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“Mengão no G-4”; “Flamengo encosta”; “Libertadores próxima”. Essas foram as manchetes dos jornais do Rio de Janeiro na quinta-feira que sucedeu a vitória de virada do Flamengo sobre o Corinthians, pelo Campeonato Brasileiro. Em São Paulo, a manchete era um pouco diferente: “Pentacampeão”! A referência, é claro, fazia jus à conquista do quinto título nacional pelo São Paulo obtida no dia anterior.
No Maracanã, na vitória flamenguista, o torcedor carioca só queria saber da conquista do terceiro lugar na tabela de classificação. No Morumbi, o são-paulino festeja a óbvia vitória e a bonita conquista de mais um título.
Nas emissoras de televisão, porém, o dilema foi grande. Flamengo e Corinthians duelavam no Maracanã, enquanto o São Paulo conquistava o título. De um lado, as duas maiores torcidas do país e os times responsáveis pelos maiores índices de audiência. Do outro, o desfecho do campeonato.
Na impossibilidade de conciliar as duas transmissões, a Globo, detentora dos direitos de exibir o campeonato, optou por exibir o Flamengo x Corinthians para todo o Brasil. A conquista da taça ficou em segundo plano, mas não foi esquecida.
O atraso providencial de 10 minutos para ter início o jogo do São Paulo fez com que, terminado o jogo das massas, a festa do título pudesse ser exibida em tempo real para todo o país.
Durante qualquer papo de botequim entre torcedores, a discussão sobre a imparcialidade da imprensa é levantada. Qual jornal defende qual time? Qual emissora protege determinado clube? A resposta, quase sempre, é a mesma, dependendo do lugar em que se está: Corinthians em São Paulo. Flamengo no Rio.
A rodada decisiva do Campeonato Brasileiro evidenciou o “racha” que existe na imprensa. Não de agir com o coração e ser imparcial, mas no dilema que existe entre o interesse comercial da empresa e o valor jornalístico de um acontecimento.
O São Paulo campeão é a principal notícia da rodada. Mas nem mesmo a vitória são-paulina vende tanto quanto um Flamengo embalado ou um Corinthians ameaçado pelo rebaixamento. Sem dúvida que, jornalisticamente, o título é o mais importante. Mas, para as vendas, é melhor falar do Flamengo, ou então mostrar o Corinthians em sua delicada luta para não ser rebaixado.
Cada vez mais o negócio interfere no futebol. Não só no que se refere às atitudes dos profissionais dos clubes e que circundam o esporte. Mas também na imprensa. Com o desenvolvimento do negócio esportivo, o futebol se torna um produto de entretenimento muito mais do que um produto jornalístico.
E, na dúvida entre o que mais vende ou o que é mais notícia, a empresa jornalística vai, paradoxalmente, escolher o que gera mais receita. E, no botequim, a discussão ainda demorará muito mais do que as cinco horas propostas por Paulo Coelho…
A realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014 vai possibilitar ao país não apenas reformar seus estádios, mas aquecer alguns setores econômicos das cidades-sede, principalmente a construção civil. A afirmação é do presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra), Antônio Rocha, em entrevista à Rádio Nacional.
“A construção civil será extremamente privilegiada, já que será necessário fazer toda a reconstrução dos estádios e equipamentos esportivos. Também os setores de vestuário, alimentação e informática serão contemplados”, defende Rocha.
Ele diz esperar que o governo do Distrito Federal, a população e os empresários se mobilizem para que Brasília seja uma das cidades escolhidas para sediar a competição. “Essa movimentação da economia será muito importante para o Distrito Federal, porque vai permitir além de mais empregos, a adequação da estrutura esportiva para outros eventos”.
Apesar de a Federação Internacional de Futebol (Fifa) ter confirmado o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, tanto as cidades onde serão disputados os jogos, quanto as 32 onde ficarão hospedadas as seleções que vêm participar da disputa só serão conhecidas em 2008.
Para sediar as partidas, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) indicou 18 localidades. A intenção agora é convencer a Fifa a escolher, entre elas, 12 e não apenas dez, conforme previsto. A justificativa seria a grande dimensão territorial do país.
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Inovações táticas
Comecemos nosso texto hoje com duas questões:
1) Jogadores de futebol possuem bom entendimento tático?
2) Jogadores de futebol são comprometidos taticamente?
Certamente a visão de treinadores, especialistas, jornalistas e torcedores pode, e muito, divergir sobre o tema. O fato é que ao avaliar mal a resposta para essas perguntas poderemos acelerar o distanciamento entre a evolução do jogo de futebol (com suas inovações e possibilidades) e a competitividade nas partidas e campeonatos.
Façamos então um exercício de reflexão sobre o tema.
Dadas as diferentes respostas possíveis para as perguntas acima, temos as seguintes possibilidades para tais respostas:
Possibilidade 1: Não, jogadores de futebol não têm um bom entendimento tático. Não, jogadores de futebol não têm comprometimento tático.
Possibilidade 2: Não, jogadores de futebol não têm um bom entendimento tático. Sim, jogadores de futebol têm comprometimento tático.
Possibilidade 3: Sim, jogadores de futebol têm um bom entendimento tático. Não, jogadores de futebol não têm comprometimento tático.
Possibilidade 4: Sim, jogadores de futebol têm um bom entendimento tático. Sim, jogadores de futebol têm comprometimento tático.
Em uma empresa séria, respeitada e que desempenha bem seus serviços de acordo com suas metas, não se pode aceitar um rendimento de seus funcionários que não seja satisfatório aos padrões de exigência estabelecidos pela empresa. Se a exigência requer bom desempenho, não se pode admitir nada menos que o “bom”. Se a exigência é o nível de excelência, não se pode admitir nada menos que o “excelente”.
Se substituíssemos nas perguntas do início do texto as palavras “tático” e “taticamente” por “sobre (ou: “com”) os objetivos da empresa“, e trocássemos “jogadores de futebol” por “os funcionários da empresa” teríamos as seguintes questões:
1) Os funcionários da empresa possuem bom entendimento sobre os objetivos da empresa?
2) Os funcionários da empresa são comprometidos com os objetivos da empresa?
Qualquer “não” para alguma dessas perguntas certamente seria motivo de pontual intervenção por parte da empresa.
No futebol (que é encarado como um mundo a parte – não poderia!) um “não” para uma dessas perguntas é muitas vezes encarado como algo comum, normal. É como se as possibilidades 1, 2 e 3 soassem em grande parte das vezes como um muro alto, sólido e intransponível; a verdade das verdades.
Como conceber um jogador que não tenha comprometimento tático com a equipe?
Esse é um problema que em boa parte das equipes européias seria inconcebível (portanto talvez nem seja considerado como possibilidade).
No Brasil
Mas o que me preocupa mais intensamente é quando a resposta para a questão do comprometimento é “sim” e a resposta para a questão do entendimento é “não”. Existe uma “idéia”, um consenso (equivocado!) de que os jogadores não são capazes de entender com excelência questões táticas que envolvem o jogo; que sua compreensão é limitada.
Difícil concordar (difícil engolir) quando pesquisas no mundo todo apontam para o fato de que a “burrice” desbravada atribuída a algumas pessoas em diversos níveis de escolaridade é na verdade deficiência da qualidade dos estímulos aos quais elas (as pessoas) são submetidas.
Então, enquanto o discurso que circula o meio futebolístico avaliza a incapacidade de seus brilhantes atletas (brilhantes!?), a compreensão (e o conhecimento) sobre o ser humano-integral nos mostra que o problema está em outro nível; no nível daqueles que são responsáveis por estimular os jogadores a compreender melhor (e a cada dia mais) o jogo: os treinadores!
Muitas vezes jogadores de futebol são tratados como robôs, programados para realizar determinados tipos de tarefa. O problema é que no jogo de futebol as tarefas são aleatórias, imprevisíveis e infinitas. Então se em vez de estimular o jogador a compreender o jogo (a pensar para tomar decisões), o “programarmos” para automatizar movimentos, não estaremos contribuindo para a evolução do atleta e muito menos para novas e melhores perspectivas táticas para a equipe dentro do jogo.
Ao assumirmos como verdade que jogadores de futebol têm limitações que impedem essa ou aquela tática, dinâmica ou estratégia de jogo, estamos as claras, assumindo que ele (o jogador) é um extraterrestre (e pouco desenvolvido). Não vejo palavra melhor. Se ele não é capaz de aprender, então é de outro mundo.
Muitos são os conhecimentos táticos necessários para um treinador de futebol. Plataformas de jogo, táticas, estratégias, sistema de jogo, tipos de marcação, princípios de ataque, princípios de defesa… Mas anterior a isso tudo está o conhecimento que baliza a real operacionalização para que os jogadores possam entender os princípios que norteiam todo esse conteúdo.
Se não for assim, ele (o treinador) só estará reforçando idéias do senso comum e o que é pior contribuindo para a estagnação tática do jogo de futebol (o que cada vez mais daria munição aos “especialistas” que cantam aos quatro cantos que no futebol “não há nada de novo para se inventar taticamente” – o que diriam José Mourinho, Rafa Benitez, Alex Ferguson ou Van Gal se ouvissem isso?!).
Certamente afirmar que os jogadores não têm bom entendimento tático sobre o jogo só faria sentido se estivesse se referindo a um dado momento de um processo (processo de aprendizagem). Caso contrário é mais fácil acreditar que tal afirmação se trata na verdade de um “escudo” para proteger, ou melhor “ocultar” a incompetência de “terceiros”.
Então termino hoje com um trecho de um texto do professor João Paulo Medina e com algumas indagações:
(…) não é fácil formar homens quando o sistema pede robôs. Não é fácil desenvolver atletas cidadãos, críticos, conscientes educados e criativos quando o sistema pede apenas máquinas obedientes e automaticamente descartáveis (…)
O que a tática do jogo pede, atletas criativos ou automaticamente descartáveis?
O que o futebol pede, robôs ou homens?
O que a vida pede, máquinas ou cidadãos?
Existe vida no futebol, futebol na vida, ou seria tudo uma questão de, digamos, tática?
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São Paulo, naturalmente
O estado de São Paulo tem cerca de 40 milhões de habitantes, o que significa aproximadamente 20% de toda a população brasileira. De acordo com a Wikipédia, é a terceira unidade administrativa da América do Sul, perdendo apenas para a Colômbia e para o próprio Brasil. Seu PIB total é de aproximadamente 550 bilhões de reais, equivalente a cerca de um terço do PIB brasileiro. Fosse o estado de São Paulo um país, ele estaria entre as 25 maiores economias do mundo.
A cidade de São Paulo, por sua vez, é a cidade mais importante do Brasil e da América Latina. Com um PIB de 160 bilhões de reais, é a décima nona cidade mais rica do mundo e responde por cerca de 10% do PIB nacional. É uma cidade global e cada vez mais se destaca como um dos grandes pólos econômicos do mundo.
O grande desenvolvimento paulista contrasta fortemente com o subdesenvolvimento do resto do país, em especial das regiões mais próximas à linha do equador. Entretanto, mesmo quando comparado aos estados do Sul e do próprio Sudeste, o poderio econômico do estado de São Paulo é esmagador.
Não é surpresa alguma, portanto, que os representantes paulistas dominem o futebol brasileiro. Afinal, considerando um sistema onde a importância dos clubes é a mesma para os seus respectivos públicos, é natural que os clubes da região tenham mais capital disponível para aplicar em performance do que outros, ainda mais os clubes da cidade de São Paulo.
Como bem se sabe, nos últimos anos a fórmula de disputa adotada para o campeonato nacional foi a fórmula dos ‘pontos corridos’, que diminui substancialmente a importância do acaso no macro-resultado da competição. Dessa forma, a possibilidade de um campeão brasileiro vir da parcela de clubes com mais capital disponível é quase absoluta. Daí a dominância de títulos paulistas nas últimas 4 competições, contando a atual, que teve seu campeão por fim definido na noite de ontem.
A conquista do campeonato pelo São Paulo foi irretocável, mas também bastante previsível. Afinal, o São Paulo Futebol Clube vem da região mais rica do país e de uma das cidades mais ricas do mundo. Tem, portanto, uma enorme vantagem competitiva em relação à maioria dos outros clubes do país.
Os únicos clubes que racionalmente poderiam exercer concorrência ao título do São Paulo seriam os clubes que dividem a mesma região geográfica e, portanto, a mesma disponibilidade de capital. Aí, porém, entra a diferença da estrutura administrativa.
Se um clube de futebol tem como objetivo vencer o maior número de jogos e de campeonatos possíveis, o papel administrativo do clube é conseguir formar os melhores times para alcançar esse objetivo. Como melhores times vêm com melhores jogadores e melhores jogadores vêm com mais dinheiro, é papel do clube conseguir maximizar a receita disponível pelos seus torcedores para reverter o montante em pagamento a jogadores e, consequentemente, em performance.
Não conheço a estrutura do São Paulo tão a fundo para poder afirmar que eles fazem um bom trabalho na maximização das receitas. Exemplos como a parceria com a Warner e o trabalho de comercialização da marca indicam que sim, mas o novo projeto do Morumbi indica que talvez não. De qualquer forma, o São Paulo, pelo menos por uma perspectiva afastada como a minha, não oferece muitos empecilhos no fluxo da transformação entre receita e performance. Ou seja, o clube está estruturado administrativamente de tal forma que consegue reverter a receita em performance sem que o capital tenha um aparente obstáculo ou desvio de rota no meio do caminho.
O desvio do direcionamento receita-performance, conforme foi publicamente explícito nos últimos meses, é um grande problema que afeta o Corinthians, talvez o único clube que conseguiria fazer frente ao poderio econômico disponível para o São Paulo. Afinal, ambos têm grande torcida – que talvez seja o problema do Palmeiras – concentrados na cidade que é de longe a mais rica do país. No Corinthians, entretanto, o dinheiro que entra no clube aparentemente acaba tomando rumos escusos e não sendo revertido diretamente em performance, o que evidentemente diminui, e muito, as possibilidades do time conquistar vitórias e títulos.
Dessa forma, é natural que o São Paulo tenha conquistado o campeonato brasileiro. Também é natural que ele tenha sido bicampeão. E não será nenhuma surpresa se ele se sagrar tri, ou quem sabe até tetracampeão.
Com a disponibilidade de receita existente e com uma aparente decência administrativa, não existe clube no Brasil que racionalmente conseguirá competir com o time do Morumbi. Só haverá uma mudança nesse cenário caso os outros clubes que dividem a mesma área geográfica de disponibilidade de capital se estruturem de maneira mais eficiente, ou se os clubes de outras regiões consigam maximizar as suas receitas a ponto de conseguir exercer um mínimo de competitividade.
Ou seja, se os clubes não evoluírem administrativamente ou o país não tornar a sua economia geograficamente melhor distribuída, o São Paulo continuará a ganhar campeonatos.
No final das contas, quando o Campeonato Brasileiro estiver mais competitivo, certamente estaremos vivendo em um país melhor.
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Os brasileiros que vivem atualmente em Zurique, na Suíça, deixaram o país do futebol, mas não perderam a paixão pelo esporte. Na cidade onde a Federação Internacional de Futebol (Fifa) anuncia na terça-feira se o Brasil será sede da Copa do Mundo de 2014, os brasileiros não deixam de se reunir para assistir aos jogos nas copas do mundo.
“É uma festa, tem batucada na rua, tudo fica verde a amarelo. Nos reunimos e é sempre uma festa, estamos sempre procurando uma razão para fazer festa e a Copa é uma”, conta Heloísa Marques, que tem uma casa de dança em Zurique, onde brasileiros se reúnem para dançar ritmos do Brasil.
Atualmente cerca de 45 mil brasileiros vivem na Suíça, de acordo com dados do consulado brasileiro. Para acompanhar os jogos brasileiros, é preciso assinar canais fechados de televisão. “Tem um pacote de canais brasileiros e a maioria dos homens assina por causa do canal de esportes”, afirma a carioca Vanessa Balestra, que se casou com um suíço e vive no país há quatro anos.
E os brasileiros que vivem em Zurique não gostam só de assistir ao futebol, também gostam de jogar. “Tem pessoas que se reúnem para jogar. A infra-estrutura aqui é excelente, todos os bairros têm campos”, afirma Severino Rodrigues, que está há quatro anos no país.
Anderson Santana mora em Zurique desde os 14 anos de idade, quando a mãe se casou com um suíço. O brasileiro trouxe com ele o entusiasmo pelo futebol. Santana jogou em clubes amadores da Suíça até que organizou com amigos brasileiros um time de futebol de areia que já chegou a ser campeão da Copa de Futebol de Zurique.
Ele conta que também não faltam as chamadas “peladas”. “Todo domingo temos um jogo que é mais brincadeira, fazemos um churrasquinho e jogamos. Fazemos torneios.”
Apesar de manterem a ligação com o esporte, apenas um dos entrevistados tinha ouvido falar sobre o evento de amanhã na Fifa, que terá a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de ministros e de governadores, além de dezenas de convidados.
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Romário é rei
A alcunha sempre foi usada para se referir a Pelé, o Rei do Futebol. Mas, desde que Rei deixou a coroa à disposição, ninguém foi tão Rei quanto Romário. Pelo menos no Brasil…
Na última semana, o Baixinho deu um show de mídia training para os jogadores que estão em início de carreira. Nunca um atleta, aos 41 anos, conseguiu chamar tanto a atenção da imprensa quanto o eterno camisa 11 do Vasco.
Em 2007, Romário conseguiu ressuscitar uma carreira que melancolicamente se encerraria. Primeiro, criou a história dos mil gols. A imprensa, ávida por notícias numa época em que os estaduais ocupam apenas as datas, mas não a mente e os corações das pessoas, viu na saga de Romário um prato cheio para o factóide.
Na última semana, mais um golpe de gênio de Romário: pela primeira vez o jogador tão conhecido pelo gosto de uma farra noturna e pela displicência com que encarava os treinos sentou-se no banco de reservas para comandar um time de futebol. Não tirou o Vasco da difícil situação na Copa Sul-Americana.
Mas causou frisson ao dizer que era preciso perguntar ao “treinador” se ele iria jogar. Romário recolocou o Vasco na mídia, recolocou os holofotes sobre si e, no dia seguinte, derrotado, deixou em aberto a chance de começar uma nova carreira, não sem antes indicar o novo treinador do Vasco.
Romário faz parte de uma geração em extinção no futebol mundial. Não teremos nunca mais um jogador que seja tão competente dentro de campo e tão irresponsável no tratamento com a imprensa. Não dá para discutir a genialidade do Baixinho nos dois campos. Na mídia, ele dá uma aula de como se comportar, de como tratar a polêmica (a favor ou contra), de como enfeitiçar o jornalista.
O craque-problema está, hoje, fadado a ser substituído pelo “craque-assessoria”, aquele que só cumpre as ordens do empresário ou do jornalista que o assessora. O jogador tem sido fabricado com um rótulo insosso, algo meio que embalagem diet, zero caloria, mas também zero sabor.
Romário consegue, a cada semana, surpreender mais um pouco. Enquanto isso, vamos em busca de um novo Rei. Mas, na acepção do termo, será difícil, mas muito difícil, encontrar alguém tão bom em campo e que seja ao mesmo tempo tão polêmico, tão carismático e tão inteligente no trato com a mídia como é Romário.
Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Robinho são craques. Mas, infelizmente, na hora de falar com a imprensa, não passam de um produto diet. Bonitos por fora, extremamente benéficos à saúde, mas totalmente sem gosto…
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O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, negou, em entrevista coletiva realizada há pouco no Salão Verde, que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, tenha feito pressão contra a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) sobre fraudes no esporte.
A comissão, que pode ser aberta por deputados e senadores, terá como objetivo investigar o uso freqüente de clubes de futebol para acobertar crimes de ordem econômica, como o caso de lavagem de dinheiro envolvendo o Corinthians e a empresa Media Sports Investment (MSI).
O autor do pedido da CPMI, deputado Silvio Torres (PSDB-SP), culpou na semana passada Ricardo Teixeira pelo adiamento da instalação da CPMI, que já tem o número de assinaturas necessárias. Segundo o deputado, Teixeira teria usado como argumento que a comissão atrapalharia as negociações com a Fifa para o País ser escolhido como sede da Copa do Mundo de 2014 – a decisão será anunciada amanhã, na Suíça, e o Brasil é candidato único.
Chinaglia disse que não considera crível que a CBF tenha poderes de pressão sobre o Congresso Nacional.
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O goleiro e a tática
“O jogo está zero a zero. A equipe mandante está com a posse da bola. Por duas vezes ela (a bola) é passada de pé em pé de um lado ao outro do campo em sua metade defensiva. E se isso já fazia inquietar a torcida negativamente, pior e com vaias nos ares ficou o ambiente quando um dos jogadores ao ser pressionado pelo adversário, recuou a bola para o goleiro”.
Essa seqüência imaginária poderia ser o relato de uma seqüência real de pelo menos um jogo assistido por algum de nós, ao vivo, no estádio ou pela TV.
No futsal, já faz algum tempo o goleiro deixou de ter a função que lhe dera origem (proteger a meta, defendendo-a com qualquer parte do corpo em sua área de ação) e passou também a desempenhar um importantíssimo papel na organização tática defensiva e ofensiva de uma equipe.
Guardadas as devidas proporções de dimensões, regras e características especiais de jogo (entre futsal e futebol de campo), devemos observar que no futebol de campo, muito pouco tem sido explorado a respeito das possibilidades táticas de se trabalhar com o goleiro como elemento importante e atuante do sistema defensivo e ofensivo
E isso não quer dizer incentivá-lo a orientar e coordenar seus zagueiros e jogadores de marcação, ou “subir” ao ataque para cobrar faltas ou tentar o gol nos escanteios. O que estou apontando está além desse “concreto enraizado” a grandes profundidades.
Na Inglaterra é muito comum (e bonito de ver) equipes marcando em zona. Elas se fecham no seu meio campo de defesa e em determinados momentos, a partir de uma referência planejada, pressionam o seu adversário na tentativa de recuperar a bola. Não havendo êxito imediato na situação “pressão” recolhem-se novamente ao posicionamento zonal para avaliar nova oportunidade. Interessante que as equipes que estão sendo marcadas muitas vezes recorrem ao goleiro como ponto de apoio para fazer a bola girar de um lado para o outro do campo, deslocando a marcação adversária, sem a necessidade do “chutão” (algumas vezes assistimos a belos lançamentos – o que é bem diferente do tal “chutão”) e participando efetivamente da possibilidade de construção de um ataque.
É claro que tal procedimento desafiou os treinadores a desenvolver estratégias posicionais que pudessem impedir a livre e aparentemente “despretensiosa” ação do goleiro. É claro também que goleiros e seus treinadores diante de inovações do sistema de marcação adversária também criaram possibilidades para dificultar a ação da equipe que marca (e essa corrida segue: um dá um passo, o outro dá dois, e o percurso continua).
O fato é que no Brasil não estamos acostumados a certas nuances de jogo. Ingenuamente torcedores, treinadores e jogadores acabam por adicionar concreto à situações que acabam sendo “fuga” contra problemas táticos não resolvidos do jogo. Então se torna mais “bonito” (?) e aparentemente eficiente (??), aos olhos de quem vê tentar uma jogada inconsistente, perder a bola e sofrer um contra-ataque do que estrategicamente buscar os desequilíbrios sistêmicos do adversário para então dar o “golpe de misericórdia” (pontual, objetivo, eficaz).
Futebol não é futsal (mas pertencem a mesma família – tema há tempos discutido pelo prof. Dr. Alcides Scaglia), e assim como o futsal, precisa ir em busca de novas possibilidades. O mundo não vencia o Brasil no Futsal. Agora é o Brasil que não consegue vencer a seleção da Espanha.
O que fez a Espanha, aprendeu enfrentar o Brasil, ou realmente aprendeu a JOGAR melhor?
Seja qual for sua resposta, não duvide, isso é fato: a Espanha buscou novas possibilidades de jogo.
E por que isso não pode acontecer no futebol?
Tratar o goleiro efetivamente como jogador que faz parte dos sistemas defensivo e ofensivo é uma possibilidade real de “provocar” situações-problema que podem desequilibrar o adversário. Se, por exemplo, uma equipe resolve jogar sem sobra, pressionando fortemente, terá que desenvolver novas estratégias para conseguir marcar o adversário caso ele se utilize do goleiro para promover “rodízios defensivos de bola”. Se 10 marcam 10, precisarão de nova estratégia para marcar 11.
Então, seria uma equipe como a do São Paulo no Campeonato Brasileiro 2007 aquela que está um passo à frente nessa questão?
Um passo a frente talvez. Há no entanto de se destacar que poucas foram as equipes que definiram boas estratégias no confronto diante de um “goleiro-zagueiro”. Quando o São Paulo enfrentou uma dinâmica um pouco mais apropriada teve dificuldades e fora derrotada pelo “Milionários” (???) da Colômbia – que nem tinha uma estratégia tão boa assim; apenas suficiente (2º jogo entre as equipes na Copa Sul-Americana).
Então, é óbvio que não basta para uma equipe (que terá um goleiro-zagueiro) um goleiro que saiba passar, chutar e dominar bem a bola. É necessário que esse goleiro-zagueiro saiba passar, chutar, dominar, etc e tal, no contexto do jogo, compreendendo sua lógica e dinâmicas; e mais ainda, que os outros jogadores possam entender tais dinâmicas dentro dessa nova possibilidade.
E caros amigos, essa é apenas uma das inúmeras possibilidades que muitas vezes deixamos de perceber, seduzidos pelo “inconsciente coletivo” do senso comum (nesse caso “inconsistente coletivo”).
Por isso analisemos com outros “óculos” quando houver um recuo de bola para o goleiro, e observemos qual é e onde está o problema (e se o que se observa é algo treinado ou “anárquico”). Entender os porquês do quando se ganha é essencial para se saber os porquês quando se perde.
Então, para quê esperar para perder de novo para a França na Copa do Mundo ou para qualquer outra equipe que resolva buscar novas possibilidades? Não podemos nós criarmos as nossas e jogar melhor?
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Rebaixamento já!
Muito tem se comentado a respeito da média de público do atual Campeonato Brasileiro. Ouvi alguém dizer que cabia aos dirigentes do futebol e aos profissionais da CBF descobrir por que é que o público tem aumentado tanto ultimamente.
Eu não sou dirigente de clube, muito menos funcionário da CBF, mas vou dar o meu palpite.
Partindo de uma análise bastante superficial, as estatísticas indicam que o aumento de público pode estar relacionado ao preço cobrado pelo ingresso. A média de público do segundo turno é acima de cinco mil torcedores a mais do que a média do primeiro. Em compensação, o preço médio de ingresso do segundo turno é cerca de 50 centavos mais barato em relação ao ingresso do primeiro turno. De uma maneira simplista, mas não mentirosa – é preciso salientar, o público brasileiro mostra uma enorme sensibilidade ao preço cobrado por jogo.
Outro fator preponderante pode ser a presença do Sport no campeonato, que aumentou a média de público na competição ao longo do ano, com seu público regular de mais de 25 mil torcedores. Outra equipe que colabora, e muito, para o aumento do público em relação à temporada passada é o Atlético-MG, com público médio de cerca de 20 mil torcedores. Notadamente, o bom início de campanha do Botafogo também auxilia nesse acréscimo. Em relação ao ano passado, o Botafogo leva 10 mil torcedores a mais por jogo, com a média de 19 mil, quase o dobro em relação à última temporada.
Apesar dos diversos fenômenos citados, eles são em sua essência variáveis contínuas e não explicam a ascensão recente da média de público. É possível, porém, apontar um fator simples que pode explicar a evolução do público, e ele é provavelmente a fórmula da atual competição.
Do jeito que o campeonato se encontra, com quatro vagas para Libertadores, oito vagas para Sul-Americana e quatro vagas para o rebaixamento, todos os clubes brigam por alguma coisa a todo o momento. Coincidindo isso com a alta competitividade apresentada pelo campeonato, todo jogo significa muita coisa.
A tabela de classificação indica que apenas sete pontos separam o décimo colocado da zona de rebaixamento, e os mesmos sete pontos o separam da zona de classificação da Libertadores. Isso implica dizer que o sucesso de uma partida apenas, três pontos a mais, tem um grande significado na escalada rumo à nata do campeonato, enquanto que o fracasso de uma partida, três pontos a menos, representa uma grande aproximação da zona do menosprezo total. Como a proximidade de pontos é muito grande, qualquer time até a décima quinta colocação que ganhe quatro partidas seguidas pode se tornar candidato à Libertadores, e qualquer time até a oitava colocação que perca quatro partidas seguidas se torna um grande candidato ao rebaixamento.
Esse fenômeno indica uma mobilidade de posição muito grande, o que gera uma atenção ainda maior em relação ao campeonato pelos torcedores, que tende a ser refletida no acréscimo da torcida presente nos estádios.
Contudo, essa farra pode acabar ano que vem, uma vez que o número de equipes rebaixadas deve se limitar a apenas duas. Caso o campeonato atual tivesse apenas dois rebaixados, é certo que o público presente seria bastante inferior ao atual. Afinal, clubes como Corinthians, Atlético-MG e Sport já não estariam tentando escapar da degola. Talvez apenas lutando por uma vaga na Sul-Americana, que – verdade seja dita – não é lá um grande motivador para a presença de torcedor no estádio. É muito, mas muito mais divertido acompanhar a luta do seu time contra o rebaixamento do que acompanhar a luta do seu time pela Sul-Americana.
Pena que no ano que vem isso acaba.
Rebaixamento já!
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A Comissão de Seguridade Social e Família aprovou na última quarta-feira (17) o substitutivo do deputado Geraldo Thadeu (PPS-MG) ao Projeto de Lei 5391/05, do deputado Gilmar Machado (PT-MG). Pelo texto, as entidades esportivas são responsáveis por danos à saúde física, mental ou sensorial do atleta que sofrer acidente em razão de prática esportiva realizada sob sua organização ou supervisão.
Perda de dentes
O substitutivo chama atenção especialmente para cuidados com a sua saúde bucal, principalmente em casos de trauma ou perda de dentes. O texto original proposto por Gilmar Machado obrigava a presença de dentistas especializados em odontologia desportiva nesses eventos e previa a responsabilização da entidade caso isso não ocorresse. Geraldo Thadeu, no entanto, argumenta que a especialização é rara, e a atuação preventiva de dentistas nas entidades deveria ser priorizada. Para isso o projeto prevê que dentistas sejam contratados para acompanhar os atletas em orientações e intervenções do socorro.
Segundo o relator, os traumas ocasionados na prática esportiva representam de 14% a 39% de todos os traumatismos dentários. De acordo com especialistas, o risco é mais alto entre atletas, mas acidentes poderiam ser evitados com o uso de protetores bucais nos esportes mais arriscados. "Os maiores investimentos devem estar voltados para evitar o dano e não para colocar um profissional altamente qualificado e de custos elevados em cada evento esportivo", avaliou.
Geraldo Thadeu argumenta que não são oferecidas disciplinas nas faculdades nem existem cursos regulares de formação específicos suficientes para atender a demanda de especialistas em odontologia desportiva. Além disso, ele lembra que são realizadas milhares de competições, em praticamente todos os municípios brasileiros. Isso inviabilizaria o cumprimento da legislação, transformando-a em mais uma das leis que não pegam, disse ele sobre o projeto original.
Tramitação
O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será ainda analisado pelas comissões de Turismo e Desporto; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
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