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O Serviço de “Inteli-tátic-gência” atuando no futebol

Um “Serviço de Inteligência” é em geral um departamento de governo voltado para a defesa do “Estado” (de sua sociedade, poder e soberania). Seu trabalho se dá através da captação, interceptação e aquisição de informações que podem auxiliar em ações inteligentes que garantam maior eficácia e sucesso na atuação do próprio “Estado”. Alguns Serviços de Inteligência ficaram muito famosos através da indústria do cinema (exemplos disso são o Serviço de Inteligência dos Estados Unidos (a CIA) e o da antiga União Soviética (a KGB)).
 
Ter posse de certas informações é privilégio e obrigação que nenhuma nação pode abrir mão. Por isso, seja a Abin no Brasil, a CIA nos Estados Unidos, a Mossad em Israel, ou MI6 no Reino Unido, não há nos dias de hoje “Estado”, que ao buscar soberania, autonomia e ordem possa abrir mão de estruturar um Serviço de Inteligência.
 
E se a informação é importante aos Estados, também é para qualquer instituição em diversos e diferentes níveis de operação. E como não poderia deixar de ser, é crucial e determinante também no futebol (necessidade máxima!).
 
Mas será que as equipes, em especial no Brasil, estão preparadas para tal necessidade?
 
Será que estão estruturadas para coletar, interceptar e adquirir informações? (e mais: será que, antes mesmo de ter a informações, as equipes de futebol estão preparadas para receber tais informações?)
 
Bom, existe no futebol um discurso de que não mais é possível preparar estratégias para surpreender os adversários, pois “nesse mundo globalizado, com internet e transmissões de jogos e treinos ao vivo tudo se sabe”. No máximo um “treininho a portas fechadas” para ensaiar jogadas secretas.
 
É por isso que no futebol, antes mesmo de se pensar em um “Serviço Futebolístico de Inteligência” é preciso encontrar pessoas inteligentes (que vão atuar no campo, nos vestiários, no departamento de finanças, marketing, etc.) para saber quais informações buscar e como aproveitá-las de maneira, digamos, inteligente (e como a inteligência é algo circunstancial, ainda tenho esperanças…).
 
Não adianta ter a CIA a disposição se não houver capacidade de entender que informação é “inteligência” e não “produção de relatórios coloridos impressos para serem deixados sobre a mesa” – algo comum, e que talvez só perca para a pequena confusão que se faz entre serviço de inteligência (ou informação) com serviço de informática – fico só imaginando; ao invés de Agência Central de Inteligência (CIA), “Agência Central de Informática”, ou ao invés de Agência Brasileira de Inteligência (Abin), “Agência Brasileira de Informática”. É só ter alguns computadores sobre a mesa, uma impressora e telefone que logo o que deveria ser serviço de inteligência e informação se transforma, aos olhares desavisados, em serviço de informática.
 
Nada contra a informática, pelo contrário, mas confundir uma coisa com a outra é a mesma coisa de apertar parafuso com o dedo e rosquear botão de “power” com chave de fenda.
 
Interessante como o mundo evolui e o futebol, sob algumas perspectivas, teima em não acompanhar (“a gente tá na lanterna, do tempo que virá”). É claro que isso não cabe para todo mundo. Mas como poucos entendem realmente porque essa ou aquela equipe vence, ou porque esse ou aquele projeto dá certo, cada vez mais quem vence e dá certo vencerá mais e dará mais certo. Quando os outros acordarem, já terão levado embora a mesa do café da manhã e do almoço.
 
Muitas são as informações que em diversas esferas podem colaborar para o sucesso de uma equipe dentro de campo (e fora também).
 
Imaginemos por exemplo, um treinador, que ao entrar em campo sabe detalhes longitudinais de avaliações físico-técnico-táticas-mentais dos jogadores adversários, seus históricos e características; imaginemos a possibilidade de que seus jogadores possam conhecer exatamente o perfil do árbitro responsável pela partida, suas características, comportamento e padrões, e a partir disso definir certas estratégias de atuação; imaginemos que ele (o treinador) possa quase que prever quais serão as condutas do treinador adversário de acordo com cada situação do jogo, decisões e alterações; e que ele (o treinador) ainda conheça tudo sobre o ambiente do jogo e saiba exatamente o que dizer nas entrevistas pré e pós partida, de maneira planejada, e de forma que isso possa se reverter a favor de sua equipe. Quanto amplificadas ficariam as chances de vencer?
 
Seja qual for a esfera; do Gerente Executivo na sala de administração de um departamento profissional ao jogador de futebol dentro do campo, a informação privilegiada é fator determinante do êxito ou do fracasso.
 
Hoje, o VENCER o jogo dentro de campo taticamente começa fora do campo, com inteligência, com informações que “evitem tiros e economizem balas pegando o bandido antes dele agir”.
 
E para não parecer apenas um devaneio, posso dizer que os Serviços de Inteligência no futebol já existem (ainda que sejam pouquíssimos). E com maior ou menor competência e “inteligência” têm colaborado para que os êxitos de algumas equipes nas competições e na sua saúde financeira não sejam “anarquias do acaso”.
 
UMA DEIXA
 
Tive o privilégio de acompanhar de perto o trabalho do mais competente, inteligente e criativo Serviço de Inteligência voltado para o futebol que existe no Brasil (não tenho dúvidas que em breve será o mais completo e inteligente dentre todos de todos os continentes, com um banco de informações fabuloso – não estou exagerando – será o MI6 do futebol). Logo vamos ouvir falar dele.
 
Porém, por enquanto, como todo Serviço de Inteligência que se preze, faz um trabalho quase secreto (e também por enquanto, vai ficar assim).
 
Como está no futebol, obviamente, com freqüência é confundido com serviço de informática. Mas como ressaltam os “agentes” “Dyandrady”, “O Bald” e “Sugarfree” (do mencionado Serviço de Inteligência), faz parte da estratégia permitir essa “confusão”.
 
É que no final eles sabem que o que precisam mesmo, é repassar a informação para quem pode recebê-la. E quem pode sabe bem a diferença entre o que é importante e o que é relevante, entre o que é prioridade e o que é emergencial, entre inteligência e informática.
 
Então como canta Lulu Santos; “Olha meu bem o céu; Vê quanta luz, quanta estrela; Quase todas mortas; Só não é chegado para nós o tempo que se apagarão; A gente tá na lanterna, do tempo que virá”.
 

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O Serviço de "Inteli-tátic-gência" atuando no futebol

Um “Serviço de Inteligência” é em geral um departamento de governo voltado para a defesa do “Estado” (de sua sociedade, poder e soberania). Seu trabalho se dá através da captação, interceptação e aquisição de informações que podem auxiliar em ações inteligentes que garantam maior eficácia e sucesso na atuação do próprio “Estado”. Alguns Serviços de Inteligência ficaram muito famosos através da indústria do cinema (exemplos disso são o Serviço de Inteligência dos Estados Unidos (a CIA) e o da antiga União Soviética (a KGB)).
 
Ter posse de certas informações é privilégio e obrigação que nenhuma nação pode abrir mão. Por isso, seja a Abin no Brasil, a CIA nos Estados Unidos, a Mossad em Israel, ou MI6 no Reino Unido, não há nos dias de hoje “Estado”, que ao buscar soberania, autonomia e ordem possa abrir mão de estruturar um Serviço de Inteligência.
 
E se a informação é importante aos Estados, também é para qualquer instituição em diversos e diferentes níveis de operação. E como não poderia deixar de ser, é crucial e determinante também no futebol (necessidade máxima!).
 
Mas será que as equipes, em especial no Brasil, estão preparadas para tal necessidade?
 
Será que estão estruturadas para coletar, interceptar e adquirir informações? (e mais: será que, antes mesmo de ter a informações, as equipes de futebol estão preparadas para receber tais informações?)
 
Bom, existe no futebol um discurso de que não mais é possível preparar estratégias para surpreender os adversários, pois “nesse mundo globalizado, com internet e transmissões de jogos e treinos ao vivo tudo se sabe”. No máximo um “treininho a portas fechadas” para ensaiar jogadas secretas.
 
É por isso que no futebol, antes mesmo de se pensar em um “Serviço Futebolístico de Inteligência” é preciso encontrar pessoas inteligentes (que vão atuar no campo, nos vestiários, no departamento de finanças, marketing, etc.) para saber quais informações buscar e como aproveitá-las de maneira, digamos, inteligente (e como a inteligência é algo circunstancial, ainda tenho esperanças…).
 
Não adianta ter a CIA a disposição se não houver capacidade de entender que informação é “inteligência” e não “produção de relatórios coloridos impressos para serem deixados sobre a mesa” – algo comum, e que talvez só perca para a pequena confusão que se faz entre serviço de inteligência (ou informação) com serviço de informática – fico só imaginando; ao invés de Agência Central de Inteligência (CIA), “Agência Central de Informática”, ou ao invés de Agência Brasileira de Inteligência (Abin), “Agência Brasileira de Informática”. É só ter alguns computadores sobre a mesa, uma impressora e telefone que logo o que deveria ser serviço de inteligência e informação se transforma, aos olhares desavisados, em serviço de informática.
 
Nada contra a informática, pelo contrário, mas confundir uma coisa com a outra é a mesma coisa de apertar parafuso com o dedo e rosquear botão de “power” com chave de fenda.
 
Interessante como o mundo evolui e o futebol, sob algumas perspectivas, teima em não acompanhar (“a gente tá na lanterna, do tempo que virá”). É claro que isso não cabe para todo mundo. Mas como poucos entendem realmente porque essa ou aquela equipe vence, ou porque esse ou aquele projeto dá certo, cada vez mais quem vence e dá certo vencerá mais e dará mais certo. Quando os outros acordarem, já terão levado embora a mesa do café da manhã e do almoço.
 
Muitas são as informações que em diversas esferas podem colaborar para o sucesso de uma equipe dentro de campo (e fora também).
 
Imaginemos por exemplo, um treinador, que ao entrar em campo sabe detalhes longitudinais de avaliações físico-técnico-táticas-mentais dos jogadores adversários, seus históricos e características; imaginemos a possibilidade de que seus jogadores possam conhecer exatamente o perfil do árbitro responsável pela partida, suas características, comportamento e padrões, e a partir disso definir certas estratégias de atuação; imaginemos que ele (o treinador) possa quase que prever quais serão as condutas do treinador adversário de acordo com cada situação do jogo, decisões e alterações; e que ele (o treinador) ainda conheça tudo sobre o ambiente do jogo e saiba exatamente o que dizer nas entrevistas pré e pós partida, de maneira planejada, e de forma que isso possa se reverter a favor de sua equipe. Quanto amplificadas ficariam as chances de vencer?
 
Seja qual for a esfera; do Gerente Executivo na sala de administração de um departamento profissional ao jogador de futebol dentro do campo, a informação privilegiada é fator determinante do êxito ou do fracasso.
 
Hoje, o VENCER o jogo dentro de campo taticamente começa fora do campo, com inteligência, com informações que “evitem tiros e economizem balas pegando o bandido antes dele agir”.
 
E para não parecer apenas um devaneio, posso dizer que os Serviços de Inteligência no futebol já existem (ainda que sejam pouquíssimos). E com maior ou menor competência e “inteligência” têm colaborado para que os êxitos de algumas equipes nas competições e na sua saúde financeira não sejam “anarquias do acaso”.
 
UMA DEIXA
 
Tive o privilégio de acompanhar de perto o trabalho do mais competente, inteligente e criativo Serviço de Inteligência voltado para o futebol que existe no Brasil (não tenho dúvidas que em breve será o mais completo e inteligente dentre todos de todos os continentes, com um banco de informações fabuloso – não estou exagerando – será o MI6 do futebol). Logo vamos ouvir falar dele.
 
Porém, por enquanto, como todo Serviço de Inteligência que se preze, faz um trabalho quase secreto (e também por enquanto, vai ficar assim).
 
Como está no futebol, obviamente, com freqüência é confundido com serviço de informática. Mas como ressaltam os “agentes” “Dyandrady”, “O B
ald” e “Sugarfree” (do mencionado Serviço de Inteligência), faz parte da estratégia permitir essa “confusão”.
 
É que no final eles sabem que o que precisam mesmo, é repassar a informação para quem pode recebê-la. E quem pode sabe bem a diferença entre o que é importante e o que é relevante, entre o que é prioridade e o que é emergencial, entre inteligência e informática.
 
Então como canta Lulu Santos; “Olha meu bem o céu; Vê quanta luz, quanta estrela; Quase todas mortas; Só não é chegado para nós o tempo que se apagarão; A gente tá na lanterna, do tempo que virá”.
 

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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A Timemania e a isonomia dos clubes

Como já é de amplo conhecimento dos leitores da Universidade do Futebol, este ano está previsto o lançamento da loteria federal conhecida como Timemania, que auxiliará, dentre outras coisas, os clubes de futebol a saldarem suas dívidas com a Receita Federal, INSS e FGTS.
 
Como também já explicamos anteriormente, de acordo com o Decreto n. 6.187/07, determinados clubes foram escolhidos com base em um critério objetivo criado pelo Governo Federal para que cedessem suas imagens, logo, hino, etc, ao governo, em troca de percentual na arrecadação da loteria.
 
Também foi facultado aos clubes parcelarem suas dívidas com aquelas autoridades públicas (Receita, FGTS e INSS) em até 240 meses, o que possibilitaria a obtenção das necessárias Certidões Negativas (ou positivas com efeito de negativas).
 
Diante desse cenário, tivemos a oportunidade de opinar acerca da possibilidade de outras agremiações terem acesso à Timemania, além daquelas já elencadas no Decreto.
 
Entendemos que, pelo princípio da isonomia, os clubes poderiam pleitear eventual possibilidade de parcelamento de suas dívidas da mesma forma que os clubes elencados pelo Governo Federal. A princípio não existe diferença suficiente entre o grupo de clubes da Timemania e os demais clubes brasileiros que permitissem o Governo de realizar essa distinção.
 
Ressalte-se que, em nossa opinião, uma vez tendo sido estabelecido o critério, os demais não teriam o direito de participar da loteria, mas, tão somente, do benefício do parcelamento de débitos previsto no decreto em questão.
 
Aliado a essa opinião legal, transmito também minha discordância com o critério estabelecido pelo Governo. Nitidamente, a escolha foi feita de forma que os clubes que possuissem mais dívidas (aqueles tradicionais) fosse incluídos, não beneficiando, portanto, aqueles novos clubes, organizados, e com suas contas em dia.
 
De toda forma, em termos legais, temos que os clubes que não preenchem os requisitos legais, não teriam efetivamente chances de participar do concurso.
 
Essa semana, foi noticiado na mídia um caso envolvendo o Brasil de Pelotas que, aparentemente, teria pleiteado em juízo a inclusão na Timemania sem preencher os requisitos legais.
 
Em sede de liminar, o Superior Tribunal de Justiça indeferiu o pedido do clube. Segundo foi veiculado, o STJ, na pessoa do Ministro Raphael de Barros Monteiro Filho, não entendeu que existiam os pressupostos para a concessão da liminar. A linha de argumentação do ministro, bem como o exato pedido do clube gaúcho, entretanto, não foram divulgadas.
 
Caso o clube tenha pedido a inclusão do clube no prognóstico, temos nossa opinião confirmada pelo STJ. Resta saber se o clube também pedirá, de forma alternativa, a inclusão no benefício do parcelamento, e qual será o posicionamento do Judiciário.
 

Temos que acompanhar com atenção esse desenrolar, para informar aos nossos leitores as tendências de nossos tribunais com relação a essa questão.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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Round One, Fight!

Uma das minhas primeiras contribuições aqui para a Universidade do Futebol foi sobre o caso Charleroi e o seu possível impacto no mundo do futebol. No caso, o Royal Charleroi, um clube belga, levou a Fifa à justiça por conta da contusão de um dos seus principais jogadores, Abdelmajid Oulmers, em um amistoso da seleção marroquina contra Burkina Faso. Devido à contusão, o Charleroi não conseguiu se classificar para a Champions League e acabou deixando de ganhar uma soma considerável de dinheiro. Como alguém tinha que pagar a conta, o Charleroi foi pra justiça.
 
Sabendo do caso, o G-14 não perdeu tempo e correu pra apoiar o Charleroi, afinal o julgamento seria no mesmo país que revolucionou o mundo do futebol com o Caso Bosman. E se no Caso Bosman o caso se resumia a jogadores querendo mais poder dentro do sistema do futebol, o caso Charleroi fazia o mesmo para os clubes. A idéia por trás do intenso apoio do G-14 ao caso era tirar mais poder da Fifa e outras federações e fazer com que elas passassem a levar os clubes mais em conta. A Fifa estava começando a ganhar muito dinheiro, e os clubes, como legais detentores dos contratos dos jogadores, queriam a sua parte. Queriam dinheiro e poder.
 
Com as armas em punho, clubes e federações foram à luta. Uma longa e complicada luta. Oulmers se machucou em novembro de 2004. Três anos e dois meses depois, soou o gongo final. E ninguém sabe direito quem ganhou.
 
Anteontem, Fifa, Uefa e os principais clubes da Europa por fim chegaram a um acordo, ainda a ser consolidado, que basicamente acarreta na dissolução do G-14 e na fundação de um novo órgão de governança, chamado de Associação Européia de Clubes (European Club Association), que será constituído por mais de 100 clubes de todas as 53 associações reconhecidas pela Uefa. A organização será reconhecida tanto pela Fifa quanto pela Uefa, mas funcionará de forma independente.
 
Teoricamente, é um claro sinal do aumento do poder dos clubes de futebol em relação às federações nacionais e internacionais, o que na verdade pode ser entendido como a racionalização do sistema mercantil dentro do ambiente do futebol. Faz todo o sentido clubes terem o direito de poder se sentar à mesa junto com os órgãos governamentais e demandar que parte do bolo seja repartido também com eles.
 
Entretanto, uma das grandes ameaças do G-14 ao sistema atual era a criação de uma liga européia de clubes independentes, o que certamente alteraria todo o cenário atual e possivelmente enfraqueceria os órgãos reguladores. Com o acordo a ser selado, essa possibilidade praticamente deixa de existir, uma vez que o novo órgão dificilmente manterá a coesão e solidez do G-14, além de aparentemente se tratar de uma ação amigável entre todas as partes.
 
A independência dos maiores clubes europeus era a maior ameaça que existia para o império global da Fifa, e consequentemente da Uefa. Talvez por isso que Blatter e Platini tenham saído com um sorriso tão grande da reunião e anunciado que “uma coisa muito especial aconteceu”. Alguns analistas dizem que a formação da Associação Européia de Clubes é o acontecimento político mais importante desde a formação da própria Uefa.
 
Difícil acreditar que o G-14 deixe de exercer o seu poder dentro da nova associação e que clubes menores consigam impedir que clubes maiores acabem tomando decisões que os favoreçam. Além disso, não dá pra ser preciso em afirmar que os clubes vão ganhar ou perder poder com a criação da Associação e com a dissolução do G-14, uma organização cuja capacidade de coesão interna dificilmente poderá ser nivelada pelo novo órgão criado. Pode ser uma jogada da Fifa e pode também ser uma jogada dos clubes. Como os objetivos dos dois lados continuarão conflitantes, é ingenuidade acreditar que as medidas pacificarão os conflitos existentes. O tempo vai dizer quem ganhará a queda de braço.
 

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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A fé é cega

Kaká é indiscutivelmente o melhor do mundo. Já falamos sobre isso em outras colunas, já lembramos todas as características que fazem dele o craque do momento. Bom moço, boa família, bom caráter, cabeça no lugar, desempenho dentro de campo insuperável.
 
Mas Kaká não é perfeito, apesar de mais uma atuação sua no último domingo pelo Milan ter sido simplesmente digna de nota máxima.
 
A promoção de Kaká a melhor jogador do mundo ampliou ainda mais a mídia sobre ele, que já era gigantesca desde o gol que decidiu o título do Rio-São Paulo de 2001 para o São Paulo e alçou o então Cacá ao estrelato no futebol do Brasil.
 
Hoje, tudo o que Kaká faz torna-se motivo de manchetes nos jornais do mundo inteiro. Obviamente sem o frenesi de David Beckham, mas tão impactante quanto o meia do LA Galaxy e futuro astro de Hollywood. Por conta dessa mídia exacerbada sobre ele, Kaká não pode escorregar em nenhuma coisa que faz.
 
E Kaká, cada vez mais, parece que não dá motivo para escândalos e destruição de sua imagem. Não há noitada regada a mulheres e bebida. Não há nem mesmo comparecimento a festas em que estejam presentes celebridades do mundo da moda de Milão.
 
Kaká é avesso à badalação. É um cara família, caseiro, daqueles que, se não fosse jogador de futebol, iria ser o típico pai de família de classe média. Assim como é seu Bosco, o pai de Kaká. Mas dessa união familiar de Kaká pode surgir, hoje, o grande problema para a imagem do melhor jogador do mundo na atualidade.
 
Não por maldade, muito menos por falta de caráter, mas por fé.
 
Kaká nunca escondeu sua devoção a Jesus Cristo. Desde a maneira como celebra seus gols, erguendo as mãos aos céus como se estivesse sendo abençoado por mais uma conquista, até à celebração de Ano Novo na igreja que o acolheu, confortou e ajudou no momento mais difícil da vida, quando corria o risco de ficar paraplégico.
 
O problema é que a igreja que Kaká sempre freqüentou, ajudou e ajuda até hoje está envolvida num escândalo mundial de lavagem de dinheiro. Seus fundadores, o casal Hernandes, são acusados ainda de estelionato e falsidade ideológica, estando atualmente presos nos Estados Unidos.
 
A fé de Kaká o permite que acredite na inocência de Sonia e Estevam Hernandes. Tanto que o atleta já declarou publicamente apoio incondicional a ambos. Afinal, a família de Kaká sempre esteve próxima de ambos, por amor ao filho, por crença em Jesus Cristo, assim como outros milhões em todo o mundo.
 
Só que, hoje, para o bem de sua profissão e sossego, Kaká deveria manter sua imagem afastada da igreja. Isso não significa abandoná-la, muito menos publicamente mostrar repulsa à religião. Afinal, isso não combina nada com ele. Assim como um escândalo de lavagem de dinheiro, estelionato e falsidade ideológica.
 
Mas Kaká, por ter uma família tão bem estruturada, é o único jogador eleito o melhor do mundo na última década que não tem um staff de profissionais auxiliando-o no gerenciamento de sua imagem. Sempre saiu do bom senso de sua família e dele mesmo as principais decisões de como fazer para sempre ser visto como o craque que é.
 
Só que a fé é cega. E, hoje, essa fé pode prejudicar a imagem de um jogador, que até então, parece ter tudo para ser um dos mais completos da história do futebol mundial.
 

Kaká pode ser visto como um menino ingênuo que se meteu numa fria. Mas hoje seria muito melhor que ele orasse de casa mesmo. Só para não dar mais trela a um caso que, hoje, é questão para ser resolvida pelas polícias do Brasil e dos Estados Unidos.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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O futebol de influência: Controlar ou dominar o jogo? Eis a questão

(2ª parte)
 
Na primeira parte desse texto discutimos os conceitos de “futebol dominante”, “futebol de controle” e “futebol de influência”. Vimos que o futebol dominante de Van Gaal poderia se enquadrar (aportuguesando o termo) em uma das formas do futebol de controle, e que esse preconiza o controle das ações do jogo por meio do controle do adversário. Por fim, iniciamos a discussão sobre o futebol de influência desenvolvendo a idéia de que a partir dele buscar-se-ia controlar o adversário por meio do domínio do jogo (e não o contrário – controlar o adversário para dominar o jogo).
 
Para entendermos melhor o futebol de influência, recorramos a uma questão do jogo que, obviamente, não pode ser desvinculada de todo o contexto do jogo, mas que didaticamente receberá exclusivo olhar: a questão física.
 
Inúmeros são os estudos que ao longo dos anos vêm apontando para a distância percorrida por atletas e equipes, em diferentes níveis, durante as partidas.
 
Pesquisas mais recentes apontam que jogadores correm por volta de 10,5 km (chegando a 14 km em alguns casos) em um jogo. Aproximadamente 65% dessa distância são percorridos em baixa intensidade e 4,5% dela são percorridos em altíssima intensidade (com sprints em distâncias que variam entre 5 a 50 metros).
 
Dados da década de 90 apresentavam pequenas diferenças nesses valores, chamando a atenção o fato de apontarem que a distância percorrida em baixa intensidade era maior se comparada aos dados dos estudos mais recentes (a distância percorrida em baixa intensidade chegava a 71%).
 
Sem que seja necessário aprofundamento nessas informações, é notório que, ainda que os volumes totais das distâncias percorridas nas partidas não tenham alterações alargadas, algo promoveu a diminuição do volume percentual referente as distâncias percorridas em baixa intensidade.
 
É claro que se algo aconteceu, aconteceu com o jogo de tal forma que as equipes que demoraram mais a se enquadrar as novas realidades possivelmente tenham também demorado mais a ter êxitos em suas partidas.
 
E se isso é verdadeiro para a questão física, é também para as questões técnicas, táticas e mentais. Em outras palavras: se uma equipe for mais intensa fisicamente, será também taticamente (com posicionamentos mais eficientes, transições mais rápidas, combates mais eficazes, ultrapassagens mais constantes, etc.), tecnicamente (com volume maior de passes, desarmes, finalizações, acertos, etc.) e mentalmente (com maior intensidade de concentração, controle, etc.). E nesse contexto, demorar a se adaptar significa também demorar a estar em condições de jogo.
 
Então, compreendendo o que realmente acontece no jogo (intensidades, volumes, densidades, freqüências e durações, sob o ponto da complexidade e contexto do jogo), é possível treinar como se joga a partir de um jogar como se treina, criando um novo nível para o jogar e a partir daí estratégias em um novo nível para o treinar.
 
Em outras palavras, é como se, ao buscar treinar o como se joga, se partisse de um novo jogar:

 
Projetando um jogo no nível (A+1) técnico-tático-físico-mental será possível configurar um novo nível de treino, não havendo limites para buscar, a cada vez que se consiga dominar o novo nível do jogo, influenciá-lo para se alcançar novos níveis para o jogar (nível A+1, A+2, …, A+n).
 
Essa é a idéia do “futebol de influência”: dominar o jogo, influenciá-lo, alterá-lo, alcançar novo nível para o jogar e controlar o adversário.
 
E se para alguns de nós esse conceito pode parecer uma “viagem na maionese”, finalizo, para que ninguém derrape na curva, com uma frase do sociólogo alemão Max Weber que diz que “o homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível”.
 
O que você quer para você? Reforçar os possíveis de sempre ou se arriscar a mudar alguma coisa no “seu futebol-mundo”?

Para interagir com o colunista: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:

Controlar ou dominar o jogo? Eis a questão (1ª parte)

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O que vem em 2008

Passado 2007, abre-se 2008. Pois bem. Afinal, o que esperar desse ano de Olimpíadas, fora as incontáveis reportagens sobre a super-ultra-mega potência do Oriente? Mais especificamente, o que esperar desse ano no meio futebolístico? Ainda mais objetivamente, o que esperar de 2008 no mundo industrial do futebol, que por fim é o assunto deste que lhe escreve?
 
Ah, feliz 2008, antes que eu me esqueça.
 
Mundialmente falando, pouco deve mudar. Grandes clubes e ligas ficarão ainda maiores, clubes menores e ligas menores continuarão no seu lento processo de enforcamento financeiro, rumando cada vez mais para o fundo do poço.
 
Na medida em que esse sistema vai se fortalecendo, os mercados vão ficando mais definidos. Os principais clubes e ligas da Europa irão continuar a afirmar o seu posicionamento como clubes globais, enquanto o resto do mundo servirá como fornecedor, consumidor, ou os dois de uma vez, que é o caso do Brasil.
 
O Brasil é o grande exportador de talento para o futebol mundial e nada indica que esse processo será freado em 2008. A não ser que algo de excepcional aconteça, ou que 2007 realmente tenha sido um ano ímpar, o número de jogadores que deixarão o país deve crescer ainda mais. Contribui para isso a recente abertura do mercado inglês para mais talento brasileiro, que ainda que possivelmente dê preferência ao jogador já estabelecido na Europa, pode motivar clubes ou ligas menores a contratar mais jogadores pensando na valorização financeira. Além disso, a consolidação de brasileiros nos principais clubes ingleses – Manchester United (Anderson), Liverpool (Lucas e Fábio Aurélio), Chelsea (Belletti e Alex), Arsenal (Gilberto Silva, Denílson e Eduardo da Silva) e, hmmm, Manchester City (Elano, Giovanni e, talvez, Fred e Mancini, entre outros) – pode motivar ainda mais clubes de ligas espectadoras a adquirir brasileiros, como China, Indonésia, Índia e Escandinávia. Além disso, a eleição de Kaká como melhor do ano também pode colaborar com o processo.
 
E se o mercado internacional cada vez mais demanda talento do Brasil, o mercado brasileiro também se estrutura para se adequar a essa demanda. Hoje, a assunção da transferência de jogadores como business é evidente não apenas nos clubes pequenos, mas também nos maiores clubes do país, que estabelecem mecanismos de investimento em jogadores que fortalecem o sistema de transferência e podem eventualmente serem revertidos em acréscimo de performance para os clubes.
 
E como clubes brasileiros não conseguem competir com o capital europeu pela manutenção de talentos, eles também fortalecem a prática do contrato temporário de recuperação, que se utiliza de jogadores não aproveitados lá para desempenhar por aqui. Fortalece o mercado no primeiro semestre, esvazia-o no segundo. 2008 tende a ser um exemplo disso. Se der certo, 2009 vai ser ainda mais.
 
Fora isso, pouca coisa deve mudar. A televisão digital e a tecnologia 3G não devem mudar o mercado de forma mais significativa ainda, e a internet não deve ser muito mais explorada do que ela foi ano passado. Os estádios continuarão iguais, e um ou outro acidente pode acontecer. A média de público do Campeonato Brasileiro deve continuar a depender da performance do Flamengo no ano. Se ele acabar no meio da tabela, a média deve ser baixa. Se ele acabar no topo ou no chão, a média deve ser alta.
 
Em termos de performance, assumindo que elas serão um reflexo das condições financeiras dos clubes, São Paulo, Palmeiras, Inter, Cruzeiro e Fluminense devem brigar pelos maiores títulos. Menos o Santos, que não deve mais contar com as reservas adquiridas com a excelente safra de 2002, que garantiu a performance até 2007. Se nada de excepcional acontecer, o Santos deve voltar a ser o clube que era antes de Robinho e sua turma aparecerem.
 
Ah, e o Corinthians deve ganhar a Série B. Fácil.
 
Quer dizer, acho que será fácil.
 

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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Controlar ou dominar o jogo? Eis a questão (1ª parte)

Existe uma idéia (um conceito) no futebol, introduzida pelo treinador holandês Louis Van Gaal, que trata do domínio ostensivo das ações do jogo dentro da partida. Segundo ela (a idéia), seria possível a uma equipe dominar totalmente as ações do adversário controlando-as durante todo o tempo de jogo.
  
A idéia de Van Gaal, batizada de “Futebol Dominante” ganhou força em alguns países europeus e com a mesma intensidade fora despercebidamente “negligecida” (negligenciada+esquecida) no Brasil.
 
Como não podemos, aqui neste espaço, “negligecer” as coisas táticas do futebol, vamos, partindo da idéia de “Futebol Dominante”, fazer algumas reflexões sobre controle e domínio de jogo.
 
Se buscarmos nos nossos dicionários da língua portuguesa, observaremos muitas e alargadas definições para “controle” e “domínio”. Dentre aquelas que podem ser mais didáticas e reveladoras para a nossa discussão temos que:
 
a)     controle é o ato de dirigir algo ou alguém, fiscalizando-o e orientando-o de modo mais conveniente.
b)     domínio é a faculdade de dispor de alguma coisa como senhor dela; autoridade; conhecimento; influência.
 
Observemos que ainda que possam parecer iguais, controle e domínio não são sinônimos. Quando nos voltamos ao futebol então, maior ainda a distância entre as definições de cada uma dessas palavras.
 
No nosso esporte bretão, controle e domínio, mais do que construções bem definidas da língua portuguesa, tornaram-se conceitos inerentes as questões táticas do jogo que precisam ser entendidos em toda a extensão de suas possibilidades.
 
No futebol, CONTROLAR as ações do jogo significa conduzir o adversário (de forma conveniente) e levá-lo de maneira fiscalizada ao caminho que se quer levar. Em outras palavras, controlar as ações do jogo representa, de forma direta ou indireta (ativa ou passiva) “dirigir” as ações do adversário de acordo com os interesses da própria equipe.
 
Em contrapartida, DOMINAR as ações do jogo significa ter autoridade sobre ele (o jogo), influenciando-o através do conhecimento a seu respeito. Enquanto o “controlar as ações do jogo” está atrelado ao controle do adversário, o “dominar as ações do jogo” está atrelado ao domínio do próprio jogo.
 
E o que isso quer dizer?
 
Isso quer dizer em outras palavras que o posto “Futebol Dominante” na verdade, “aportuguesado” deveria ser o “Futebol de Controle” (ou melhor, uma das possibilidades do “Futebol de Controle”).
 
Para Van Gaal em seu modelo de jogo, o time do “futebol dominante” representa “o time que decide o jogo” (criando mais chances do que o adversário, jogando ofensivamente, tendo a bola sob controle, definindo as transições da maneira que for mais interessante e comandando o ritmo de jogo do adversário). Então devemos considerar que as estratégias para alcançá-lo não são necessariamente sempre imperativas. Ou seja, o “Futebol Dominante” busca o controle das ações do jogo e uma das direções para alcançá-lo (que é imperativa) está atrelada a realização de rápidas recuperações da posse da bola, ataques rápidos e busca intensa do gol. É necessário, porém, considerar que o controle das ações pode acontecer em outra direção (não imperativa): com boas transições defensivas (mas não necessariamente com rápida recuperação da posse da bola), com bons ataques (que não sejam necessariamente rápidos), com a busca do gol (mas não necessariamente o tempo todo), com a busca da bola (para ficar com ela o maior tempo possível).
 
Isso quer dizer que o “Futebol de Controle” pode ser de controle direto, intenso e imperativo mas também pode ser de controle indireto, cadenciado e discreto.
 
O “Futebol Dominante” que chamarei “Futebol de Influência®” (para não confundirmos com as idéias iniciais de Van Gaal), transcende a idéia de controlar o adversário para interferir no jogo, e parte para assumir a idéia de dominar o jogo para controlar o adversário.
 
Segundo essa idéia (a do “Futebol de Influência®“) o “dominar o jogo” representa compreender as variáveis técnico-tático-físico-mentais predominantes e determinantes do jogo para poder interferir nelas, de tal forma que seja possível manipular o jogo, transformando-o em um futebol diferente daquele compreendido pelo adversário, minimizando ao máximo suas possibilidades de reação e maximizando as próprias chances de vitória.
 
O Futebol de Influência® trata de um paradigma diferente daquele “vigente” e precisa ser bem compreendido para poder ser bem analisado.
 
Então, se você quer conhecer um pouco mais sobre a idéia do Futebol de Influência®, não perca a continuação desse texto na próxima semana…
 

CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA…

Para interagir com o colunista: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Janela aberta

Caros amigos da Universidade do Futebol,
 
Mais uma vez abre-se a janela européia para transferências de atletas profissionais de futebol.
 
Como sabemos, a Fifa estabelece em seus regulamentos que as federações nacionais devem estabelecer, por ano, dois períodos em que atletas podem ser transferidos de um clube para outro (conhecidos como “janelas de transferência”, ou, em inglês, “transfer windows“).
 
Na Europa, assim como em outras partes do mundo, uma das janelas acontece durante o mês de janeiro.
 
Durante esses períodos, o mercado brasileiro de atletas profissionais de futebol passa por momentos de agitação, uma vez que nossos jogadores, via de regra, são os mais cobiçados pelos grandes clubes europeus.
 
Se por um lado essa agitação é boa para nosso mercado interno, por outro, ela pode gerar grandes perdas a clubes nacionais que não estiverem preparados para se beneficiar da oportunidade.
 
Em primeiro lugar, os clubes devem ter seus contratos com seus jogadores muito bem amarrados e planejados. Os dirigentes devem examinar com cuidado cada um de seus atletas, para que cada um deles tenha um prazo contratual condizente com seu potencial. As clausulas de rescisão também devem ser muito bem escritas e em linha com a legislação aplicável.
 
Além disso, os garotos das categorias de base também devem ser examinados com cuidado. Muitos deles não são profissionais e ficam mais vulneráveis a uma “aquisição hostil” por parte de outros clubes. Nesses casos, os clubes formadores devem ter contratos condizentes com a situação do atleta, mas que garantam que o clube seja devidamente recompensado em uma eventual negociação. Mais do que isso, os clubes devem mostrar a seus jovens atletas os benefícios de permanecerem por lá, oferecendo a eles tudo que a legislação pátria determina (assistência médica, odontológica, alimentação, educação, etc).
 
Finalmente, os clubes devem estar atentos às transferências internacionais de jogadores, que ocorrem neste mês em todas as partes do mundo, uma vez que eles são titulares de determinados direitos nessas transações, quando o atleta envolvido tiver passado pelo clube durante seu período de formação.
 
Atentos a esses detalhes, os clubes que efetivamente investirem nas suas categorias de base para formar jogadores ao mercado poderão desfrutar dessas janelas de transferências para serem justamente indenizados por tal empenho.
 
Retorno de jogadores
 
Interessante notar, entretanto, que está sendo verificado um retorno significativo de jogadores brasileiros que atuavam no exterior. O grande caso de destaque dentre eles é Adriano, da Inter de Milão, que atuará pelo São Paulo na temporada de 2008.
 
Esse movimento “ao inverso”, ser for bem aproveitado pelos clubes, e principalmente pela CBF, que poderão promover um grande boom no nosso futebol nacional para que jogadores intermediários fiquem mais estimulados a permanecerem no Brasil, ao invés de se aventurarem no exterior em busca de um sonho que, em muitos casos, acaba em uma grande ilusão.
 
Apenas assim, nossos clubes terão bons jogadores no seu departamento profissional, e também caixa necessário para investir nas suas categorias de base e garantir um futuro sustentável ao clube.
 

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br