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Retenção de profissionais

Saudações a todos!

Com a nossa economia aquecida e devendo continuar neste ritmo acelerado pelos próximos anos, falar sobre retenção de profissionais virou assunto obrigatório em todas as rodas de conversas: seja qual for o tema principal, invariavelmente, em algum momento da conversa, fala-se sobre a dificuldade em contratar, manter e reter funcionários nas empresas.

Você já passou por isso? Sabe como reter seus profissionais?

Se é empregado, imagina o que a sua empresa precisa fazer para reter você?

Além do cenário de aquecimento que remete a este tema, resolvi escrever sobre ele nesta coluna por três motivos:

1) A quantidade de e-mails que recebo com esse tipo de assunto cresceu muito este ano.

2) Apesar de existirem dúvidas muito variadas, todos mencionam não saber como lidar com retenção de funcionários. É explicável, pois no Brasil nunca foi preciso fazer isso, é um assunto novo para todos.

3) Esse assunto afeta todo o mercado: está presente nas empresas gigantes, nas grandes, médias, pequenas e micro empresas e até nos lares de cada um de nós, onde se tem que fazer exercícios diários para reter os profissionais na área doméstica.

Portanto, a notícia ruim e já conhecida pela maioria das pessoas, seja por ouvir o assunto ou por estar inserido nele é que, de fato, o problema existe, está em todos os níveis e em todos os segmentos do mercado, e se você ainda não passou por ele como empresário ou funcionário, tenha certeza de que em algum momento passará, pois o chamado “apagão de mão de obra” que influencia diretamente na retenção de pessoas está apenas começando. Isso mesmo, apenas começando!

Não cabe aqui aprofundar neste tema sobre o “apagão”, pois alertei acerca do fenômeno em 2008.

A notícia boa – sempre tem um lado bom em tudo, acredite – é que existem alternativas para minimizar a questão e mesmo que você não seja uma empresa gigante, encontrará formas de reter seus talentos e terá oportunidade de rever seu cotidiano e se reinventar.

No entanto, antes de falar em soluções, é necessário entender o que está acontecendo, e uma maneira simples é nos relembrar do passado. Antigamente, as profissões eram passadas dos pais para os filhos; por exemplo, a costureira da família era chamada assim pois cuidava das vestimentas de toda a família, sabia o manequim de cada um, as cores preferidas, etc., e, além disso, as costureiras passavam os conhecimentos da profissão para suas filhas que continuavam na profissão e atendendo os familiares. Hoje uma família ficaria literalmente nua se dependesse de uma costureira de família!

E como era buscar um emprego no passado? Há uma década, quando se anunciava uma vaga de emprego, formavam-se filas de candidatos interessados. O empregador escolhia a dedo quem desejava contratar, exigia várias qualificações e ditava o salário e os benefícios que daria em troca. Restava aos candidatos concordarem com o que era proposto. E os que já estavam nas empresas rezavam para não existir uma crise, um corte e correrem o risco de ser demitidos.

A conclusão óbvia é que não era necessário nenhum tipo de ação para reter pessoas, a retenção era natural, uma necessidade do funcionário para sobreviver!

E hoje? A realidade é oposta, com o aquecimento da economia e a grande geração de empregos. Quando uma empresa anuncia uma vaga, existem várias empresas anunciando vagas com perfil muito parecidos. Por isso, os candidatos é que escolhem em que empresas trabalharão nos dias de hoje.

Com isso, a dança das cadeiras teve início, as gigantes “roubaram” bons funcionários das menores, o varejo que exige trabalho de fim de semana vem sofrendo muito, a indústria absorveu grande parte dos trabalhadores domésticos, etc.

E com o cenário atual de Copa do Mundo em 2014, das Olimpíadas em 2016 e o Pré Sal, a “briga” ficará ainda mais voraz, pois a mão de obra que está escassa sumirá em poucos anos; o pleno emprego que já é realidade em várias cidades do Brasil estará presente na maioria delas.

Mas, então, existe solução para este caos? Sim, sempre existe!

Mas não existe uma solução tipo “cura única”: há remédios diferentes para cada tipo de dor.

Sabemos que existem dificuldades, temos que identificar as “dores” e buscar possíveis remédios para curá-las.

Tenho algumas sugestões, mas antes é importante saber que os candidatos tem metas distintas, a saber:

1) Alguns procuram vagas que oferecem melhores salários, que tenham mais benefícios, melhores planos de carreira e ascensão rápida.

2) Outros querem aprender, ter oportunidades de viajar, fazer intercâmbios em outras regiões.

3) Outros preferem ensinar, atuar em posições mais consultivas, etc.

4) Outros querem estar mais próximos de sua casa e ter mais flexibilidade de horários.

5) Outros querem expediente de segunda a sexta em horário comercial.

Ou seja, existem diversos tipos interesses dos candidatos e, claro, existem aqueles que querem tudo junto!!

Aqui cabe um parêntese, principalmente para quem é do futebol: o caso Neymar e Santos.

Este é um bom exemplo de adequação aos novos cenários e um enorme caso de retenção. O Santos, ao não sucumbir às milionárias ofertas da Europa, e reter um enorme talento como Neymar, que será benéfico inclusive para a seleção brasileira, conseguiu aumentar as rendas em jogos, aumentar o valor da marca, etc.

Agora, com a regra do jogo mais clara e sabendo que existem vários tipos de preferências entre os candidatos, vamos a algumas sugestões e cuidados:

-Saiba bem os diferencias que sua empresa tem para oferecer. Como citei, existem preferências variadas que fazem com que um candidato opte por uma ou outra empresa, que vão desde salário até flexibilidade de horários ou proximidade da residência, etc. Portanto, é preciso saber claramente qual é seu “diferencial” para criar estratégias para atrair e manter profissionais em sua empresa.

-Venda os diferencias para os candidatos e funcionários. Conhecendo bem seus diferenciais, é hora de vendê-los aos funcionários e candidatos; nessa hora, seja extremamente realista, não exagere (pois se não cumprir o que promete, a retenção irá por água abaixo), mas também não seja modesto: se tem algo bom, fale, divulgue e ressalte seus diferenciais.

-Pratique a meritocracia. A primeira comparação do funcionário é sempre com quem “está na cadeira ao lado”; portanto, deixe claras as metas a todos e recompense quem tiver melhor desempenho e mais dedicação. Seja justo, valorize quem supera as expectativas, premie, elogie!

-Não pague mais do que pode, mas também não pague menos. Pague valores possíveis e compatíveis com a função. Se tiver fôlego e puder dar os aumentos necessários para ser competitivo, não economize, pois propor aumento no momento em que o funcionário pediu demissão é o pior dos mundos.

-Se o tamanho de sua empresa permitir, crie um plano de carreira; se sua empresa tiver como crescer, crie planos de carreira, com metas e objetivos claros e formalizados. E, acima de tudo, quando surgir novas oportunidades de contratações ou promoções, olhe primeiro para dentro de “casa”.

-Tenha um ambiente agradável. Manter um bom ambiente no dia a dia é fundamental. Regras são necessárias, mas os cuidados na manutenção das regras, como falar, como agir, como dar broncas, como dizer não, são fundamentais para manter o bom ambiente de trabalho. Saiba que um dos pontos mais impactantes para retenção de pessoas é justamente o ambiente na empresa.

-Mantenha as pessoas informadas, comunicadas. E-mails, reuniões, mesmo que informais (dur
ante o café, por exemplo) são importantes para manter as pessoas informadas sobre as novidades, novas conquistas, possíveis barreiras e soluções, etc. Sabendo onde está e o que está acontecendo, o funcionário tem mais segurança.

-Se puder, ofereça horários flexíveisl se sua empresa trabalha por projetos ou não existir a extrema necessidade de horários fixos, ofereça a flexibilidade de horários, cobre por metas. Seja razoável sempre e, claro, coíba abusos.

-Seja sempre honesto, fale sempre a verdade. Quando questionado sobre desempenho, salários, crescimentos, situação da empresa, etc., assuntos que de certa forma são “um tabu”, não minta e não omita, nunca. Ser honesto faz total diferença e pode ser decisivo para um funcionário ficar ou sair da empresa.

É isso, pessoal!

Reflitam sobre essas questões e lembrem-se que estas são apenas algumas dicas para você, empregador, praticar. E se você for empregado, influencie seu empregador para praticar: tenho certeza de que cada um de vocês, conhecendo suas realidades, podem criar “medicamentos” eficazes para cada tipo de “dor”.

Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos no próximo mês.

Abraços a todos!

PS – Como toda mudança, essa “revolução das costureiras” não aconteceu de um dia para outro; aliás, todas as profissões dos artesãos, como: pintores, pedreiros, carpinteiros, lavadeiras, passadeiras, padeiros, confeiteiros, etc. estão super valorizadas, pois com o país em crescimento, os pais vislumbram melhores cenários para seus filhos e os direcionaram para novas profissões.

Hoje posso assegurar que estas serão profissões cada dia mais valorizadas no Brasil. Mas este também é assunto para outra dia…

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br 
 

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Geração de receita através de estádios

Há poucas semanas tive a oportunidade de participar da Stadium Business Summit (SBS) 2012, em Turim, na Itália. A conferência explora os principais desafios enfrentados pelo setor e destaca as principais oportunidades para o mercado de espectadores esportivos.

Apesar de o Brasil estar à beira da maior revolução em estádios de sua história, fiquei extremamente desapontado em notar que o país não tinha um representante sequer no maior evento do setor.

Diferentemente da maioria dos eventos que giram em volta de estádios, a SBS não foca em infrastrutura, contrução e design, mas sim na exploração comercial e na estratégia necessária para clubes gerarem uma fonte sustentável de receita através de seus estádios.

Isso atualmente é uma questão critica para o clubes brasileiros, principalmente aqueles com novos projetos visando à Copa 2014. O cenário foi propriamente destacado por um artigo recente no UOL Esporte.

Não há dúvidas de que os mercados europeu, norte-americano e até asiático estão muito mais avançados do que o mercado brasileiro, principalmente na geração de receita através de bilheteria. Porém, com os novos projetos de estádios para o Mundial, existe uma oportunidade clara para repensar como estes são explorados. Além disso, acredito que é só uma questão de tempo para os desafios de hoje para o mercado europeu serem os desafios de amanhã para o mercado brasileiro.

Não haverá truque de mágica para lotar os estádios. Será precisa uma verdadeira transformação. Essa transformação irá além da arquitetura e design de arenas e não será liderada por construtoras. A tranformação terá que ser gerencial e precisará ser liderada pela área comercial e de marketing dos clubes.

Muitas pessoas veem a ideia de transformação com barreiras. A Indústria do Futebol precisa perceber que essa transformação representa oportunidades e que é preciso ter estratégias preparadas para explorar esses potencial.

Encher estádios envolve pesquisa, planejamento, serviço e pessoas qualificadas e uma série de questões comerciais relacionadas com a geração sustentável de receita:

•CRM e sistemas de acesso
•Vendas online e cartões de sócios
•Ingressos de temporada e assentos marcados
•Segmentação de arquibancadas e estratégias de preço
•Áreas de hospitalidade e eventos
•Parcerias e ativações

O primeiro passo para solucionar qualquer problema é avaliar os dados que possam auxiliar a tomada de decisão. Para a maioria dos estádios brasileiros, o estudo da demanda por jogos é relativamente simples, já que a segmentação das arquibancadas e dos preços (inteira, estudante) é relativamente limitada.

O que falta é uma camada de pesquisa de marketing que decifre o padrão de consumo. É neste ponto que a maioria dos clubes ainda possuem deficiência – não há processos de venda, sistemas de acesso ao estádio e sistemas de CRM que permitam alinhar a presença de público com dados sociais, demográficos e de comportamento.

O ponto central é que os clubes não só desconhecem quem frequenta seus estádios, mas também não possuem meios eficazes de usar essa informação para segmentar sua oferta (e suas arquibancadas), melhorar seus serviços nas áreas mais importantes para o torcedor, comunicar diretamente com a sua torcida e oferecer ingressos/pacotes voltados para segmentos específicos.

A solução envolve uma questão mais complexa que abrange venda pela internet, sistemas de ticketing e de acesso, implementação gradual de ingressos de temporada, assentos marcados e estratégias de CRM. Entretanto, a resposta para essa questão tem sido o ponto fundamental para sustentar estádios cheios em qualquer mercado.

A segunda grande oportunidade se refere a áreas de hospitalidade. Novamente, um artigo a parte é necessario para discutir hospitalidade corporativa, explicar como o Manchester United reformulou o setor (projeto que me foi compartilhado pelo chefe do setor durante a SBS 2012) e contar um pouco sobre minha experiência trabalhando com o Manchester City e os planos para o futuro (incluindo duas novas suítes para 2012/13).

Devido ao potencial elevado para geração de receitas, hospitalidade continua a ser uma das áreas de maior interesse para os clubes europeus. Entretanto, enquanto indústrias mais desenvolvidas estão focadas em como forenecer uma experiência para torcedores corporativos que vai além da comida e bebida, atender segmentos diversos e atender os objetivos empresariais dos convidados, a indústria brasileira ainda está tentando entender como funciona a dinâmica do negócio e como adaptá-la para o mercado brasileiro.

A questão fundamental é: os clubes precisam rever suas capacidades e começar a avaliar estratégias mais sofisticadas de ticketing e hospitalidade. Será preciso que a indústria brasileira adote uma nova postura gerencial e enxergue seus estádios de uma nova maneira.

Clubes como novos projetos precisam entender que os estádios não encherão automaticamente ou gerarão retorno simplesmente por serem novos. O segredo está em servir segmentos diversos, explorando ao máximo o potencial de cada segmento e pensando em cada torcedor como um convidado.

Para interagir com o autor: claudio@universidadedofutebol.com.br
 

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Paixão

Futebol é paixão.

Um dos maiores clichês que costumamos ouvir quando se fala desse esporte.

De quem trabalha ou está diretamente envolvido na sua gestão, ou até mesmo de quem, simplesmente, é torcedor, fã.

O grande problema desta relação afetiva existe quando se faz mau uso da paixão para justificar mandos e desmandos, grandes equívocos, má fé.

Por exemplo, quando, para aplacar a ira da torcida – ira que deriva da paixão exagerada e tresloucada – os dirigentes contratam um jogador caro, de técnica duvidosa, mas afamado, com a promessa de que todos serão felizes para sempre.

Como a decisão é baseada apenas na fugaz paixão, provavelmente, fugaz será a relação.

Estar apaixonado por alguém ou por algo é uma sensação muito bacana, poderosa.

Faz com que tenhamos disposição além da conta, os dias são vitaminados por um brilho e uma energia positiva que nos deixam mais produtivos, otimistas, sociáveis, felizes.

Pessoas apaixonadas são muito estimulantes. Às vezes, podem ser perigosas também.

Brigar, matar, trair, enganar. Tudo fazem para conseguir aquele objeto de desejo.

Conquistar uma pessoa, uma vaga de emprego, celebrar uma vitória ou desabafar a derrota do seu clube de futebol.

Ao contrário do que estar apaixonado, e que, como bem dito, denuncia um estado de espírito, um tanto passageiro, ser apaixonado é diferente.

É algo permanente, amparado por uma profunda convicção, autoconhecimento e autoconfiança, por saber quais são os limites do envolvimento com uma pessoa, ou com, por exemplo, um clube de futebol.

Inclusive, ter a consciência de que a relação pode não conter limites. Porque se é apaixonado e ponto. Não é algo superficial. É algo que migra para um sentimento de amor.

E, como dizem os franceses, não existe amor, existem provas de amor: paixão que se pretende confundida com amor tem que ser praticada.

Estive presente no jantar beneficente organizado pelo Boca Juniors e pela Unicef na semana passada em Buenos Aires.

Além do fato de ter sido impecável a organização do evento, o envolvimento das pessoas com o clube, no passado e no presente – pois ali estavam grandes ídolos históricos, desde McAlister a Carlitos Tevez, bem como o elenco atual todo – é visível.

O clube exerce, efetivamente, um papel de protagonista na comunidade local, fato traduzido pelos programas socioesportivos realizados com a chancela da Unicef.

O jantar contou com mais de 800 pessoas, transmitido ao vivo pela Fox Sports, além de extensa cobertura da imprensa local. Cada entrada custava 750 dólares e o total arrecadado foi de R$ 1,3 milhão de reais.


 

Aliás, nos países hispânicos, a expressão “protagonismo” é muito utilizada no futebol.

“Fulano foi protagonista da partida…”.

O Boca Juniors ensina que um clube de futebol é um grande protagonista na sociedade e que pode ajudar a transformá-la, sendo o ponto de engajamento para os que querem ajudar.

Unidos pelos mesmos valores, pelos mesmos propósitos, pela mesma paixão.

Paixão é o sentimento que serve de base para sermos todos protagonistas da transformação social por meio do futebol.

Ser apaixonado pela vida e por aquilo que se faz, compartilhando com quem está ao nosso redor.

Confira mais vídeos aqui

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

 

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Como os jogadores entendem nossos treinos?

Dentro do processo de ensino/treinamento/aprendizagem/performance no futebol, o jogador se configura como um elemento central. O atleta é quem faz as coisas acontecerem dentro do campo, seja nos treinos ou jogos. A cada nova atividade, ele vai resolvendo os problemas e, assim, “criando” novas zonas de desenvolvimento proximal para os próximos passos.

Entender o atleta é um grande desafio dentro do processo. Mas como eles entendem nossos treinos?

Eles entendem como cada treino influencia em sua performance de jogo? Eles sabem diferenciar diferentes metodologias de treino?

Sim ou não?

Vamos levar essa discussão para a prática.

Em entrevista ao blog Raio-X do Esporte, Bruno Uvini contou um pouco de sua experiência no futebol europeu.

Quando questionado sobre a diferença dos treinos no Brasil e na Europa, ele fez a seguinte reflexão:

“A única diferença é que no Brasil tem coletivo, o que aqui não fazem. É um treino mais curto, de pouca duração, mas muito intenso. Jogo de campo reduzido quase todos os dias. Praticamente um físico e técnico juntos, em que você faz físico sem perceber”.

E continua, quando questionado sobre a musculação:

“Academia fazemos bem pouco, faz mais quem quer. Não tem obrigação, como é no Brasil. Cada um cuida de si”.

Veja, o atleta sabe que os treinos seguem metodologias diferentes. Apesar de não entrar em detalhes, ele dá mais informações dos treinos de seu clube na Europa e o categoriza como treinos curtos e intensos onde se “junta” o físico e o técnico.

Além disso, veja a pedagogia da autonomia se manifestando na segunda fala do atleta: “Não tem obrigação, como é no Brasil. Cada um cuida de si”.

Parece-me que cada um sabe bem de suas responsabilidades e o que precisa ser feito para seu desenvolvimento como atleta.

Vamos a outro exemplo.

Em uma reportagem de um grande veículo de comunicação, os jogadores de um clube de destaque em nosso futebol falavam sobre a importância dos treinos técnicos para a performance.

Os jogadores foram unânimes e disseram que esse tipo de treino é muito importante.

Um deles afirmou, quando questionado sobre o treino de finalização:

“Aquele treinamento que ele (treinador) faz com a gente é tudo situação de jogo, você pensa que não, mas você nunca espera de onde a bola vem, então você tem que ficar esperto”.

(Esse treino de finalização referido acima era realizado da seguinte forma: o treinador rolava a bola em direções aleatórias e o jogador precisava finalizar de primeira.)

Diferente?

O treino a que o atleta se refere é realmente em situação de jogo?

Como podemos estimular cada um dos atletas?

Todo atleta tem o seu potencial, porém muitas vezes o subestimamos e deixamos de estimular a sua visão crítica só para mantê-los sob o nosso controle…

Faço a pergunta: que atleta você prefere em seu clube?

Antes de terminar, gostaria de agradecer nosso amigo Bruno Camarão pela competência e pela indicação das matérias: obrigado!

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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O controle do treino e a preparação para a competição

Numa comissão técnica com atuação interdisciplinar, aumentam-se cada vez mais os controles da semana de treino com o objetivo de dominar e intervir corretamente em todas as variáveis que influenciam no resultado do final de semana.

Sendo assim, o controle da carga, os ajustes das pausas, a quantidade de séries, os scouts quantitativo e qualitativo, a frequência cardíaca, a distância percorrida, o tempo da sessão de treino, os horários, a dosagem da suplementação e o cardápio são alguns dos elementos que os gestores de campo e demais profissionais controlam fielmente para serem assertivos na execução do seu planejamento.

Faço, então, uma pergunta: quais foram os atletas da sua equipe que mais ganharam as atividades do treinamento na semana passada (considerando, é claro, que você já enxerga o futebol sob uma ótica sistêmica e que, portanto, suas atividades foram jogos e não exercícios analíticos)?

Todo treinador gosta de atletas que ganham jogos! Esta é uma informação óbvia, porém, julgo que é muitas vezes esquecida ao longo da semana de treinamento.

Criar um mecanismo de controle de performance individual pode ser determinante para que os seus atletas atinjam o esperado estado de jogo, fundamental para se aproximar da realidade da competição.
Não há desculpas para que este controle não seja feito. Com todas as atividades da semana previamente definidas e com a ciência dos atletas que estão à disposição, fica fácil para a comissão técnica dividir as equipes e ao longo dos treinos, digo jogos, anotar os vencedores.

Ao final de uma semana de treinos e “n” jogos realizados, é hora de calcular o percentual de aproveitamento em função dos pontos disputados. Com os dados em mãos, o treinador tem uma valiosa ferramenta para feedbacks individuais ou coletivos.

Exemplificando: atletas acomodados ao longo da semana de treinamento se verão pressionados a treinar para não ocuparem a última colocação no ranking de pontos; atletas que aparentemente não se destacam poderão surpreender com um desempenho individual acima da média; um atleta que pouco se importa com este controle pode evidenciar qual é seu comprometimento com a preparação para o jogo e um atleta que se esforça durante os treinamentos terá mais um motivo para assim proceder.

Para gerar maior competitividade é válida a variação das equipes ao longo das atividades. Mesclar titulares e reservas aumentam as combinações de equipes e podem trazer resultados mais interessantes.

Fica a critério da comissão quantos pontos vale cada atividade. Uma sugestão é definir maior pontuação para o jogo quanto maior a sua complexidade. Ou seja, aquecimentos e atividades que envolvam baixa complexidade como, por exemplo, jogos com pouco número de jogadores ou regras simples devem ter pontuação (ou peso) menor que atividades mais complexas, como, por exemplo, jogos conceituais em ambiente específico carregados de regras que dificultam o jogo (comparado ao jogo formal).

Enfim, acostumar a equipe a competir e a ganhar é o grande objetivo deste controle do treino. Num ambiente de aprendizagem em que prevaleça a competição, a busca pela evolução será condição indispensável, pois sabidamente todos os jogos elaborados levarão em consideração o jogar atual, o jogar pretendido e a lógica do jogo, correto? Logo, quanto mais jogos ganhar, maiores as chances de estar cumprindo as diferentes lógicas dos jogos elaborados e, portanto, maiores chances de evoluir. Não cometa o equívoco de criar um jogo pelo jogo. Seguramente o resultado (evolução) será abaixo do ideal.

Perceba que conhecer os melhores jogadores da sua equipe pode ser bem simples e custo zero. Após uma temporada, a apresentação de um dado como este pode agregar valor (ou não) significativamente para um jogador e ser uma ferramenta importante na definição do seu futuro.

Fico refletindo se um ambiente de competição (não somente por posição entre os titulares) predominasse nas milhares de equipes do futebol brasileiro. Infelizmente, para chegar a este ponto, muitos paradigmas, crenças e conceitos precisarão ser revistos. Mas, uma coisa é certa: todo treinador gosta de atletas que ganham jogos!

Bons treinos e até a próxima semana.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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A alteração do card principal do UFC e os direitos do torcedor

No dia 23 de junho será realizado em Belo Horizonte, no Mineirinho, o UFC 147 e o card principal (principal luta) seria entre os brasileiros Vanderlei Silva e Vitor Belfort. Os ingressos de vários setores esgotaram-se rapidamente. Entretanto, posteriormente, o lutador Vitor Belfort lesionou-se e foi substituído pelo norte-americano Rich Franklin.

Inicialmente, importante destacar que o Estatuto do Torcedor é aplicado a todas as competições profissionais e a liga de artes multimarciais denominada UFC possui contrato com seus atletas sendo, portanto, profissional.

Neste esteio, tendo havido alteração no programa do evento esportivo, os torcedores possuem direito à devolução dos ingressos com o consequente ressarcimento dos valores pagos.

Tal direito é oriundo da aplicação sistêmica e integrada do Estatuto do Torcedor e do Código de Defesa do Consumidor que em seu artigo 20 estabelece que fornecedor de serviços responde pelos vícios decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha, a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; ou o abatimento proporcional do preço.

Destarte, a alteração da luta principal consubstanciou-se na disparidade apontada e dá ao torcedor/consumidor o direito de optar entre o valor pago com correção, abatimento no preço e até indenização por danos que tenha sofrido.

A organização adiantou-se e convocou os consumidores insatisfeitos para serem receberem o valor pago de volta, mas não se ateve à correção monetária e à opção do torcedor exigir abatimento no preço.

Portanto, os consumidores/torcedores devem acionar os Juizados Especiais para sanarem eventual prejuízo.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Cidade-sede: Recife

O projeto que leva Recife nas costas, na verdade, é de São Lourenço da Mata. Como se a Copa em São Paulo fosse com um estádio em Guarulhos, por exemplo.

Estratégia para ganhar a vaga na Copa à parte, o projeto não é um simples estádio, mas uma cidade inteira. Inicialmente sem muita programação, fez o Brasil se preocupar com uma futura cidade fantasma.

Hoje, com projeto mais desenvolvido, “Recife” contará com um programa melhor e já mostra mais definições arquitetônicas.

Anteriormente, com uma perspectiva “pixelada”, a arena parecia um tanto sem graça; hoje passa uma imagem um pouco mais facetada. Não que seja um problema, mas um projeto inspirado nas rendas locais poderia ser mais flexível, maleável, ou seja, com uma fachada menos rígida. No entanto, esta é somente minha opinião: do ponto de vista funcional, não há problemas nesse sentido.

O efeito noturno parece valorizar bastante a pele rendada que cobre o estádio. Esta é composta por diversos painéis ou ausência deles em uma trama provavelmente metálica para garantir agilidade na construção e leveza por garantir peças mais esbeltas.

A fachada vazada pode colaborar com a ventilação e iluminação naturais, evitando gastos de energia com refrigeração do ambiente ou iluminação artificial.

Sua acessibilidade interna é feita por escadas, escadas rolantes e por rampas, que interferem na fachada de uma forma um tanto brutal com uma forma pesada e nada leve ao lado da suporta renda – como podemos ver na primeira imagem deste texto.

Os acabamentos internos, inicialmente, parecem bem apresentáveis e podem proporcionar espaços confortáveis, mas também sem grandes surpresas e identidade tão forte.

Em relação à cobertura, podemos dizer que colaborará com a sobrevivência do gramado. Mesmo sem ter grandes problemas climáticos, como outras cidades, a cobertura pode proporcionar transparência suficiente para a insolação adequada e igual em todas as partes do campo. Sua estrutura também não é das mais leves e contrapõe a ideia de leveza da renda, mas sem problemas na funcionalidade.

O campo é bem próximo do público, proporcionando boa visibilidade, mas se não houver cuidado com o estudo, placas de publicidade podem prejudicar as primeiras fileiras, tirando o privilégio da proximidade do campo de jogo.

Como a cidade é criada, foge de grandes problemas viários, ao menos se espera. No entanto, isso também gera preocupação, pois tem que ter investimentos em todos os sentidos, por não haver nem mesmo a infraestrutura básica. É um projeto bem difícil de comparar com os outros da Copa 2014, pois está numa situação e localização bem diferente das demais.

Uma notícia recentemente dada pode dar bastante vida (diurna e noturna) à cidade e ao estádio: pensam em implantar um campus da Universidade de Pernambuco na cidade. Provavelmente isto tornaria o lugar uma cidade universitária, com muita vida durante o ano e com poucos casos de esvaziamento em períodos de férias por ser próximo a Recife.

Como a capital pernambucana tem uma produção cinematográfica, de repente, poderia ser o caso da UPE inserir um curso potencializando o cinema regional e também a produção brasileira em geral.

Abaixo, uma implantação das ideias de planejamento para a cidade:

O perigo da região é que somente um trecho deve ser concluído até a Copa, e todos sabem que o interesse, depois disso, diminui bastante. No entanto, a universidade pode ser fator que estimule o interesse na região.

Segundo a proposta, a cidade deve contar com um sistema de segurança com ações mais inteligentes e mais rápidas a partir de uma central de comando e controle. Outra central (ITS), semelhante à que funciona em Tóquio, trará benefícios e estudos do tráfego na cidade.

Outro lado positivo: pedestres e ciclistas devem ser privilegiados, um BRT passará pela cidade e um dos acessos ao estádio será pelo Rio Capibaribe. A proposta do transporte fluvial terá interligação com pontos do sistema metropolitano de transportes, facilitando a acessibilidade e funcionará como mais um ponto de quebra de tabus brasileiros com este meio de transporte que poderá ganhar mais espaço, eficiência e mais sustentabilidade em breve, principalmente com o estudo do Hidroanel em São Paulo. É, portanto, um incentivo nacional.

A cidade, que ainda começa do zero, pode pensar em um sistema de energia inteligente e mais eficiente ao que armazena e gasta a energia captada durante o dia, em horários de pico. O sistema se chamará SmartGrid.

Com um projeto duvidoso, São Lourenço da Mata passa de uma cidade duvidosa para uma cidade promissora, com sua chamada “Smart City” e com a arena um pouco mais desenvolvida, mas ainda um tanto misteriosa por informações ainda não divulgadas.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

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Craques desde sempre

Craques desde sempre: é assim que são tratados os “talentos” do nosso futebol quando começam a dar seus primeiros chutes nas categorias de base. E as consequências tendem a ser problemáticas quando os mesmos chegam à idade adulta e ao futebol profissional.

Este primeiro parágrafo é um resumo e a referência para o desenvolvimento desta coluna, inspirada sobretudo em casos recentes (e corriqueiros, diga-se de passagem), do futebol brasileiro.

Na minha opinião, o descompromisso com contratos, com a postura profissional que um atleta deve ter e a indisciplina dentro de campo por boa parte de nossos grandes jogadores são reflexo da má educação dada pela grande maioria dos clubes ainda nas categorias de base.

Já vivenciei, em categorias infantis, juvenis e/ou nos juniores, alguns atletas já serem tratados como estrelas, chegando em carro especial ao invés do ônibus com o grupo ou mesmo não se dando o respeito ao seu treinador e aos companheiros de equipe, para ficar em dois exemplos simples. É o antiprofissionalismo começando desde cedo.

E pautado em pequenas atitudes de paternalismo, pergunta-se: ora, se estas “pseudo-celebridades” fazem e acontecem quando adolescentes, o que os faria mudar na idade adulta?

Portanto, caros leitores, não adianta ficar chateado quando o craque do seu time falta ao treinamento por ter passado a noite anterior em uma balada “daquelas”. Basta aceitar, porque ele foi educado desta maneira, para fazer este tipo de coisa, sendo que ele passa a acreditar que está certo fazer o que faz.

Dificilmente os jogadores de futebol no Brasil são preparados para serem atletas de fato, daí a incompreensão sobre o que é certo ou errado fazer em determinados momentos.

Também não sejamos puritanos ou demagogos. Estamos falando de jovens, alguns deles com dinheiro e badalação, que necessitam, por vezes, extravasar um pouco diante da pressão por resultados ou pela necessidade, como jovens que são, de se divertir um pouco. Mas, com inteligência, é possível fazer tudo, sem prejudicar seu desempenho físico dentro de campo ou manchar sua imagem perante mídia, torcedores, patrocinadores, treinadores e colegas de equipe.

Mesmo assim, e sem citar nomes, acredito que existem clubes no Brasil cujos atletas oriundos das categorias de base parecem sair com um selo de “bom comportamento” ou respeito a contratos e instituições. Outros atletas, de outros clubes, parecem sair com um selo ao contrário, de “maus elementos” ou péssimos profissionais, o que nos leva a crer que as pessoas (ou a cultura do clube) que os formam não têm lá um grande comprometimento com a cidadania pautada no bom exemplo.

Internacionalmente, nosso maior exemplo seria o Barcelona: conhecemos muito pouco da vida extracampo dos jogadores formados nas “Canteras del Barça” (talvez o Piqué, hoje, fuja um pouco à regra por conta do seu namoro com a pop star Shakira. Mesmo assim, nenhum registro de grandes confusões, simplesmente um namoro um uma pop star. Como aqui não é coluna de fofoca, paramos por aqui…). Ao que parece, lá, os atletas são formados para serem simplesmente jogadores de futebol.

E é simplesmente isso: a indisciplina de boa parte dos bons jogadores no Brasil, seja ela tática (dentro de campo) ou fora das quatro linhas durante os 90 minutos, é fruto do desserviço que alguns clubes insistem em praticar na formação dos atletas.

O desrespeito a regras e a uma vida regrada tem clara relação com a negligência dada à educação destes jovens quando ainda se é possível educar. Quando adultos, resta aceitar e tentar tolerar…

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Tecnologia e automatização: nem ver para crer, nem confiar cegamente

Olá, amigos!

Trago para a discussão na coluna dessa semana uma reflexão sobre a automatização de alguns processos e os cuidados que temos de ter ao resistir ou aceitar tais adaptações e inserções na rotina cotidiana.

Defendemos o uso das tecnologias, sim, porém temos de defender seu uso com ciência e aplicação prática coerente com os requisitos que a modalidade exige.

Já mencionamos algumas vezes que não podemos esperar que um notebook possa realizar um passe ou ainda marcar um gol de cabeça. Porém, o uso dos recursos deve ser visto como agregador de informações, facilitador de processos, agilizando situações, aumento potencial de ação, e por algumas vezes, corrigindo nossas próprias falhas.

E é justamente nesse último aspecto que muitos criam sua resistência com o advento da tecnologia no esporte, por entender que queremos defender uma substituição do trabalho de um profissional por uma máquina.

Esse é um pensamento natural do ser humano acuado com o avanço tecnológico, porém, já superamos tais impactos e estamos maduros, ou deveríamos estar maduros suficientemente, para entender que não há uma substituição, e sim uma otimização do trabalho, mudando o escopo do mesmo, mas não substituindo-o.

Assim, para alimentar essa polêmica discussão, trago a seguinte nota:

A utilização de recursos de reconhecimento de padrões e construção de reportagens foi tema de uma reportagem sobre inovação e marketing. A revista Forbes tem causado grande discussão no meio através de um blog mantido pela empresa Narrative Science, no qual são transmitidas informações sobre a as ações na bolsa americana. Tais informações e notícias são totalmente escritas por um software de inteligência artificial, sem interferência humana…

A confecção automática das notícias tira, com certeza, de alguma forma, a personalidade da escrita, dos sentimentos que podem ser impressos de acordo com o momento e as sensações, mas é por um lado uma facilitação do processo quando se buscam informações, nas quais o dado é mais importante que as emoções.

E, ainda, abre espaço para a criatividade para gerar textos variáveis, uma vez que o que o software fará é combinar banco de dados com informações pré-estabelecidas.

Trazendo isso para o futebol, vejo algo interessante no avanço de leitura de informações. O tempo que é gasto atualmente em busca de informações e na preparação destas para serem interpretadas é muito grande ainda.

Imagine o quanto ganharíamos em qualidade se todo esse trabalho fosse automatizado, e o tempo que o profissional gastaria em coletar e tornar apresentáveis tais informações fosse gasto em efetiva e aprofundada análise?

A tecnologia pode causar polêmicas, não resolve as coisas para nós, mas possibilita-nos tornar situações mais eficazes. Assim, o futebol poderia, de fato, compreender que informação sem o ser humano não é conhecimento; porém, quanto mais acesso às informações e de maneiras mais práticas, maiores as possibilidades de se desenvolvê-lo.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br
 

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Salão de festas do Titanic

Estive presente no Footecon realizado em Curitiba.

Foi a primeira das cidades-sede da Copa 2014 a receber o evento, organizado por Carlos Alberto Parreira há alguns anos.

Alguns dos palestrantes são figuras bastante reconhecidas no universo do futebol brasileiro.

Fernando Carvalho, ex-presidente do Internacional; José Carlos Brunoro, experiente gestor, do período de ouro Palmeiras/Parmalat e, antes disso, da estruturação do voleibol no país, dentre outros grandes projetos; o próprio Parreira; Evandro Mota, psicólogo responsável por grandes trabalhos em equipes vencedoras; René Simões, da seleção feminina de futebol e, hoje, na base do São Paulo.

O mítico Paulo Cesar Caju, grande ídolo da década de 1970, que compartilhou sua experiência positiva e, também, de dificuldades pessoais que o levaram à derrocada financeira e o envolvimento com drogas.

Gente da nova geração, como Ricardinho, atual técnico do Paraná Clube; Felipe Ximenes, coordenador técnico do Coritiba; Sandro Orlandelli, ex-scout do Arsenal na América do Sul e que hoje é diretor do Atlético Paranaense.

Além disso, a abertura protocolar do evento feita pelo Secretário Estadual da Copa no Paraná, ladeado pela engenheira-chefe que explicou, superficialmente, as obras realizadas em Curitiba, incluindo o estádio, para adequação aos encargos da Fifa e ao PAC da Copa.

Fui com especial atenção para apreender algo que apontasse para o grande legado da Copa, em seus mais variados aspectos – técnicos, de negócios e marketing, de gestão e, naturalmente, sociais – embora soubesse do direcionamento do fórum para o lado intracampo.

Raríssimas foram as menções ao conceito. Pior ainda, não se está evidenciando à população qual é o conceito de legado que a Copa pode proporcionar.

Quando muito, vincula-se a noção de legado às obras do estádio e seu entorno, e melhorias de infraestrutura.

Nada se fala dos aspectos imateriais atinentes a uma noção mais ampla da herança do grande evento.

Evandro Mota me surpreendeu positivamente. Não por duvidar de sua capacidade, ao contrário, mas por tê-lo visto pela primeira vez ao vivo.

Sua palestra foi muito além do tema, que era a formação de equipes vencedoras.

Como seu trabalho faz parte de um sistema, e ele entende claramente isso, defende que precisamos ter muitas mudanças na gestão do futebol no país.

E que o ponto de partida é o reconhecimento dessa necessidade por quem o comanda e nele atua.

Que o futebol brasileiro chegou a uma encruzilhada. Para um lado, mais do mesmo.

Para o outro, evolução e modernização. Reestruturação. Êxito.

Se não houver tal reconhecimento e atitude para mudar, afirma que os resultados continuarão sendo inferiores aos mercados mais desenvolvidos.

Diz que “é como se estivéssemos empenhados em fazer uma belíssima decoração no salão de festas do Titanic”.

Ele vai afundar de qualquer jeito.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br