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Timemania – prazo final

Caros amigos da Universidade do Futebol,
 
Nesta minha última contribuição do ano de 2008, gostaria de tratar do tema da loteria federal denominada Timemania.
 
Como todos nós sabemos, a Timemania foi instituída pelo governo federal para auxiliar os clubes a pagarem suas dívidas com o INSS, FGTS e Receita Federal. De acordo com a legislação em vigor, os clubes que satisfizerem uma série de critérios poderão ceder suas marcas, nome, hino, etc., à Caixa Econômica Federal, em troca de uma participação na arrecadação da loteria.
 
Ressalte-se que essa arrecadação será destinada exclusivamente para o pagamento das dívidas do clube vencidas até a data do respectivo decreto, e somente após sanadas tais dívidas é que os clubes poderão utilizar esses fundos conforme suas necessidades.
 
A relevância de se comentar sobre a Timemania neste último dia útil do ano de 2007 é que o governo federal, através do decreto nº 6.284/07, havia prorrogado o prazo para que os clubes apresentassem todos os documentos necessários para a adesão definitiva até a data desta sexta-feira.
 
A partir do ano que vem, o governo deverá fazer um balanço dos clubes que conseguiram aderir, e, finalmente, iniciar o prognóstico em questão.
 
Dentre tais documentos, os clubes devem apresentar as certidões negativas (ou positiva com efeito de negativa) relativas aos débitos com INSS, FGTS e Receita Federal, sem os quais o clube não estaria habilitado a participar do Timemania.
 
Vamos aguardar agora quais clubes conseguiram aderir, e quais deles vão optar por não participar da loteria. Como já comentamos no passado, a Timemania pode ser uma boa aos clubes, mas, se eles não fizerem os devidos planejamentos, também poderá ser um tiro pela culatra.
 
Questão interessante será verificar como o governo federal fará substituições àqueles clubes que não aderirem. Vamos acompanhar e manter os nossos leitores informados, inclusive quanto aos aspectos legais dessas eventuais substituições.
 
Finalmente, gostaria de utilizar esse espaço para desejar um feliz ano novo a todos os leitores e amigos da Cidade do Futebol e desejar muito sucesso em 2008.

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Ausência

Caro leitor,
 
Informamos que a coluna de Oliver Seitz não poderá ser publicada nesta quinta-feira.
 
O colunista teve problemas pessoais, mas garantimos que a situação estará normalizada na próxima semana.
 
Pedimos desculpas pelo infortúnio e agradecemos pela atenção.
 
Obrigado,
 
Equipe Cidade do Futebol
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O craque e o time

Até Cristiano Ronaldo (apesar do bico na festa da Fifa) e Lionel Messi teriam votado no campeão da Europa e do mundo em 2007. Kaká pode até não ter sido o mais luminoso jogador de janeiro a abril, honra que cabe ao meia-atacante português do Manchester United. O craque brasileiro pode até não estar sendo o mais brilhante jogador desde a retomada da temporada européia, em setembro – mérito de Messi.
 
Mas quem ganhou mais títulos? Quem foi mais determinante e desequilibrante? Quem, aliás, consegue ser tão equilibrado dentro e fora de campo?
 
Kaká é um modelo de craque, de profissional e até de homem – minha mulher pede para acrescentar. João Saldanha, com toda a razão do mundo que é de Kaká, dizia que não escolhia jogador para casar com as filhas. Mas o meia-atacante milanista pode ser apresentado numa boa para qualquer sogra.
 
Kaká é tão bom e tem sido tão regular que ele faz todo time funcionar.
 
Mas será que é ele quem faz a diferença ou todo o conjunto de Seedorf, Pirlo e Nesta que ajuda Kaká a desequilibrar?
 
Um pouco, ou melhor, um muito de tudo.
 
Fala o presidente de honra do Real Madrid, o maior craque do clube mais vezes campeão do século XX, o argentino Alfredo Di Stéfano: “Nenhum jogador é tão bom como todos juntos”.
 
Não que o Milan deva ter 11 Gattusos sem a bola, e 11 Kakás com ela aos pés. Mas um pouco da grinta e da garra de Gennaro para recuperar a pelota, um tanto do talento de Kaká para articular o ataque compensam. Mesmo tendo de tomar a bola na intermediária, partir com ela em linha reta, armar os lances para os gols de Inzaghi, Kaká ainda depende do suor e do saber da equipe.
 
No limite, até o ilimitado Santos de Pelé podia prescindir do rei. Tire Pelé daquela máquina e ela ainda funcionava bonita. Como mal soube o próprio Milan, derrubado na decisão mundial de 1963 pelo Santos de Almir Pernambuquinho.
 
Desde o primeiro prêmio da Fifa (1991) para o craque mundial da temporada, raros os melhores do ano que também ganharam o planeta por clube ou pela seleção. O rossonero Kaká em 2007, o italiano tetracampione Cannavaro em 2006, Ronaldo em 2002 (pelo Real Madrid e pelo Brasil) e Romário em 1994 (pela seleção tetracampeã) são as exceções que deveriam ser regra.
 
Eles fizeram bonito com equipes que os ajudaram nas conquistas. Campeões que nem sempre estão guardados nos olhos pelo talento. O tático e organizado até a medula Brasil de Parreira, em 1994, não era um primor de futebol, mas era time para ser primeiro de tudo. Sobretudo pelo diferencial que foi o gênio de Romário, craque que dispensa a parte tática para ser explicado – só não sei como ele vai se virar para explicar o que quer de seu time como treinador do Vasco.
 
Ronaldo é outro caso à parte no Brasil que só engrenou, de fato, na Ásia, em 2002. Time que não funcionava antes, nem depois. Explodiu quando preciso. E como Ronaldo foi necessário no 3-4-2-1 de Felipão. Uma das mais belas histórias de superação da antologia do esporte. Um conto de Walt Disney com roteiro de novela mexicana que é diabético de tão doce. E ao mesmo tempo, tão real quanto o talento do fenômeno.
 
A pragmática Itália campeã de 2006 só poderia ter como talento maior um zagueiro em forma estupenda como Cannavaro. Epítome do calcio que produz talentos como Totti e Buffon, mas que fica na retina e até na raiva pela excelência de sua marcação.
 
Agora, Kaká é o diferencial do Milan. Apenas o quarto craque de um campeão mundial premiado pela Fifa.
 
Uma entidade que, pelo visto, apesar de “association”, gosta de dar mais bola ao craque individual.
 
Como qualquer torcedor do futebol. Profissional ou não.

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A força das marcas

Sabrina Sato, Adriane Galisteu e Karina Bacchi. Além da beleza, as três têm em comum o fato de nunca esconderem para qual time torcem. Sempre que podem, elas dizem torcer por Corinthians, Palmeiras e São Paulo, respectivamente.
 
Na última semana, esse trio causou alvoroço na imprensa, especialmente a paulistana. Sabrina lançou moda com a camisa “Eu nunca vou te abandonar porque eu te amo”, na primeira campanha de marketing pós-queda corintiana. Pouco depois, no mesmo dia, Adriane apresentava o patrocínio Fiat-Palmeiras. Horas depois, Karina encampava campanha sobre a loja oficial do Tricolor Paulista.
 
As três, com isso, levaram para o futebol um novo tipo de público. Não é sempre. Ou melhor, quase nunca os famosos se mobilizam em campanhas para seus times. Com isso, o público ligado a eles não adentra o mundo da bola.
 
Agora, porém, os clubes parecem arejar suas mentes com sacadas que mostram um pensamento moderno na gestão e, especialmente, no marketing do futebol. Afinal, o simples anúncio da camisa corintiana não teria tanta repercussão na mídia se não fizesse parte do “pacote de lançamento” a musa do Pânico.
 
Essas celebrações do “Trio de Ferro” paulista fizeram com que um novo público tivesse contato com as ações de marketing que os clubes fazem normalmente. Afinal, nenhuma empresa planeja uma campanha de comunicação usando apenas uma mídia para divulgar seus produtos.
 
E, na mentalidade tacanha da imprensa, o que o clube faz de inovador é notícia. Já divulgar o que uma empresa faz, é propaganda gratuita. A força das marcas dos clubes é estridente. Se bem trabalhada, como foi nesses três casos, é sinônimo de sucesso na certa.

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O scout tático, os números e o campograma

O INÍCIO: “Um dia me disseram que as nuvens não eram de algodão; um dia me disseram que os ventos às vezes erram a direção”…
 
Faz alguns anos (se não me engano desde 1998), venho me dedicando ao estudo e à análise de jogos de futebol.
 
Dentro desses estudos, muitas foram as ferramentas investigadas e desenvolvidas. Uma delas, notória e notada em tantos esportes, e que talvez tenha recebido mais da minha atenção, é o “scout”.
 
Quando comecei a estudar scout, percebi que seriam vastas as possibilidades a serem desenvolvidas. Havia um grande caminho a ser descoberto. Muito do que se fazia em “termos de scout” deixava a desejar.
 
De início foi fácil perceber que ele (o scout) quase sempre era confundido com “estatística de jogo”, ou utilizado simplesmente como uma ferramenta para tabulação de números (muitas vezes sem sentido e incapazes de responder questões simples e básicas sobre os eventos de um jogo).
 
O tempo passou (já se foram quase dez anos) e com raras exceções (raras mesmo!) ainda vejo os mesmos scouts, os mesmos conceitos, as mesmas tabelas…
Não sejamos ingênuos. É claro que muitos “scoutistas” transcenderam a “fase da tabela” (e entraram na “era do campograma”). É claro também que algumas coisas hoje são bem mais úteis, práticas e aplicáveis do que eram em 1998. Existem hoje bons modelos.
 
O entrave, porém, continua sendo a má utilização das ferramentas (o pincel não faz o artista!). Idéias, conceitos e essência ficam em segundo plano para darem lugar à maciça e desenfreada coleta de números; e quando eles não são o foco (os números) confunde-se análise quantitativa com análise qualitativa, variável qualitativa com análise qualitativa, e por aí vai…
 
Dia desses, ao término de um módulo sobre “treinamento tático no futebol” em um curso de pós-graduação, propus aos alunos que desenvolvessem em grupos um modelo de scout que tivesse como objetivo avaliar a compactação e a amplitude de uma equipe em jogos de futebol. Sem que entremos em detalhes sobre as grandes elaborações construídas, notemos que um scout precisa responder perguntas (que sejam notoriamente relevantes para alterar o desempenho das equipes). Porém, se essas perguntas proporcionarem respostas fragmentadas, algo estará errado.
 
A boa construção de um modelo de scout necessariamente precisa conceber três dimensões presentes no jogo: a dimensão tarefa (o quê?), a dimensão espaço (onde?) e a dimensão tempo (quando?, quanto tempo?). Essas dimensões em interação constante entre si e com seus agentes (dimensão sujeito – quem?), precisam ser orientadas pelo sistema organizacional que rege o jogo.
 
Então, ao considerar, por exemplo, que um modelo de scout tem como objetivo analisar a compactação e amplitude de uma equipe, devemos ter claro que investigar tal questão de forma desvinculada do jogo significa não conseguir responder a mais importante de todas as perguntas quando se analisa o jogo: o “por quê?”.
 
Em outras palavras, se um modelo de scout der conta de responder “o quê” aconteceu, “onde”, “quando” e “quem” fez acontecer, mas não considerar o sistema organizacional do jogo e sua complexidade, certamente não terá indícios para dizer “como” e “por quê” determinada coisa aconteceu; e aí… bom, aí terá transcendido as “tabelas” mas continuará com problemas.
 
Interessante que o scout, através dos seus “scoutistas”, em função dessa “fragmentação do sistema”, apesar de considerar (e por considerar) isoladamente as dimensões mencionadas, arrisca-se ingenuamente a fazer apontamentos táticos (que realmente acabam sendo um “boleirismo camuflado” de ciência).
 
E se já são, de certa forma, indigestos alguns modelos de scout quando o ponto básico das suas construções é o entendimento do jogo, mais pesado ainda é para o estômago olhar para ele como ferramenta pedagógica.
 
Ferramenta pedagógica?!
 
Sim, caros amigos! O scout (que nas categorias de base precisaria de enfoques particulares) é uma ferramenta pedagógica, que associada a outros recursos pode auxiliar na compreensão (por parte de atletas e equipes) de situações importantes do jogo. Em outras palavras, o scout é elemento contribuinte para significação e tomada de consciência de tarefas do jogo, onde ocorreram, quando, como e por quê.
 
Notemos quantas são as lacunas a serem preenchidas e quanto podemos avançar a caminho da compreensão e da utilização do scout.
 
Mas talvez a questão básica aí não seja o quanto podemos avançar, mas o quanto queremos avançar.
 
Tabelas, estatísticas, campogramas, fragmentações; dimensões, sistemas, complexidade, pedagogia, o jogo…
 
A que perguntas o seu scout responde?
 
O FIM: “(…) E tudo ficou tão claro. Um intervalo na escuridão; uma estrela de brilho raro; um disparo para um coração…” (Humberto Gessinger/Engenheiros do Hawaii)

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Fair play e saúde dos atletas para 2008

A Fifa finalmente estabeleceu neste mês, aparentemente de forma definitiva, a questão da limitação da altitude para jogos oficiais.
 
A polêmica era grande com relação a este assunto. De início, havia sido estabelecido um limite de 2500 metros. Porém, diversos países da América do Sul, dentre eles Equador, Bolívia, Peru e Colômbia, protestavam para uma limitação de 3000 metros de altitude.
 
Em reunião do último dia 15, a Fifa, por meio de deliberação tomada por seu Comitê Executivo presidida por Sepp Blatter, decidiu, de forma bastante política, em fixar o limite para 2750 metros.
 
Foi dirimida também uma questão de ordem legal: como proibir a realização de jogos em locais de maior altitude, onde diversas outras atividades são realizadas pela população (incluindo pelos atletas de futebol, que disputam as ligas locais naquelas condições)? Não deveria então ser utilizado um limite para a questão da temperatura em países muito frios ou muito quentes?
 
De fato, juridicamente, é difícil proibir de forma absoluta a realização de jogos naqueles locais.
 
Para responder a essa questão, a Comitê Executivo da Fifa também estabeleceu que poderão ser realizados jogos em locais com altitude superior a 2750 metros, caso haja tempo suficiente para aclimatação das equipes, estabelecido em 10 dias.
 
A decisão foi acertada. Legalmente a resolução está em ordem, e tecnicamente também, uma vez que foi embasada por estudos técnicos realizados por profissionais capacitados para tanto.
 
A Fifa, assim, mantém a coerência de seu discurso, com o comprometimento com o desenvolvimento do futebol, mantendo acima de qualquer coisa (inclusive dos interesses das diversas partes envolvidas no negócio do futebol e no resultado de determinadas partidas) o fair play dentro de campo e a saúde dos atletas, sem os quais não existiria espetáculo.
 
E é nesse espírito que encerro esta breve coluna desejando a todos os companheiros da Cidade do Futebol e a todos os nossos leitores e colaboradores um Feliz Natal, com muita saúde, paz, harmonia e fair play (nesse caso, dentro e fora de campo).
 

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Wheels of fortune

Esta será a minha última coluna do ano, confesso. Semana que vem estarei de férias, mas volto logo em seguida, acredito. De qualquer maneira, vale lembrar o ano de 2007.
 
Ele poderia ser lembrado como o ano em que o Brasil foi escolhido como sede da Copa de 2014, mas convenhamos que ninguém se lembrará disso daqui 20 anos. 2007 foi, sim, o ano que o Brasil superou pela primeira vez a barreira de mil jogadores transferidos para mercados internacionais, que industrialmente é uma marca muito mais importante do que os mil gols do Romário.
 
Não há sinais, ainda, de que esse movimento de saída de jogadores irá parar. São muitas as fontes produtoras no Brasil, e fechar um eventual canal de saída, como quer o presidente da República, possivelmente apenas abrirá ou fortalecerá outros canais. O Brasil produz muitos jogadores, logo também exporta muitos jogadores. O mundo sabe que é melhor e mais barato comprar do Brasil do que produzir por si próprio. Na verdade, guarde bem essa comparação, o Brasil representa no futebol aquilo que a China representa no mundo real. Só que em vez de bugigangas, saem atletas.
 
Uma coisa muito interessante que aconteceu em 2007 foi a consolidação de jogadores brasileiros no mercado inglês, um mercado tradicionalmente avesso a atletas tupiniquins. Curiosamente, as grandes fontes de interesse dos ingleses são os volantes brasileiros, que são quase uma iguaria no mercado. A era recente começou com as aquisições de Edu e Gilberto Silva pelo Arsenal e Kleberson pelo Manchester United. Kleberson foi embora rapidinho. Edu demorou um pouco e o Gilberto Silva continua lá, pelo menos por enquanto. Depois, para o Arsenal, foram Denílson e Júlio Baptista, que – vai lá – também é volante.
 
Mas quem chegou em 2007 para o mercado inglês foi Elano, que, de repente, conseguiu se tornar o principal jogador do Manchester City e levou o time ao melhor início de temporada depois de muito, muito tempo. O técnico o adora, a torcida o idolatra e a imprensa está em polvorosa. Elano é um fenômeno no futebol inglês e tem sido até agora o jogador brasileiro mais valorizado da Premier League.
 
Porém, vem surgindo um concorrente para Elano. Anderson, do rival Manchester United, tem impressionado nas últimas aparições pelo clube. A contratação mais cara da equipe no ano – custou 31,5 milhões de euros – não havia tido aparições muito felizes no começo da temporada, mas desde que Scholes se machucou, Anderson tem se destacado jogando mais deslocado para o meio e demonstrando uma surpreendente disciplina tática e um enorme controle mental, coisas muito importantes no diferente futebol inglês. Tamanho é o sucesso recente de Anderson que ele foi eleito pelo público que visita o site da BBC o melhor jogador do clássico Manchester United x Liverpool, disputado no último domingo.
 
Não obstante, Lucas, ex-Grêmio, também tem começado a aparecer no Liverpool, fazendo que os três clubes mais tradicionais da Inglaterra, Manchester United, Liverpool e Arsenal, tenham volantes brasileiros em posição de destaque.
 
Para completar o círculo, só falta o Chelsea contratar o Hernanes.
 
Que venha 2008.

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Vai dar o que falar

Kaká e Marta. Muito provavelmente, no fim da tarde desta segunda-feira os dois brasileiros serão eleitos o melhor jogador e a melhor jogadora de futebol do ano de 2007. A escolha é feita por treinadores do mundo inteiro, além dos capitães das seleções mundiais. E deverá resultar nessa óbvia constatação.
 
O Brasil é o maior produtor de talentos do futebol mundial. Só para se ter uma idéia, em 52 prêmios de melhor jogador do mundo concedido pela Fifa (considerando primeiro, segundo e terceiro lugares), 14 ficaram nas mãos de jogadores brasileiros.
 
Só que o momento agora é outro. Kaká e Marta confirmam a supremacia do Brasil em revelar jogadores bons de bola dos pés à cabeça, mostrando um país preparado a viver em outras nações e disciplinado a ponto de jogarem como líderes em suas equipes.
 
E aí é que está o grande problema. Antes, o talento brasileiro geralmente se resumia à genialidade de um Romário, à explosão de um Ronaldo, à precisão incontrolável de Ronaldinho Gaúcho. Agora a coisa é diferente. Kaká chega pela primeira vez entre os três melhores e já deve faturar a taça. E, do jeito que a ligação dele com o Milan se dá, Kaká deverá ter cadeira cativa entre os finalistas do prêmio da Fifa.
 
Zinedine Zidane é o único a ter participado seis vezes da decisão do melhor do mundo. Ficou com a taça em três ocasiões. Começou a figurar entre os melhores em 1998, quando tinha 26 anos. Kaká tem um ano a menos que Zizou. Além disso, ainda não teve o seu grande momento na seleção brasileira. E, para melhorar, não deve migrar de um clube a outro como ocorreu com o cracaço francês.
 
Kaká poderá ser o novo Zidane. E, em razão disso, poderá criar um caso raro no futebol brasileiro. Poderá ser um dos responsáveis pelo fechamento das portas européias aos atletas de nosso país.
 
Sim, porque a supremacia que Kaká deve atingir na Europa poderá fazer com que as cornetas do apocalipse decidam que o Brasil não poderá mais concorrer em pé de igualdade com nenhum outro país no quesito talento para o futebol. Joseph Blatter, presidente da Fifa, já começa a declarar nas entrelinhas que o brasileiro tem começado a dominar o mundo. E quer, desesperada e politicamente, acabar com isso.
 
As escolhas de Kaká e Marta na tarde desta segunda, por incrível que pareça, poderão fazer com que o Brasil comece a sofrer certo boicote no mundo da bola. Ok, para o futebol jogado no Brasil pode ser uma boa não perdermos os talentos tão precocemente. Mas e para o jogador?
 
Não faz sentido ele ser punido pela competência que demonstra. Isso, sem dúvida, ainda vai dar o que falar…

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Pressão: forma de marcar ou forma de jogar

O que significa pressionar?
 
No dicionário, algumas idéias. Podemos encontrar, por exemplo, que “pressionar” significa exercer pressão sobre alguma coisa, coagir (!?) e que “pressão” é o efeito de comprimir um corpo através de outro corpo que a ele se opõe.
 
Sem que precisemos nos alongar nos significados que os dicionários trazem (e sem nos esquecermos de questões da física, biologia e psicologia que podem orientar tais significados), fiquemos atentos ao fato de que esse é um conceito presente na tática e na estratégia do jogo de futebol.
 
E é aí que muito da essência do que significa “pressionar” se perde. Na Europa, ainda que alguns discursos dos treinadores fiquem “nebulosos”, me parece haver construtos mais sólidos sobre o entendimento do significado de “pressionar” (se comparado ao Brasil). Essa idéia é reforçada quando vejo jogar algumas de nossas mais festejadas equipes.
 
Se antes satisfazia (aos olhos de nossos treinadores e “especialistas”) a idéia de que pressionar significava simplesmente adiantar as linhas de marcação para “espremer” o adversário em seu campo de defesa e que bastava para isso um jogador definir o seu “par” a ser marcado, hoje estamos muito, mas muito distantes dessa visão simples, distorcida e vazia.
 
Antes de qualquer coisa, pressionar não significa necessariamente estar a tentar roubar a bola do adversário em seu campo de defesa (o mais próximo possível do seu gol). Não significa também uma ação em que necessariamente cada jogador precise definir o seu “par” a ser marcado e então acompanhá-lo até que a estratégia de roubar a bola tenha surtido efeito.
 
Pressionar não é somente uma forma de marcar; é, sim, uma forma de jogar. E aí, muitos são os conceitos presentes.
 
Para entender a “pressão” como elemento do sistema de jogo de futebol, necessitamos analisá-la sob a perspectiva de três variáveis que se auto-organizam e se auto-ajustam de forma interdependente: a variável espaço, a variável tempo e a variável referência.
 
A variável espaço refere-se ao ONDE (região, setor, zona) a pressão deve iniciar ou ser realizada. Na perspectiva dessa variável, uma equipe, ao optar pela “pressão” como componente do seu sistema defensivo poderá, por exemplo, fazê-la em linhas diferentes do campo de jogo (figura 1):
 
 
Quanto mais próxima da linha 1 a pressão é realizada, mais “alta” diz-se que a pressão está sendo feita.
 
A variável tempo diz respeito ao QUANDO (na transição defensiva, nas reposições de bola, nos passes para trás, etc.) deve se iniciar a pressão. Sob a perspectiva dessa variável, uma equipe pode optar por diferentes momentos para a realização da pressão. Equipes inglesas, italianas e algumas espanholas e argentinas, por exemplo, tendem a pressionar o adversário imediatamente ao início da transição defensiva. Outras, por exemplo, como algumas portuguesas, definem como estratégia iniciar a pressão quando a bola está de posse de determinado jogador.
 
A variável referência diz respeito ao O QUÊ (bola, adversário, setor) orientará as ações de pressão. Sob a perspectiva dessa variável, uma equipe precisa definir qual elemento do jogo orientará o posicionamento para que ela realize a pressão. Uma equipe, por exemplo, que marca em “zona” e tem o posicionamento da bola como referência (poderia ter a bola, o adversário, regiões fortes ou fracas, etc.) ao realizar pressão, poderá definir que o jogador que está com a bola deverá aos poucos ter seus espaços limitados, ao mesmo tempo em que tem suas linhas de passe fechadas (e somente a partir daí sofrer combate direto para retomada da posse da bola).
 
Muitos paradigmas envolvem a questão da “pressão”. Um deles é o de que ao se marcar por zona, torna-se inviável fazer pressão em linhas altas do campo de jogo. Outro é que inevitavelmente para se fazer pressão uma equipe que marca zonalmente passa a marcar individualmente.
 
Provavelmente seja o “desconhecimento” sobre a organização de um sistema de pressão o principal motivo para a sobrevivência de tais paradigmas e muito provavelmente pelo sucesso de algumas equipes quando fazem pressão e o insucesso de tantas outras.
 
Não era o Porto de Mourinho que marcava zonalmente e fazia pressão em linhas altas? Não era o Valencia de Rafa Benitez que também o fazia com grande eficiência e atropelava seus adversários?
 
Paradigmas, coincidências ou desconhecimento?
 
Certamente, muitas vezes deixamos de entender a vida que passa por nós pela nossa incapacidade de perceber que na verdade somos nós que passamos por ela.
 
Mesmas ações, mesmos resultados; velhos conceitos, antigos problemas.

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Responsabilidade de receber a Copa de 2014

Passadas algumas semanas desde o anúncio da sede da Copa do Mundo da Fifa em 2014, tudo parece voltar ao normal no mundo do futebol no Brasil. Raros são, hoje, os artigos que continuam a tratar diariamente dos preparativos para a Copa.
 
É absolutamente compreensível que a imprensa mude o foco. Não há notícia no mundo que consiga se manter diariamente na mídia por mais de seis anos. Os dirigentes e políticos, por outro lado, possuem a obrigação de manter acesa a discussão para que o evento seja não só um sucesso em termos de futebol, mas também uma forma de melhorar a vida dos brasileiros.
 
Já sabemos todos os benefícios que a Copa pode trazer ao Brasil, em termos de economia, turismo, infra-estrutura, etc. Porém, esses benefícios somente serão concretizados, de forma duradoura, caso haja um planejamento sério e rigoroso.
 
Gostaria de chamar atenção, neste artigo, sobre a responsabilidade da escolha das cidades que servirão de sede para os jogos. Essa escolha é tão importante, que não pode, de forma nenhuma, ser definida com base em interesses de federações estaduais, ou de ambições políticas dos diversos governadores e prefeitos envolvidos.
 
Uma primeira linha de frente foi definida pela CBF. São basicamente as capitais dos nossos estados. É claro que algumas delas jamais deixarão de receber os jogos, como São Paulo e Rio de Janeiro. Algumas outras têm boas chances de receber. Mas outro grupo de capitais, em nossa opinião, não pode nem pensar nessa possibilidade.
 
O investimento na reforma / construção de arenas modernas é um bom exemplo para abordarmos essa questão.
 
Estamos convencidos de que haverá recursos públicos disponíveis, sem os quais não alcançaremos a viabilidade das obras. Por outro lado, o restante, a ser financiado pelo poder privado, somente estará disponível se o projeto for viável em um médio / longo prazo.
 
Esse estudo de viabilidade reclama um amplo conhecimento, por parte dos profissionais envolvidos, de todas as possibilidades de renda por parte da arena. Nos dias de hoje, um clube (que necessariamente deve estar envolvido no projeto) possui diversas e criativas fontes de receita junto a torcedores, mídia e patrocinadores. Além disso, eventos culturais devem ser incluídos na agenda rotineira de uma arena.
 
Tudo isso deve ser levado em consideração pelos advogados envolvidos no projeto para que a melhor estrutura, incluindo as garantias aos diversos sponsors, seja sugerida.
 
Muito bem. Em determinadas cidades, a conta não fecha. Não existe possibilidade de se propor uma obra envolvendo algumas centenas de milhões de reais em locais de pouco movimento econômico e pouco potencial efetivo em popularização do futebol profissional local.
 
Nessas regiões, existe uma série de outras demandas para que o dinheiro público e privado seja aplicado, de primeira necessidade para a população. Seria uma grande irresponsabilidade gastar esse montante em um estádio apto a receber a Copa de 2014, sendo que ele será subutilizado e contabilizará prejuízos históricos.
 
Em suma, o exemplo dos estádios foi utilizado para dizer que, apesar da lista inicial da CBF, a lista definitiva de cidades-sede para a Copa de 2014 está longe de ser concluída, e dependerá, fundamentalmente, da análise criteriosa, não só da viabilidade financeira, mas principalmente da viabilidade social de cada uma dessas cidades para receber o evento.

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