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Ghost writer

Imagine você contratado por uma pessoa ou por uma editora para escrever uma biografia.

A biografia pode ser do próprio contratante.

O contratante pode ter tido uma vida tão rica e intrincada de relacionamentos e jogos de poder, na qual o peso da verdade – e das versões das histórias – é exponencialmente maior do que a sua vida de escritor medíocre.

E o resultado final – o livro – é desejado por muitos. Principalmente antes da publicação.

Logo, é a sua vida que está em jogo. Não a do biografado.

Esse é o enredo resumido do excelente filme de Roman Polanski, O Escritor Fantasma que, acredito, teria ficado mais apropriado se mantido no original – Ghost Writer – em cartaz nos cinemas.

O protagonista aceita fazer o trabalho de seu antecessor, morto em circunstâncias ainda imprecisas, para escrever a biografia do ex-Primeiro Ministro da Inglaterra, agora vivendo no auto-exílio nos EUA, cujos manuscritos já haviam sido esboçados.

O problema começa quando o atual escritor, revisando o texto, passa a investigar algumas informações, visando estar convencido se há identidade entre a verdade da obra e a realidade.

A Aristóteles foi atribuída a frase: “a única verdade é a realidade”.

No filme, a realidade começa a ficar vívida demais para o escritor. E ele, ao se declarar sabedor da verdade da biografia do político, passa a correr risco de vida e o pânico lhe atormenta.


 

Fiquei tentado a me imaginar sendo ghost writer de algumas figuras célebres e não menos polêmicas do futebol mundial.

João Havelange. Joseph Blatter. Platini. Pelé. Maradona. Romário. Ronaldo. George Best. Ricardo Teixeira. Beckenbauer. Mario Celso Petraglia. Fabio Koff. Roberto Marinho. Juan Figger.

Essas seriam figuras óbvias demais para todos nós, pois são oriundas do futebol.

A coisa iria esquentar com a biografia de outros tantos e sua conexão com futebol. Especialmente os líderes políticos.

Ou seja, o lado invisível disso.

Hitler. Churchill. Berlusconi. Lula. Orlando Silva, nosso ministro dos Esportes. Os ditadores e autocratas de Tanzânia e Zimbábue, que pagaram milhões de dólares para os amistosos do Brasil antes da Copa 2010.

Os donos de empresas como Adidas, Nike, Puma, Traffic e tantas outras.

Iria esquentar ainda mais quando esses dois caminhos se entrelaçassem.

Nessa altura dos interesses cruzados, se eu fosse o ghost writer, talvez não estaria mais aqui pra contar história alguma…

Em tempo: se pudesse, escolheria sê-lo do Juan Figger.

Pois, como diz um amigo meu, em brincadeira, se você começa a investigar as empresas, todas elas vão acabar no Silvio Santos, o homem mais rico do Brasil.

No futebol, sempre achei que todas elas acabam, ou pelo menos passam, pelo Juan Figger.

Para interagir com o autor: barp@universidadedoutebol.com.br

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A importância do desempenho dos Bafana-Bafana

Diversos estudos foram feitos e publicados até hoje acerca dos impactos da Copa do Mundo da Fifa nos países-sede. De maneira geral, os autores especializados são uníssonos ao defenderem os benefícios que a Copa promove no determinado país.

Tais benefícios são geralmente representados por um aquecimento na economia, por uma melhora na infra-estrutura, segurança, transportes públicos, etc. Também se comenta que a Copa promove uma melhora nos campeonatos locais de clubes, com um maior interesse pela mídia e patrocinadores pelo futebol, entre outros.

Alguns autores também apontam possíveis pontos negativos, como o endividamento causado de maneira geral pela obras realizadas nos preparativos para a Copa e também pela sub-utilização dos estádios ultra-modernos que são construídos, muitas vezes em locais de pouca utilização no pós-Copa.

Diante de tais comentários, muitas vezes genéricos e pré-fabricados, a tendência é esquecer o mais importante: não importa todos esses chavões. É necessário que se analise a situação particular de cada país, para saber, então, quais seriam os impactos possíveis.

No caso da África do Sul, tendo em vista o seu passado recente de conquista da democracia, o principal benefício seria aquele de ordem social e psicológico, ficando todo o legado material um pouco de lado.

A África do Sul, apesar do fim do apartheid, ainda é um país com fortes traços de segregação e exclusão social. Os legados amargos do regime do apartheid ainda estão longe de serem esquecidos e superados. É por isso que um legado psicológico que promovesse um espírito de união nacional entre brancos e negros na África do Sul seria o maior dos feitos que a Copa poderia alcançar.

Muito bem. Até o momento, vemos uma África do Sul em festas, o show das vuvuzelas. Mas uma grande preocupação, que já foi levantada aqui nesta coluna no passado começa a aparecer muito precocemente. O desempenho negativo da seleção nacional da África do Sul.

Aqui mesmo no Brasil esse fenômeno sempre ocorre: o futebol faz as pessoas esquecerem seus problemas e ficarem felizes com a simples vitória do Brasil. Não é à toa que muitos líderes políticos incentivam, e muito, suas seleções.

Com a mais do que possível, ou provável, eliminação da África do Sul na primeira fase, esse efeito de esquecimento dos problemas pode ser invertido, e tornar-se um potencializador dos problemas existentes.

Não acho que o evento da copa será necessariamente prejudicado com a eliminação dos “bafana-bafana”. Mas tenho convicção de que o efeito moral do período pós-Copa será bem diferente em caso de sucesso ou não do time (entenda-se por sucesso um desempenho que dê orgulho ao povo, e não necessariamente a conquista da Copa).

O desempenho na Copa das Confederações, por exemplo, animou a população. Mas a eliminação precoce do time no evento principal, especialmente logo na primeira fase, pode por tudo a perder.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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III Conferência Nacional de Esporte e Lazer: intervir é preciso!

Era uma vez, um general que não deixava seus “colegas de farda” do QG em paz… Para ele, princípios e ética eram inegociáveis, e nada no mundo justificava abrir mão deles em nome de interesses políticos. Longe de se perceber “apolítico”, era daqueles poucos que sabiam discernir entre política e politicagem

Pois bem… Irritados com aquele general, puseram-se os demais a pensar uma maneira de retirá-lo do jogo… Pensa daqui, pensa dali e… Alguém traz uma ideia genial, logo aprovada por todos.

– Por que não envolver o general em uma guerra de mentirinha, camuflando-a de modo a parecer verdadeira a seus olhos? Assim pensaram e assim fizeram, e daquele dia em diante o general, crédulo na humanidade e absorto em sua importante missão, nunca mais os incomodou em suas ações e estratégias voltadas para o mundo da política real…

Lembrei-me dessa pequena estória por conta de alguns acontecimentos no campo esportivo… Estamos (quase) todos com as atenções voltadas para a África do Sul, não por conta dos problemas que a afligem e ao continente africano, mas sim pela Copa do Mundo de futebol que lá acontece, deixando em segundo plano tudo o mais… Das eleições presidenciais até outros assuntos do próprio universo esportivo, como a realização da III Conferência Nacional de Esporte e Lazer, organizada pelo Ministério do Esporte.

O modelo conceitual da Conferência não poderia ser mais bem desenhado: trata-se de ampliar a participação da sociedade civil organizada nas questões afetas à definição das políticas esportiva e de lazer brasileiras, trazendo para esse espaço aquilo que já se encontra enraizado na cultura política de outros campos/segmentos sociais, qual seja, a imperiosa necessidade da presença do controle social e da participação popular na definição das ações do poder público voltadas para a elaboração e execução de suas políticas.

Sua primeira edição, em 2004, deu-nos a impressão de que ela viria pra valer. Esporte, Lazer e Desenvolvimento Humano foi seu tema central. Experiência impar, dada a ausência quase que absoluta da tradição de espaços de construção coletiva e colegiada das decisões tomadas na história esportiva brasileira, mais acostumada com conferencistas que se recusavam a dialogar com o público, seja lá o sentido que queiram dar a esta expressão.

A segunda, em 2006, embora já carregasse o peso da desconfiança pela ausência de implementação das deliberações havidas por ocasião da 1ª, ainda mobilizaram municípios, estados e regiões em fases que antecederam sua etapa nacional, colocando todos refletindo sobre o sistema esportivo e de lazer brasileiros. Construindo o Sistema Nacional de Esporte e Lazer foi seu nome de batismo, expressando nele próprio o reconhecimento do atraso da área diante da mera constatação dos 18 anos que então completava o sistema nacional de saúde e os outros tantos da educação, ao lado de um debate no campo da cultura que já a colocava à frente da esfera esportiva.

A não realização de sua 3ª versão em 2008, ou mesmo em 2009, já anunciava algo pouco promissor. A falta de vontade política do Ministério do Esporte de dar vazão à construção das condições objetivas para a consecução das deliberações tomadas naquele fórum ficou evidente tanto com o simples enumerar das deliberações que vieram a se materializar em política de governo, quanto com o próprio anúncio do tema central da III Conferência, convenientemente pensada para 2010, ano eleitoral: Plano Decenal do Esporte e Lazer: 10 pontos em 10 anos para projetar o Brasil entre os 10 mais.

Aquilo que era central na 2ª Conferência se mistura a outros eixos de debate, numa clara perda de importância facilmente compreendida pela ausência de disposição dos senhores dos anéis de debaterem mudanças em uma estrutura que lhes vem servindo como se feita sob medida a seus interesses de manutenção do status quo… Quem se habilita a fazer um levantamento dos anos de empoderamento desses senhores à frente de suas entidades? É um acinte à lógica democrática!

O documento que a anuncia é forjado em uma matriz aparentemente ousada, mas tacanha quando revelada sua base paradigmática – a do alto rendimento – e sua perversa materialização em políticas de governo só não é percebida pelos… Que se envolveram na guerra de mentirinha, tal qual o general de nossa estorinha…

Se não ficarmos atentos, seremos vítimas de engodo, legitimando aquilo já decidido na guerra de verdade, na política real… Peguemos, por exemplo, a realização, em nosso país, da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, de cuja decisão participaram Fifa e CBF e COI e COB, respectivamente, bem como a política de financiamento do esporte desavergonhadamente voltada para o alto rendimento em detrimento da compreensão do direito ao acesso ao esporte e ao lazer por parte da sociedade brasileira… A quem duvida, convido a fazer uma breve análise da execução orçamentária do Ministério do Esporte desde sua criação até os dias atuais, triste constatação para quem acreditava na mudança…

Engodo, segundo o “Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa”, é “coisa com que se seduz alguém…”. Deixa-se engodar aquele que permite ser enganado com promessas vãs. Não podemos permitir sermos empulhados, alvos de zombarias…

Voltemos nossas atenções para o lócus da política concreta; reconheçamos o caráter conservador, retrógrado e reacionário do campo esportivo e a aliança com ele construída por setores aparentemente progressistas; identifiquemos no projeto Brasil potência esportiva o modelo que dá as costas às desigualdades sociais que nos fazem, aí sim, imbatíveis; reconheçamos em nossos jovens futebolistas, “pé-de-obra” vendida no mercado internacional da bola por empresários que nada ficam devendo aos donos de escravos de um passado não tão remoto como parece ser.

Mas também reconheçamos, lançando mão do princípio da contradição, o caráter não monolítico das instituições, buscando fortalecer seus setores dotados de postura contra-hegemônica capaz de subverter a relação de poder hoje configurada, única possibilidade de darmos sentido emancipatório ao processo de participação popular na construção da política esportiva e de lazer brasileira.

Que a resposta à pergunta sobre qual conferência queremos – a do engodo ou a da qualificação da participação popular/controle social na elaboração e execução de políticas de esporte e lazer – não só não deixe dúvidas quanto ao compromisso com a defesa da segunda premissa, como também contribua na mudança da correlação de forças historicamente presente no campo esportivo, condição indispensável para que, arejando-o, oxigenando-o, também nele possamos afirmar que a esperança venceu o medo.

Para interagir com o autor: lino@universidadedofutebol.com.br

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A Fifa e o Marketing de Emboscada

A emboscada é tão antiga quanto as batalhas. A partir do momento em que diferentes grupos começaram a entrar em combate, a emboscada foi adotada como estratégia.

A idéia da emboscada é simples. Se você tem um grupo forte e vai entrar em conflito contra um grupo fraco, você vai pra cima no combate direto. Se você tem um grupo fraco que vai entrar em combate contra um grupo forte, porém, você precisa adotar uma estratégia que permita anular a força do inimigo e fazer com que a situação lhe dê alguma vantagem no combate. Daí, então, você tenta a emboscada, que consiste em uma ação planejada que faz uso do elemento surpresa e das condições ambientais para colocar o inimigo em uma situação de inferioridade, mesmo que ele seja mais poderoso ou em maior número.

Para uma emboscada dar certo, ela precisa ser muito bem planejada, muito bem organizada e muito bem executada, além de ter que contar com uma certa dose de ingenuidade do inimigo. E foi tudo isso que a cervejaria holandesa Bavaria fez nessa Copa. Foi uma ação de marketing de emboscada primorosa.

Quando as câmeras do estádio que era palco de Holanda x Dinamarca mostraram o grupo de torcedoras holandesas trajando micro-vestidos alaranjados, ninguém que não fosse da Holanda imaginava que aquele era um grupo de torcedoras organizado por uma empresa. Aos olhos internacionais, era apenas um grupo de amigas que deveria ter viajado para a Holanda para festar durante a Copa do Mundo. Aos olhos da Fifa, era uma ameaça à Ambev, dona da Budweiser e patrocinadora oficial do evento. Tanto era uma ameaça que o grupo de meninas foi arrastado com certa violência para longe de suas cadeiras e levado a uma sala do estádio onde ficaram trancadas por algumas horas. Duas delas, supostamente as organizadoras e de fato as únicas holandesas do grupo, foram inclusive presas posteriormente, acusadas de infrigir a nova lei que a África do Sul criou para a Copa que torna o marketing de emboscada crime.

E foi aí, bem aí, que a Fifa caiu na emboscada armada pela Bavaria. A verdade é que se a Fifa não tivesse feito nada, ninguém ia saber que os vestidos que as meninas usavam eram parte de um brinde distribuído pela Bavaria na Holanda, afinal nem marca eles tinham – diferente das calças que a mesma empresa distribuiu em 2006 e que fez com que alguns torcedores tivessesm que assistir a um jogo da Holanda de cuecas. Mas como a Fifa tomou uma contra-medida desproporcional, algo que era previsível, o caso teve repercussão mundial, e os poucos milhares de euros gastos pela Bavaria na confecção dos vestidos e na contratação das meninas, se transformou em milhões de euros ganhos com exposição espontânea. A Fifa caiu como um patinho. A ação foi rápida, bem planejada e organizada, e o inimigo foi extremamente ingênuo. Típica emboscada.

Uma marca de jeans, que eu não sei qual é, tentou fazer a mesma coisa ao estender uma camisa gigante na torcida do Brasil durante o primeiro jogo. O programa Pânico também, aparentemente, colocou uma faixa na beira do gramado. Como não houve uma reação desproporcional, os casos não ganharam maior repercussão.

O da Bavaria não. Foi no ponto. Be-a-bá do marketing de guerrilha. Case de estudo para faculdades.

Pena que a cerveja é ruim.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br  

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Alto nível: como avaliar e formar jogadores – mini fórum com os leitores

Hoje (ou nesta terça), começa (ou começou, depende de quando o amigo ler esse texto) a Copa para o Brasil. Dunga diria que a copa começou à quase quatro anos, quando deu início ao seu trabalho a frente de seleção.

Planejamento, coerência, filosofia de trabalho e comprometimento são os termos da moda. Mas aproveitando o gancho de tão significativo evento, vamos refletir sobre alguns aspectos.

Se pela ótica da comissão técnica (e não desmereço nem critico esses pontos), dentre os critérios de escolha da seleção brasileira estava o comprometimento e o próprio desempenho técnico dentro da seleção brasileira, em maiores destaques do que o próprio desempenho técnico pelos clubes, pergunto: como se avalia um desempenho e o que esperamos de um jogador de seleção brasileira em termos de performance?

Se hoje o Brasil parou para ver a estréia da seleção, estamos em frente a jogadores de alto nível, de referencia mundial, lembrando novamente a frase de Phil Jackson que nem sempre os melhores jogadores formam o grupo mais forte, mas independente disso é um grupo de alto gabarito, ainda que alguns questionem.

Olhando para a formação de jogadores, e depois para uma seleção que representa o país numa Copa do Mundo, é inevitável pensarmos em como o Brasil prepara seu talento para que chegue a esses níveis.

E nesse ponto gostaria apenas de levantar algumas questões, haja vista que é necessário definir critérios para avaliar o desempenho de alto nível e adequá-los a processos de formação para que se desenvolva um projeto de formação de excelência. Assim, a pergunta é como avaliamos os jogadores de uma seleção? Quais os critérios e aspectos que a geração atual apresenta que devemos buscar nas próximas gerações?

Sim, a pergunta começa a ganhar uma nova perspectiva. E para o amigo que ainda me acompanha nesta leitura, trago um “balde de água fria”. Não tenho a respostas para tais perguntas.

“Brincadeira! Essa é boa… faz a pergunta e não responde” alguns podem dizer. Porém peço compreensão, pois a idéia é justamente discutir que passos devem ser seguidos, que processos devem ser implementados, aproveitando-me novamente da grande participação dos amigos com seus comentários e sugestões.

Tal pergunta pode ser direcionada na busca por uma diretriz de formação de jogadores. Não entro no mérito dos aspectos pedagógicos, de formação humana e geral que são imprescindíveis, mas quero me ater na formação final propriamente dita identificando potenciais jogadores para futuras Copas do Mundo, ou seja, já olhando para a ponta da pirâmide.

Como a análise de jogo, o scout, a análise de desempenho com o auxílio da ciência, da tecnologia e do conhecimento específico propriamente dito devem ser desenvolvidos e implementados na busca de novos jogadores.

Essa discussão será composta por alguns pontos ao longo das próximas semanas, (em tempo, na próxima fecharemos a discussão do tema copa 3D, conforme o prometido. Depois damos sequência ao tema apresentado hoje).

Como avaliar os jogadores de alto nível do ponto de viste técnico e tático
Como definir parâmetros para a formação de novos jogadores com base nessa avaliação
Como adequar tais parâmetros aos processos pedagógicos
Como intervir com base no desempenho técnico e tático de novos jogadores

Como o amigo pode perceber não é uma discussão superficial, por isso conto novamente com os comentários e participações de todos para abrirmos mais um mini fórum de discussão.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Acabou a notícia na seleção

A seleção brasileira está a duas semanas na África do Sul para a Copa do Mundo. E, agora, não resta mais nada para a imprensa do que rezar pela estreia do time brasileiro no Mundial. Porque notícia, de fato, não existe mais no Golf Park em que a equipe está hospedada.

O “quartel” que foi armado a pedido do técnico Dunga, e adotado pelos jogadores e diretoria de comunicação da CBF, tem feito com que a imprensa pressione cada vez mais os jogadores e o treinador da seleção.

Treinos fechados para a imprensa, entrevista coletiva com apenas dois jogadores e só. Esse é o roteiro da seleção brasileira na Copa do Mundo. Não muda nada. Todo dia é a mesma coisa. A insatisfação é total de quem participa da cobertura. Não é possível descobrir notícia nova, tudo é extremamente controlado e fechado. O jornalista não tem condição de apurar.

Do ponto de vista do gestor esportivo, apesar da geração de algumas crises, esse esquema ajuda a controlar a informação. Ninguém sai da linha, ninguém fala nada sem que os ouvidos da diretoria de comunicação da CBF estejam atentos para captar.

Ter o maior controle possível sobre a informação é uma das premissas da boa assessoria de imprensa. O problema é quando esse tipo de atitude é tomada em meio à cobertura de seleção brasileira, com cerca de 300 jornalistas diariamente nos treinos da equipe nacional.

Do jeito que está, os jornalistas não veem a hora de a bola rolar amanhã, contra a Coreia do Norte. Só assim a pauta vai conseguir mudar.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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O que o Direito Administrativo ensina ao futebol

Como lá se vão muitos meses e muitas colunas, começo a ter devaneios sobre os temas abordados em meus textos – a preocupação é não repetir.

Mas, nesse caso, concedo-me a licença para tal, na largada de minhas palavras.

Administrar é tomar decisões, segundo um professor de pós-graduação que, perdoe-me, apenas isso trouxe de positivo no módulo ministrado.

Mas que, para mim, foi excelente, posto que resumiu, genialmente, o que molda um administrador na condução dos negócios.

Numa empresa multinacional. Numa padaria na esquina. Num clube de futebol.

E toda decisão administrativa gerará consequências – mais ou menos importantes, mais ou menos acertadas, geniais ou estúpidas.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

O conjunto disso irá se transformar na chamada experiência – que não se ensina nos livros ou nos bancos de faculdade.

Nesse sentido, aproximemos essa idéia sobre decisões administrativas analogamente a Teoria dos Atos Administrativos – essa sim, bem vivida nas tribunas da Faculdade de Direito – em convergência com o futebol.

Ato administrativo é o ato jurídico que concretiza o exercício da função administrativa do Estado. Como todo ato jurídico, constitui, modifica, suspende, revoga situações jurídicas.

No dia-a-dia, ainda que sem formalidade documental, tomam-se decisões nos negócios que também concretizam as funções administrativas privadas, constituindo, modificando, suspendendo ou revogando situações.

E um dos principais aspectos da Teoria, nesse contexto abordado, é a distinção entre ato administrativo discricionário e ato vinculado.

Os atos discricionários são atos realizados mediante critérios de oportunidade, conveniência, justiça e eqüidade, implicando maior liberdade de atuação do tomador de decisão.

Os atos administrativos vinculados possuem todos os seus requisitos definidos em lei, portanto não se discute o mérito da decisão. O tomador de decisão não tem liberdade de atuação e está vinculado ao que dispõe a lei.

Obviamente que, num clube de futebol, a grande maioria das decisões é tomada num ambiente discricionário – comum a entidades privadas, que não são geridas estritamente pelos ditames legais em sua administração.

Aqui mora também, a maior parte do perigo, que favorece descaminhos e corrupção administrativa.

Ora, se o tomador de decisão não precisa seguir preceitos legais ou regulamentares em seus procedimentos e decisões, a margem discricionária lhe protegerá.

Exemplo: um jogador de 16 anos é reprovado após um período de um mês em avaliação no clube. Pergunta-se o porquê, mas a resposta nunca virá de um relatório detalhado com as razões da decisão tomada, muito menos quem a tomou.

Joga-se esse peso nas costas da instituição, pois isso isenta de responsabilidade a pessoa investida naquele cargo respectivo.

Ainda pior, como não há decisão formal, não há qualquer possibilidade de recurso formal – diferente do que ocorre na Administração Pública, sendo o ato discricionário ou vinculado, ele deve ser formalizado, para ser passível de recurso, segundo o objeto do ato.

Quem já abriu empresa ou algo parecido sabe que, preenchidos os requisitos legais para a expedição de um alvará, a decisão para concedê-lo é obrigatória. Se for negativa, deve estar escrita e fundamentada, para dar margem a recurso administrativo ou judicial.

Não se trata de defender a transformação dos clubes em repartições públicas.

Apenas levantar a discussão sobre a falta de racionalidade administrativa e normativa que vigora em nosso futebol, no que tange aos procedimentos e sua consequência.

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Copa do Mundo: palpite nada científico

Antes: escrevo este texto no dia 10 de junho (ou seja, antes do início dos jogos).

Nesta época de Copa do Mundo de futebol, muitos “bolões” andam circulando por aí. Como não participei de nenhum, resolvi aqui, dar meus palpites. E vejam, meus palpites não têm nenhuma sustentação científica, nada de pressentimento ou intuição. São apenas o que são: uma opinião solta e intrometida (afinal, ninguém me perguntou quais eram meus palpites!).

Então vejamos.

No grupo A, México e França serão os classificados. México em primeiro e França em segundo (mas vou torcer mesmo é para a África do Sul, quem sabe os franceses escorregam e pagam a conta daquele lance polêmico que os levaram à Copa).

No grupo B, Argentina em primeiro e pasmem, a Coréia do Sul em segundo (acho, e achar não é Ciência, que Nigéria e Grécia não terão boa “sorte”).

No grupo C, Inglaterra e EUA, com os ingleses passeando… Serão eles os primeiros colocados do grupo, seguidos da seleção norte-americana.

No grupo D, a Alemanha, desacreditada vai ficar em primeiro lugar. Em segundo… Em segundo a seleção de Gana.

No grupo E, Holanda em primeiro e Japão em segundo (será que vou errar feio?).

No grupo F, a Itália deve ter dificuldades com o Paraguai… Então, Paraguai em primeiro lugar e Itália em segundo.

No grupo G, a seleção brasileira vai ser a primeira colocada, seguida por Portugal.

No grupo H, um super “chute” para a segunda vaga, porque a primeira colocada vai ser a Espanha… Em segundo o Chile (com um pé zebrado na Suíça).

Nas oitavas, o México cai para a Coréia do Sul, a Inglaterra passa fácil pela seleção de Gana, a Holanda bate a Itália, o Brasil passa fácil pelo Chile, a França perde para a Argentina, os EUA perdem para a Alemanha, o Japão cai diante do Paraguai, e Portugal volta para casa depois de perder para a Espanha.

Nas quartas de final, se classificam Inglaterra, Holanda, Argentina e Espanha (claro que vou torcer para o Brasil vencer a “freguesa” Holanda – mas palpites são palpites…).

Nas semifinais, os espanhóis passam fácil pelos argentinos e a Inglaterra bate a Holanda. Resultado: na final, Inglaterra vs Espanha…

Para fechar, Inglaterra campeã, Espanha frustrada em segundo lugar, Holanda em terceiro e Argentina em quarto…

Acho (e apenas acho…), que é isso…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Previsões para a Copa

Se fosse para eu fazer uma previsão, eu diria que você fez uma previsão sobre quem vai ganhar a Copa. E se não fez por conta própria, a fez por que alguém pergunto pra você quem você acha que vai ganhar a Copa.

Todo mundo tem uma previsão sobre quem vai ganhar a Copa, porque quem está interessado nela tem opinião sobre quem é mais forte e quem é mais fraco. Ao não ter uma opinião pessoal sobre quem vai ganhar a Copa, ou você não está nem aí pra ela ou você não confia na sua capacidade intuitiva, que é o caso deste que lhe escreve.

A sua opinião sobre quem pode ou não ganhar a Copa se baseia em concepções em geral individuais influenciadas pelo sentimento coletivo. Afinal, se todo mundo tá dizendo que a Espanha é favorita, ela deve ser favorita mesmo. Ao mesmo tempo, tudo depende daquilo que você acha que influencia na qualidade de um time. Se você gosta de times que jogam pra frente, você vai achar que a Argentina é favorita porque o ataque tem um monte de atacantes famosos. Se você acha que ataque é bom mas o que manda é a defesa, você pode acreditar que o Brasil tem chances, uma vez que todo mundo diz que o Brasil tem a melhor zaga de todas.

No fundo, é tudo uma questão de metodologia. Justo aquela aula que você matava na faculdade porque, assim como OSPB, nunca serviu para muita coisa.

Como todo mundo tem um palpite, um monte de banco de investimento resolveu publicar sua própria previsão sobre quem vai ganhar a Copa. Afinal, se essas empresas conseguem prever quem vai ganhar a Copa, elas também podem prever qual é o melhor investimento para o nosso minguado dinheirinho. Pelo menos esse é o plano.

Tudo começou com o banco suíço UBS, que sempre divulga um estudo antes da Copa que é dividido em três partes: 1) Uma análise sobre a economia do país sede; 2) um estudo estatístico sobre quem vai ganhar a Copa; e 3) uma análise sobre a futura evolução da economia do país sede da próxima Copa. Para o UBS, o favorito ao título é o Brasil, com 22% de chances, seguido por Alemanha, Itália e Holanda, com 18%, 13% e 8% respectivamente. Seguindo uma metodologia que usa desempenhos históricos, o fato do time ser ou não país sede e a performance do time três meses antes da Copa, eles acertaram o vencedor da Copa passada, 50% dos semifinalistas, 75% dos times das quartas de final e 81% dos times das oitavas.

O Goldman Sachs, responsável por inventar o termo BRIC, faz uma análise detalhada de país por país e usa uma metodologia baseada no ranking da FIFA e em estatísticas de apostas para concluir, assim como o UBS, que o favorito é o Brasil, com 13,8% de chances. Em seguida vem Espanha, com 10,5%, Alemanha, 9,4%, e Inglaterra, 9,4%. É apenas a segunda vez que o Goldman Sachs faz esse tipo de estudo e não disse qual foi a margem de acerto em 2006, o que sugere que ela não deve ter sido muito boa.

O JP Morgan também usa dados de apostas e o ranking da FIFA para fazer sua previsão, adicionando tudo a uma fórmula matemática bem longa que leva em conta também a opinião de analistas, tendências do ranking da FIFA e da expectativa de resultados e os confrontos que o time terá na tabela. Tudo isso pra dizer que a Inglaterra será campeã numa final contra a Espanha e que a Holanda ficará em terceiro depois de ganhar a disputa com a Eslovênia. É. Eslovênia.

Simon Kuper e Stefan Szymanski, que são dois dos mais respeitados economistas na área do futebol, também divulgaram um estudo, que considera o tamanho da população de cada país, o PIB per capita, a experiência internacional e o fator de jogar em casa para concluir que o campeão será o Brasil em uma final contra a Sérvia, que terão eliminado Alemanha e Espanha nas semifinais, respectivamente.

É claro que tudo isso é chute. Os bancos de investimento não conseguiram nem prever a quebra do mercado de títulos imobiliários podres nos Estados Unidos e querem acertar quem é que vai ganhar a Copa. Não dá. É muito, muito complicado. Afinal, as variáveis são absurdas. Além disso, as metodologias utilizadas desconsideram falhas de juízes, escalações erradas, desarranjos alimentares e flertes com mulheres alheias. E isso tende a ter mais influência no resultado do que eu, você, ou qualquer fórmula matemática consegue imaginar.

Mas como é tudo chute mesmo, qualquer um pode dar, inclusive eu. Aqui vai, portanto, a minha leitura de até onde pode cada país ir:

Grupo A

África do Sul: Joga em casa, tem as vuvuzelas a favor e a retranca do Parreira. Bons ingredientes para passar da primeira fase em um grupo equilibrado. Vai até as quartas.

França: Geração fenomenal que começou em 1998 está chegando ao fim. Sem Zidane e com um técnico meio pinel, não passa da primeira fase.

México: Melhor seleção mexicana da história, fruto da explosão de popularização e estruturação do futebol no país pós-Copa de 1994. Chega às quartas.

Uruguai: Quase perdeu a vaga para a Costa Rica, que era treinada pelo René Simões. Não passa da primeira fase.

Grupo B

Argentina: Talvez o time mais desequilibrado de todos. Tem atacante de sobra, e quem ficar no banco vai reclamar e jogar zica nos outros. O meio-campo vai ficar sobrecarregado no Mascherano, que já vem de uma temporada pesada no Liverpool, e no Verón, que deveria ter se aposentado do futebol internacional há tempos. Como a zaga é velha e tem o Heinze, fica nas oitavas.

Coréia do Sul: A empolgação de 2002 está menor. Fica na primeira fase.

Grécia: Deu azar de pegar um grupo com dois ataques bem fortes. Talvez possa passar pra oitavas no lugar da Nigéria. Mas fica por aí.

Nigéria: Joga quase que em casa e vai mais na empolgação do que no juízo. Se bobear, perde a vaga pra Grécia. Fica nas oitavas.

Grupo C:

Argélia: Deu azar com o grupo. Vai na raça e pode incomodar a Inglaterra, mas deve ficar na primeira fase.

Eslovênia: Retranca é quase tudo em uma Copa. Quase. Fica na primeira fase.

EUA: Pode ser uma das grandes surpresas da Copa, com a primeira geração formada a dedo no pós-Copa de 1994. Não será absurdo se ganhar da Inglaterra e classificar em primeiro. Também não será absurdo se chegar à semifinal.

Inglaterra: Até tem um time razoavelmente bom. Mas a quantidade de jogos da temporada inglesa acaba com qualquer um. Não aguenta o tranco e fica nas oitavas.

Grupo D:

Alemanha: Transição de geração é sempre um problema. Basta ver que o Podolski pode ser titular. Não passa da primeira fase.

Austrália: Promete para 2014. Em 2010, deu azar no grupo. Fica na primeira fase.

Gana: Joga quase em casa e está acostumada com correria, vuvuzela e cartórios esquisitos. Se tivesse o Essien, ia longe. Como não tem, cai nas oitavas.

Sérvia: A Sérvia é o país que mais tem jogador profissional na Europa, depois de Brasil, França e Argentina. Passados mais 10 anos do Kosovo, é a primeira grande geração dos balcãs pós guerra. Deve surpreender bastante. Pode chegar à final.

Grupo E:

Camarões: Joga quase em casa e tudo mais. Mesmo com Eto’o arrebentado, pode ir até as quartas.

Dinamarca: Com Bendtner no ataque, imita o Arsenal. Fica no quase. Não sai da primeira fase.

Japão: O time até tem jogadores bons, mas parece estar em transição de gerações. Também fica pra 2014. Não passa da primeira fase.

Holanda: Se ninguém se quebrar, o que é comum, pode ser campeã pela primeira vez. Apesar de Robben e Sneijder terem passado por uma temporada bem pesada, Van Persie ficou meio tranquilão com uma lesão. Se tiver recuperado, tem tudo para ser o cara da Copa.

Grupo F

Eslováquia: Tem Skrtel e Hamsik, dois dos caras mais tatuados do futebol mundial. Deve se jogar no ataque. E quem faz isso em Copa tende a quebrar a cara. Fica na fase de Grupo.

Itália: O time era velho em 2006. Como conseguiu ganhar a Copa, um monte de gente ficou, e o time ficou ainda mais velho. Nã
o aguenta o tranco e fica nas oitavas.

Paraguai: Foi bem nas eliminatórias e vai bem na Copa. Só que fica nas oitavas.

Nova Zelândia: Só foi pra Copa porque o jogo político da FIFA mandou a Austrália pra AFC. Vai representar o resto do futebol da Oceania. Se não vale nada no War, tem poucas chances na Copa. Se fizer um gol, tá no lucro.

Grupo G

Brasil: Classifica fácil mas vai sofrer mais pra frente. Os principais jogadores estão desgastados e a arbitragem deve pesar contra. Fica nas quartas, onde deve pegar a Holanda e se complicar.

Coréia do Norte: Se o time não tiver sido criado num laboratório nuclear enfiado 300 metros pra baixo do solo, vai passear. Pelo menos uma vez na vida, os jogadores vão poder fazer isso. E vão se dar por satisfeitos.

Costa do Marfim: Se o Drogba se recuperar da lesão a tempo, vai longe. Se não, vai incomodar mesmo assim. Joga quase em casa e quase chega à final. Fica na semi.

Portugal: Deu azar de cair num grupo forte e de perder o Nani. Sem ele, o time enfraquece. C. Ronaldo sozinho não consegue levar um time velho pra frente. Cai na primeira fase.

Grupo H

Chile: Bielsa é maluco e o grupo é relativamente fácil. Se não bobear contra a Suíça, passa de fase, mas fica nas oitavas contra o Brasil.

Espanha: Nenhum time que ganhou a Eurocopa conseguiu ganhar a Copa do Mundo seguinte. A Espanha não vai ser diferente. O pico da geração passou. Cai contra a Costa do Marfim nas oitavas.

Honduras: Como ninguém sabe como é que ela conseguiu chegar até aqui, daqui um tempo ninguém vai conseguir se lembrar que ela participou da Copa. Fica na primeira fase.

Suíça: O time foi formado pra não passar vergonha na Euro 2008. Passou. Apesar de ser o time da casa do Blatter, fica na primeira fase.

Em 2006 eu também fiz uma projeção. Acertei que a Itália seria campeã, mas apostei forte em Togo e achei que o Brasil chegava à final. Ou seja, a probabilidade eu errar é grande. Depois da Copa eu retomo a análise.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br  

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Impactos da Copa 3D: a compreensão do jogo

Olá amigos. Na última semana discutimos os impactos da Copa 3D sobre os pontos de vista da sociabilidade.

No texto de hoje, gostaria de refletir com enfoque na percepção e identificação das imagens como ferramentas que podem ser úteis para a formação de jogadores.

Visão:

Para os atletas, a visualização das imagens 3D podem se configurar numa eficaz ferramenta de feedback, auxiliando na compreensão do jogo e consequentemente nos ajustes a aprimoramento de desempenho.

Todo trabalho, em qualquer segmento que seja, necessita ser avaliado para direcionamento dos rumos e ações futuras. No esporte não é diferente. Aliás, o papel desta avaliação é de extrema importante.

O feedback no futebol pode ser feito de diferentes maneiras, todas elas não excludentes, pelo contrário, a complementaridade entre as formas de análise permitem um aprofundamento proveitoso do processo.

O feedback mais imediato que ocorre é o do próprio atleta (Franks, 1996), no qual obtém uma percepção sensório-motora das ações realizadas, e ele próprio consegue identificar alguns possíveis pontos para melhoria.

É imprescindível que o atleta seja estimulado para tirar proveito desse feedback. (em um texto futuro abordaremos a questão do feedback mais especificamente).

Existe ainda o feedback dos colegas de equipe, que identificam e verbalizam sejam em formas de cobranças ou de orientações.

O feedback do técnico, é uma das formas de avaliação imprescindível para a busca do aprimoramento e ele pode ser feito de diferentes maneiras, seja com orientações sobre pontos de vistas técnicos, seja por posicionamento frente a ações extra campo. Enfim, podem se encaixar com as ditas filosofias de trabalhos de cada treinador.

Umas das possibilidades que podem ser dirigidas pelo treinador, mas que não dependem dele unicamente e talvez esse seja um dos pontos no qual o futebol brasileiro precisa evoluir (jogadores mais autônomos em relação aos seus técnicos, mas isso também é assunto para outro texto), é o feedback através das imagens.

E talvez aí as imagens em 3D podem trazer contribuições significativas para que os atletas visualizem com mais precisão as ações desempenhadas ou pretendidas por ele e/ou equipe e comissão técnica.

A imagem em 3D oferece uma perspectiva importante para que o atleta possa se visualizar, no fato em análise, sem a famosa dúvida que fica quando os técnicos mostram imagens e rabiscos em pranchetas cheias de informações não compreendidas.

A noção 3D permite uma vivência mais próxima das imagens do jogo, podendo resgatar feedbacks sensoriais importantes, lembrando o que diz McLuhan: os primeiros impactos das imagens são sempre sensoriais e depois somente tornam-se racionais, mas esse ciclo é o que permite a racionalização com compreensão.

Na próximo texto daremos sequência aos impactos da Copa 3D tratando das dificuldades de compreensão das imagens. Se por um lado elas podem ajudar enquanto feedback para o atletas, que dificuldades podem surgir?
 

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br