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O treinador de futebol vs o jogo de futebol: quem vence essa disputa?

Não vou entrar em muitos detalhes, mas existem no jogo de futebol “forças” (não, não é nada sobrenatural! – são forças inerentes ao jogo, presentes em suas dinâmicas) que levam jogadores e equipes a configurar a ocupação dos espaços e as suas movimentações, de acordo com cada circunstância e problema emergentes nele (no jogo).

São essas forças que, mesmo sem treinamentos adequados, ou boas estruturas táticas, somadas à compreensão que o jogador tem do jogo, fazem com que equipes de futebol ainda sim apresentem aparente organização.

Elas, mais a inteligência de jogo dos jogadores e equipe, é que garantem o emprego de muitos treinadores Brasil afora.

Dia desses, por exemplo, assistindo a um jogo de futebol profissional conjuntamente com uma equipe especializada em análises de jogo, pude observar a glória de um treinador, mesmo com a manifestação real de sua incompetência.

Ao fim do primeiro tempo de jogo, o grupo que o analisava concluiu que certas regras de ação precisavam ser intensificadas por uma das equipes para aproveitar melhor as fragilidades do jogo da sua adversária no segundo tempo. Quase todas as sugestões giraram em torno de deixar o jogo mais rápido, vertical, com constante progressão ao campo de ataque, sem a preocupação com a circulação horizontal da bola.

Antes de começar o segundo tempo, tivemos acesso às instruções do treinador no vestiário, que dentre outras pérolas proclamou: “vamos ficar com a bola, temos que valorizar a posse dela, gastar o tempo e fazer o adversário cansar”.

Por incrível que pareça, totalmente o contrário do que havíamos concluído!

Mas as “forças” do jogo são realmente muito “fortes”! O que o jogo pedia era diferente do que o treinador queria.

Depois do seu reinício, cinco minutos de certa confusão. Claro, o jogo pedia um coisa, o treinador outra. Pobre treinador, sem aparente ascendência sobre seu grupo, foi vencido pelo jogo, e ficou se “esgoelando” na beira do gramado tentando fazer com que seus jogadores executassem aquilo que ele havia pedido no vestiário.

E os jogadores? Nada de jogo de posse de bola, com passes horizontais. Foi progressão ao alvo. Rápida e constante!

E sabem o que aconteceu? O óbvio. A equipe fez o que tinha que ser feito (o que infelizmente, não era o que queria o treinador; “sorte” dele), e goleou sua adversária.

No final, o básico: “glórias ao treinador”.

Por essas e por outras, concordo com alguns formadores de opinião da crônica esportiva futebolística: tem treinador que mais atrapalha do que ajuda…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutefol.com.br  

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Centenário do Coritiba

Permita-me começar essa coluna prestando uma homenagem aos 100 anos do Coritiba Foot Ball Club, completados em 12 de outubro, clube que abriu as portas para que eu pudesse por em prática algumas das poucas coisas que eu conheço e aprender muito, mas muito mesmo, sobre como de fato funciona um clube de futebol.

E, acredite, é bem diferente daquilo que normalmente se imagina.

Os precisos e antecipadamente planejados 365 dias que eu fiquei no clube, de janeiro de 2008 a janeiro de 2009, abriram a minha cabeça sobre o funcionamento de uma associação esportiva e sobre a indústria do futebol como um todo. Fizeram com que eu entendesse pelo menos uma parte das razões que levam a indústria do futebol a assumir a forma que possui hoje.

Antes que você se questione, não. Eu não sou torcedor do Coritiba. Mas aprendi a respeitar a instituição e a sua centenária história. E talvez justamente por não ser torcedor, pude manter uma distância que me permitiu analisar as coisas de uma maneira mais fria, desprovida de emoções excessivas.

Essa distância me permitiu perceber quem são de fato os principais stakeholders de um clube, quem é que, efetivamente, pressiona e influencia o processo decisório e como o que importa, no fim das contas, é o resultado em campo, independente do meio necessário para se atingir isso. Sempre foi. Sempre será. No Brasil e em qualquer lugar do mundo que tenha futebol de primeiro nível, com raríssimas exceções.

Afinal, não se torce para um clube por outra coisa. O que se busca é a vitória. De preferência, no curtíssimo prazo. Se possível, em todos os campeonatos de que se participe.

E está aí justamente o que faz da indústria do futebol um fenômeno que não pode ser observado única e exclusivamente sob a ótica corporativa, tampouco financeira. Se um clube gera dinheiro, ele obrigatoriamente precisa gerar custo. No futebol, principalmente no modelo associativo, não existe superávit. Porque não há redistribuição de dinheiro. Porque, no fim das contas, ninguém quer ganhar dinheiro de volta. Pelo menos não aqueles de boa índole.

A peculiar verdade futebolística é que nenhum torcedor é consumidor. Porque ele não consome produtos. Ele paga para obter a glória refletida. E glória, no esporte, se alcança quase que unicamente através de vitórias. Ninguém consome banheiro limpo, arquibancada confortável, produto de boa qualidade. Não. Qualquer produto que eventualmente seja adquirido só o é por uma razão simbólica e não funcional. De que adianta uma linda camisa de um clube que nunca ganha ou ganhará nada? De fato, nada.

Essa linha de pensamento obviamente não é a ideal, muito menos a corrente entre o intelectualismo existente. Mas é a verdadeira. É a que move um clube de futebol. E não tem como fugir disso. Qualquer alteração nesse pensamento acabaria com a razão fundamental da existência de um clube de futebol. Não pensar primordialmente em obter glórias é uma desvirtuação de sentido de um clube de futebol. Porque ele existe essencialmente para isso. E muito pouco além.

Quem comanda um clube de futebol sabe muito disso. Sente na pele. Aprende. No dia a dia. Nos intermináveis elogios após uma vitória. Nas incansáveis críticas após uma derrota. Dói, mas eventualmente aprende.

Essa é a natureza de um clube de futebol. Pura e simples. Foi por isso que ele nasceu. É a sua essência.

Por isso que eu agradeço ao Coritiba por ter me aberto as portas para que eu pudesse entender esse indispensável ponto de vista. Sem a experiência que o clube me proporcionou, é possível que toda a minha pesquisa adotasse um viés completamente incompatível com a realidade dos fatos.

E sem entender a realidade, não há como sugerir melhorias factíveis.

Parabéns. E muito obrigado.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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Um pouco da minha história…

Na revista Ludens (Outubro-Dezembro de 1979) do ISEF de Lisboa, escrevi um artigo intitulado “Prolegómenos a uma ciência do homem”, isto é, há trinta anos, onde defendia que “o desportista do futuro não vai ser aquele que pratica tão-só, mas aquele que compreende as práticas corporais como formas universais de inteligibilidade” e portanto com a consciência também da necessidade de uma ciência que confira paradigma científico e dignidade universitária aos jogos, aos desportos (e ao treino desportivo), à ginástica. A essa ciência, proveniente de um corte epistemológico, no seio da educação física, entrei de chamar ciência do movimento humano, referindo que se tratava de uma ciência humana, mas confundindo movimento com motricidade, pois que acrescentava que o objecto de estudo deste novo paradigma é o ser humano em movimento intencional.

Ora, movimento com intencionalidade, segundo a fenomenologia, é motricidade. Três anos depois, já falava, nas minhas aulas, na ciência da motricidade humana (CMH) e apresentava o método integrativo (ou da complexidade) como o adequado a esta área do conhecimento.

De acordo com Louis Althusser, se há uma nova ciência, há uma nova teoria, uma nova metodologia e uma nova prática. A teoria é a CMH, a complexidade é o método, e a prática é a totalidade humana, em movimento intencional e não o físico tão-só. Eu sei que nada do que adianto neste artigo é novidade. Mas foi-o, há trinta anos, quando se escrevia: “É no âmbito da fisiologia aplicada, fisiologia do trabalho muscular e fisiologia do exercício que a metodologia do treino desportivo tem a sua fundamentação científica” (Teotónio Lima, Alta Competição – desporto de dimensões humanas, Livros Horizonte, Lisboa, 1981, p. 122). Nesta altura, já eu adiantava que a fundamentação científica do desporto era uma nova ciência humana, onde o físico está integral, mas superado.

Assim, se o desporto é um sistema de acção complexo que exige uma análise sistémica de causalidades múltiplas – na visão global do desporto e na preparação do desportista há muitas dimensões a ter em conta, para além do que geneticamente se é: a física, a psicológica, a sentimental, a moral, a social, a política -, todas elas elementos irrecusáveis do desporto e do desportista! Era o tempo em que se valorizava, com admiração incontida, o futebol-total holandês do treinador Rinus Michels e do jogador Johan Cruyff.

Também, inspirado no futebol-total, os treinadores russos Lobanovsky e Vassiliev criaram, na década de 70, o chamado futebol científico, onde Blokhine era, de facto, um intérprete genial. “Flecha da Ucrânia” assim o cognominavam os jornalistas. E, não sendo um Cruyff, mostrava uma intuição genial. Com mais poder físico do que Messi, aproximava-se dele (sem o igualar), no improviso das fintas. Em 1975, foi distinguido com a Bola de Ouro, sendo assim considerado o melhor jogador da Europa. Mas o futebol científico morreu, logo que Blokhine deixou o futebol.

 

Conheça um pouco mais da história de Oleg Blokhine

 

É que o futebol científico fundamentava-se nos Fundamentos do treino desportivo e em O processo do treino desportivo, de Metvéiev, onde a importância dos factores técnico e táctico se subordinavam à lógica da adaptação funcional do praticante.

“À medida que se aperfeiçoa o processo de treino desportivo, especialmente as suas bases científicas e metodológicas, o seu conteúdo, a sua orgânica, as disponibilidades materiais e técnicas aumentaram o seu efeito, no nível geral dos resultados desportivos” escreveu este autor nos Fundamentos do treino desportivo (1977). Só que os factores dinâmicos da adaptação funcional são simples elementos, ao lado de uma multiplicidade doutros factores que compõe a complexidade humana. No conhecimento científico, hoje, sempre que se pensa em um aspecto da realidade, há muitíssimos outros a ter em conta, sem os quais ele não se entende. A ideia de relação é, hoje, uma ideia nodal. A complexidade é a multiplicidade dos elementos, em relação incontornável, constante.

Portanto, no desporto, o que é humano comporta uma dimensão físico-biológica e o que é físico-biológico integra uma dimensão humana. Criar um novo paradigma (neste caso, uma ciência humana), organizar o desporto à luz deste novo paradigma e apontar a necessidade de aprender a pensar de forma relacional, no desporto, foi talvez a grande novidade que eu, com o pouco que tenho e o quase nada que sou, trouxe para o desporto, há trinta anos. Nós isolamos os factores, para podermos estudá-los. A complexidade, ao invés, diz-nos que tudo está ligado, nada está isolado, tudo é interdependente.

*Antigo professor do Instituto Superior de Educação Física (ISEF) e um dos principais pensadores lusos, Manuel Sérgio é licenciado em Filosofia pela Universidade Clássica de Lisboa, Doutor e Professor Agregado, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa.

Notabilizou-se como ensaísta do fenômeno desportivo e filósofo da motricidade. É reitor do Instituto Superior de Estudos Interdisciplinares e Transdisciplinares do Instituto Piaget (Campus de Almada), e tem publicado inúmeros textos de reflexão filosófica e de poesia.

Esse texto foi mantido em seu formato original, escrito na língua portuguesa, de Portugal.

Para interagir com o autor: manuelsergio@universidadedofutebol.com.br

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Com o dinheiro dos outros

Desde logo, recomendo a quem não assistiu ao filme “Com o dinheiro dos outros”, que inspira a coluna desta semana, que o faça, para ajudar na compreensão da realidade financeira de nosso futebol, num paralelo interessante.

No longa metragem, Danny de Vito interpreta Larry Garfield, um investidor inescrupuloso de Wall Street, especializado em adquirir o controle acionário de empresas à beira da falência.

Para Larry, a única coisa que interessa é o lucro: quanto maior e mais imediato, melhor. Seu apelido é “o Liquidador”, pois compra e liquida empresas que não estejam sendo extremamente lucrativas.

Larry, o Liquidador, quer comprar ações da fábrica dirigida por Gregory Peck no filme – com a intenção final de fechá-la, vender as máquinas, e usar o terreno em alguma outra atividade na qual possa lucrar mais. Milhares de trabalhadores perderão seus empregos? Sem problema, diz Larry, pois o compromisso dele é com os acionistas.

Clubes de futebol, no Brasil, são, em sua maioria absoluta, associações civis sem fins lucrativos.

Isso não significa que não possam perseguir fontes de receita planejadas e duradouras, bem como financiamentos com bancos ou investidores capitalistas. A pergunta não é por que, mas, sim, como isso é feito.

Nessa semana, fiquei surpreso ao ler no jornal Zero Hora que até o cantor Gabriel, o Pensador, é parceiro investidor do Inter e tem jogadores no elenco sub-20 do clube. Disse que gostou da brincadeira e quer ampliar seus investimentos.

Diversos são os exemplos do futebol sendo destino de investidores. O Banco BMG já declarou que organiza um fundo de R$ 50 milhões, voltado ao mercado de direitos econômicos sobre jogadores. O Coritiba seria um dos clubes beneficiados.

A Traffic já realiza este modelo de negócios junto ao Palmeiras. O Grupo Sonda também desenvolve negócio similar com Santos e Inter. LA Sports opera no Paraná Clube e no Avaí.

Existem fatores importantes para atração de investidores, seja qual for o ramo de atividade econômica – o futebol não foge disso. A gigantesca captação na Bovespa, realizada pelo Santander, traduz o grau de confiabilidade dos acionistas na gestão do banco, na sua história, no seu planejamento de curto, médio e longo prazo, além do contexto macroeconômico do país e a perspectiva de realização de lucros e conseqüente distribuição de dividendos.

Quando se investe num clube de futebol, particularmente nos ativos de mais rápida valorização (jogadores), espera-se obter lucro dentro de um prazo contratual estipulado.

Os clubes, em geral, estão numa posição financeira fragilizada e necessitam de financiamento para suas operações, direta (dinheiro) ou indiretamente (projetos co perspectiva de receita futura). Eis a margem de especulações e descaminhos.

O clube não almeja o lucro. Almeja a sustentabilidade financeira. O investidor visa o lucro.

A acomodação destes interesses e dos prováveis conflitos não é simplória. Mas quanto mais transparente e regulamentada for (contratualmente), melhor.

Quem faz o quê. Quem investe. Quem administra. Quem vende. O que se vende. Quando se vende. Como se faz tudo isso.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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A graça do futebol

Assim como em qualquer modalidade esportiva, a essência do futebol é a imprevisibilidade. Não saber previamente o resultado de uma disputa é algo que confere uma das maiores graças ao esporte. E, mais do que isso, no futebol, o imprevisto geralmente é maior ainda, permitindo a um time muito inferior a outro alcançar a vitória que parecia improvável.

No último sábado, tivemos dois exemplos de como o esporte depende da imprevisibilidade para se tornar atraente. Claramente, o interesse do torcedor aumenta conforme a incerteza que há sobre o resultado de uma partida.

Na Vila Belmiro, o time feminino do Santos foi a campo enfrentar o Caracas pela Copa Libertadores. Em menos de 20 minutos já vencia por 5 a 0. No final das contas, terminou o jogo com uma goleada por 11 a 0, a segunda com dois dígitos na competição e, como sempre, com um show de Marta, Cristiane e Cia.

No mesmo dia, só que um pouco mais tarde, o estádio Monumental de Nuñes, em Buenos Aires, foi o palco de um dramalhão argentino. Jogando a esperança de classificação para a Copa do Mundo, a seleção comandada por Diego Maradona ganhava no sufoco de um débil time do Peru. O 1 a 0 era sustentado pela fraqueza do adversário.

Aos 45 do segundo tempo, o Peru empatou a partida, em meio a um temporal que impedia até mesmo o torcedor em casa de conseguir ver alguma coisa na TV. O desespero bateu na porta argentina ao mesmo tempo em que o torcedor, de qualquer nação, não desgrudava os olhos da telinha. Três minutos depois, com mais de oito jogadores dentro da área, a Argentina conseguiu a vitória, num gol de oportunismo de Martin Palermo. O resultado devolvia aos hermanos uma condição favorável na tabela.

Na saída de bola, um jogador peruano deu um chute do meio de campo. A bola bateu no travessão argentino, lance suficiente para revirar do túmulo San Martin, um dos ícones do país.

Sim, é isso mesmo. Um jogo que foi 2 a 1 teve muito mais descrição e emoção do que aquele que foi 11 a 0. Assim como o time do Santos, a Argentina era muito melhor do que o seu adversário. Mas as circunstâncias da partida fizeram com que um jogo entrasse para a história, enquanto o outro será apenas “mais um”.

O futebol depende da imprevisibilidade. Desde o início sabia-se que o Santos seria arrasador nessa Copa Libertadores feminina. Mas qual é a graça de já se conhecer o campeão de véspera? Muito mais interessante, para todos, é ficar na poltrona até o final, hipnotizado por uma disputa sem qualquer prognóstico de quem vai vencer.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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A cláusula penal no término antecipado, sem justa causa, de relações laborais no futebol

Caros amigos da Universidade do Futebol,

Antes de iniciar a coluna propriamente dita, me sinto na obrigação de abordar outra modalidade de justa causa. Aliás, uma das mais nobres justas-causas, e aquela que ocasionou a minha ausência nas últimas duas semanas. No último dia 1º de outubro, minha esposa e eu experimentamos a sensação única de ser mãe e pai pela primeira vez. Assim, esta coluna, não por ter um assunto específico, mas pelo momento em que é escrita, é dedicada ao pequeno Alexandre.

Muito discutimos neste espaço, sobre as peculiaridades das relações dentro do futebol e do esporte em geral, por conta do princípio da especificidade do esporte. Comentamos aqui que relações laborais, por exemplo, entre clubes e atletas não devem ser rigorosamente interpretadas perante a lei como qualquer outra relação dessa mesma natureza.

Os jogadores de futebol trabalham nos finais de semana, inclusive aos domingos, fazem pré-temporadas e concentrações por determinação do empregador, existe um mercado internacional envolvendo as transferências desses empregados para outros empregadores, entre tantas outras peculiaridades desta profissão.

Nesses termos, qualquer discussão que envolva uma relação no esporte, e, neste nosso caso, no futebol, deve sempre ser havida tomando-se certo cuidado, para que a lei não acabe por ser aplicada de forma desproporcional ou injusta a qualquer das partes.

Uma discussão importante nessa seara é a da aplicação da cláusula penal existente nos contratos de trabalho dos atletas profissionais de futebol. Cláusula essa que veio, historicamente, substituir o passe que anteriormente existia na relação entre clube e jogador, e que é, atualmente, disciplinada e regulamentada pela nossa Lei Pelé.

A cláusula penal visa, basicamente, estabelecer o valor a ser pago no término antecipado e unilateral de um contrato de trabalho de atleta profissional de futebol. Na letra estrita da Lei: o contrato “deverá conter, obrigatoriamente, cláusula penal para as hipóteses de descumprimento, rompimento ou rescisão unilateral” (art. 28, caput).

Interessante observar que o parágrafo primeiro desse artigo 28 estabelece que “aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da legislação trabalhista e da seguridade social, ressalvadas as peculiaridades expressas nesta Lei ou integrantes do respectivo contrato de trabalho”.

Isto porque a questão que se coloca é: a cláusula penal vale igualmente para rescisões sem justa causa, motivadas pelo jogador (em que o clube faria jus ao valor da cláusula), e também para rescisões motivadas pelo clube?

No recente entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST), em ação envolvendo a rescisão sem justa causa de atleta do Vitória S.A., a cláusula penal deve valer apenas na rescisão motivada pelo jogador. De acordo com a decisão proferida no caso, caberia ao jogador, quando da rescisão por parte do clube, apenas as indenizações previstas pela legislação trabalhista e não a aplicação da cláusula penal.

Trata-se de uma decisão bastante polêmica, especialmente por conta da redação final do parágrafo primeiro acima transcrito, que abre espaço para disposição em contrário no próprio contrato de trabalho. O que seriam, para o TST, as eventuais peculiaridades integrantes do respectivo contrato de trabalho?

Nosso receio é o de que a interpretação futura dessa decisão coloque em desigualdade as partes em uma relação laboral, o que não é, evidentemente, indesejável.

Caso a cláusula penal fosse aplicada a ambas as partes, entendemos que, eventualmente, teríamos uma adequação dos valores à realidade, de modo a evitar uma majoração desmedida por iniciativa dos clubes. Com a decisão proferida, clubes poderão fixar sempre essas cláusulas penais nos seus tetos máximos, pois saberão, de antemão, que não arcarão, em qualquer hipótese, com esse valor.

Será que o princípio da especificidade do esporte foi devidamente observado para que a decisão em comento fosse tomada? Fica a questão.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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Comprando felicidade

Há meses atrás, participei de um debate sobre a Copa do Mundo de 2014, promovido pelo jornal Gazeta do Povo, aqui de Curitiba. Participaram, também, dois jornalistas e um professor de urbanismo da UFPR. O evento foi muito bem organizado e bastante interessante. O local estava lotado.

Mas talvez eu não devesse ter ido. Escapei de um linchamento público. De um tribunal de inquisição. Depois do debate, dei uma fuçada na internet para acompanhar a repercussão. Achei um ou outro comentário em alguns blogs pessoais. Todos os que eu li fizeram muito mal ao meu ego. Enalteciam o debate, mas reclamavam da minha opinião.

Pudera. Não fui nada otimista. Deixei bem clara a minha posição: nenhum estudo sério e independente aponta ganhos reais com a realização de mega-eventos esportivos para as localidades que o hospedam. Muito pelo contrário. Perde-se dinheiro. Algumas vezes um pouco. Muitas vezes, muito. No caso, era a Copa do Mundo. Mas poderia ser a Olimpíada.

A reclamação e as críticas a minha pessoa fazem total sentido. Ainda estou à mercê de uma titulação acadêmica. Por mais que esteja fazendo um doutorado, que já se arrasta há quatro anos, ainda não sou um Doutor. Um Dr. Um vírgula PhD. Minha qualificação como fonte de conhecimento ainda depende de um documento entregue e do crivo de uma banca. De fato, sou e represento muito pouca coisa. Não tenho titulação, tampouco ocupo uma posição de autoridade sobre qualquer coisa. A verdade é que qualquer um pode começar um doutorado, enrolar por um tempo e fingir que sabe alguma coisa. Por isso é justo que qualquer palavra ou conhecimento originado da minha pessoa seja visto com desconfiança. Eu mesmo não confio naquilo que falo.

Portanto esqueçamos a minha opinião. Foquemos no conhecimento alheio. Para buscar uma boa fonte de conhecimento, primeiro, é preciso confiar na plataforma em que esse conhecimento é publicado. Peguemos, assim, um grande jornal do Brasil. Aliás, pensemos grande. Pensemos no melhor, ou pelo menos no mais reconhecido jornal do planeta. Fiquemos com o The New York Times. Agora adicionemos um artigo escrito por alguma real autoridade no assunto. Melhor. Juntemos três. Tem-se, assim, três autoridades discutindo um mesmo tema no The New York Times. Acho que serve. Acho que dá pra confiar.

Pois bem. A primeira autoridade é Robert Barney, professor emérito e diretor do Centro de Estudos Olímpicos da University of Western Ontario, no Canadá, e autor de um livro sobre a comercialização das Olimpíadas. A segunda é Andrew Zimbalist, professor de economia do Smith College, uma reconhecida faculdade americana, e autor de diversos artigos e livros sobre economia esportiva, em especial, sobre estádios e outras estruturas. Por fim, a terceira autoridade é Victor Matheson, professor do College of the Holly Cross, uma das mais tradicionais faculdades americanas, e também autor de uma série de artigos sobre o impacto econômico de megaeventos esportivos. Serve? Ô.

E a qual conclusão chega o artigo do The New York Times sobre o impacto econômico das Olimpíadas para a cidade sede com três autoridades renomadas sobre o tema?

À única possível: megaeventos esportivos, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, dificilmente trazem algum impacto econômico positivo para quem os hospeda. A não ser que os investimentos possuam um grande apelo de massa após o fim dos jogos, o que raramente acontece, as estruturas viram “elefantes-brancos”. Isso aconteceu em Montreal, Seul, Barcelona, Atlanta, Sydney, Atenas e vai, eventualmente, acontecer em Pequim. Se uma cidade pretende ser revitalizada economicamente, o que me parece ser uma necessidade do Rio de Janeiro, existem maneiras melhores para se investir o dinheiro.

Mas não basta dizer, claro. É preciso apresentar dados. Vamos a eles:

– A Olimpíada de 1976, em Montreal, deixou a cidade com uma dívida de US$ 2,7 bilhões que só teve a sua última parcela paga em 2005;

– O Comitê Olímpico (CO) de Barcelona ficou empatado, sem ganho e sem dívida, mas o débito público decorrente dos Jogos de 1992 foi de US$ 6,1 bilhões;

– O CO de Atlanta também ficou na mesma situação. Mas, estudos econométricos indicam que houve ganhos insignificantes em vendas no varejo, em ocupações dos hotéis e no tráfego do aeroporto, durante os Jogos;

– O CO de Sydney também empatou, mas estimativas sugerem que o custo de longo prazo dos Jogos foi de US$ 2,2 bilhões, principalmente, porque custa US$ 30 milhões por ano para manter o Estádio Olímpico.

– Os Jogos de 2004, em Atenas, custaram US$ 16 bilhões, dez vezes mais do que o estimado. Os estádios nunca voltaram a ser devidamente utilizados. O custo de manutenção das estruturas no ano seguinte aos Jogos foi de US$ 124 milhões. A dívida acumulada pelo evento foi de, aproximadamente, US$ 75 mil pra cada domicílio no país. Pior, o fluxo de turistas para a cidade diminuiu 10% durante os Jogos, em relação ao mesmo período em outros anos.

Enfim. Está aí. Não sou eu, um pretendente a uma titulação acadêmica, dizendo que a Copa ou a Olimpíada não trazem dinheiro. É gente que entende sobre o que está falando.

Isso não quer dizer que seja ruim hospedar uma Copa ou uma Olimpíada. Claro que não. Muito pelo contrário. É claro que é legal. É claro que esse tipo de coisa traz felicidade para cada cidadão. Mas essa felicidade tem um preço. Que pode ser bem caro. E deixar muita gente bastante infeliz no futuro.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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Receitas da história

Tive o privilégio, na semana passada, de conhecer de perto toda a infraestrutura do CA River Plate, em Buenos Aires, bem como sentir a importância do peso da história do clube para a cidade, para o país e no relacionamento com seus fanáticos torcedores.

Não imaginava que o Estádio Monumental, situado no bairro de Nuñez, justificasse a denominação. Mas o faz de sobra.

O clube, especialmente no estádio e em seu entorno, mantém uma instituição viva e próxima dos seus associados com inúmeras atividades desportivas, além de sociais e culturais destinadas à comunidade.

Verdadeiramente, reconheci-me na frase que afirma que o brasileiro gosta de futebol, mas o argentino gosta é do seu clube.

A saber, além do trivial das quadras poliesportivas, das piscinas, do estádio e do campo, vale destacar que, sob as arquibancadas, existem 600 metros de instalações a destacar: teatro, salas de aula para o ensino primário e para dois cursos superiores, agência bancária, gestão de projetos de responsabilidade social, restaurante para 400 pessoas, e, pasmem, a concentração do elenco profissional (reservada e com 15 quartos).

Toda a imponência traduz o forte vínculo da instituição com a comunidade que o suporta ao longo da trajetória. A história se faz presente nos relatos dos que trabalham no clube, nos painéis fotográficos do café, nas revistas e programas de jogo.

E a maior surpresa da visita foi acompanhar as últimas obras do Museo River Plate, anexo ao estádio. Belíssima obra, excelente curadoria, que dividiu os espaços internos em períodos históricos (décadas) do clube e sob um contexto da história da própria Argentina.

Um investimento maciço, inspirado no Epcot Center, da Flórida, de aproximadamente US$ 4 milhões (boa parte bancados pela Adidas, fornecedora oficial de material esportivo do clube) e impulsionado – não, os dirigentes não reconheceram – pelo exemplo de sucesso do rival Boca Juniors, que tem o seu Museo de la Pasión Boquense.

Mais além do posicionamento da marca junto aos torcedores e aos turistas, existe uma estimativa preliminar e modesta de receber as mesmas 600 pessoas que fazem o tour pelo estádio, atualmente, no futuro museu.

Porém, com o ingresso cobrado em 50 pesos (R$ 25,00). Calculamos? Sim. Seiscentas (pessoas) x R$ 25,00 x 30 (dias) = R$ 450.000,00 por mês de receita. Num ano, pois, R$ 5,4 milhões. Isso é mais uma fonte de receita, sim.

O benchmarking é o próprio museu do rival, onde já existem picos de visitação de 5.000 pessoas aos mesmos R$ 25. Fique à vontade para calcular.

E isso sem contar a grande loja de artigos esportivos da Adidas, na saída, para que levemos uma lembrança para casa…

Há casos de sucesso ainda mais grandiosos. Segundo a página oficial do Barcelona, o museu do clube é o mais visitado da Catalunha com 1.200.000 visitantes/ano. Levando-se em conta que os não-sócios pagam entre sete e 13 euros, geram-se 12 milhões de euros ao ano. Se analisarmos o orçamento do clube em anos recentes, de aproximadamente 380 milhões de euros, vemos que o museu traz ao clube 3,15% de todo o seu faturamento. Eu não acho pouco.

No Brasil, o êxito maior reside no Museu do Futebol, situado no Estádio do Pacaembu. Em um ano de vida, é o segundo mais visitado da cidade. O restante se resume a bem-intencionados memoriais.

Cadê a história dos grandes clubes do futebol brasileiro? Mostrem-me de maneira organizada que eu pago. E ainda compro uma lembrancinha.

Para interagir com o autor: barp@niversidadedofutebol.com.br

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Futebol e responsabilidade ambiental

O mundo vive hoje uma onda de sustentabilidade, de preocupação com o meio ambiente. Por todos os lados, o tema surge e, com certeza, deve ser discutido. Até a Fórmula 1 entrou nessa onda.

De tanto ver e ouvir falar nessa tal responsabilidade social e ambiental, o tema virou recorrente em conversas com amigos.

Um amigo me apresentou um site de busca que roda em cima do famoso Google, e compartilho a dica. Um site de busca com preocupação ambiental. O www.eco4planet.com, que tem, entre suas premissas, efetuar o plantio de árvores de acordo com o número de pesquisas realizadas por meio dele, além de economizar energia, pois possui uma tela predominantemente preta, e um monitor utiliza até 20% menos energia para exibi-la, se comparado à tela branca.

Conversas vão e vem e fica aquela ponta de desconfiança. Como exemplo, os membros do COI perguntaram tanto sobre sustentabilidade, e todos, na ponta da língua, tinham uma resposta. Fiquei pensando… Até que ponto não seria demagogia, afinal, nem tela preta meu computador tinha, agora um pouco mais consciente, aderi à sugestão, imagina os “caras” lá.

Demagogias a parte, resolvemos em conversas de bar (onde as conversas com os amigos ganham corpo, teorias e fundamentações irrevogáveis) discutir como o futebol pode apresentar uma preocupação ambiental. Logo de cara, o amigo palmeirense levantou e disse que já estávamos vivendo essa era, afinal, o verde está em alta no Brasileirão da série A e também na B, em alusão ao Guarani. Estamos na era do Campeonato Ecológico?

Brincadeiras a parte, a conversa foi tomando um rumo interessante.

Enfim, quais as possibilidades de desenvolver uma preocupação ambiental com o negócio futebol?

Confesso que nenhuma das ideias surgidas ali me cativaram e fiquei pensando: será que os amigos que têm a paciência de lerem meus textos têm alguma ideia? Fica a proposta para sugestões.

Com certeza, um primeiro tópico de discussão que levantaria seria o desenvolvimento de tecnologia baseadas no principio da sustentabilidade. Mas, como defender tais preocupações num ambiente em que os resultados são observados por olhares desatentos, que a sua busca (dos resultados) não reflete critérios claros e precisos.

Ora, como uma árvore plantada pode ajudar o futebol? Pensaria a maioria quando a proposta é justamente o contrário: como o futebol pode ajudar o meio ambiente?

Que não me venham com a resposta que a construção desenfreada de estádios é uma excelente saída, afinal, possui uma vasta área verde.

Para pensar em responsabilidade ambiental no futebol, deve-se, primeiro, reciclar uma série de conceitos e pessoas para, desta forma, compreendermos o valor cultural do esporte-bretão.

E mais do que isso, para quem acha baboseira, pessoas com esse tipo de preocupação, com certeza, teriam muito a oferecer para a gestão do esporte nacional, seja em marketing ou na própria prática.

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Jogar bem, e perder o jogo é possível?

Recebo muitos e-mails comentando as colunas que escrevo. Muitos mesmo! Não consigo responder a todos. Ainda não encontrei a melhor logística para conseguir dar conta de todas as mensagens que recebo.

Em um dia desses, recebi uma bastante interessante. Ela tratava de aspectos observados em um determinado jogo de futebol.

Nesse jogo, uma das equipes, líder da competição, foi jogar no estádio do adversário, que naquele momento encontrava-se em terceiro lugar na classificação do campeonato.

Segundo o e-mail que recebi, a equipe “líder”, começou “atropelando” seu adversário, conseguindo rapidamente fazer um gol. A frente no placar, continuou “jogando bem”, mas agora, em vez de ser objetiva e procurar o gol, passou a tocar mais a bola, fazendo-a circular, “fácil e bonito”.

O jogo permaneceu 1 x 0, a favor da equipe “líder” até o final do segundo tempo quando, em dois lances de “bola parada”, sua adversária conseguiu empatar e virar o placar do jogo. Resultado final 2 x 1 a favor da equipe da casa (a terceira colocada).

Vem daí a indagação, mais ou menos assim, que recebi em minha caixa postal: “Quem assistiu o jogo observou a superioridade da equipe “líder”, mas quem ganhou foi a outra. O que vale mais, jogar bem, com toda equipe bem compacta e bem treinada e sair derrotado, ou, sem apresentar aparentemente jogo elaborado, vencer?”.

Sem ter visto o jogo, gostaria de destacar algo importante na descrição que li sobre partida (no e-mail).

A equipe líder, se é líder, deve realmente ter um bom jogo. A outra, está em terceiro lugar, o que também não parece ser nada mau.

O fato é que jogar bem não significa necessariamente jogar bonito, fácil, etc. Jogar bem significa cumprir bem a lógica do jogo, alcançando o objetivo máximo inerente a ele: o gol.

É possível, e provável, que a equipe líder, na maior parte de suas partidas, consiga realmente jogar bem (ou seja, cumprir a lógica do jogo) – por isso deve vencer mais e estar em primeiro lugar na competição. Mas, pela descrição do jogo mencionado acima, sinto que, quando ela optou por não ser objetiva, perdeu exatamente aquilo que é a essência do jogo – cumprir a sua lógica.

Muitas vezes, observando partidas de futebol e conversando com “especialistas”, percebo que se faz uma correlação falsa entre a realidade dos fatos, e aquilo que se diz sobre eles.

É inegável que se uma equipe vence um jogo, foi melhor do que sua adversária em cumprir a lógica do jogo. Isso é fato.

O problema é que muitas vezes qualificamos o desempenho desta ou daquela equipe, observando “princípios” ou “sub-princípios” do jogo, de maneira que aquela que os cumpri melhor, aparentemente joga melhor.

Isso é um erro grave, porque qualquer “princípio” ou “sub-princípio”, referências ou estruturas de jogo, devem servir, única e exclusivamente, para cumprir a lógica do jogo.

Em outras palavras, isso quer dizer que, no jogo, diversos são os problemas técnico-tático-físico-psicológicos que precisam ser resolvidos de maneira aleatória, imprevisível e emergencial, de forma integrada; e resolvê-los não significa cumprir bem qualquer princípio que seja, mas sim, utilizar a ferramenta necessária a cada circunstância para gerar soluções.

O imprevisível estará sempre presente, faz parte do jogo, e ele sim precisa ser “treinado”. No final das contas, o que garante vitórias, é jogar bem (cumprir a lógica!), e não bonito – ainda que quando se joga bem, o jogo tende a ficar belo!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br