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Qual é o caminho da mudança?

A alteração do projeto de Lei de Responsabilidade Fiscal dos Clubes pela chamada “Bancada da Bola” nos últimos instantes da votação, apesar de toda a pressão midiática e do bom trabalho feito pelo Bom Senso FC, reforça um conceito que venho destacando nos meus últimos textos aqui na Universidade do Futebol: o processo de mudança não virá pela força do meio político, que é, sabidamente, amplamente viciado.

Partimos da premissa óbvia de que sequer o poder público tem respeitado as diretrizes da Lei de Responsabilidade para o uso do dinheiro público, mudando a regra pouco antes de ver que não irá poder cumpri-la, por que é que achamos que seria diferente com o futebol ou com o esporte?

O mais engraçado (para não dizer trágico) é que quem estuda um pouquinho de história verá que este cenário é apenas uma reprise de tantos outros “causos” envolvendo esporte, expectativas de mudanças radicais e o poder público no meio. E pior, historicamente, as relações com o esporte são evidenciadas e literalmente usadas em períodos eleitoreiros. Definitivamente, não funciona!

As entidades esportivas e o mercado precisam rever a forma de ser relacionar com o poder público urgentemente para que o processo possa ser tanto benéfico para a indústria do esporte quanto para a sociedade. Da forma que está, não tem sido positivo nem saudável para nenhuma das partes.

Com relação as contrapartidas, reforço: a solução passa por um processo de inversão de valores do que temos atualmente. Precisamos de um mecanismo de estímulos para quem faz direito, uma vez que a punição por vias legais não funciona. Só assim poderemos de fato beneficiar aqueles que agem de forma austera e dentro das prerrogativas de controle financeiro em detrimento daqueles que insistem em gastar mais do que arrecadam.

O caminho da mudança? Estimular boas práticas ao invés de punir. Tão simples quanto isso…

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A TV e as coisas que o futebol brasileiro precisa discutir

Quando era presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil sempre foi conhecido pelo estilo verborrágico. Esse traço de personalidade ficou ainda mais evidente depois de dezembro de 2014, quando ele deixou o cargo. No entanto, entre exageros e polêmicas, o ex-dirigente fez em entrevista ao canal fechado “Fox Sports” uma reflexão que o futebol brasileiro precisa urgentemente repetir.

“Se o Flamengo se acertar, acabou o futebol brasileiro”, disse Kalil. Depois, instigado por um comentarista sobre o Corinthians, o ex-mandatário do Atlético-MG adicionou o clube alvinegro: “Flamengo e Corinthians. A competitividade no país depende de eles cometerem erros. Nós recebemos R$ 40 milhões a menos do que o Flamengo da TV. Para brigar, precisamos fazer tudo certo e torcer para eles fazerem besteira. Eles precisam contratar um Pato por ano”.

Em 2014, o Flamengo foi o time brasileiro que mais faturou com venda de direitos de mídia (R$ 110,9 milhões). O Corinthians, segundo do ranking, amealhou R$ 102,5 milhões, quase R$ 30 milhões a mais do que o Palmeiras, que ficou em terceiro. O Atlético-MG, campeão da Copa do Brasil, recebeu R$ 71,3 milhões (todos esses valores desconsideram antecipação de verba).

A diferença de valores de mídia é reflexo do modelo de negociação. Clubes conversam individualmente com interessados, e esse formato privilegia os que têm maior potencial de resultados (audiência e audiência em mercados estratégicos). A questão é: isso é bom para o futebol?

A venda de direitos de mídia representa mais de um terço do faturamento dos principais clubes do futebol brasileiro. Para alguns, chega a 50% da receita total da temporada. Esse cenário tem sido exacerbado nos últimos anos, com a diminuição de empresas dispostas a patrocinar uniformes.

A TV já tem enorme importância no planejamento anual dos clubes. Com menos opções de patrocínio de uniforme, essa relevância tem ficado ainda maior. E se existe uma diferença tão grande em algo com esse status, o caminho do desequilíbrio parece irreversível no longo prazo.

É lógico que o Brasil tem fatores que ajudam a mudar um pouco o cenário – clubes que recebem menos e têm categorias de base mais prolíficas, por exemplo –, mas essas são as exceções. A tendência é que exista um domínio.

Desde 2010, segundo um relatório chamado “TV Sports Markets”, o valor global de direitos de mídia no esporte teve um incremento de 34% (chegou a US$ 36,8 bilhões). A liderança de faturamento é dos Estados Unidos, onde a receita de mídia subiu US$ 4,6 bilhões nos últimos quatro anos.

O mesmo estudo prevê novo incremento de 21% nas receitas de mídia até 2017. Uma das explicações é que há novas mídias ganhando importância, e que isso pode atrair mais faturamento.

Em médio e longo prazo, portanto, a comercialização de direitos de mídia no esporte só tende a ganhar relevância. E o futebol brasileiro, se mantiver o modelo atual de venda, pode criar um cenário em que a competitividade seja simplesmente impossível.

O futebol brasileiro precisa urgentemente discutir a venda de mídia. Não apenas pela questão da competitividade, mas por algo que o próprio “TV Sports Markets” salienta: há novas receitas possíveis, e os atuais contratos nacionais cedem à TV Globo os direitos de todas as mídias “existentes ou vindouras”.

Em poucos anos, por exemplo, a venda de conteúdo on demand pode virar uma receita significativa para o esporte. O futebol brasileiro não se preocupa com isso.

Atualmente, a competitividade é uma das principais bandeiras de venda do Campeonato Brasileiro. “É o único campeonato do mundo em que 12 times começam a temporada pensando em título”, é o que os dirigentes costumam dizer. Se mantiver o modelo, contudo, o país estará jogando contra o que tem de melhor.

O futebol brasileiro precisa discutir a venda de mídia. Precisa fazer isso de forma ampla, livre de clubismos e outros ismos. Precisa fazer isso com participação de diferentes segmentos, com dados estatísticos e noções de estratégia. Mas será que esse trabalho todo interessa a alguém?
 

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A relação numérica, a mudança de regras e a lógica do jogo – parte II

Caros leitores,

Continuando o tema proposto na última coluna, nesta semana discutiremos como a criação de regras e consequente mudança na Lógica do Jogo pode provocar alterações nos resultados apresentados pelas equipes em Jogos (leia-se treinos) com diferentes relações numéricas de inferioridade/superioridade.

Para relembrar, em síntese, o artigo apresentado na publicação anterior mostrou que:

• Equipes em inferioridade correm mais;
• O nível de habilidade dos jogadores influencia a ocupação racional do espaço de jogo da equipe com menos jogadores;
• O índice de estiramento das equipes em inferioridade numérica diminui;
• A equipe em superioridade se distancia da própria meta;
• A equipe em inferioridade se aproxima da própria meta;
• A modificação na distância das linhas de força defesa-ataque e ataque-defesa.

Vale lembrar que a equipe em inferioridade, apesar de apresentar maior aproveitamento de finalizações, venceu somente quando jogou com os 5 jogadores de linha. Nos outros dois jogos (com 4 e 3 jogadores), empatou ou perdeu.

Numa análise subjetiva, muitos dos comportamentos comprovados estatística e cientificamente são esperados quando uma equipe passa a defender em inferioridade. Porém, e se alterarmos as regras do jogo? E se inserirmos restrições de toques na bola, pressão de tempo para finalizar, ultrapassagem de setores para pontuar ao invés de mini-gols, ou então, quaisquer outras regras que direcionem os comportamentos de jogo pretendidos? Será que os mesmos padrões serão apresentados ou as modificações na Lógica do Jogo (logo, na forma de vencê-lo) induzirão a(s) equipe(s) para respostas individuais e coletivas diferentes das apresentadas acima?

Para alimentar a discussão serão criados, hipoteticamente, alguns cenários que, subjetivamente, podem ter repostas distintas das evidenciadas anteriormente. É válido mencionar que, bem como no artigo (Silva et al., 2014) a comprovação científica enriqueceria a discussão.

Imaginemos um Jogo de 10 + GR vs 8 + GR, disputado em um campo com dimensões de 66,5x68m com algumas divisões espaciais no campo de ataque. As regras para a equipe em superioridade seriam as seguintes:

• Limite de 2 toques na bola até a intermediária ofensiva;
• Após cada passe, obrigatória a mudança de setor ofensivo. Se não mudar recebe uma punição. 3 punições equivalem a 1 ponto ao adversário;
• Perder a posse no campo de ataque e não recuperá-la em até 5 segundos = 1 ponto ao adversário (pontuação só vale se o local em que se encontra a bola após 5 segundos for pelo menos na mesma linha da recuperação da posse).
• Invasão da linha de fundo ou linha da grande área = 1 ponto
• Gol = 5 pontos

Já as regras para a equipe em inferioridade seriam:

• Limite de 3 toques
• Finalização que o goleiro não realize uma defesa completa = 1 ponto
• Gol = 5 pontos
• Gol de fora da área = 15 pontos

Para tentar ganhar esta atividade, a equipe em superioridade vai precisar de muita mobilidade ofensiva (para não dar pontos ao adversário) e movimentações em profundidade (para pontuar com progressões). Além disso, terá também que buscar o gol e “tirar” o contra ataque oponente, pois o adversário conseguir manter a posse de bola em progressão vale ponto e gol de fora da área valerá muito ao adversário.

Em contrapartida, parece que a melhor forma da equipe em inferioridade jogar esse jogo seja abaixar o bloco, orientar-se mais para impedir progressão do que para recuperar a posse e aproveitar espaços de média/longa distância para arriscar finalizações e tentar “matar o jogo”.

Aparentemente, este jogo será mais intenso para a equipe em superioridade. A obrigação de acelerar o jogo com mobilidade e transições defensivas agressivas na tentativa de aproximar da vitória será toda dela.

Seguindo com mais um exemplo, imaginemos outro jogo, desta vez de 8 + GR vs 7 + GR em dimensões de 50x68m. A equipe em inferioridade ataca 2 mini-gols dispostos na faixa central da linha do meio-campo, além de corredores para passagens nas duas faixas laterais. Abaixo, as regras para a equipe em superioridade:

• Limite de 2 toques na bola. Livre somente para os extremos da estrutura 1-4-3-1
• Gol = 2 pontos
• Jogada de fundo com os extremos, seguida de gol = 5 pontos.

Para a equipe em inferioridade teriam as seguintes regras:

• Limite de 3 toques na bola
• Circular a bola de uma faixa a outra desde que haja progressão vertical do ponto inicial ao ponto final = 1 ponto
• Passagem com a bola dominada na faixa lateral = 1 ponto
• Gol caixote = 1 pontos
• Passagem na faixa lateral e gol caixote só podem ser feitos após pelo menos 3 trocas de passes.

A equipe em superioridade deve jogar em largura com os extremos na tentativa de fazer gols com maior número de pontos. Já a equipe com menor número, tem mais chance de ganhar se for eficiente na abertura do campo, circulação da posse e jogo apoiado. Com estas combinações de regras, apesar da inferioridade numérica, parece que não haverá redução no índice de estiramento da equipe em inferioridade (tanto para manter a linha esticada para marcar os extremos como para construir as ações ofensivas fazendo campo grande a atacar).

Conhecer as necessidades globais da equipe é imprescindível para o planejamento das sessões de treinamento. De acordo com os elementos que ela precisa evoluir, a comissão tem diversas possibilidades à disposição para construir as atividades. Alterar dimensões, número de jogadores e criar regras de constrangimento ou indução são algumas alternativas que facilitam o aumento da densidade de ações que se pretende para que a equipe adquira comportamentos de jogo.

Em todos os casos, pensar na Lógica do Jogo criado e estimular os praticantes a atingi-la será fundamental.

Obrigado pela sua companhia ao longo de 2014!

Parafraseando um amigo: que a felicidade ao longo de 2015 seja uma constante em nossas vidas!

Que venham novos desafios, novos treinos e novos jogos…

Nos vemos em 2015.

Grande abraço! 

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A força da Premier League

Neste final de ano, aproveitando os recessos escolar e forense, estou em um pequeno tour pelo Leste Europeu.

Como estudioso do futebol, visita a estádios e clubes de futebol estão sempre no roteiro.

Além disso, no roteiro esta a análise da programação esportiva da TV e do marketing esportivo.

Neste ponto que surgiu a grande surpresa. A Premier League é destaque absoluto na Bulgária, Romênia e Hungria.

Os jogos são transmitidos "ao vivo" e há programas exclusivos sobre o Campeonato Inglês.

O mais incrível é que, nos telejornais, o tempo dispensado ao Campeonato Inglês é cinco vezes maior que aquele disponibilizado para as ligas locais.

Esse sucesso é fruto de uma administração profissional iniciada em 1992 e que tornou a Premier League a liga de futebol mais valorizada do Mundo.

Entretanto, se por um lado, temos um grande exemplo de profissionalismo, por outro há um efeito canibalista no qual a Liga Inglesa acaba por enfraquecer os campeonatos locais.

Dessa forma, imprescindível que o futebol de países com menos recursos financeiros e menos profissionalismo, como o brasileiro, acendam a luz amarela e que se reciclem, sob a pena dos futuros torcedores se debandarem para a Premier League. 

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Por que olhar para as divisões de base?

Nesta coluna em pleno dia de Natal, que para muitos significa o renascimento, trago uma reflexão sobre a importância dos clubes de futebol olhar cada vez mais para suas divisões de base. O cenário atual do futebol apresenta sinais de saturação financeira gerada pelos altos salários e valores envolvidos nas negociações dos atletas de alto rendimento, os clubes vivem em busca da sonhada saúde financeira e o custo elevado das folhas de pagamento dos atletas segue no sentido contrário desta realidade. Então como fazer para os clubes se manterem competitivos esportiva e financeiramente?

Acredito que o ponto de virada deste cenário se encontra nas divisões de base e para que estejamos sensíveis a este manancial de oportunidades é fundamental reforçarmos alguns conceitos sobre a carreira esportiva, pois a partir destes os clubes estarão muito mais sensibilizados sobre como lidar com estes futuros atletas e podem passar a estimular e incentivar cada vez mais trabalhos sérios e de qualidade, para que seus frutos atendam as expectativas futuras mencionadas.

Apenas para conceituar, conforme definição de Stambulova & Alfermann (2007), uma carreira esportiva refere-se somente à prática de esportes competitivos. No entanto, quando se fala de planejamento de uma carreira, devemos levar em consideração o contexto esportivo no qual essa carreira vai se desenvolver. O desporto no Brasil é reconhecido a partir de três manifestações (Lei n. 9.615, conhecida como Lei Pelé): desporto de participação, desporto educacional e desporto de rendimento.

O desporto de participação, de fundamental importância para a promoção da saúde e educação de um país, refere-se à prática esportiva como lazer. Não caracterizando uma carreira esportiva.

O desporto educacional, pode se estender por toda a trajetória escolar e universitária e tal percurso, mesmo sem a intenção de alcançar o esporte profissional, demanda planejamento, estabelecimento de prioridades, organização de rotina escolar e ajustes às exigências acadêmicas e esportivas. Podendo caracterizar-se como uma fase da carreira esportiva.

É igualmente importante compreendermos que a carreira esportiva de um atleta envolve diferentes fases. Estas fases podem estar associadas à progressão pelas categorias de um determinado esporte (ex. pré-mirim, mirim, infantil, juvenil e adulto) ou conforme sugerido pelo modelo de Lavalle (2006) podem estar associadas ao nível de exigência esportiva: iniciação, desenvolvimento, excelência e aposentadoria.

Falando em categorias de base dos clubes de futebol, vale a pena comentarmos sobre as fases de iniciação e desenvolvimento.

A fase de iniciação envolve as atividades lúdicas e não envolvem a preocupação com a performance esportiva. No contexto brasileiro, esta fase refere-se às escolinhas esportivas ou brincadeiras de rua, dependendo do nível socioeconômico.

Já na fase de desenvolvimento geralmente faz-se uma opção por determinada modalidade esportiva. As crianças passam a competir regularmente e o nível de comprometimento aumenta, demandando maior organização da rotina do atleta.

Sabemos que cada vez mais aumenta a expectativa sobre o atleta da base e justamente por este motivo os clubes precisam estar cada vez mais atentos sobre o quanto à vida do atleta como um todo pode influenciar no seu desempenho esportivo, com isso todos passamos a compreender a importância de considerar as outras demandas para a além da vida esportiva, tais como o nível de maturidade psicológica (infância, adolescência e idade adulta), as referências de relacionamento (família, amigos, parceiros e treinadores) e o nível de escolaridade.

Assim, amigo leitor, para que os clubes possam realmente renascer a partir de suas divisões de base o tema planejamento de carreira deve ser muito bem tratado, afinal de contas o fim de sua escravidão financeira pode estar neste amplo e vasto universo de oportunidades que se descortina em sua própria estrutura. Novas estratégias e ações voltadas ao melhor planejamento e desenvolvimento devem ser estudadas e analisadas com objetivo de aperfeiçoar cada vez mais a formação de novos atletas nos clubes de futebol.

Um abraço e feliz natal a todos. 

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Lições do exterior – Parte 3

Para fechamento do relato das experiências vivenciadas no Curso de Esporte nos EUA, promovido pela UNISUL entre os dias 06 e 20-dez, reservo uma reflexão que considero importante para a evolução dos negócios do esporte no Brasil.

Primeiro que os aprendizados vindos de países mais maduros em termos de esporte enquanto plataforma de negócio é sempre válido, mas devem vir invariavelmente acompanhados de uma reflexão profunda sobre a cultura e os costumes locais para poderem ser replicados em outras realidades. Ouvi e sempre tive como referência o esporte dos EUA. Mas só a vivência prática (ainda que breve), permite ver de perto os costumes e a forma como outras pessoas lidam e se relacionam com os diferentes segmentos de mercado.

E é justamente neste aspecto que somos imensamente diferentes. Assim como somos dos europeus, um mercado que tive a oportunidade de vivenciar e aprender de forma mais holística. O fato é que precisamos encontrar O NOSSO MODELO.

O que aí está não suporta uma convivência em comunhão entre as entidades esportivas, na sua maioria geridas de maneira arcaica, com as necessidades do mercado (empresas, mídia, patrocinadores etc.) e das pessoas. A divisão de quem faz o que precisa ser melhor estruturada: aqui no Brasil, segundo a opinião pública, parece que todas as entidades têm que fazer tudo sempre. Isso é impossível.

Nos EUA pude perceber que essa premissa está muito clara e a divisão de atividades fica evidenciada pelo papel e gênese de cada organização. Ligas Profissionais (e respectivas franquias), se não tiverem dinheiro para pagar seus atletas e suas despesas, vão a falência. Escolas e universidades tem o papel de formação dos atletas e administram seus próprios recursos de acordo com suas características (ou seja, fazem suas próprias escolhas com os recursos que possuem em mãos para todas as atividades – ensino, pesquisa, extensão, cultura, lazer, estrutura física… até o esporte). Federações de Esportes Olímpicos simplesmente selecionam suas equipes para a disputa de Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos e devem, naturalmente, trabalhar para a promoção e o desenvolvimento das respectivas modalidades.

No Brasil, Federações, ONGs, Clubes, Poder Público, Sistema S, Empresas, Universidades, Escolas, Associações, Agências e Mídia se sobrepõe nas atividades umas das outras. No final das contas, como a entrega fica pulverizada, a qualidade também não é das melhores e o resultado é aquilo que todos nós conhecemos.

Outras duas premissas importantes que são muito bem trabalhadas lá na terra do Tio Sam e que aqui ainda precisaremos alicerçar projetos consistentes para o alcance de resultados:

(1) O poder público contribui vez por outra com projetos de instalações esportivas, desde que alinhadas aos interesses dos parceiros privados (ligas e/ou franquias), no âmbito do esporte de alto rendimento; e investem em escolas e universidades, que administram seus recursos para reservar uma parcela que considerem importante para a aplicação no esporte. Em suma, desde o processo de formação de atletas até as atividades de esporte profissional, a intervenção do governo é mínima, tal e qual a característica do país – mercado autorregulado. Não considero para esta análise o esporte de participação/lazer, que não foi plenamente estudado.

(2) O clientelismo. A distância que temos para a realidade dos mercados lá fora é impressionante. Desde os pequenos detalhes, que vem desde a sinalização das instalações a cortesia de atendimento em bares e lanchonetes; até o relacionamento de patrocinadores e das próprias equipes com os consumidores, além, é claro, do cuidado com o cenário e a entrega do produto. Ainda cabe mencionar a qualidade dos produtos licenciados, a quantidade de alternativas de consumo da marca, a presença da marca em toda a cidade (bares, lanchonetes temáticas, lojas etc.), sonorização, atrações para o público, diversificação de alternativas de lazer, atividades antes do jogo (…). Na teoria, parece redundância falar em “tratamento especial aos clientes”, de tão óbvio que são seus pressupostos. Mas na prática, quando olhamos para o que acontece no nosso mercado, é preciso ensinar o básico ainda para poder começar a dialogar.

Enfim, é cada vez mais claro que o esporte brasileiro necessita de uma rediscussão de seu modelo. É necessário acabar com algumas distorções se quisermos realmente falar em negócios e mercado de esporte de alto rendimento. E é preciso fazer isso urgentemente!!!

Leia mais:
Lições do exterior – Parte 2
Lições do exterior – Parte 1 

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A palavra do chefe

Em clubes envolvidos com eleições presidenciais, como Botafogo, Corinthians, Internacional, Palmeiras e Santos, o processo de sucessão serviu como mote para denúncias e exposição de rusgas internas. No São Paulo, cujo presidente já está no poder, as brigas têm a ver com feridas abertas no pleito que conduziu Carlos Miguel Aidar ao poder. No Vasco, tudo isso conta, e o perfil de Eurico Miranda ainda serve como agravante.

Desde o término do Campeonato Brasileiro, o futebol nacional tem vivido um período em que negociações e dirigentes têm mais espaço do que o que acontece em campo. E em poucos dias, isso já serviu para mostrar o quanto nós precisamos evoluir em termos de comunicação institucional.

O exemplo mais inusitado aconteceu no Vasco, clube em que Eurico Miranda voltou à presidência após eleição marcada por denúncias e notícias pejorativas sobre todos os candidatos. Desde que retomou a cadeira de mandatário, o icônico dirigente já se indispôs com oposição, times rivais e até com ex-funcionários. Nada, porém, foi mais emblemático do que a entrevista coletiva de apresentação do técnico Doriva.

Doriva foi uma espécie de recado de Eurico. Escolhido depois de o Vasco não ter fechado com Enderson Moreira, Gilson Kleina e Marquinhos Santos, que chegou a acertar e depois desistiu por problemas pessoais, o treinador que foi campeão paulista com o Ituano em 2014 aceitou receber salários condizentes com uma nova política do clube.

Além da remuneração adequada a um novo patamar, Doriva tem características que Eurico buscava em um treinador: gosta de trabalhar com jovens, tem histórico vencedor e consegue se adequar às propostas do presidente para a equipe. Ele tem preconizado a adoção de um estilo ofensivo, condizente com os momentos vitoriosos da história do clube.

A escolha de Doriva, a busca por um perfil específico e a política financeira são extremamente saudáveis. Inusitada foi a postura de Eurico na entrevista em que Doriva foi apresentado: o presidente se intrometeu em pelo menos cinco respostas do treinador, direcionou o conteúdo e chegou a pedir que um repórter não abordasse um assunto.

Sentado ao lado do presidente, Doriva estava visivelmente desconfortável. O treinador foi interrompido e até impedido de responder logo na primeira entrevista coletiva no novo clube. Isso tem um peso enorme.

Talvez sem intenção, Eurico deu uma série de recados na tal entrevista. A submissão de Doriva é o mais preocupante deles.

Além de ter mostrado um treinador fraco, Eurico suscitou dúvidas sobre limites. Se o presidente define como o time vai jogar e fala em nome do técnico, que garantia tem Doriva de que as decisões dele serão respeitadas?

A condução de Eurico no Vasco sempre foi personalista, mas sempre respeitou o futebol. Antes das eleições, o dirigente disse em vários momentos que havia mudado um pouco o comportamento. Entre as coisas mostradas até aqui, ao menos do ponto de vista da comunicação, ele não mudou para melhor.

Só que o Vasco não é o único clube em que o presidente tem criado problemas de comunicação. Isso acontece de forma clara nas instituições envolvidas em pleitos presidenciais – Botafogo, Corinthians, Internacional, Palmeiras e Santos são exemplos.

Em todos eles, eleições são aquele período em que candidatos abastecem jornalistas com denúncias sobre o que acontece nos clubes. E que jornalistas publicam denúncias sem que elas tenham total (ou algum) fundamento. No fim, a troca de acusações só serve para que os torcedores percam ainda mais a confiança na condução da entidade.

Essa sensação é ainda maior quando as crises criadas nas eleições se arrastam. É o que tem acontecido no São Paulo, clube em que Juvenal Juvêncio forjou Carlos Miguel Aidar como sucessor em abril de 2014.

Depois das eleições, Aidar e Juvenal entraram em crise. O relacionamento entre os dois se deteriorou rapidamente, e o que antes era parceria acabou virando inimizade.

Desde então, não é segredo que Juvenal usa a mídia para atacar Aidar. O atual presidente também não esconde que usa os microfones para responder. E isso tem aberto ao mundo os problemas e as crises que o São Paulo podia tratar internamente.

O processo de comunicação institucional depende de certo decoro. A transparência é ótima, é claro, mas nem todas as crises internas devem ser tratadas com troca pública de farpas. Isso só joga contra a instituição.

Em todos esses casos, os problemas passam basicamente por duas coisas: pessoas que colocam seus interesses acima dos interesses dos clubes e processos de comunicação que não são organizados a ponto de sobreviver à verticalização. Presidentes não respeitam (ou nem ouvem) os responsáveis pela comunicação porque se acham superiores a esse patamar.

Dirigentes já não são uma classe simpática ou adorada. No Brasil, essa crise de relacionamento é ainda mais clara do que em outras partes do planeta. E em meio a tudo isso, ações como as que o futebol nacional registrou nos últimos dias acabam levando aos clubes a indisposição que as pessoas têm com quem os comanda.

Comandar um clube de futebol, ainda mais no Brasil, é uma responsabilidade gigantesca. Dirigentes não podem esquecer que a satisfação do torcedor é o que move todo o processo.
 

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Regulamento das competições da CBF para 2015

Além das regras do futebol, das normas da FIFA e do Código Brasileiro de Justiça Desportiva, as competições organizadas pela CBF devem ater-se ao Regulamento Geral das Competições que é elaborado e publicado anualmente.

Para o ano de 2015, a CBF contou com um grupo de trabalho e sugestões das entidades desportivas para a elaboração do Regulamento Geral das Competições que trouxe algumas novidades.

a) Arbitragem
Possibilidade de interromper a partida para hidratação dos atletas.

b) Pré-temporada
A realização de pré-temporada deve ser analisada e aprovada pela CBF.

c) Intervalo entre jogos
O intervalo entre as partidas que era de 66 horas, passou para 60.

d) Controle de condição de jogo
A CBF mantem a responsabilidade dos clubes de analisar as condições de jogo dos atletas, o que pode ensejar novas situações como a do Héverton, na Portuguesa.

e) Telão
As partidas podem ser transmitidas “ao vivo” nos estádios sem replay.

f) Férias
As federações deverão respeitar o calendário nacional, especialmente em relação ao período de férias e de pré–temporada sob pena dos clubes de seu Estado ficarem impedidos de disputar competições da CBF.

g) Limite de partidas
Os atletas somente poderão participas de número superior a 60 partidas mediante autorização médica.

h) Ações na Justiça Comum
A fim de desestimular ações na Justiça Comum, o RGC estabelece que os clubes obrigam–se e comprometem–se a impedir ou desautorizar por escrito, que terceiros, pessoa física ou jurídica, pública ou privada, façam uso de procedimentos extrajudiciais ou judiciais para defender ou postular direitos ou interesses próprios ou privativos dos clubes em matéria ou ação que envolva diretamente a CBF ou tenha reflexos sobre a organização e funcionamento da CBF ou das suas competições.

A atenção às regras do Regulamento Geral das Competições pode significar o acesso ou o rebaixamento de um clube, como ocorreu com a Portuguesa. Portanto, trata-se de material de estudo obrigatório para advogados e dirigentes. 

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O otimista tem aptidão para o sucesso

Saudações a todos!

Todos que me conhecem, mesmo que seja de forma mais superficial, sabem que sou uma pessoa muito otimista. Essa com certeza é minha marca registrada.

Pautei minha vida acreditando que as minhas iniciativas terão sucesso e darão certo, que nada é impossível de ser feito ou conquistado, que o copo ao meio está mais cheio do que vazio. Acredito sempre existe uma solução ou alternativa para um problema por mais extremo que possa parecer. E posso afirmar, tem dado certo pensar assim!

Acredito que as conquistas, sejam elas pequenas ou grandes, precisam primeiro ser construídas no campo do pensamento, portanto a realização delas é apenas um reflexo na vida real.

Para os pessimistas de plantão, vai um recado: Sei que notícias ruins atraem a atenção, vendem jornais e revistas, dão audiência para televisão, sites de notícias e redes sociais, mas isso está ligado a curiosidade mórbida das pessoas e o pior, estas situações negativas contaminam os pensamentos e interferem na capacidade de realização das pessoas.

Se tem um acidente na estrada todos querem olhar para a desgraça alheia, ver se tem mortos, feridos ou sangue no chão, fruto de pura curiosidade, para virar assunto em casa ou no trabalho. Tenho certeza que ninguém gostaria de estar lá no lugar do morto, do ferido ou da família dele, concordam?

Como ninguém gosta de estar ao lado de pessoas que acham que tudo dará errado, o jeito é afastar essas pessoas pessimistas do nosso círculo de convivência.

Em contrapartida, o otimismo contagia. É extremamente agradável ficar perto de alguém que irradie felicidade, bom humor, que fale coisas boas e tenha uma energia positiva, por isso é comum ver pessoas otimistas cercadas de gente. Enfim, todo mundo quer estar ao lado de alguém “pra cima” e é comum também que a maioria das pessoas de grande sucesso tenham mentes otimistas.

Fiz um rápido estudo sobre o tema e alguns fatos comprovam que o otimismo é fator que leva ao sucesso, vejam alguns deles:

1) Atletas de alta performance, das mais diferentes áreas como jogos, corridas de F1, de rua ou de pista, ouvem músicas para estimular sua energia que têm em suas letras frases otimistas e que motivam. Quem já teve a oportunidade de estar em um vestiário de um grande clube antes de um jogo importante sabe como acontece esse ritual (você pode ver vídeos que os clubes disponibilizam na rede). Bons exemplos desta realidade são atletas Lewis Hamilton, Usain Bolt e Djokovic – todos tomam um banho de otimismo antes das competições.

2) No mundo empresarial não é diferente. Os grandes executivos antes de reuniões importantes e decisivas, bem como os grandes palestrantes, antes de irem aos palcos, mentalizam momentos de puro otimismo, imaginam o objetivo alcançado. Por exemplo, o executiva mentaliza uma fábrica pronta e operando a todo vapor, gerando resultados, o grande palestrante visualiza uma plateia satisfeita, aplaudindo de pé a excelente palestra. Com isso já entram com o espírito vencedor em suas missões e o caminho para o êxito é mais seguro.

3) Ao procurar emprego o otimista também sai na frente, nas dinâmicas de grupo, comuns em grandes processos seletivos, os candidatos que encontram as soluções para os problemas, que buscam alternativas para assuntos impossíveis, que sorriem mais, que enxergam o copo cheio, majoritariamente figuram entre os finalistas.

Com base nestes fatos fica mais claro entender porque alguns times têm mais sucesso que os outros, porque um executivo consegue alcançar resultados excepcionais, porque um palestrante move multidões para ouvi-lo, ou como alguns candidatos tem mais opções de empregos que outros, em comum estas pessoas tem o otimismo e o pensamento positivo.

É óbvio que não basta ser otimista para alcançar o sucesso. Para alcançar o sucesso são necessários diversos atributos, entre eles persistência, trabalho duro, aptidão e talento, dedicação séria, estudo que leve ao aprimoramento, perseverança, etc. No entanto, se você tiver essas qualidades e muitas outras, mas sem otimismo, acredite, você provavelmente faz parte do grupo dos que tem enormes dificuldades para alcançar o sucesso que acredita merecer.

Reflitam sobre isso, e que o otimismo esteja sempre presente em sua vida.
Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos em breve.

Abraços a todos!

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Pensando melhor e prevenindo lesões

Muitos já devem ter conhecido o estudo feito pelo Dr. Masaru Emoto, no qual ele sugere que nossos pensamentos e palavras podem influenciar nosso corpo físico e o ambiente ao nosso redor. Pois bem, este pesquisador e cientista japonês, buscou provar o poder da mente humana e seus experimentos aparentemente não deixam dúvidas.

Um dos experimentos que compartilho aqui nesta coluna chama-se a mensagem da água, no qual ele submeteu moléculas de água a diferentes sentimentos humanos, pensamentos e até músicas. Com o uso de equipamentos especiais ele conseguiu fotografar posteriormente os cristais de águas e o que cada um destes sentimentos, pensamentos e até músicas podem causar na composição molecular da água. Cada fotografia apresentou formas diferentes, desde aspectos cristalinos até os mais turvos. Agora, se pensarmos que nosso corpo é feito de pelo menos 60% de água, já seria possível refletir sobre como nossos pensamentos podem influenciar nossa fisiologia.

Ainda, podemos ampliar esta reflexão sobre como os nossos pensamentos podem influenciar nossa saúde física. Neste ponto é útil conhecermos brevemente alguns dos conceitos abordados na Cura Prânica, uma antiga ciência e arte de cura desenvolvida pelo Mestre Choa Kok Sui que utiliza o prana ou energia vital, para contribuir na cura do corpo físico. Mas para nossa reflexão o interessante e importante é compreendermos que na cura prânica se pressupõe que algumas doenças aparecem primeiras no corpo de energia que possuímos para depois se manifestarem no nosso corpo físico. Ainda mais, ela contribui mostrando que a mente pode intencionalmente ou não, influenciar o padrão do corpo de energia e consequentemente o corpo físico. Ou seja, o que pensamos pode influenciar nosso corpo, sejam estes pensamentos positivos ou negativos.

Então, com isso podemos imaginar o quanto pensar e agir de forma positiva ou negativa pode influenciar os atletas de futebol em cenários de lesões ou até antes mesmo de que as lesões ocorram no corpo físico. Os atletas de alto desempenho no futebol passam por temporadas com intensidade elevada da prática esportiva, numa sequência elevada de jogos e com tempos de intervalo reduzido entre as partidas, um cenário propício ao surgimento das lesões nos atletas.

E pensem comigo, na ocasião em que as lesões ocorrem quais são os pensamentos que mais pairam nas cabeças dos atletas? Os negativos, é claro! Pois os atletas pensam nas dificuldades para conseguirem retornar à prática esportiva, pensam que irão perder o lugar na equipe titular ou até que talvez não venham mais a ter o desempenho já obtido.

Concluo que apesar de aparentar ser uma tarefa difícil, justamente nestes momentos de lesão, se faz necessário que os atletas pensem positivamente, pois como vimos nesta coluna isto pode contribuir com a aceleração da recuperação de uma lesão e, além disso, pode também contribuir com a prevenção das lesões, uma vez que o próprio atleta pode influenciar seu corpo de maneira adequada através dos pensamentos para conseguir gerir melhor essa equação em busca do equilíbrio mente e corpo na busca pelo alto desempenho esportivo.

E você, o que acha? Até a próxima.