Há algumas semanas foi publicada uma coluna com o objetivo de auxiliar na elaboração de um microciclo de treino, mais especificamente na vertente física do jogo, a partir de um olhar sistêmico para a modalidade.
Para dar sequência a discussão serão apresentados alguns exemplos de quais comportamentos de jogo podem ser treinados nos diferentes tamanhos de campo e tempo de estímulo. Nesta semana, as considerações serão relativas aos Jogos de até 30” de duração (por série).
Para relembrá-los, seguem, abaixo, os dois gráficos, em que o primeiro aponta as exigências físicas predominantes nas atividades em função do tamanho do campo e do tempo de estímulo por série e o segundo mostra o metabolismo predominante, também em função do tamanho do campo e do tempo de estímulo por série:
Dentre as sugestões para as atividades de até ½ do campo e até 30” de duração estão: finalização, reposição do goleiro com as mãos, assistência, cruzamento, penetração, ultrapassagem, drible, mobilidade com e sem trocas de posição, 1×1, desarme, pressão, recuperação imediata da posse e retirada do setor de recuperação. Para garantir a intensidade do exercício, em que para jogar bem (vencer) serão necessárias altas velocidades de decisão e execução, algumas regras são importantes. São elas: limitação ou restrição de passes para trás, pontuação para passes diagonais e pra frente, maior pontuação para gols de contra-ataque, maior pontuação para gols de fora da área, pontuação para recuperação da posse de bola e tempo para finalizar. Saber quais e quando utilizá-las é função da comissão.
Para estas atividades, trabalhar com pequenos e médios grupos com, no máximo, 6 x 6 jogadores. De acordo com a necessidade da equipe, objetivos diferentes podem ser propostos. Exemplificando: uma equipe (de atacantes) pode ter como maior objetivo pontuar marcando gol e a outra equipe (de defensores) sair rápido do campo de defesa, retirando a bola do setor de recuperação e pontuando com passes entre gols caixote ou ultrapassagens com a bola dominada em setores delimitados.
Em relação ao mesmo tempo de estímulo e dimensões oficiais, ou então ¾ do campo, as sugestões de atividades pouco diferem das expostas acima, porém, existem algumas ressalvas: trabalhar preferencialmente com médios grupos, saber que aumentará a incidência de passes longos e diminuirá a incidência de finalização.
Com o campo maior, há a possibilidade de reposição do goleiro com os pés e também a de reunir os 22 jogadores para um jogo de bolas paradas ou jogadas ensaiadas, distribuindo os pontos para o jogo de acordo com os objetivos desejados (ataque a bola, gol de cabeça, gol direto, saída do goleiro, etc.).
É importante lembrar que mesmo com poucos jogadores a plataforma de jogo (referência estrutural que orienta a equipe para o cumprimento da lógica do jogo) não pode ser negligenciada. Por mais que seja um jogo em dimensões reduzidas e por um curto espaço de tempo, esta referência também deve nortear as ações individuais e coletivas da equipe para dar maior ordem a grande desordem que caracterizam estas atividades.
E para garantir a qualidade/intensidade das ações com o acúmulo de séries é importante respeitar o tempo de pausa que, para estas atividades, geralmente são aplicados pelo menos duas vezes o tempo do esforço. E é durante a pausa o momento ideal para os ajustes/intervenções para a qualidade do treino e que preferencialmente devem ser feitos por um profissional da comissão que não esteja conduzindo o Jogo (pois este estará com outro(s) grupo(s) em estímulo enquanto o primeiro se recupera).
Para concluir, pensando na manutenção do “estado de Jogo” durante toda a atividade, o acúmulo de pontos permite a competitividade e o treinar complexo das quatro vertentes do jogo como afirma o treinador Rodrigo Leitão, “a todo o tempo o tempo todo”.
Em outra oportunidade, a continuação do tema com as considerações para as atividades de até 5 minutos de duração.
Enquanto isso, aguardo sugestões, críticas e opiniões.