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O papel das Forças Armadas…

Depois de algumas leituras e de acompanhar a palestra de um almirante em evento recente, quando abordou o legado dos Jogos Mundiais Militares, consegui descobrir o papel das Forças Armadas no Brasil: ajudar o esporte nacional.

É óbvio que o primeiro parágrafo tem um tom irônico. As Forças Armadas têm importância ímpar no sentido da defesa de qualquer nação. O artigo 142 da Constituição Federal diz o seguinte:
 

“Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm. Acessado em: 29-novembro-2011.
 

Em nenhum momento, nos artigos e parágrafos correspondentes ao Capítulo que trata das Forças Armadas aparece qualquer amparo ou direcionamento para que tal contribua com o esporte do Brasil.

Nos Jogos Mundiais Militares 2011 falou-se que um dos grandes legados foi a militarização de atletas. Ora, a competição que tem por objetivo retirar soldados do campo de batalha, um ambiente estressante, colocando-os em uma disputa sadia de esportes entre nações, não pode admitir que o “gato” para a disputa dos Jogos foi um legado, sob o argumento que agora os atletas recebem um salário militar e podem disputar competições olímpicas com mais tranquilidade. E a seleção brasileira de Beach Soccer também entrou na onda, que nem olímpica é, mas está integrada no Programa Olímpico da Marinha.

Talvez esteja aí a solução de todos os problemas do esporte brasileiro (modo irônico novamente). Vamos fechar todas as federações e confederações, vamos militarizar todos os atletas e, muito provavelmente, a medida resultará em… em… em… um retrocesso de algumas décadas!

Não sei dizer quem está certo ou quem está errado. Mas o fato é que se existem agentes se metendo aonde não devem, é porque quem deveria fazer algo decente para o esporte não o faz da maneira correta. O sistema formal de esporte no Brasil está uma salada e não é de hoje. E como os megaeventos geram repercussão midiática, todo mundo procura um jeitinho de aparecer…

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Chip na chuteira. E o investimento dos clubes em tecnologia

Olá, amigos!

No texto desta semana trago uma nota sobre o lançamento de uma chuteira com chip capaz de marcar uma série de informações importantes sobre o desempenho do atleta. A seguir, seguem trechos deste informe, para que possamos debater e estabelecer uma reflexão acerca do tema.

“Esta semana, a Adidas anunciou a chegada no Brasil da chuteira Adizero F50 com o sensor miCoach Speed Cell. Este módulo fica em uma cavidade no meio da chuteira e monitora o jogador, medindo velocidade, distância percorrida, sprints (piques) e tempo total…

A chuteira com sensor permite analisar os dados do jogador após um treino ou partida, e sincroniza com o computador ou dispositivo iOS sem usar fios”.

Alerto que devemos ter um postura crítica em relação à notícia, evitando críticas sem o devido conhecimento e evitando também uma empolgação excessiva. Por isso a reflexão se faz importante para discutirmos o papel dos profissionais do futebol em alto nível, frente ao desenvolvimento de tecnologias e recursos de ponta.

Sem dúvida que, numa comparação imediata, percebemos a Adidas fazendo testes baseados no alto desempenho para alcançar o amplo mercado de consumidores, algo marcante na Formula 1, na qual montadoras e fornecedores testam seus novos componentes que com o tempo chegarão ao mercado.

O mercado de fitness já tem recursos tecnológicos de longa data, como o sistema de anotação de percurso, velocidade e performance de corredores de rua, de pessoas fazendo suas atividades cotidianas preocupadas com a saúde.

O cuidado com a empolgação e utilização dessa chuteira como fonte de informação deve ser focada na necessidade de testes e validações para tirar conclusões a respeito da precisão e da informação fornecida, e ainda pensar nos termos regulamentares que a Fifa pode ter nesse quesito.

Por outro lado, se conseguirmos provar e testar tal recurso, com as informações divulgadas, temos um rico material para investigar desempenho dos atletas, lembrando que tais informações já são utilizadas hoje, porém coletadas de distintas maneiras.

Assim, sem entrar no mérito do recurso propriamente dito, já que carece de testes e estes só com o tempo poderemos fazer, direcionamos nossa discussão sobre quem desenvolve tais recursos, ou melhor, sobre quem se interessa em desenvolver tais ferramentas

De olho no mercado, a Adidas investe alto e desenvolve alternativas e novos produtos. Será que os clubes de futebol não poderiam ser protagonistas no desenvolvimento de pesquisas a fim de investigar modelos, práticas e intervenções voltados ao rendimento?

A Gatorade tem um expressivo instituto de pesquisa voltada à análise de performance; a Adidas, assim como a Nike e outras, mostra preocupação com tecnologia dos uniformes e chuteira – e agora cada vez mais com chuteira e informações sobre o desempenho. Todas, com certeza, buscando valorização da marca além de participação de mercado

Se os clubes investissem mais em tecnologia e ciência não teriam benefícios, como desempenho melhor de atletas, contratações mais precisas, menor número de lesões e treinamentos mais adequados? Qual a sua opinião?

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O esquema tático: o losango da linha média

Na coluna “O esquema tático: estruturando a linha defensiva” abordei o papel do esquema tático dentro do Modelo de Jogo e me aprofundei na dinâmica da linha defensiva no 1-4-4-2 zonal.

Nesta semana vou continuar a discussão sobre o esquema tático e a dinâmica de posicionamento dos jogadores; agora com a linha do meio-campo.

No 1-4-4-2, no 1-3-4-3, no 1-5-4-1 ou em outro esquema com quatro jogadores na linha média, posso adotar algumas dinâmicas de posicionamento. No Brasil, o mais popular deles é o “quadrado” onde se joga com dois volantes e dois meias. Em nosso futebol é comum observarmos também o “losango” no meio, onde se joga ou com três volantes e um meia (mais comum) ou com um volante e três meias. Na Europa é comum observarmos os jogadores dispostos em linha no meio-campo.

Esses são posicionamentos básicos, contudo cada um deles influencia em toda a organização da equipe. Vejam que no posicionamento em “linha” tem um bom equilíbrio horizontal, mas pode se ter dificuldades para marcar em bloco alto. Já no “quadrado” não se tem um bom equilíbrio na linha média, mas se pode pressionar mais a frente. No “losango” há um equilíbrio maior entre a ocupação em largura e em profundidade da linha média, mas há chance de ter dificuldades quando a bola entra nas costas dos meias/volantes das laterais. Esses são apenas pontos básicos que devem ser observados em cada uma das formações.

Volto a destacar que o esquema tático por si só não pode ser a única referência da equipe – ele deve se integrar sinergicamente com os demais conteúdos do Modelo de Jogo da mesma.

Como as implicações são quase que infinitas nas diferentes disposições dos jogadores na linha média, vamos nos focar agora no “losango”.

O intuito aqui não é esgotar as possibilidades nem as discussões sobre tal posicionamento, mas mostrar como ele pode ser definido e treinado na prática.

Então, vamos lá:

No Modelo de Jogo de uma equipe hipotética, o treinador definiu que a mesma estruturaria sua linha média no losango. Na organização defensiva, os jogadores desta linha deveriam se posicionar em zona fechando a região central do losango e direcionando o adversário para as laterais do campo a fim de recuperar a bola nesses espaços.

 

Na transição ofensiva, os jogadores dessa linha devem se deslocar rápido a fim de tornar o campo grande para a equipe. O jogador mais avançado do losango tem a missão de criar rápido uma linha de passe para frente para o jogador que recuperou a bola – se ele foi este jogador, deve buscar progredir no campo de jogo ou buscar um passe em profundidade para os atacantes.

 

No momento ofensivo, os jogadores da linha do meio devem estar dispostos de uma forma equilibrada tanto horizontal como verticalmente, e os meios/volantes das laterais do losango devem jogar cada um em sua metade do campo, podendo haver trocas. O volante menos adiantado deve se posicionar fazendo o balanço da jogada e o meia ofensivo deve sempre criar linha de passe em progressão para seus companheiros.

 

Na transição defensiva, os jogadores devem recompor atrás da linha do meio e fechar os espaços evitando a progressão da equipe adversária.

 

Definida a forma como a equipe se comportará nos diferentes momentos do jogo quando a ocupação do espaço em relação ao esquema tático for necessária, vamos ao treino.

Apresento abaixo, como de costume, três atividades práticas para o desenvolvimento da dinâmica da linha média em losango da equipe hipotética em questão.

Atividade 1

Descrição

– Atividade de 4 X 5, em que o objetivo da equipe composta por quatro jogadores é, sem bola, proteger o meio e, com bola, buscar um passe rápido para fora do quadrado. Já a equipe composta por cinco jogadores deve buscar, com bola, um passe na região central do campo e, sem bola, deve pressionar o adversário.

Regras e Pontuação

Equipe amarela
– Marca um ponto se algum jogador de sua equipe receber um passe após a linha tracejada (fora do quadrado).

Equipe azul
– Marca um ponto se fizer um passe para o jogador dentro do losango menor, na região central do campo.

Atividade 2

Descrição
– Atividade de 4 X 5 + Coringa , em que o objetivo da equipe composta por quatro jogadores, sem bola é proteger os golzinhos e recuperar a bola nas laterais do campo; e, com bola, fazer um passe para um jogador a frente da linha tracejada. A equipe composta por cinco jogadores faz o gol nos golzinhos e deve impedir a progressão do adversário. Coringa joga para a equipe que está com a posse de bola.

Regras e Pontuação

Equipe amarela
– 1 ponto quando recuperar a bola nas laterais do campo.
– 1 ponto quando fizer o passe para um jogador a frente da linha tracejada vermelha.

Equipe Azul
– 1 ponto quando fizer o gol nos golzinhos.

Atividade 3

Descrição
– Atividade de 8 X 11, em que o objetivo da equipe da defesa é proteger os golzinhos, recuperar a bola nas laterais do campo e, com bola, deve passar com a bola dominada ou fazer um passe para um jogador a frente da linha tracejada. Equipe que ataca pode fazer o gol nos golzinhos ou no gol oficial; sem bola, deve impedir a progressão do adversário.

Regras e Pontuação

Equipe amarela
– 1 ponto quando recuperar a bola nas laterais do campo.
– 2 pontos se passar com a bola dominada ou fizer um passe para um jogador a frente da linha tracejada vermelha.

Equipe azul
– 1 ponto se fizer gol nos golzinhos.
– 3 pontos se fizer o gol no gol oficial

Os conteúdos se integram!

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br

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Por que ele vai subir de categoria?

Há cerca de um ano, em uma de minhas primeiras publicações na Universidade do Futebol, escrevi sobre resultado nas categorias de base. Com uma série de questionamentos a dirigentes e membros da comissão técnica, o objetivo do artigo era mostrar que uma infinidade de variáveis, além das vitórias dentro das quatro linhas, deveriam ser analisadas para que, de fato, os verdadeiros resultados fossem mensurados.

Um dos questionamentos feitos segue descrito abaixo:

“Existe um relatório individual de desempenho (banco de dados), que acompanha a performance (tática, técnica, física e emocional) de cada atleta ao longo dos anos?”

Como o recesso das categorias de base do futebol brasileiro ocorrerá nos próximos dias, com exceção dos juvenis que terão oportunidade de jogar a Copa São Paulo de Futebol Jr., o momento é extremamente pertinente para a aplicação, ou então, criação do referido relatório.

É sabido que grandes equipes têm a possibilidade de conquistar campeonatos, porém, tais campeonatos não necessariamente significam retorno financeiro (principalmente nas categorias de base), que se dá predominantemente a partir da negociação de um jogador.

Logo, cada jogador, ou melhor, produto, deve ser analisado quantitativa e qualitativamente de modo a ser definido o seu potencial de valor agregado (para futura negociação) até a conclusão do processo de formação.

Definir o potencial de valor agregado é estimar quais serão as características deste jogador que o diferenciará de seus concorrentes (que são muitos), para que tenha maior atratividade comercial.

Posto isso, como analisar um atleta quantitativa e qualitativamente ao longo de um ano?

As informações acerca de determinado jogador que possibilitam a composição de um relatório não são difíceis de serem conseguidas e não precisam de ferramentas inacessíveis para a grande maioria dos clubes de futebol brasileiros, como por exemplo, softwares de gestão integrada. Com boa comunicação interna e recursos básicos do Office é possível estabelecer um banco de dados eficiente para o clube.

Para os dirigentes da base, ter o registro do desempenho obtido e do potencial que pode ser atingido por cada jogador permite um posicionamento coerente perante os gestores e investidores do clube em relação ao investimento que está sendo feito em cada categoria.

Para os treinadores, ter em mãos um relatório completo dos seus novos atletas no início do ano poupa-lhes tempo ao proporcionar informações importantes como perfil disciplinar, versatilidade e/ou especialidade, liderança, qualidade técnica, etc.

Como informações quantitativas gerais encontram-se o ano de ingresso no clube, a frequência anual de treinamento, a quantidade de jogos disputados, o tempo total jogado, os cartões recebidos, os gols feitos, as assistências, além das informações de crescimento e desenvolvimento como altura, peso e desempenho nas avaliações físicas.

Já como informações qualitativas, é possível estabelecer o desempenho comparativo do atleta em relação a sua própria categoria, uma análise das competências essenciais do jogo (relação com a bola, estruturação do espaço e comunicação na ação), e uma análise subjetiva (feita pela comissão técnica) tática-técnica-física-emocional de acordo com o Modelo de Jogo adotado. Para tornar as informações qualitativas ainda mais completas, uma produção em vídeo, de pontos fortes e pontos fracos do jogador, pode ser criada, dos quatro momentos do jogo (ataque, defesa e transições).

Após esta análise individual completa é função dos dirigentes de base do clube reunirem todas as comissões técnicas para, em conjunto, definirem quais são os atletas que têm condições de serem promovidos para a categoria seguinte e quais terão que ser dispensados.

Essa discussão, que envolve a participação de todos e que tem um gestor como mediador, seguramente, diminui os riscos de um erro extremamente comum nos clubes brasileiros: investir por muitos anos em jogadores que não têm potencial de negociação ou atuação no departamento profissional e dispensar os que têm.

Com informações mais precisas, todos os envolvidos (atletas, comissões, dirigentes e investidores) são beneficiados. O atleta dispensado pode ir em busca de seu objetivo em outro clube ao invés de aguardar aquela ligação para se apresentar no início do ano e, após poucos dias de treino e elenco “inchado” ser liberado, pois o seu último treinador não o fez quando deveria; o atleta que subir de categoria é o que o clube realmente vislumbra retorno futuro e que deu mais um importante passo na pirâmide que ano a ano estreita até a profissionalização; a comissão técnica assume a devida responsabilidade profissional de, por estar no dia-a-dia de treinos e, mais do que os dirigentes, ter a obrigação de conhecer profundamente cada um dos seus jogadores, opinar favorável ou contrariamente a promoção de categoria e ser cobrada futuramente por isso; os dirigentes, com o registro de todos os seus produtos e potencial de valor agregado pode se posicionar perante a concorrência e fazer as readequações estratégicas necessárias; e os investidores poderão saber como andam seus investimentos e para quando está previsto o retorno.

É certo que na vida, digo, no futebol, muitos acontecimentos nos distanciam das práticas descritas acima. Interesses pessoais, influências políticas, autonomia limitada, entre outros fatores presentes no futebol, digo, na vida, ocorrem e sempre ocorrerão.

Para quem não aguarda o “mundo ideal”, já mencionado em outra ocasião, tem muito com o que contribuir para profissionalizar os procedimentos nas categorias de base. Para isso, é fundamental ampliar as discussões profissionais e não opiniões pessoais sobre cada jogador.

Caso alguém se interesse por uma planilha-modelo simples para fazer um relatório anual de um jogador, escreva-me.

Quantos atletas você irá subir de categoria?

Abraços e até a próxima semana!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Vai dar liga

Na última semana iniciou-se mais uma edição da NBB (Novo Basquete Brasil), liga de clubes de basquete que equivale ao Campeonato Nacional da categoria.

As ligas, nos termos do art.13, da Lei 9615/98, conhecida como Lei Pelé, fazem parte do Sistema Nacional do Desporto e, conforme o artigo 16, são pessoas jurídicas de direito privado, com organização e funcionamento autônomo, e terão as competências definidas em seus estatutos, podendo filiar-se ou vincular-se a entidades nacionais de administração do desporto, vedado a estas, sob qualquer pretexto, exigir tal filiação ou vinculação. Ou seja, a Lei Pelé autoriza a criação de ligas independentes.

A NBB nasceu de forma independente em 2005, com o nome de NLB (Nossa Liga de Basquetebol), eis que não possuía o reconhecimento da Confederação Brasileira de Basquete tendo, inclusive, coexistido com o Campeonato Nacional. A partir de 2008 a Liga se filiou à CBB com o nome de NBB (Novo Basquete Brasil).

Ressalte-se que, conforme estabelece o artigo 20, da Lei Pelé, as entidades de prática desportiva participantes de competições do Sistema Nacional do Desporto poderão organizar ligas regionais ou nacionais, comunicando-se a sua criação às entidades nacionais de administração do desporto das respectivas modalidades.

Estas ligas integrarão os sistemas das entidades nacionais de administração do desporto que incluírem suas competições nos respectivos calendários anuais de eventos oficiais, outrossim, é vedada qualquer intervenção das entidades de administração do desporto nas ligas que se mantiverem independentes.

Destarte, as ligas em que se organizarem, independentemente da forma jurídica adotada, sujeitam os bens particulares de seus dirigentes ao disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, além das sanções e responsabilidades previstas no caput do art. 1.017 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, na hipótese de aplicarem créditos ou bens sociais da entidade desportiva em proveito próprio ou de terceiros, ou seja, pode haver a desconsideração da pessoa jurídica e eventual execução afetar o patrimônio pessoal dos dirigentes.

No que concerne às questões disciplinares, as ligas poderão instituir sua própria Justiça Desportiva para julgamentos atinentes às suas competições.

Ante o exposto, percebe-se a possibilidade legalmente reconhecida de os clubes buscarem competições alternativas por meio de ligas independentes que podem, inclusive, auxiliar no desenvolvimento da modalidade esportiva, como ocorreu no basquete brasileiro que, após a criação da liga independente, conseguiu maior receita e visibilidade (este ano a final da NBB será transmitida pela Rede Globo).

Tais fatos, certamente, contribuíram para que o basquete brasileiro retornasse aos Jogos Olímpicos.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

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Colunas

O individual e o coletivo: pequena reflexão filosófica

Todos sabem e o repetem: uma equipa de futebol não são onze jogadores. E é verdade: onze jogadores, com o mesmo treinador e as mesmas camisolas não constituem automaticamente um “team” de futebol. Para haver um coletivo, é preciso haver uma determinada qualidade, no relacionamento entre todos os elementos que constituem um departamento de futebol, incluindo os atletas superdotados e supertreinados. E ainda uma determinada quantidade onde a qualidade se concretize e realize.

Uma equipa não é um dado imediato. É o resultado concreto de um trabalho que se realizou em conjunto e deliberadamente. A mera aglomeração de jogadores, mesmo que discutindo problemas e tomando decisões, não faz imediatamente uma equipa. Porque o coletivo não nasce de um instante, é obra permanente de constituição e de exercício. Ele faz-se porque se vai fazendo…

Não pode exigir-se aos “torcedores” uma profunda capacidade reflexiva e crítica. Eles vão aos jogos, acima do mais, para aplaudirem as vitórias dos seus clubes. Dificilmente compreenderão (e aceitarão) que uma equipa recém-formada, mesmo com atletas de reconhecido valor, só pela conjunção de fatores favoráveis poderá render tudo o que está ao seu alcance. E os dirigentes, pressionados pelos sócios, assumem por vezes posicionamentos, onde a paixão obnubila a razão, onde a sensatez mal se vislumbra.

Ouçamos, a propósito, José Barata-Moura: “O característico de uma visão imediata do real é precisamente esta permanência do disperso, no separado, no isolamento dos diferentes elementos que a experiência nos fornece ou impõe. Neste sentido, poderemos verdadeiramente dizer que uma visão imediata da realidade objetiva constitui, no fundo, uma visão abstrata, isto é, uma visão do mundo onde aspetos essenciais foram deixados ou postos de parte, não apenas em virtude de uma legítima e necessária delimitaçãio (.), mas com o intuito, deliberado ou não, de (.) proceder a uma certa absolutização do parcelar, do momentâneo, do finito” (Totalidade e Contradição, Livros Horizonte, p. 121).

Hão-de ser os investigadores, os estudiosos (despidos da máscara rude dos que se julgam donos da verdade, teorizando só e sem relação interdisciplinar com a prática), a propor: não é com onze jogadores que se faz uma equipa, mas com onze jogadores que se relacionam e se subordinam às exigências do todo. O Marx dos Grundisse pode aqui ser invocado: “A sociedade não consiste em indivíduos, mas expressa a soma das ligações e relações que esses indivíduos têm entre si”. E assim uma equipa coesa não nasce de um dia para o outro. Faz-se e… demora tempo!

Quando se tem em conta as contradições de que o todo se compõe, percebe-se o processo moroso onde a unidade não exclui, antes exige, a estrutura dialética dos contrários… internos e externos à própria equipa. Aliás, são as contradições que permitem o desenvolvimento do todo. E assim um grande jogador só o é, em função do seu vínculo às necessidades da equipa.

Não existem praticantes de invulgar capacidade individual, desinseridos da equipa. Também o praticante está situado num espaço e num tempo e é daí que ele surge como atleta de eleição. Efetivamente, cada atleta, em plena competição, é um dos momentos de uma totalidade em devir, é o imediato que, para compreender-se, há-de saber integrar-se num mais amplo e complexo sistema de relações.

Com isto, não se defende que um Messi, ou um Cristiano Ronaldo, ou um Neymar, devam morrer, na férrea prisão de uma tática castradora, mas que nela se devem criar condições para que o atleta se realize. Ser um atleta genial é sem dúvida distinguir-se pelos primores técnicos, pela inteligência tática e pelo alto rendimento, em relação aos demais colegas de equipa, mas é também estar essencialmente em relação com todos eles.

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.

Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br

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Como treinar pliometria no futebol?

Antes de iniciar um treino pliométrico é importante que seja feito um período de adaptação. Isso porque esse tipo de treino exige grande componente neuromuscular que ao ser desprezado aumenta a chance de ocorrência de lesão.

Embora a pliometria possa ser realizada por homens e mulheres de diferentes idades e categorias, alguns cuidados precisam ser tomados.

O ponto mais crítico do treinamento pliométrico é a técnica e, por esse motivo, realizar trabalhos educativos desde as categorias de base é fundamental. Entre os exercícios educativos que podem ser realizados com esse intuito encontram-se saltitos ou saltos com uma das pernas; com as duas pernas de forma alternada ou simultanea; com ou sem flexão de joelhos; somente com flexão e extensão de tornozelos; em terrenos de aclive ou declive; sem ou com obstáculos (plintos, cones, barreiras, bancos, etc.); com ou sem mudança de direção; com deslocamento frontal ou lateral; com ou sem carga externa.

A Figura 01 representa de forma esquemática de alguns tipos de saltos pliométricos.

Figura 01 – Exemplos de saltos pliométricos.

Esses exercícios podem ser usados como parte de aquecimento do treino ou também podem compor uma parte específica da sessão.

Para atletas mais avançados que já dominam a técnica do salto em profundidade, o desafio será encontrar a altura ideal de cada salto. É importante lembrar que o foco desse treino é fazer com que o atleta geralmente passe por quatro fases: i – queda rápida; ii – amortecimento breve; iii – restituição de energia elástica de forma rápida, e; iv – novo salto no menor tempo possível e o mais alto possível.

Quando se tem plataformas de contato que estimam a altura do salto, determinar cada uma dessas fases fica mais simples. Para aqueles que não as possuem, a solução é encontrar a altura ideal de salto pelo método de tentativa e erro. Se esse é o seu caso, faça a observação minuciosa da técnica e verifique o que está ocorrendo com a altura do salto. Se a mesma estiver aumentando, então a altura desejada ainda não foi alcançada e mais algumas tentativas precisam ser realizadas até que você encontre a altura ótima. Se a altura do salto estiver diminuindo, então você deve cessar as tentativas e escolher o salto em que o atleta alcançou a maior altura.

Lembre-se que o contato com o solo também é importante. Mas como a olho nu este tempo de contato é imperceptível, crie condições para que seu atleta saia do chão no menor tempo que ele conseguir. Você pode pedir para ele imaginar que está saltando sobre brasas ou melhor ainda será colocá-lo para saltar em declive.

O treino deve ser breve e nos primeiros sinais de fadiga os exercícios devem ser imediatamente interrompidos. Caso isso não ocorra, a efetividade do treino será perdida e o atleta estará mais propenso a se lesionar.

Quanto ao número de vezes na semana que a pliometria deve ser praticada, alguns estudos demonstram que apenas um estímulo por semana já é capaz de melhorar algumas variáveis de performance. No geral, realizar esse tipo de treino duas vezes por semana já é mais do que suficiente. No entanto, essa quantidade irá depender das condições e dos objetivos que se tem para cada jogador.

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

Para saber mais.

Chu, D.A. Jumping Into Plyometrics. 2nd ed. Champaign,IL: Human Kinetics, 1998

Radcliffe, J. High-Powered Plyometrics. Champaign,IL: Human Kinetics, 2005

Ronnestad BR, Kvamme NH, Sunde A, Raastad T. Short-term effects of strength and plyometric training on sprint and jump performance in professional soccer players. J Strength Cond Res. 2008 May;22(3):773-80.

Rubley MD, Haase AC, Holcomb WR, Girouard TJ, Tandy RD. The effect of plyometric training on power and kicking distance in female adolescent soccer players. J Strength Cond Res. 2011 Jan;25(1):129-34.

Sedano S, Matheu A, Redondo JC, Cuadrado G. Effects of plyometric training on explosive strength, acceleration capacity and kicking speed in young elite soccer players. J Sports Med Phys Fitness. 2011 Mar;51(1):50-8.

Thomas K, French D, Hayes PR. The effect of two plyometric training techniques on muscular power and agility in youth soccer players. J Strength Cond Res. 2009 Jan;23(1):332-5.

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Especialidades

A coluna desta quarta-feira é inspirada em uma frase marcante do filme “O Palhaço”, de Selton Mello – o qual recomendo que todos assistam pelo enredo e qualidade da produção nacional. O personagem principal, estrelado pelo próprio Selton, tenta se descobrir profissionalmente como um palhaço de circo e seu estalo é marcado em síntese pela mensagem: “o rato come o queijo, o gato bebe leite e eu… sou palhaço”.

Por vocação, o dicionário define como a “tendência ou inclinação para um estado, uma profissão etc.”. O despertar desta vocação em termos profissionais se dá pela formação em uma determinada área, de um professor de história até um médico, passando por inúmeras ciências do conhecimento. Desta formação, somada a habilidade e o interesse por fazer algo é que vem o bom profissional.

Na indústria do futebol tal premissa não é diferente. Vem desde a vocação por se tornar um jogador da modalidade, passando por todas as etapas de formação, até chegar no alto escalão administrativo de um clube.

A gama de conhecimentos multidisciplinares abrange áreas que abraçam a medicina no tratamento dos atletas, da arquitetura e engenharia na construção e manutenção dos equipamentos esportivos, do marketing na hora de fazer uma campanha de sócios e até de um designer para propor um novo modelo de camiseta de jogo que seja agradável tanto para os jogadores quanto para o consumo dos torcedores.

Essa linha de discussão foi feita ainda em algumas palestras do 4º Congresso Brasileiro de Gestão do Esporte realizado pela Associação Brasileira de Gestão do Esporte na última semana em Brasília. E abordava justamente os desafios da gestão do esporte em abraçar diferentes áreas sobre o seu guarda-chuva dentro de uma entidade esportiva.

A conclusão óbvia foi da necessidade de se formar gestores do esporte para atender a crescente demanda como fator preponderante para o desenvolvimento do segmento no Brasil. O despreparo dos dirigentes tem culminado com aberrações que vão desde a contratação de jogadores lesionados até a construção de uma loja temática em local inapropriado, causando desperdício de recursos e desacelerando o crescimento da economia do esporte como um todo.

Portanto, “o rato come o queijo, o gato bebe leite e gestor do esporte… gere entidades esportivas!!!”

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Quem vai ganhar o Campeonato Brasileiro?

Quem trabalha com análise de desempenho e informações no futebol, nesta época do ano, é questionado sobre quem irá ganhar o campeonato. Com certeza se análise de desempenho fosse bola de cristal, projetaríamos e mentalizaríamos uma série de possibilidades e conspirações astrais e esotéricas para elencar uma resposta.

Pois bem, amigos, o campeão brasileiro de 2011 será…

…ou Corinthians, ou Vasco ou Fluminense.

Exatamente. Não fique bravo. Análise de desempenho não é bola de cristal. Análise de desempenho, o próprio nome já diz, analisa o desempenho. E como tal só pode ser feito se este já ocorreu.

Então, diriam alguns, isso tudo é uma grande enganação? Lógico que não. Já dizia o pensamento de Maquiavel, que observar o passado e seus métodos ajuda a compreender e traçar o futuro.

Eis o ponto de confusão de quem espera que a análise, o scout, enfim, as ferramentais utilizadas, possam prever o que acontecerá. O correto é fixar no pensamento de Maquiavel e detalhar o que quer dizer.

Estudar o passado não é prever o futuro, e sim analisar, diagnosticar elementos significativos que possam ser utilizados no presente e no futuro, fazendo, assim, percorrer um caminho diferente, baseado em informações prévias, informações baseadas nos fatos e que indicam tendências ou necessidades de mudanças para que o que acontece agora ou no futuro possa se adequar a metas e desejos traçados.

Isso evidencia a relação que se deve estabelecer entre tecnologia, análise e expectativas. Infelizmente, muitos clubes e profissionais rejeitam e discriminam, pelo simples fato de não compreender no que realmente tais recursos possam ajudar. Assim, quando eu crio uma expectativa e ela não é atendida, a frustação gera criticas, já que o desejo e a meta projetados em cima do recurso não foram atendidos.

É preciso que se entenda o real papel dos recursos de análise como complemento a preparação e análise da equipe: só assim deixaremos de perguntar quem vai ser o campeão e passaremos a questionar o que precisamos mudar e ajustar para que possamos ser os vencedores de fato.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Ocupem a Fifa e a CBF

O vilão a ser combatido está personificado no centro financeiro de New York, que movimenta boa parte do capital econômico mundial.

Essa personificação se fez necessária, já que a Mão Invisível dos mercados é invisível…

Os jovens estavam havia um tempo sem bandeira ideológica para empunhar.

A diferença entre essa e as gerações anteriores é que os jovens ficam até 40 anos sob a custódia social e financeira da família. Não só no Brasil, como na Europa também.

Agora, como não há muito emprego por lá, sobra tempo, e bastante, pra reclamar de tudo e de todos.

Sim, é um movimento de classe média. Pobre não tem tempo para protestar. No mais das vezes, está trabalhando.

Eis que a classe média volta a ter uma válvula de escape para se posicionar político-ideologicamente. Pra não ser tachada de omissa, vai às ruas, nem que seja por pouco tempo.

É o flash mob – traduzindo, “mobilização relâmpago”.

Segundo a Wikipédia, Flash Mobs são aglomerações instantâneas de pessoas em um local público para realizar determinada ação inusitada previamente combinada, estas se dispersando tão rapidamente quanto se reuniram. A expressão geralmente se aplica a reuniões organizadas através de e-mails ou meios de comunicação social.

Um dos melhores exemplos:
 


 

Como o meio favorece o resultado dessas mobilizações – via Internet – sugiro alguns flash mobs para o futebol brasileiro acordar e melhorar:

1.Na frente da sede da CBF
2.Na frente do COL da Copa 2014
3.Na frente do Ministério do Esporte
4.Na frente do STJD da CBF
5.Em todos os estádios com obras atrasadas para 2014
6.Nos canteiros de obras do PAC, em especial dos aeroportos
7.Na concentração do adversário do seu time no Campeonato Brasileiro, pra salvá-lo do rebaixamento ou classificá-lo pra Libertadores
8.Na frente da sede do seu clube – após o rebaixamento.

Se o movimento criado por você e seus amigos ganhar corpo, você pode até sonhar com a expansão internacional dos tentáculos: ocupar a frente da sede da Fifa em Zurique, pedindo a saída de Blatter.

Afinal, é rápido e fácil de articular.

Basta entrar no Facebook, criar um evento e pedir as confirmações dos convidados.

E você se sente útil. Ainda que desempregado ou sem perspectiva de vida.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br