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O futebol “invisível”

Alguns jogos precisam ser guardados para serem revistos ao longo do tempo. Ver uma partida diversas vezes, podendo pará-la, estudá-la, analisá-la, enfim, ser crítico sobre as inúmeras ações que ocorreram no confronto e que permitiram que uma equipe levasse vantagem sobre a outra, é tarefa necessária para quem pretende aperfeiçoar a sua leitura do jogo de futebol.

E, para aperfeiçoar a sua leitura do jogo, “enxergar” o futebol aparentemente “invisível” será determinante na composição de uma opinião sistêmica da modalidade.

O trecho abaixo, retirado do penúltimo clássico Real Madrid x Barcelona, válido pelo 1º turno do Campeonato Espanhol e que a equipe catalã venceu por 3 a 1, é parte de um destes jogos que devem ser vistos repetidas vezes. De acordo com o tema da semana, a preocupação da edição das imagens deu-se exclusivamente com o referido futebol “invisível”, mais especificamente com um único jogador:
 


 

Grande parcela da mídia, dos torcedores e até dos próprios treinadores, tende a analisar um jogo e/ou um jogador exageradamente pela “qualidade técnica”. Atributos como passe, cabeceio, finalização, desarme, são as características observadas para a definição do nível do atleta.

Porém, quem é leitor assíduo da Universidade do Futebol, seguramente, já observou que ter simplesmente as informações técnicas de determinado jogo ou jogador, desconectadas do Modelo de Jogo da equipe, dirá muito pouco desta equipe e do próprio jogador.

No jogo identificado acima, o atleta analisado realizou nove passes horizontais, seis passes verticais no sentido da própria meta, 12 passes verticais no sentido da meta adversária, errou dois passes, fez sete interceptações completas, oito interceptações incompletas, dois desarmes completos e perdeu a posse de bola uma vez, totalizando 47 ações.

Esta análise pode ser feita por um software quantitativo de análise de jogo, ou então, manualmente (o meu caso) para quem não dispõe deste recurso tecnológico. Estas 47 ações, facilmente visíveis, são somente uma pequena parte dos 90 minutos do jogo de futebol que, no plano individual, é jogado a maioria do tempo sem a bola.

(Em tempos de Copa-SP e exacerbação de comentários sobre bons jogadores de futebol, respeito a importância da análise técnica de um atleta, porém, é incompreensível que uma análise se reduza a esta vertente).

Após um parêntese necessário, retornemos ao vídeo e ao futebol invisível que, jogado sem bola durante quase todo o jogo, infelizmente, poucos enxergam.

Para cada lance, o que poucos enxergam:

1-A velocidade (de decisão) em abrir linha de passe;
2-A diagonal para evitar a penetração;
3-A recomposição para evitar a penetração;
4-O posicionamento com nítida atenção às referências do jogo (alvo, bola, companheiros adversários);
5-O atraso da ação adversária com nítida atenção às referências do jogo (alvo, bola, companheiros adversários);
6-A cobertura defensiva e a proteção do alvo;
7-O posicionamento com nítida atenção às referências do jogo (alvo, bola, companheiros adversários);
8-A ampliação do campo efetivo de jogo com a equipe em posse de bola;
9-A recomposição e o posicionamento para cortar um possível cruzamento;
10-O atraso da ação adversária para posicionamento dos companheiros;
11-A rápida recomposição mesmo quando é ultrapassado;
12-O atraso da ação adversária para posicionamento dos companheiros;
13-A velocidade (de decisão) em abrir linha de passe mesmo que não receba a bola;
14-A rápida diagonal para posicionar-se entre bola e alvo;
15-A diagonal para evitar a penetração;
16-O equilíbrio defensivo, a eficiente diagonal e o foco na trajetória da bola, e não no corpo do adversário;
17-O bom posicionamento defensivo quando distante da bola;
18-A rápida recomposição mesmo quando é ultrapassado;

A partida só não foi perfeita para este jogador, pois em duas situações do jogo errou a decisão (e a ação), como pode ser observado no pequeno trecho abaixo:
 


 

Na primeira imagem, opta pelo combate em detrimento à recomposição e cobertura, permitindo o passe adversário para um setor desprotegido. Na sequência, passa da bola e não prevê o corte para dentro; quando resolve voltar, é tarde demais.

Quanto mais pessoas enxergarem o futebol sem bola, mais rapidamente acontecerão as urgentes transformações do futebol brasileiro. Na perspectiva administrativa, contratações mais assertivas poderão ser realizadas; na perspectiva técnica, principalmente em relação à metodologia de treinamento, será compreendido que cada ação de um jogador no jogo, como bem diz o Dr. Alcides Scaglia, é pautada por uma intenção, portanto, carregada de significado. E este significado (indispensavelmente correlacionado ao futebol) deve ser buscado em cada sessão de treinamento.

Já num plano comercial, se mídia e torcedores brasileiros um dia enxergarem o futebol “invisível”, serão mais críticos na análise do que deveria ser um espetáculo.

Sem dúvida, ganhariam todos! Hoje, quem mais ganha é o futebol europeu! Representado na coluna por Carles Puyol que, ao contrário de muitos defensores brasileiros com mais de 30 anos de idade, sobe o bloco quando sua equipe tem a posse de bola, pressiona constantemente em espaço e tempo seus adversários, sai jogando predominantemente com passes curtos, além dos comportamentos que puderam ser observados no vídeo. Tudo isso com uma altura (1,80m), para muitos, inapropriada para zagueiros.

Uns dizem que os jogadores do Barcelona se entregam ao jogo, outros que treinam muito passe, outros ainda que tudo que aconteceu foi obra do acaso: “você junta os jogadores e as coisas acontecem naturalmente”.

Prefiro dizer que eles dominam o futebol invisível. Visto nesta coluna no plano individual e que deve ser feito no jogo, por todos, no plano coletivo.

Para interagir com o autor: eduardo@149.28.100.147
 

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O futebol "invisível"

Alguns jogos precisam ser guardados para serem revistos ao longo do tempo. Ver uma partida diversas vezes, podendo pará-la, estudá-la, analisá-la, enfim, ser crítico sobre as inúmeras ações que ocorreram no confronto e que permitiram que uma equipe levasse vantagem sobre a outra, é tarefa necessária para quem pretende aperfeiçoar a sua leitura do jogo de futebol.

E, para aperfeiçoar a sua leitura do jogo, “enxergar” o futebol aparentemente “invisível” será determinante na composição de uma opinião sistêmica da modalidade.

O trecho abaixo, retirado do penúltimo clássico Real Madrid x Barcelona, válido pelo 1º turno do Campeonato Espanhol e que a equipe catalã venceu por 3 a 1, é parte de um destes jogos que devem ser vistos repetidas vezes. De acordo com o tema da semana, a preocupação da edição das imagens deu-se exclusivamente com o referido futebol “invisível”, mais especificamente com um único jogador:
 


 

Grande parcela da mídia, dos torcedores e até dos próprios treinadores, tende a analisar um jogo e/ou um jogador exageradamente pela “qualidade técnica”. Atributos como passe, cabeceio, finalização, desarme, são as características observadas para a definição do nível do atleta.

Porém, quem é leitor assíduo da Universidade do Futebol, seguramente, já observou que ter simplesmente as informações técnicas de determinado jogo ou jogador, desconectadas do Modelo de Jogo da equipe, dirá muito pouco desta equipe e do próprio jogador.

No jogo identificado acima, o atleta analisado realizou nove passes horizontais, seis passes verticais no sentido da própria meta, 12 passes verticais no sentido da meta adversária, errou dois passes, fez sete interceptações completas, oito interceptações incompletas, dois desarmes completos e perdeu a posse de bola uma vez, totalizando 47 ações.

Esta análise pode ser feita por um software quantitativo de análise de jogo, ou então, manualmente (o meu caso) para quem não dispõe deste recurso tecnológico. Estas 47 ações, facilmente visíveis, são somente uma pequena parte dos 90 minutos do jogo de futebol que, no plano individual, é jogado a maioria do tempo sem a bola.

(Em tempos de Copa-SP e exacerbação de comentários sobre bons jogadores de futebol, respeito a importância da análise técnica de um atleta, porém, é incompreensível que uma análise se reduza a esta vertente).

Após um parêntese necessário, retornemos ao vídeo e ao futebol invisível que, jogado sem bola durante quase todo o jogo, infelizmente, poucos enxergam.

Para cada lance, o que poucos enxergam:

1-A velocidade (de decisão) em abrir linha de passe;
2-A diagonal para evitar a penetração;
3-A recomposição para evitar a penetração;
4-O posicionamento com nítida atenção às referências do jogo (alvo, bola, companheiros adversários);
5-O atraso da ação adversária com nítida atenção às referências do jogo (alvo, bola, companheiros adversários);
6-A cobertura defensiva e a proteção do alvo;
7-O posicionamento com nítida atenção às referências do jogo (alvo, bola, companheiros adversários);
8-A ampliação do campo efetivo de jogo com a equipe em posse de bola;
9-A recomposição e o posicionamento para cortar um possível cruzamento;
10-O atraso da ação adversária para posicionamento dos companheiros;
11-A rápida recomposição mesmo quando é ultrapassado;
12-O atraso da ação adversária para posicionamento dos companheiros;
13-A velocidade (de decisão) em abrir linha de passe mesmo que não receba a bola;
14-A rápida diagonal para posicionar-se entre bola e alvo;
15-A diagonal para evitar a penetração;
16-O equilíbrio defensivo, a eficiente diagonal e o foco na trajetória da bola, e não no corpo do adversário;
17-O bom posicionamento defensivo quando distante da bola;
18-A rápida recomposição mesmo quando é ultrapassado;

A partida só não foi perfeita para este jogador, pois em duas situações do jogo errou a decisão (e a ação), como pode ser observado no pequeno trecho abaixo:
 


 

Na primeira imagem, opta pelo combate em detrimento à recomposição e cobertura, permitindo o passe adversário para um setor desprotegido. Na sequência, passa da bola e não prevê o corte para dentro; quando resolve voltar, é tarde demais.

Quanto mais pessoas enxergarem o futebol sem bola, mais rapidamente acontecerão as urgentes transformações do futebol brasileiro. Na perspectiva administrativa, contratações mais assertivas poderão ser realizadas; na perspectiva técnica, principalmente em relação à metodologia de treinamento, será compreendido que cada ação de um jogador no jogo, como bem diz o Dr. Alcides Scaglia, é pautada por uma intenção, portanto, carregada de significado. E este significado (indispensavelmente correlacionado ao futebol) deve ser buscado em cada sessão de treinamento.

Já num plano comercial, se mídia e torcedores brasileiros um dia enxergarem o futebol “invisível”, serão mais críticos na análise do que deveria ser um espetáculo.

Sem dúvida, ganhariam todos! Hoje, quem mais ganha é o futebol europeu! Representado na coluna por Carles Puyol que, ao contrário de muitos defensores brasileiros com mais de 30 anos de idade, sobe o bloco quando sua equipe tem a posse de bola, pressiona constantemente em espaço e tempo seus adversários, sai jogando predominantemente com passes curtos, além dos comportamentos que puderam ser observados no vídeo. Tudo isso com uma altura (1,80m), para muitos, inapropriada para zagueiros.

Uns dizem que os jogadores do Barcelona se entregam ao jogo, outros que treinam muito passe, outros ainda que tudo que aconteceu foi obra do acaso: “você junta os jogadores e as coisas acontecem naturalmente”.

Prefiro dizer que eles dominam o futebol invisível. Visto nesta coluna no plano individual e que deve ser feito no jogo, por todos, no plano coletivo.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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O ABC do UFC: aspectos jurídicos

O mundo tem presenciado um estrondoso crescimento do UFC. NO Brasil não é diferente. Após transmissão em TV aberta pela RedeTV, a Rede Globo de Televisão adquiriu os direitos e está transmitindo o evento com seu primeiro time de esportes, inclusive, com narração do polêmico Galvão Bueno que imediatamente criou o bordão “gladiadores do terceiro milênio” para definir os atletas.

O interesse da Globo não foi sem motivos: a transmissão do UFC 134 pela RedeTV em agosto de 2011 rendeu à emissora um inédito primeiro lugar no IBOPE.

O UFC remete à sigla “Ultimate Fighting Championchip” e corresponde a uma espécie de liga de lutadores de várias artes marciais, o que corresponde a uma especialidade da modalidade arte marcial denominada MMA (Artes Marciais Mistas), tal como o futebol de salão é uma especialidade da modalidade futebol.

Esta liga surgiu no início dos anos 1990 quando o brasileiro Rorion Gracie, no intuito de divulgar a arte marcial, o “brazilian jiu-jitsu”, inventada pelo seu pai, Hélio Gracie, convidava amigos para assistir às suas lutas para provar que era imbatível.

A competição começou a tomar corpo quando o publicitário Art Davie, aluno de Rorion Gracie, juntamente com o diretor de cinema John Milius (de Apocalipse Now) associaram-se ao lutador e colocaram anúncios em periódicos convocando atletas das mais variadas modalidades de artes marciais. Assim, com oito participantes, em 12 de novembro de 1993, nascia em Denver o UFC.

O que era para se ater a uma edição passou a contar com outras que, no começo, ocorriam sem muitas regras (combates sem luvas, por exemplo). Diante disso, alguns Estados americanos passaram a proibir o evento, o que quase extinguiu o UFC; até que em 2001, o empresário Dana White, juntamente com dois investidores, comprou a marca e reinventou esta liga de MMA.

Atualmente, o UFC é uma das marcas esportivas mais valiosas do mundo. Tanto que, em 2011, um xeque árabe comprou 10% dos direitos por 200 milhões de dólares, preço pago pela integralidade do evento em 2001. Transmitido para 150 países e território e em 22 línguas, o UFC possui uma audiência de cerca de 597 milhões de famílias.

Apesar de chamado de “vale-tudo”, atualmente o UFC possui regras gerais, quais sejam: obrigatoriedade do uso de luvas de dedo aberto, de coquilha (protetor genital) e protetor bucal e possibilidade de se usar sapatilhas, protetores para os joelhos e cotovelos e bandagem para tornozelos e punhos.

Além disso, houve divisão em sete categorias de acordo com o peso e há uma série de proibições, como dar cabeçada, puxar os cabelos, colocar o dedo nos olhos ou ter conduta antiesportiva que cause dano ao oponente.

Cada evento do UFC tem cerca de 10 lutas, sendo uma delas que pode valer um cinturão, a principal. Cada luta tem três rounds de cinco minutos com um de intervalo, exceto a luta principal que pode ter cinco rounds.

Há quem entenda se tratar de um esporte muito violento, porém, sob o ponto de vista jurídico, a violência corresponde a exercício regular de direito, eis que as regras da competição não são vedadas em lei e os participantes anuem a elas, ou seja, exponham-se aos riscos.

Portanto, o Código Penal Brasileiro prevê o exercício regular de um direito como excludente da ilicitude, tendo em vista que se uma conduta é admitida por outro ramo do Direito, não pode ser objeto de punição pela legislação criminal.

Destarte, a doutrina entende que lesões são componentes naturais de determinados esportes, não havendo, em princípio, responsabilidade criminal, uma vez que se trata de ter sido praticado no exercício regular de um direito. Assim se manifesta, majoritariamente, a doutrina, senão vejamos:
 

“Em certos tipos de esportes regulamentados (futebol, boxe, judô, etc.) podem resultar lesões nos contendores. Estarão elas compreendidas nesta causa de exclusão, desde que obedecidas as regras próprias do esporte que disputavam”.( Código Penal Comentado / Celso Delmanto – 7 ed. – Rio de Janeiro: Renovar, 2007.)

Deve-se considerar que a Constituição da República determina ser dever do Estado incentivar as práticas desportivas (Art. 217, caput), assim, a imputação de responsabilidade criminal teria o condão de neutralizar a intenção do legislador constitucional, conforme ressalta o renomado penalista Julio Fabbrini Mirabete.
 

“Há esportes que podem provocar danos à integridade corporal ou à vida (boxe, luta livre, futebol, etc.). Havendo lesões ou morte, não ocorrerá crime por ter o agente atuado em exercício regular de direito. O Estado autoriza, regularmente, e até incentiva a prática de esportes, socialmente úteis, não podendo punir aqueles que, exercitando um direito, causam dano”.( Manual de direito penal, volume 1: parte gral, arts. 1° a 120 do CP / Julio Fabbrini Mirabete, Renato N. Fabbrini. – 24. ed. Rev. e atual. até 31 de dezembro de 2006. – São Paulo: Atlas, 2007)

Para deslinde, cita-se o professor Álvaro Melo Filho:
 

Cumpre, aqui, saber se os golpes e lesões causadas decorreram, ou não, do exercício regular de determinado desporto e se houve, ou não, observância de suas regras de jogo para que se possa aferir responsabilidade jurídica. Induvidosamente o risco é inerente à práxis desportiva. (…). Em suma, a fronteira entre a impunidade e a punibilidade na práxis desportiva decorre da observância das regras de jogo que se colocam como limite para haver, ou não, a punibilidade, sendo apenáveis as condutas que causem lesão em face do menosprezo ou desrespeito às regras da respectiva modalidade desportiva (FILHO, Álvaro Melo. Artigo científico: CBJD 2010: reequilíbrio do jogo jus-desportivo. Disponível em: . Acesso em: 25 mar 2011) (…)

Assim, a prática do esporte, no caso, do MMA no UFC, nos estritos termos da disciplina que o regulamenta, não constitui crime, bem como deve ser protegida pelo Estado, nos termos da Constituição Brasileira de 1988.

Ante o exposto, sob o ponto de vista jurídico, conclui-se que o UFC constitui uma Liga da Modalidade de Arte Marcial, especialidade MMA, ou seja, Artes Marciais Mistas, e os golpes dos atletas realizados de acordo com o regulamento da modalidade e da competição são considerados exercício regular do direito, e não crimes.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br 

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Obrigado e até breve!

Caros leitores,

para alegria de alguns e tristeza de outros venho anunciar meu afastamento temporário como colunista semanal.

Por razões profissionais, as quais passaram a exigir muito do meu tempo, antes que eu pudesse comprometer a qualidade das colunas e acabar atrapalhando o fluxo da equipe do portal, preferi sair.

Quero agradecer a cada um que em algum momento da vida investiu seu precioso tempo para ler uma das minhas colunas e agradecer mais ainda aqueles que além de lerem, escreveram, tiraram dúvidas, deram ideias, criticaram e me fizeram crescer muito.

Cresci não somente como profissional, mas também como pessoa. Podem ter certeza disso!

Quero agradecer especialmente a toda equipe da Universidade do Futebol pela oportunidade de fazer parte desta maravilhosa família durante um pouco mais de um ano. Nesse período procurei discutir assuntos que julgava relevante, principalmente sobre os aspectos físicos relacionados ao futebol.

Foi um grande desafio exercitar a criatividade e fazer um novo texto a cada semana.

Apesar das minhas limitações, espero ter dado minha contribuição durante esse período e torço para que, de alguma forma, pelo menos uma de minhas colunas tenha ajudado de alguma forma a você pensar melhor o futebol.

Não sei se atingi meus objetivos. Deixo o julgamento para vocês. O que sei é que a cada semana dei o meu melhor e tive um enorme prazer em confeccionar cada um dos textos que agora ficam aí para apreciação de todos que se interessarem.

Não quero que este afastamento seja permanente e sempre que possível continuarei colaborando com textos para a sessão de “artigos”.

De qualquer forma, nosso canal de comunicação permanece o mesmo e desejo a todos muitas realizações e sucesso!

Então, a todos vocês, o meu obrigado e até breve!

Para interagir com o autor: cavinato@universidadedofutebol.com.br

 

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Novamente a especialidade

Novamente o tema em voga está respaldado pela Copa São Paulo de Futebol Junior. E desta feita guarda relação com a especialidade e o conhecimento de causa a respeito do processo de formação de atletas e os resultados esportivos precoces.

O fato: um grande clube do futebol brasileiro foi eliminado precocemente da “Copinha” e seu presidente veio a público afirmar que “alguém pagará por isso”.

Lembro de ter feito uma pesquisa científica neste clube no passado e de ter conversado informalmente com algumas pessoas, estudiosas estas da gestão e das necessidades que um atleta possui para crescer e se desenvolver, por etapas, ao longo da sua formação.

Os mesmos explicaram que não gostavam de participar de torneios de curta duração ao longo de determinadas etapas de formação dos atletas, pois, entendiam eles, que a elevada intensidade proporcionada por estas competições poderia prejudicar o desenvolvimento físico e muscular dos adolescentes.

Neste sentido, os torneios eram escolhidos por questões mercadológicas, e eram muito bem avaliados e selecionados antes de efetivamente decidir-se por sua participação ou não.

Assim, naturalmente, a Copa São Paulo se enquadrava no calendário pela visibilidade proporcionada pela mesma, mas não era o divisor de águas para decidir quem seria ou não atleta profissional.

Em suma, o que se quer dizer é que, em um trabalho consistente e coerente de formação de jogadores para o futebol nem sempre o título é sinônimo de revelação de bons atletas. Tal premissa já foi analisada em muitas ocasiões aqui mesmo no site Universidade do Futebol, por especialistas no assunto.

Desta maneira, é novamente incompreensível a intromissão de dirigentes amadores, sem conhecimento de causa, a tumultuar um ambiente de um clube revelador de grandes talentos.

A insistência em atravessar um campo em que não possui competência acaba se tornando um vício e pode atrapalhar anos de organização e sistematização de processos, construídos com muito estudo a partir de ciclos de aprendizagem.

Enquanto nossos dirigentes permanecerem com o pensamento teimoso de se intrometer em todos os departamentos, mesmo sem reunir saberes sobre os mesmos, os clubes administrados por eles devem simplesmente parar no tempo… ou galgar caminhos nas profundezas pelo alfabeto nas Séries B… C… D…

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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Copa São Paulo de Futebol Júnior: bom jogador surge do nada?

Olá, amigos!

No fim do ano passado o mundo (além daqueles que trabalham seriamente e que já tinham noção) se assombrou e discutiu a formação de atletas no próprio clube vendo o sucesso do Barcelona, time sensação e referência global que tem colhido frutos de um sistema de formação eficiente e que contou, além da competência, com a sorte de uma geração brilhante que hoje faz parte do elenco principal.

Muitos colegas e eu inclusive já discutimos alguns pontos sobre o processo de detecção de talento, acompanhamento, sistema de formação e também sobre o funcionamento das categorias de base do time catalão

Pois bem, estamos chegando nesta semana nos jogos decisivos da Copa São Paulo de Futebol Júnior. Muitos esperam seu término para ver quais serão os destaques e a futura geração do futebol brasileiro.

O que preocupa é que dentre esses muitos, encontramos os profissionais do futebol, representado muitas vezes por dirigentes e técnicos que se manifestam com palavras e imagens se vangloriando de estar atentos à “Copinha”, esperando o surgimento de um ou dois atletas para compor o elenco profissional dependendo do desempenho na competição.

Está certo isso?

Muitas vezes numa competição o atleta pode ter seu momento de destaque e acaba se consolidando para integrar as equipes principais de qualquer time do país. Mas aceitar que um clube, principalmente os ditos grandes, esperem que dois ou três jogadores “brotem” do nada é o mesmo que certificar-se e evidenciar a incompetência na gestão das categorias de base do futebol brasileiro.

Hoje temos estrutura e tecnologia suficientes para conseguirmos acompanhar os atletas do próprio clube e mesmo os de outros através de gerenciamento de dados e informações das competições das diversas categorias, para mapear e investigar destaques e evolução dos atletas de diferentes gerações. Assim, um clube deveria se programar para subir dois ou três atletas com base num acervo de dados compilados durante um período de tempo maior, trabalhando as carências da equipe principal junto às comissões técnicas das demais categorias – aliás, essas comissões deveriam fazer parte da principal, como complemento de funções.

Mas o que acontece é que o clube muitas vezes quer ganhar o sub-13, conquista o título, e sem se importar que o atleta com 15 anos mantenha-se em alto nível dentre os pares da mesma geração: o importante muitas vezes para o técnico da categoria é conseguir no ano seguinte ser bicampeão do sub-13, e no outro ser tricampeão.

O titulo dá respaldo, sim, mas aí que temos a diferença: quantos atletas do sub-13 têm chegado ao principal dali cinco a oito anos? O número não vai ser alto, justificariam alguns, mas não precisa ser insignificante.

E mesmo que não seja um aproveitamento gigante, tal como os nove titulares do Barcelona que compõe o time base, podemos ter um resultado melhor.

Agora, enquanto os clubes não investirem em tecnologia, conhecimento, e estrutura para realmente formar atletas, e não só com o único e exclusivo objetivo de vendê-los antes de chegar ao profissional (que se tem tornado comum), com certeza novos softwares, novos recursos e novos profissionais irão se encontrar no meio; e, sobretudo, novos e mais atletas não dependerão de uma grande explosão na Copa São Paulo de Futebol Júnior para tentar a chance da vida.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br
 

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Identidade

Dia desses, estive conversando com um grande amigo a respeito de coisas do futebol.

Mais especificamente, sobre o porquê de um determinado clube conhecido por ambos estar em grave crise administrativa.

Ele, com muita experiência profissional, no Brasil e fora, somando a lucidez de visão, respodera:

“O clube precisa resgatar sua identidade. Isso não existe há muito tempo.”

E, por ter feito parte de um período da instituição em que se forjara uma identidade forte, coesa e também vitoriosa, essa afirmação soava, para mim, como diagnóstico preciso.

Na Wikipédia, “Identidade é o conjunto de caracteres próprios e exclusivos com os quais se podem diferenciar pessoas, animais, plantas e objetos inanimados uns dos outros, quer diante do conjunto das diversidades, quer ante seus semelhantes”.

Ademais, antropologicamente, tem-se que a “Identidade consiste na soma nunca concluída de um aglomerado de signos, referências e influências que definem o entendimento relacional de determinada entidade, humana ou não-humana, percebida por contraste, ou seja, pela diferença ante as outras, por si ou por outrem. Portanto, Identidade está sempre relacionada a ideia de alteridade, ou seja, é necessário existir o outro e seus caracteres para definir por comparação e diferença com os caracteres pelos quais me identifico”.

Tentando aproximar os dois conceitos do futebol e do próprio tema trazido àquela conversa, entendo ser possível resumir e, ao mesmo tempo, traçar as devidas analogias.

Identidade, no clube de futebol, é o conjunto de atributos próprios e exclusivos, reunidos em torno de pessoas, ou por elas construídos, bem como os símbolos, as estruturas, as ideias e seus fatores históricos, que determinam a todos estes um sentimento de pertencer à instituição ou dela poder se apropriar de forma intangível.

O decantado Barcelona de hoje, dentre outros grandes clubes europeus, e alguns poucos do Brasil, conseguem construir e solidificar sua identidade em todos os aspectos que conformam a instituição.

Já havia mencionado em outra coluna que a política de gestão faz com que o clube não perca sua essência.

Com os dirigentes sabendo qual é a identidade da instituição e a incluindo no planejamento e execução no dia a dia da gestão, fica mais fácil montar equipes competitivas em todos os níveis e departamentos – não só dentro de campo e na equipe profissional.

Ao contrário, caso se faz uso de gestão política – agraciando empresários, torcida organizada, diretores e conselheiros sem competência técnica para ocupar funções executivas – o resultado pode ser a perda e distanciamento gradativo do DNA institucional que forja a história do clube.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br
 

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Série pré-temporada: atividade conceitual para a manutenção da posse de bola

Após abordar a pré-temporada na coluna “Que venha a pré-temporada: treino físico x treino tático”, recebi vários e-mails perguntando sobre que tipo de atividade pode ser utilizada nesse momento da periodização.

Como sempre afirmo, não existe receita de bolo: para cada processo existem atividades que se encaixarão melhor em cada um dos momentos do planejamento.

Porém, como essa coluna é voltada para a prática, tenho que apresentar algo específico e que utilizo para o desenvolvimento integral da equipe na pré-temporada.

Antes de criar a atividade, escolhi um conteúdo amplamente discutido nas últimas semanas por conta do Barcelona, que é a manutenção da posse de bola.

Esse conteúdo faz parte dos princípios operacionais do jogo, que orientam a ação dos jogadores nos momentos de ataque e de defesa e são divididos em três de ataque e três de defesa, segundo Bayer. Existem ainda os princípios de transição que são definidos por Leitão.

No ataque, além da manutenção da posse de bola, temos a progressão ao alvo e o ataque efetivo à meta contrária.

Na manutenção da posse de bola, os jogadores têm regras de ação que os orientam a fim de manter o controle da bola através da transmissão da posse da mesma, onde toda a equipe buscará ter muita mobilidade, com desmarcações e criação de linhas de passe.

Tudo isso é treinado.

Na pré-temporada, posso, então, criar atividades conceituais.

Nessas atividades, os conceitos serão abordados e as regras de ação serão desenvolvidas em um ambiente geral. Além disso, as atividades conceituais têm um potencial grande no que tange o desenvolvimento das capacidades físicas específicas; sendo assim, posso utilizar muito bem esse tipo de atividade desde o início da pré-temporada. Só preciso adequar as regras e aumentar gradativamente as exigências cognitivas e físicas de jogo das mesmas.

Abaixo, elenco três atividades para o desenvolvimento da manutenção da posse de bola na pré-temporada através de atividades conceituais e uma atividade para o aquecimento específico. Cada atividade deve fazer parte de um processo e não necessariamente as três farão parte da mesma sessão de treino.

Atividade 1

Descrição
– Atividade de 9 X 2, o famoso bobinho com dois jogadores no meio. Essa atividade pode ser utilizada como forma de aquecimento específico e ter suas regras modificadas a fim de adequar o exercício ao momento do processo; essa atividade também pode ser utilizada como atividade técnica para o passe.

Para levar a atividade ainda mais a campo trouxe um vídeo do Barcelona realizando tal atividade – façam uma observação detalhada do mesmo, pois ele nos traz muitas informações importantes.
 


 

Atividade 2

Descrição

– Atividade de 4 X 4 + Coringa, onde o objetivo das equipes é trocar seis passes dentro do espaço delimitado.

Regras e Pontuação
– 1 ponto quando a equipe realizar seis passes sem interrupção.

Atividade 3

Descrição
– Atividade de 6 X 6 + 6, onde o objetivo das equipes é trocar 10 passes consecutivos. Duas equipes de seis jogadores se enfrentam dentro do espaço e há uma equipe de fora que joga como apoio para a equipe que tem a posse de bola.

Regras e Pontuação
– 1 ponto quando equipe fizer 10 passes consecutivos.
– Equipe que está de coringa por fora do campo pode dar apenas dois toques na bola e a mesma não pode ser passada de coringa para o coringa.

Atividade 4

Descrição

– Atividade de 8 X 8 + 4 coringas, onde o objetivo das equipes é trocar passes consecutivos passando pelos quatro quadrantes do campo. Em cada um desses quadrantes deve ter um jogador fixo da equipe, enquanto os demais se movimentam livremente juntamente com os coringas.

Regras e Pontuação
– 10 pontos quando equipe trocar passes nos quatro quadrantes do campo.
– 1 ponto para cada cinco passes sem interrupção.

Mãos à obra!

Até a próxima!

Para interagir com o autor: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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Entrevista Tática: Dante, zagueiro do Borussia M’Gladbach-ALE

Com grande colaboração dos jornalistas Bruno Camarão e Guilherme Yoshida, que estabeleceram o contato para a entrevista, a coluna desta semana traz a opinião de Dante sobre diversos aspectos referentes ao jogo de futebol que de alguma forma se relacionam com a vertente tática da modalidade.

Dante, zagueiro do Borussia M’Gladbach e único brasileiro no atual elenco, é peça importante na surpreendente campanha da equipe na Bundesliga 2011/2012, com 33 pontos em 17 rodadas e ocupando a 4ª colocação. Distante quatro pontos do líder, sua equipe encontra-se atrás apenas de Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Schalke 04.

O defensor de 28 anos é um dos três jogadores da equipe que mais atuou na competição, 1530 minutos. Abaixo, a entrevista com ele:

1-Quais os clubes que você jogou a partir dos 12 anos de idade? Além do clube, indique quantos anos tinha quando atuou por ele.

Em 1998 na Catuense, em 1999 no Galícia, em 2000 no Capivariano, entre 2001 a 2004 no Juventude, de 2004 a 2006 no Lille-FRA, em 2007 no Charleroi-BEL, de 2007 a 2009 no Standard Liège-ALE e de 2009 em diante no Borussia M’gladbach-ALE.

2-Para você, o que é um atleta inteligente?

Podemos abordar muitos pontos dentro disso. Acredito que inteligência tem a ver, além da qualidade técnica, com a capacidade de fazer bem uma leitura de jogo, de entender estrategicamente o futebol, compreender as propostas de jogo da sua equipe e também do adversário e, também, saber usar sua qualidade técnica de um modo que possa se diferenciar.

3-Você saberia descrever o quanto o futebol de rua, o futsal ou o futebol de areia contribuiu para a sua formação até chegar ao profissional?

Praticamente em tudo. Meu amor por futebol surgiu justamente nas brincadeiras de rua e no colégio. Tudo isso faz parte do que eu sou hoje e eu não seria o que sou se não fosse essa etapa da minha vida.

4-Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

Foco, concentração, respeito e determinação. Acredito que são regras básicas para se ter uma equipe vencedora em qualquer jogo.

5-Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

Normalmente o que se faz no clube, o treino diário, é o ideal. Obviamente uma boa pré-temporada é muito importante. Quando estamos treinando na pré-temporada ou nos treinamentos diários e importante um mix de trabalhos físicos, técnicos e táticos.

6-Para ser um dos melhores jogadores de sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

Acho que não precisa ter uma característica própria. Muitas vezes jogadores totalmente diferentes acabam se completando, um com mais capacidade de marcação, outro com mais capacidade de saída de bola. Então, varia muito isso e vai muito de acordo com a característica do jogador e do elenco que ele compõe.

7-Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

Eu me considero um jogador com uma boa impulsão, boa estatura para jogadas aéreas e finalização de cabeça também. Sou um jogador tranquilo, também, com uma boa saída de bola e sempre tento aliar tudo isso para me tornar um jogador sempre mais completo.

8-Pense no melhor treinador que você já teve. Por que ele foi o melhor?

Sem demagogia, acredito que o Lucien Favre, que está conosco no Borussia M’gladbach, é um dos grandes com quem já trabalhei e vi. Ele pegou este grupo desacreditado, praticamente rebaixado e foi responsável pela recuperação e pela consolidação da confiança desse grupo, que agora está lutando pela liderança na Bundesliga.

9-Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

Isso acontece sempre. O jogador sempre tem uma convicção, mas temos de ter a consciência de que o treinador muitas vezes acaba tendo uma visão melhor e muitas vezes vai o próprio jogador que tem qualidade para jogar numa determinada posição que ele achava que não lidava bem. Acredito que, nestes casos, é preciso ter calma, pois às vezes as coisas podem ser boas para o jogador.

10-Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

A preleção aqui na Europa é um pouco diferente do Brasil. No Brasil ela é mais motivacional, aqui na Europa é apenas uma resenha de tudo que treinamos e do que temos pela frente. É sempre importante para entrarmos ainda mais concentrados em campo.

11-Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?

O 3-5-2 é bem menos usual hoje e acabamos sempre jogando com uma linha de quatro na maioria das vezes ou com mais um jogador ali para auxiliar. Para nós, que somos zagueiros, independentemente da formação, é sempre bom ter alguém a mais ali para compor a marcação e dificultar a vida do adversário. Nós jogamos muito assim, com mais proteção atrás e apostando no contra-ataque ou tentando valorizar a posse.

12-Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:

Com a posse de bola:
Valorizando a posse e buscando alternativas, evitando ao máximo o erro de passe.

Assim que perde a posse de bola: recomposição rápida para não deixar espaços.

Sem a posse de bola: equipe compacta, evitando ao máximo deixar buracos e oportunidades para os adversários.

Assim que recupera a posse de bola: buscar atacar com velocidade para surpreender o adversário e aproveitar os espaços.

Bolas paradas ofensivas e defensivas: atenção no posicionamento. Este é um ponto forte da nossa equipe.

Existe alguma mudança de comportamento previamente treinada para jogos fora de casa? E com a vantagem no placar? Explique.

A gente busca sempre jogar da mesma maneira fora de casa, porém, é sempre necessário lembrar que há um adversário e que as equipes jogando em casa sempre tendem a jogar mais para o ataque e tentar se impor. Nossa postura é sempre de tranquilidade, esperando a hora certa para dar o bote, em qualquer situação.

13-O que você conversa dentro de campo com os demais jogadores, quando algo não está dando certo?

Todos nós vamos nos falando, ouvindo orientações do banco e tentando nos ajeitar para que as coisas melhorem. Nunca é uma situação muito fácil de se resolver, mas, às vezes, acaba funcionando, principalmente quando se tem uma equipe entrosada.

14-Como você avalia seu desempenho após os jogos? Faz alguma reflexão para entender melhor os erros que cometeu? Espera a comissão técnica lhe dar um retorno?

É sempre bom ter um retorno da comissão e das pessoas que estão conosco. Eu busco assistir ao jogo e ser muito crítico em relação ao que eu faço, justamente para melhorar sempre.

15-Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

Eu acho que uma característica básica de diferença é o ritmo de jogo. Na Europa a bola corre mais, a grama é mais baixa, o jogo é mais rápido. Acredito que esta seja a principal diferença.

16-Se você tivesse que dar um recado para qualquer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

Buscar sempre a união da equipe, integração de todos, para criar um ambiente saudável e propício para que seja realizado um grande trabalho.

Para finalizar, dê sua opinião sobre o que achou da entrevista e como, na sua visão, a mesma pode contribuir com o futebol brasileiro.

Gostei muito, pois fugiu bastante do que as pessoas costumam perguntar e foi mais a fundo em alguns pontos. Espero que seja interessante para quem trabalha, para quem pensa em trabalhar com futebol e espero também que vocês tenham gostado.

Para interagir com o autor: eduardo@149.28.100.147

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Entrevista Tática: Nei, lateral-direito do Internacional

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Entrevista Tática: Dante, zagueiro do Borussia M'Gladbach-ALE

Com grande colaboração dos jornalistas Bruno Camarão e Guilherme Yoshida, que estabeleceram o contato para a entrevista, a coluna desta semana traz a opinião de Dante sobre diversos aspectos referentes ao jogo de futebol que de alguma forma se relacionam com a vertente tática da modalidade.

Dante, zagueiro do Borussia M’Gladbach e único brasileiro no atual elenco, é peça importante na surpreendente campanha da equipe na Bundesliga 2011/2012, com 33 pontos em 17 rodadas e ocupando a 4ª colocação. Distante quatro pontos do líder, sua equipe encontra-se atrás apenas de Bayern de Munique, Borussia Dortmund e Schalke 04.

O defensor de 28 anos é um dos três jogadores da equipe que mais atuou na competição, 1530 minutos. Abaixo, a entrevista com ele:

1-Quais os clubes que você jogou a partir dos 12 anos de idade? Além do clube, indique quantos anos tinha quando atuou por ele.

Em 1998 na Catuense, em 1999 no Galícia, em 2000 no Capivariano, entre 2001 a 2004 no Juventude, de 2004 a 2006 no Lille-FRA, em 2007 no Charleroi-BEL, de 2007 a 2009 no Standard Liège-ALE e de 2009 em diante no Borussia M’gladbach-ALE.

2-Para você, o que é um atleta inteligente?

Podemos abordar muitos pontos dentro disso. Acredito que inteligência tem a ver, além da qualidade técnica, com a capacidade de fazer bem uma leitura de jogo, de entender estrategicamente o futebol, compreender as propostas de jogo da sua equipe e também do adversário e, também, saber usar sua qualidade técnica de um modo que possa se diferenciar.

3-Você saberia descrever o quanto o futebol de rua, o futsal ou o futebol de areia contribuiu para a sua formação até chegar ao profissional?

Praticamente em tudo. Meu amor por futebol surgiu justamente nas brincadeiras de rua e no colégio. Tudo isso faz parte do que eu sou hoje e eu não seria o que sou se não fosse essa etapa da minha vida.

4-Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

Foco, concentração, respeito e determinação. Acredito que são regras básicas para se ter uma equipe vencedora em qualquer jogo.

5-Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

Normalmente o que se faz no clube, o treino diário, é o ideal. Obviamente uma boa pré-temporada é muito importante. Quando estamos treinando na pré-temporada ou nos treinamentos diários e importante um mix de trabalhos físicos, técnicos e táticos.

6-Para ser um dos melhores jogadores de sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

Acho que não precisa ter uma característica própria. Muitas vezes jogadores totalmente diferentes acabam se completando, um com mais capacidade de marcação, outro com mais capacidade de saída de bola. Então, varia muito isso e vai muito de acordo com a característica do jogador e do elenco que ele compõe.

7-Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

Eu me considero um jogador com uma boa impulsão, boa estatura para jogadas aéreas e finalização de cabeça também. Sou um jogador tranquilo, também, com uma boa saída de bola e sempre tento aliar tudo isso para me tornar um jogador sempre mais completo.

8-Pense no melhor treinador que você já teve. Por que ele foi o melhor?

Sem demagogia, acredito que o Lucien Favre, que está conosco no Borussia M’gladbach, é um dos grandes com quem já trabalhei e vi. Ele pegou este grupo desacreditado, praticamente rebaixado e foi responsável pela recuperação e pela consolidação da confiança desse grupo, que agora está lutando pela liderança na Bundesliga.

9-Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

Isso acontece sempre. O jogador sempre tem uma convicção, mas temos de ter a consciência de que o treinador muitas vezes acaba tendo uma visão melhor e muitas vezes vai o próprio jogador que tem qualidade para jogar numa determinada posição que ele achava que não lidava bem. Acredito que, nestes casos, é preciso ter calma, pois às vezes as coisas podem ser boas para o jogador.

10-Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

A preleção aqui na Europa é um pouco diferente do Brasil. No Brasil ela é mais motivacional, aqui na Europa é apenas uma resenha de tudo que treinamos e do que temos pela frente. É sempre importante para entrarmos ainda mais concentrados em campo.

11-Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?

O 3-5-2 é bem menos usual hoje e acabamos sempre jogando com uma linha de quatro na maioria das vezes ou com mais um jogador ali para auxiliar. Para nós, que somos zagueiros, independentemente da formação, é sempre bom ter alguém a mais ali para compor a marcação e dificultar a vida do adversário. Nós jogamos muito assim, com mais proteção atrás e apostando no contra-ataque ou tentando valorizar a posse.

12-Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:

Com a posse de bola:
Valorizando a posse e buscando alternativas, evitando ao máximo o erro de passe.

Assim que perde a posse de bola: recomposição rápida para não deixar espaços.

Sem a posse de bola: equipe compacta, evitando ao máximo deixar buracos e oportunidades para os adversários.

Assim que recupera a posse de bola: buscar atacar com velocidade para surpreender o adversário e aproveitar os espaços.

Bolas paradas ofensivas e defensivas: atenção no posicionamento. Este é um ponto forte da nossa equipe.

Existe alguma mudança de comportamento previamente treinada para jogos fora de casa? E com a vantagem no placar? Explique.

A gente busca sempre jogar da mesma maneira fora de casa, porém, é sempre necessário lembrar que há um adversário e que as equipes jogando em casa sempre tendem a jogar mais para o ataque e tentar se impor. Nossa postura é sempre de tranquilidade, esperando a hora certa para dar o bote, em qualquer situação.

13-O que você conversa dentro de campo com os demais jogadores, quando algo não está dando certo?

Todos nós vamos nos falando, ouvindo orientações do banco e tentando nos ajeitar para que as coisas melhorem. Nunca é uma situação muito fácil de se resolver, mas, às vezes, acaba funcionando, principalmente quando se tem uma equipe entrosada.

14-Como você avalia seu desempenho após os jogos? Faz alguma reflexão para entender melhor os erros que cometeu? Espera a comissão técnica lhe dar um retorno?

É sempre bom ter um retorno da comissão e das pessoas que estão conosco. Eu busco assistir ao jogo e ser muito crítico em relação ao que eu faço, justamente para melhorar sempre.

15-Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

Eu acho que uma característica básica de diferença é o ritmo de jogo. Na Europa a bola corre mais, a grama é mais baixa, o jogo é mais rápido. Acredito que esta seja a principal diferença.

16-Se você tivesse que dar um recado para qual
quer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

Buscar sempre a união da equipe, integração de todos, para criar um ambiente saudável e propício para que seja realizado um grande trabalho.

Para finalizar, dê sua opinião sobre o que achou da entrevista e como, na sua visão, a mesma pode contribuir com o futebol brasileiro.

Gostei muito, pois fugiu bastante do que as pessoas costumam perguntar e foi mais a fundo em alguns pontos. Espero que seja interessante para quem trabalha, para quem pensa em trabalhar com futebol e espero também que vocês tenham gostado.

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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Entrevista Tática: Nei, lateral-direito do Internacional