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Quanto vale o “produto futebol brasileiro”?

O time do Liverpool, treinador e jogadores, ainda não sabia nada sobre o Flamengo. Isso há poucos dias do Mundial de Clubes no Catar.
Quer dizer que o rubro-negro carioca é pequeno e/ou de pouca significância no mundo?
– Não! Mas algumas considerações podemos fazer a cerca disso.
Quanto vale o produto futebol brasileiro aos olhos do mundo? O quê estamos fazendo com o nosso jogo e nossas competições para ganhar ou resgatar prestígio internacional?
Por questões óbvias, Portugal sempre foi o país europeu que dispensou mais atenção às coisas brasileiras. Hoje, no futebol, os portugueses estão mais atentos ainda, porque Jorge Jesus está aqui.
Um amigo português, Rui Souza, ex-analista de desempenho do América-MG, me disse que o futebol brasileiro nunca teve tanta visibilidade em Portugal como agora. Logicamente porquê estão cobrindo a trajetória competente e surpreendente do seu conterrâneo.
A elite européia do futebol só tem olhos, assim como sempre foi, para o “produto jogador brasileiro”. Os nossos talentos, apesar de tudo e de todos, continuam sendo grandes sonhos de consumo dos clubes europeus!
Por isso também foi frustrante ver e ouvir o treinador e os jogadores do Liverpool respondendo ao repórter brasileiro da ESPN sobre o time e o jogo do Flamengo. Não sabiam nada e até se constrangiam ao ter que falar “sobre algo tão distante e desconhecido”.
– Eu sei que o Ronaldinho “Gaúcho” já jogou lá! Disse um jogador.
Isso não é de hoje que acontece. Guardiola, quando treinador do Barcelona, ao ser entrevistado no Japão sobre o Mundial de Clubes de 2011 em que venceram o Santos de Neymar e Robinho, dizia que estavam chegando ao Oriente para se divertir também e aprender sobre a nova cultura. Mal falavam do jogo.
Luiz Henrique, também quando treinador do Barça, desdenhou do Santos quando perguntado sobre o embrolho da transferência do Neymar Jr.:
– Quem disse isso?! O Presidente de qual clube?! Do Santos?! Ah, bem!!
Numa nítida demonstração de desrespeito para com o gigante brasileiro, o Santos!
Não por acaso, somos vistos desta forma, ou mesmo nem vistos, no primeiro mundo do futebol!
Aceitar isso e querer melhorar já seria um ótimo gatilho para repensarmos nosso presente e futuro. O futebol brasileiro, no dia a dia que vivemos e conhecemos há décadas, nos apresenta problemas estruturais passíveis de resoluções, mas persistentemente continuam nos atormentando. No entanto, sem “arregaçarmos as mangas” não avançaremos!
Na maioria das vezes não damos conta de cumprir com o óbvio na gestão do nosso esporte. Paulo Assis, superintendente de futebol do América Mineiro,  em uma das grandes e instrutivas resenhas que tivemos, disse: – muitas vezes não conseguimos fazer o óbvio!
Acho que Pep Guardiola e Jurgen Klopp, quando diminuem o valor do mundial de clubes em favor dos campeonatos nacionais que disputam nos dão mais uma lição. A importância dos nossos campeonatos nacionais devem ser assumidas primeiramente por nós mesmos. Não apenas com escalações de times mais titulares e etc., mas começando pela reestruturação do nosso calendário e da grade de competições que temos.
Só pra ficarmos em uma das muitas incoerências do nosso futebol, acabamos de disputar os regionais ao final de abril de cada ano e uma semana depois já temos o início dos campeonatos brasileiros .Nossos melhores clubes, via de regra, sempre chegam às finais dos seus respectivos campeonatos regionais e são obrigados a começarem as competições mais importantes do país com equipes desgastadas emocional e fisicamente e consequentemente perdendo pontos preciosos nas primeiras rodadas dos nacionais. Sem falar nos muitos treinadores que caem por não terem sido campeões regionais, o que faz tudo começar do zero em seus clubes! Impensável tecnicamente!
Que não levemos para o coração a mágoa de sermos desdenhados pelos europeus. As coisas são como são, já dizia o filósofo!
Vamos aproveitar a deixa das lições aqui apresentadas e fazer dos “Campeonatos Brasileiros” um produto de excelência, a altura dos talentos e muitas possibilidades que temos.
Que o mundo queira ver o jogo brasileiro também e não somente os nossos craques! Flamengo, Athletico Paranaense, Santos, Grêmio, Bahia e outros poucos, mas importantes clubes brasileiros mostraram coisas muito boas em campo em 2019. Deram mostras claras da revolução que podemos fazer com o que temos em potencial.
Somos um Brasil que pode ser bem melhor no futebol e em outros segmentos! Isso dependerá obrigatoriamente dos brasileiros!
Até a próxima!!