles que dependem exclusivamente de indicação, amizade ou qualquer outra relação que, lembre-se, faz parte do cenário) devem saber tudo sobre a base, do sub-11 ao sub-20. Devem ter bem definidas quais são as competências necessárias para um jovem, captado do processo de iniciação esportiva e inserido nos processos de transição e especialização, se tornar atleta profissional.

Os primeiros passos são muito simples de serem executados. Uma reunião com sua comissão técnica pode se tornar uma hora de discussão semanal que tem como temática a formação do atleta. Num e-mail para os funcionários da base do clube pode constar um convite para a divulgação da ideia, pois com certeza algumas pessoas têm com o que contribuir. Uma conversa informal com um dos dirigentes do clube pode ser um ótimo momento para demonstrar sua opinião.

Se com esses passos você permanecer sozinho, mesmo assim avance em sua caminhada. Se mais pessoas aderirem à ideia, há um longo trabalho pela frente.

Como início, a definição de todos os conteúdos que um jogador (e equipe) precisa aprender (é bom lembrar que de forma circunscrita ao jogo) para se tornar atleta de alto nível. Marcação zonal, transição ofensiva, relação com a bola, pressing, ultrapassagem, zonas de risco, estratégias, tomada de decisão, lógica do jogo, plataformas, bolas paradas, regras de ação, são simples exemplos para ilustrar a infinidade de conhecimento que, indubitavelmente, precisa ser internalizado.

Após esta trabalhosa, porém, prazerosa definição, diversas reflexões surgirão, dentre elas:

Qual a plataforma de jogo ideal para iniciar um processo de formação?

Deve-se sempre utilizá-la durante todas as categorias?

O zagueiro do sub-11 fará sempre a função de zagueiro ao longo da formação?

Como classificar os diferentes tipos de jogos elaborados?

Quando iniciar a aplicação da ultrapassagem?

Quando iniciar a aplicação do pressing?

Como definir qual linha de referência de marcação utilizar?

Não bastará definir os conteúdos! Saber distribuí-los em cada categoria, para assegurar que eles se encontram na zona de desenvolvimento proximal dos jogadores de determinada equipe e faixa etária, será fundamental para evitar equívocos.

O que você está esperando? Faça sua parte para que a transformação da base, impulsionada pelas tendências do mercado (Lei Pelé, conhecimento científico, esporte como negócio), beneficie a clubes, atletas e profissionais do futebol.

Para aqueles que acham que tudo isso é bobagem e que não há o que (re)inventar nas categorias de base no Brasil, cuidado: a transformação é inevitável! Para os que utilizam a famosa expressão “o futebol é assim”, ele (o futebol) não é! Já as pessoas…

PS: O currículo do Paulínia FC, criado mesmo com uma série de limitações (estruturais, administrativas, financeiras, entre outras), tem um ano e meio de existência e
será tema de outra coluna.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br  

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Boas vindas

Prezado leitor,

é com muita satisfação que realizo mais um sonho profissional estreando como colunista da Universidade do Futebol.

Neste meu primeiro texto, gostaria de compartilhar com vocês como tudo começou…

Como todo garoto, um dia quis ser jogador. Com a falta de formação de meus treinadores, cheguei a fazer tanto treino sem fundamento que com consecutivas lesões nos dois joelhos tive que parar de jogar com 14 anos. Uma frustração irreparável!

Uma forma de manter-me próximo do esporte seria trabalhar com isso e então, inspirado em meus professores do colégio, veio o desejo de fazer Educação Física para futuramente ser preparador físico.

Mas a vida foi tomando outros rumos e parti para a carreira acadêmica. Tornei-me um apaixonado pela ciência.

Mas ainda amante do futebol, tentando aliar ciência e futebol (uma combinação nem sempre bem sucedida), em um dos cursos que fui fazer, tive o prazer e o privilégio de conhecer o professor Medina em 2010. Depois de sua aula, fui conversar com ele e em cinco minutos de conversa parecia que nos conhecíamos havia muitas décadas. Surgiu então o convite para ser colaborador do portal, no qual postei dois artigos: “Futebol é força ou é arte?” e “Crioterapia no futebol: mitos e verdades”.

Alguns meses depois, recebi o convite para me tornar colunista da Universidade do Futebol, e como não podia negar um pedido desse, agora terei o desafio de escrever um texto por semana.

Desde já quero agradecer pelo convite. Pretendo fazer dessa coluna um espaço para discutirmos a ciência aplicada ao futebol, especialmente nas áreas da fisiologia e do treinamento físico. Tentarei, à medida do possível, apresentar resultados de trabalhos publicados recentemente nas literaturas nacional e internacional.

Será um espaço aberto para todos e convido você para ficar à vontade para jogar comigo do jeito que achar melhor. Sem marcação, você estará livre para debater, questionar, duvidar, discordar, tirar dúvidas e sugerir temas que julgue interessante.

O apito soou e o pontapé inicial já foi dado! Ao invés de 90 minutos, espero que este jogo não acabe nunca e que o vencedor seja o conhecimento!

É muito bom estar neste time!

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

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Classes sociais

Desde os tempos em que comecei a estudar marketing e gestão do esporte durante a faculdade (e lá se vão cerca de oito anos), começou um movimento de aproximação do futebol com as classes sociais de maior poder aquisitivo, que os clubes deveriam ter um padrão de gestão de seus negócios mais segmentado, com espaços na arena de jogos para atender as classes A e B, com acessos exclusivos e por aí vai.

Com tais medidas, uma série de consequências apareciam no rol de benefícios: as famílias voltariam aos estádios, pois acreditava-se que iria diminuir a violência; o faturamento dos clubes aumentaria, por trazer pessoas para próximo de si com mais e melhores recursos; as classes C, D e E passariam a acompanhar o futebol apenas pela televisão, aumentando a venda de pacotes Pay Per View – as pessoas iriam se juntar em grupos e assistir na casa de colegas aos jogos por não ter dinheiro para ir aos jogos – dentre outros desdobramentos aparentemente plausíveis.

O que se percebe hoje é que os estádios não se adaptaram à realidade e ao nível de exigência das classes A e B e, por outro lado, os preços dos ingressos simplesmente aumentaram a um patamar que só seria compatível se houvesse melhor prestação de serviços em dias de jogos.

Passado esse tempo, inúmeras transformações ocorreram. E agora estamos vivenciando a ascensão de classes, fruto do desenvolvimento econômico do país nesse período. Leio reportagens, estudos e análises, dia após dia, procurando entender quem é essa “nova classe C”, como ela consome, quais são seus hábitos e como a indústria pode se adaptar a ela.

A mais recente que vi foi sobre as adaptações que a TV está promovendo para melhor interagir com essas pessoas, sem se tornar completamente popular (para não se afastar das classes com maior poder aquisitivo).

Enquanto isso, no futebol, identifico apenas iniciativas pontuais para se aproximar desse nicho de mercado, após uma aparente tentativa de se afastar deles. Os produtos licenciados, por exemplo, começam a ganhar corpo no leque de opções de faturamento dos clubes, mas carecem ainda de estratégias de segmentação por classes já que tendem a serem ofertados com preços incompatíveis para aqueles com orçamentos mais limitados.

Quando olhamos para os estádios e suas respectivas taxas de ocupação, percebemos o quanto que o futebol não conseguiu se aproximar efetivamente das pessoas com mais recursos e como se afastou daquelas com menor poder aquisitivo.

Essa incongruência é fruto da falta de gestão do conhecimento organizacional e de mercado.

O futebol no Brasil acaba ficando sempre para trás em relação àquilo que o ambiente externo emite de informação. O processamento desses dados acaba por ser lento, sendo que “o remédio só é aplicado quando o vírus já foi embora”.

Assim, resta saber: o que o futebol está preparando para efetivamente atender os interesses das novas classe C e D, se aproximando, inclusive, de investidores e do ambiente corporativo, completamente antenado a esses movimentos?

É crucial pensarmos em soluções antecipadas nesse e em outros sentidos, sob pena de a cada dia perder espaço para outros concorrentes da indústria do entretenimento.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br  

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Não existe mais bobo no futebol? Será mesmo?

A eliminação dos quatro clubes brasileiros (Grêmio, Inter, Fluminense e Cruzeiro) da Copa Libertadores na última quarta-feira causou um tremendo frisson no meio esportivo. Nas rodas entre amigos, perguntei: “E aí, quais seriam os motivos?”

O bom e velho discurso reapareceu, como sempre, para não perder o hábito: “o futebol é uma caixinha de surpresa e não existe mais bobo no futebol”. Mas cá entre nós, amigo leitor, isso já não serve mais como resposta, já faz um bom tempo, concorda? Afinal, estando nós entre profissionais que estudam e atuam no futebol, alguma coisa dever ser mais contundente que o simples discurso, porém, tão famoso.

Os desesperados disseram que era um absurdo os clubes brasileiros tão tradicionais perderem para equipes de menor expressão. Pausa! Mas o que é ser tradicional?

Se o fato de ter vencido uma Libertadores, mesmo que tenha sido 30 anos atrás, faz de uma equipe brasileira tradicional, porque o mesmo não se aplica para um Once Caldas, por exemplo, que em 2004 foi campeão, e detalhe: ganhando na época de São Paulo, Santos e Boca Juniors?

Aí entram nas análises brasileiras os dois pesos e duas medidas. Dizem que o Once Caldas ganhou esse campeonato e mais nada. Daí eu retruco: o que o faz ter menos tradição, então, do que Palmeiras, Vélez, Flamengo e Vasco, que também têm um título, e o que o faz ter menos tradição do que um Fluminense, que não detém nenhum título da competição?

O discurso não pode ser enviesado. Se tradição representa conquista, não pode representar as conquistas apenas dos brasileiros. Se tradição tem de ser medida junto com desempenhos recentes, a conquista do Once Caldas é mais nova ainda do que títulos de Santos, River Plate, Grêmio e Cruzeiro.

Se por outro lado existe uma diferença técnica dos campeonatos nacionais, o que faz com que uma equipe como o Peñarol tenha muito mais facilidade de participar do torneio, como dizem alguns críticos? O que faz com que as 38 participações que o clube uruguaio tem, sagrando-se campeão em cinco oportunidades, e detenha aproveitamento de 54% dos pontos, seja tão menos importante que o aproveitamento de 57% que o Inter detém em suas oito participações com 2 títulos?

Enfim, os números podem simplesmente ilustrar o equívoco do discurso vazio de que a tradição brasileira foi surpreendida. Não existe sentido em falar de tradição, e usá-la unicamente a favor do futebol brasileiro. Devem ser observados os desempenhos atuais e se avaliar da mesma forma. Evitando o menosprezo e o despreparo sobre o qual já abordamos num outro texto referente às frequentes derrotas brasileiras para equipes africanas.

Isso também se vale para criticar a desculpa de que não tem mais bobo no futebol – tem, sim! Bobos somos nós, brasileiros, que menosprezamos o futebol dos adversários, sequer se dando ao trabalho de estudar e analisar seu comportamentos.

Bobos somos nós, clubes brasileiros, que mesmo com a transmissão de quase todos os jogos da Libertadores para o nosso território sequer nos damos o trabalho de ver um jogo de um desses ditos times não tradicionais.

Já passou da hora de o Brasil parar de dizer que não existem mais bobos no futebol e perceber que tem feito o papel de bobo ao acreditar que toda sua tradição e conquista serve como argumento de que as outras equipes devem se preocupar conosco e não a gente com eles.

Tudo isso é uma questão de processo, pois os CTs nacionais têm melhorado, os salários estão mais atrativos, a exposição das equipes e jogadores tem crescido e ganhado destaque, enfim, recursos e instrumentos para se consolidar como uma potência (em temos de clubes) o Brasil tem de sobra. Entretanto, lidar com essa falta de integração entre informação , pessoas, e recursos, tem dado muitos sustos ao nosso esporte bretão.

O futebol exige detalhes, exige ciência, exige estudo, exige improviso e talento. Só com os dois últimos tem ficado difícil.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br  

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Facebook, Twitter e afins: Deus e o Diabo na terra virtual

Obama se elegeu, em boa parte, nos EUA, por meio da forte e inteligente presença e ativismo na internet, em especial nas redes sociais.

A Al Qaeda e outros grupos terroristas em todo mundo se articulam por meio delas. O 11 de Setembro foi facilmente arquitetado por mentes criminosas que se valeram da internet para compartilhar informação e estratégia.

O ditador do Egito, Mubarak, sofreu na pele e pagou com alto preço político o levante popular alavancado pela mobilização na internet que se transformou em manifestação em praça pública.

Antes disso, o Irã já havia sido cenário para uma demonstração de fé do seu povo, mas fé na liberdade de expressão, associação e opinião nas última eleições, quando o Twitter serviu de tribuna para exercitar esse direito.

No Palmeiras, membros da oposição à atual gestão e torcedores descontentes pressionam o presidente a firmar compromissos para a construção do novo estádio. Como? Redes sociais, emails e SMS dirigidos ao mandatário.

Ainda, jogadores de futebol de São Paulo e Palmeiras protagonizam bate-boca virtual via Twitter, gerando grande repercussão. Até parece que a animosidade é maior do que no próprio campo.

Adidas patrocina campanha do Messi no Facebook, para chegar a 10 milhões de fãs. E a empresa também apoiou o Olympique Marseille para que, ao romper a barreira de um milhão de fãs na rede social, a torcida conquistaria o direito de sugerir e votar no modelo de camisa oficial da temporada 2011-2012.

Pegando – pela segunda semana consecutiva – o “gancho” do Erich Beting, em seu blog, percebemos que a atuação nas redes sociais será, cada vez mais, um medidor importante de audiência e alcance dos clubes de futebol, tanto em âmbito nacional quanto internacional, além da disputa pelo interesse do consumidor:

“A força dos clubes de futebol tem assustado o mercado americano. Há uma semana, o “Sport Business Journal”, principal veículo sobre negócios do esporte dos EUA, publicou uma reportagem sobre a presença dos clubes de futebol nas redes sociais. O resultado, segundo a publicação, é alarmante: das cinco marcas ligadas a esporte e que tem o maior número de seguidores, quatro são clubes de futebol. O levantamento tinha como universo a soma de seguidores dos clubes no Facebook e no Twitter.

Na lista apresentada pelo “SBJ”, os cinco primeiros clubes mais populares nas redes sociais são os seguintes:

1. Barcelona (13,5 milhões de seguidores)
2. Real Madrid (13,2 milhões de seguidores)
3. Manchester United (12,1 milhões de seguidores)
4. Los Angeles Lakers (9,5 milhões de seguidores)
5. Arsenal (5,9 milhões de seguidores)

O resultado, na visão americana, mostra uma preocupação para o negócio dos outros esportes. O futebol, segundo eles, tem tomado conta do mercado mundial, ao passo que os times americanos, independentemente de qual esporte represente, continuam com atuação restrita aos Estados Unidos”.

Erich ainda fala sobre a internacionalização dos clubes e sua marca, muito além de disputar Mundial de Clubes da Fifa.

O melhor brasileiro neste ranking, o Corinthians, tem menos de 600.000 fãs no Facebook. Para uma torcida estimada em 30 milhões, tem alguma coisa faltando no processo de diálogo entre as duas partes.

E, sem dúvida, a maneira mais barata e, talvez, eficiente, de expansão da marca dos clubes, seja por meio das redes sociais.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br  

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Questão de poupança

Ganso não deve jogar durante um mês. A notícia serviu para os alertas de tsunami invadirem a Vila Belmiro nesta segunda-feira. A gritaria geral é com relação à presença não apenas do camisa 10, mas também de outros astros como Neymar e Elano, no primeiro jogo decisivo do Campeonato Paulista, neste último domingo.

Aconteceu com Ganso, como poderia ter sido com Pará, Liedson, Bruno César ou qualquer um dos 28 jogadores que estiveram em campo na primeira final do torneio. Mas tinha que acontecer justamente com um dos dois principais jogadores santistas, time que na quarta-feira tem duelo de quartas-de-final da Copa Libertadores.

É a Lei de Murphy, só pode ser!

Mas é, também, uma questão que vai muito além do que tentam supor a mídia e muitos torcedores. No final das contas, tudo é uma questão de poupança.

A presença do Santos na final do Paulista e nas quartas da Libertadores mostra que o time tem condições de, porque não, tentar os dois títulos. Mais do que isso, tem jogadores capacitados para tal função e, ainda além, tem motivos financeiros para buscar a vitória dupla.

O título estadual pode render, apenas com a premiação da Federação Paulista, mais de R$ 10 milhões para o Santos. Isso sem falar nos bônus dados pelos patrocinadores e na própria arrecadação com outras iniciativas de marketing relacionadas à conquista.

A conquista da Libertadores rende praticamente a metade desse valor em premiação, mas obviamente acrescenta ainda mais bônus de patrocinadores, a chance de iniciativas de marketing serem ainda mais lucrativas e uma receita maior ainda por conta da disputa do Mundial de Clubes ao final da temporada.

Ou seja, não existe decisão fácil que leve à priorização de um campeonato. Simplesmente não dá para um dirigente, um treinador e o próprio atleta abrir mão das premiações de uma competição para dar vazão unicamente a uma delas.

Curiosamente, no ano passado não se discutia a necessidade de o Santos priorizar a Copa do Brasil e abdicar da conquista paulista. No fundo, no fundo, tudo é uma questão de poupança. No caso, de milhões de reais a mais que entram para os cofres dos clubes.

E, pensando friamente, como torcedor, jogador, treinador ou diretor, você também acreditaria que é possível ganhar tudo, não é mesmo?

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