Categorias
Sem categoria

Como a vida pessoal do atleta influencia na sua carreira?

O ser humano de maneira geral está sempre em busca da felicidade e esta pode ter e tem um sentido diferente para cada um de nós. Muitos dos que alcançam a dita felicidade pessoal e profissional acreditavam em si próprio e tinham, entre outras qualidades e competências, o foco, um propósito e a persistência. Pois como dizia Viktor Frankl: "Quem tem um PORQUÊ, enfrenta qualquer COMO!".

Mas, talvez um porquê não seja suficiente para nos mantermos no caminho que nos levem ao grande objetivo de vida e carreira. Muitos de nós, enquanto profissionais do esporte ou de outro nicho de atuação, passam por sérias dificuldades de desempenho profissional quando a vida pessoal nos coloca em situações de problema nos quais não temos habilidade para enfrentar tais momentos.

Acredito que a vida pessoal e profissional andam juntas e as decisões que tomamos em relação a nossa vida pessoal impacta o desempenho na carreira e vice-versa. Sendo esse pressuposto uma verdade, então como um atleta pode conseguir ter a competência comportamental para tomar as melhores decisões na vida e carreira, além poder preservar o desempenho em alto nível na vida profissional?!

Para responder essa pergunta, deveremos separar a resposta em duas partes: a primeira em relação à melhora na capacidade de tomar as suas decisões e a segunda em relação ao controle dos seus estados emocionais.

Quanto à tomada de decisão é necessário que o atleta possa ter congruência ecossistêmica na sua escolha, ou seja, ele necessita avaliar quais são os ganhos e perdas de sua possível escolha e ainda mais, avaliando uma determinada situação quanto a motivadores e sabotadores em relação ao propósito ou a decisão a tomar.

• O que o atleta ganha se obtiver o desejado? (Motivador – prazer)

• O que o atleta perde se obtiver o desejado? (Sabotador – dor)

• O que o atleta ganha se não obtiver o desejado? (Sabotador – prazer)

• O que o atleta perde se não obtiver o desejado? (Motivador – dor)

Tendo em vista as respostas para as questões acima, o atleta necessitará planejar ações que minimizem as perdas que são os sabotadores causados pela dor de não obter o resultado desejado. Além disso, o atleta também necessitará elaborar ações para manter os ganhos secundários, aqueles relacionados aos sabotadores do prazer no caso de não se conquistar o resultado desejado.

Indo adiante da avaliação de motivadores e sabotadores o atleta precisará obrigatoriamente realizar a congruência sistêmica de uma decisão, ou seja, avaliar se este objetivo desejado conquistado através de uma decisão, afeta negativamente outras pessoas ou o meio no qual o atleta faz parte?!

Esta avaliação de congruência é extremamente importante, pois aqui a vida pessoal e profissional se cruzam e a falta desta congruência pode levar a um descarrilamento da carreira, caso o impacto na vida pessoal venha a ferir algum valor do atleta.

E para complementar e apoiar na blindagem do desempenho esportivo o atleta precisa desenvolver a prática em pelo menos uma das inúmeras ferramentas de coaching para o controle das emoções negativas e desenvolver âncoras, mantendo o estado emocional e sua concentração sob total controle durante a prática esportiva de alto rendimento.

Penso que aliando uma competência em tomar as decisões na vida pessoal ou profissional com técnicas de controle dos estados emocionais todo atleta pode ter uma grande ajuda para manter o melhor de sua performance profissional, bem como promover grandes conquistas na sua carreira.

E você, amigo leitor, o que pensa a respeito?!

 

Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Tudo novo – Parte 3/3

Para fechar a terceira parte da temática estádios e valor dos ingressos sem, obviamente, se esgotar nelas, vou abordar a questão dos "Season Ticket" (ou ingressos para a temporada) ante os Programas de Sócio Torcedor.

Há uma ampla discussão sobre esse viés. Os defensores dos Programas de Sócio Torcedor alegam que não é cultural do brasileiro adquirir jogos para a temporada. Sim, é fato. Já falamos em outros momentos sobre o “drama” de qualquer tipo de mudança cultural – inclusive a modernização dos estádios é uma delas.

Lembro-me da minha adolescência, com meus 15-16 anos, quando comprei, com a mesada que meus pais me davam, o "Season Ticket" do Basquete de Joinville. Isso mesmo, em 1997 (ou 1998), a cidade se viu bastante envolvida com a modalidade e praticamente todos os jogos ficaram com lotação máxima, o que proporcionava um espetáculo ímpar quando comparado à experiência com outros jogos (incluindo o próprio futebol) – o sistema, à época, era muito simples: uma cartela de papel, com todo o calendário de jogos da 1ª fase, que era assinalado à medida que a pessoa passava pela portaria do ginásio, em cada partida.

Quero dizer com isso que, mesmo com a limitação orçamentária (minha mesada era suficiente apenas para breves atividades de entretenimento), se o produto entregue for bom, é possível sim melhorar de maneira significativa a rentabilidade de programas que melhor fidelizem o torcedor.

E a cada dia que passa vejo que o melhor caminho ainda é o "Season Ticket", embora, novamente, possa levar algum tempo para que o lançamento de um programa neste âmbito se consolide efetivamente. Explico:

1) A venda de bilhetes para toda a temporada permite fazer uma comercialização mais emocional. Apesar de todo o apelo emocional que existe no futebol, esquecemo-nos amplamente deste fator na hora de oferecer novos produtos aos torcedores;

2) Permite antecipar receitas e aproveitar momentos em que o consumidor está com mais dinheiro na sua conta – como, por exemplo, em dezembro, quando a maioria das pessoas recebe seu 13º salário – a antecipação de receitas permitirá investimento na qualificação da equipe (por exemplo), o que respaldará em credibilidade para o torcedor e o estimulará a comprar o “Season Ticket” ano após ano. Fazendo uma conta rápida e utilizando uma base de 20.000 bilhetes de temporada vendidos em dezembro (pensando em um grande clube, que possui hoje mais de 50.000 sócio-torcedores) a R$ 600,00 cada. Suponhamos que todos adquiriram de forma parcelada, com a 1ª parcela equivalente a R$ 300,00 e as demais divididas ao longo de 6 meses. Isso representa uma receita bruta na ordem de R$ 6 milhões, que é muito mais que muitos patrocínios de camisa que poluem os uniformes das equipes hoje em dia. Terá, ainda, outros R$ 6 milhões por vir no 1º semestre subsequente, fruto deste parcelamento;

3) O mês de dezembro casa, portanto, com o término da temporada e a expectativa da vinda de uma nova, que, se bem comunicada, tende a levar o torcedor para o tal "consumo emocional";

4) Ao comprar de forma antecipada, o consumidor, em pouco tempo, passa a ter disponibilidade orçamentária para outro tipo de compras durante os jogos – aqui é que temos um fator limitante dos Programas de Sócio Torcedor: eles estimulam um pagamento mensal, servindo quase que como uma "contribuição social ao clube". Não há, nestes casos, estímulo para que o torcedor frequente o estádio assiduamente. Por isso vemos taxas de ocupação pífias, totalmente sensíveis ao resultado esportivo. Depois, com o comprometimento mensal de parte de seu orçamento para a mensalidade do programa, acaba havendo uma restrição no consumo daquilo que chamamos de "Dia de Jogo" (de pipoca à camisa oficial do clube), reduzindo as possibilidades de ganho dos clubes;

5) Os Programas de sócio-torcedor hoje são utilizados como mecanismo de pressão dos torcedores para com a diretoria: se o clube vai um pouco mal no campeonato, a "vingança" do torcedor é cancelar sua participação no projeto, principalmente por não perceber benefícios paralelos;

6) O "Season Ticket" permite também respaldar em credibilidade a precificação de ingressos – falha muito comum hoje nos principais clubes de futebol: não se percebe claramente os critérios utilizados para se determinar preços. A constante oscilação no valor dos ingressos é que gera essa desconfiança. Para exemplificar, veja o que o gigante Barcelona faz antes mesmo de começar a temporada (ao tabelar os preços de acordo com a categoria dos jogos): http://www.fcbarcelona.com/info-tickets/football-ticket-prices até o modesto Fulham, com estratégia muito similar: http://www.fulhamfc.com/tickets/season-tickets/pricing-and-stadium-map. Ser transparente nesta questão é a melhor forma para que o torcedor acredite em produtos que ensejam consumo de longa duração;

7) O "Season Ticket" gera, ainda, uma possível estratégia de fidelização para quem compra, ano após ano, os bilhetes de temporada. Basta, para isso, administrar, dentro de um banco de dados, a frequência do torcedor no estádio, além de adotar estratégias de CRM (Gestão do Relacionamento com o Consumidor – pela tradução da sigla em inglês). Quando este fica impedido de ir a um jogo (aniversário da família, doença, viagem a trabalho etc.), pode revender seu ingresso na bilheteria por meio do clube. Se tiver a venda efetivada, recebe bônus na aquisição do “Season Ticket” para o ano seguinte. Esse mecanismo acontece em clubes como o Real Madrid e, hoje, com as tecnologias que temos à disposição, não seria difícil trabalhar dentro de uma interface de aplicativos ou sistema de internet para comunicar o "no show". Reforça, também, a questão da credibilidade e do benefício para que se faça o tal "consumo de longa duração".

Em síntese: cada vez estou mais convencido de que há um caminho amplo a ser seguido no sentido de oferecer esse tipo de produto aos torcedores, reforçado, sobretudo, pelas novas arenas – que permitirão segmentar e diferenciar o atendimento para cada tipo de torcedor adquirente do "Season Ticket".

A transição da plataforma esportiva para uma oferta de entretenimento é o grande viés de um projeto neste âmbito e exige que se faça com uma visão de médio prazo, que garanta segurança para o comprador ao mesmo tempo que se deve demonstrar credibilidade sobre o processo de venda. É, portanto, uma mudança cultural de mão-dupla.

 

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Questão de promoção

A vitória do Flamengo sobre o Vasco, no último domingo, atraiu 61.767 pessoas ao estádio Mané Garrincha, em Brasília. Com uma renda superior a R$ 4 milhões, o jogo ratificou o interesse que as equipes do Rio de Janeiro despertam no público da capital federal.

O Flamengo já havia atuado em um Mané Garrincha lotado quando encarou Coritiba (como mandante) e Santos (como visitante) no atual Campeonato Brasileiro.

A Copa do Mundo de 2014 vai despejar 12 novos estádios no futebol brasileiro, e alguns deles serão construídos em regiões com mercado totalmente incipiente no futebol. Atrair clubes de outros Estados pode ser uma solução para evitar total abandono de equipamentos em locais como Brasília, Cuiabá e Manaus.

Entretanto, essa receita não funciona sempre. No dia 7 de julho deste ano, Botafogo e Fluminense disputaram clássico pelo Campeonato Brasileiro. O jogo foi realizado na Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, e o público foi decepcionante: 9.669 pessoas.

Entender a diferença entre os jogos lotados do Flamengo em Brasília e o abandono do clássico carioca em Pernambuco é fundamental para orientar a gestão dos novos estádios do Brasil. E muito do que separa os dois caminhos é responsabilidade da comunicação.

A realização de um evento esportivo não é diferente do estabelecimento de um ponto comercial. Antes de escolher um local é necessário conhecer o perfil e as necessidades do público que vive ali.

Botafogo e Fluminense não fizeram uma pesquisa para medir o potencial do clássico em Pernambuco. Apostaram apenas no inusitado de o jogo ser realizado no Estado, que nem sequer é carente de partidas da elite nacional – o Náutico está na Série A do Campeonato Brasileiro.

Depois de medir a necessidade de um clássico carioca na área, Botafogo e Fluminense precisavam refinar a pesquisa. Era preciso entender, por exemplo, se os torcedores das duas equipes podiam pagar mais ou em que tipo de serviço eles investiriam.

Na temporada 2011/2012, a receita de matchday, que soma todo o faturamento obtido em dias de jogos (bilheteria, venda de produtos e receitas de restaurantes, por exemplo), representou 23% de todo o dinheiro ganho pelos times da Premier League. A parte comercial, que inclui patrocínios, gerou 27%.

Agora tente transportar isso para a realidade brasileira: qual clube do país ganha com bilheteria e receita de estádios quase um quarto do faturamento total? Qual time equipara esse faturamento ao dinheiro amealhado com patrocínios e licenciamentos?

A resposta é nenhum. E isso não se deve apenas à estrutura deficiente dos estádios usados pelos times brasileiros até o ano passado. O advento das novas arenas mostrará que essa evolução não será suficiente para carregar o público.

O que falta no Brasil é cultura de promoção. Pergunte a qualquer torcedor, por exemplo, quando é o próximo jogo do time dele. Pergunte qual é o adversário e qual é o campeonato. As chances de ele conseguir responder corretamente são bem remotas.

Desde a implosão do Clube dos 13, as equipes brasileiras adotaram um modelo individualizado de negociação de direitos de mídia. E nem assim conseguiram incluir nos contratos um espaço para a divulgação de seus jogos.

Porque a TV faz chamadas e inserções comerciais sobre as transmissões, mas não dos jogos. Esse é o ponto.

Seria extremamente simples para os times brasileiros estabelecer permutas ou acordos com diferentes veículos de mídia. Esse seria um primeiro passo importante.

Mas também é necessário extrapolar. Diz o jargão que todo jogo de um campeonato por pontos corridos é uma decisão. Se é assim, deveria ser promovido como tal.

O Campeonato Brasileiro não consegue ocupar 40% de seus estádios. A Premier League teve 95% de lotação na temporada passada, a 16ª consecutiva em que pelo menos 90% dos espaços foram preenchidos.

Uma das diferenças básicas entre as duas realidades é a promoção. Sem a venda adequada é impossível lotar qualquer espaço.

No Brasil, o excesso de jogos “que não valem nada” é sempre usado como argumento para os baixos índices de público. Ora, a temporada da NBA, a liga profissional de basquete dos Estados Unidos, tem mais de 80 jogos. Tente encontrar um deles em que o ginásio fica completamente vazio.

Para estabelecer uma franquia, a NBA exige um estudo sobre o potencial do mercado local. Esse estudo é uma das bases para desenvolver ações voltadas a levar esse público para o ginásio.

Pense no seguinte paralelo: quando participa de um programa de rádio ou de TV, um artista sempre aproveita para promover os próximos shows. Quando você viu um atleta aparecer em qualquer mídia e avisar ao público sobre o jogo da semana seguinte?

Outro exemplo: shoppings, que são uma verdadeira mania do consumidor brasileiro, realizam várias promoções durante o ano. Essas promoções são comunicadas no próprio centro de compras, mas normalmente elas também ocupam um grande espaço na mídia. Se o público não for até lá, não adianta reduzir os preços.

O futebol brasileiro tem inúmeros defeitos de gestão. Um deles é achar que a venda depende exclusivamente do amor. Qualquer venda, independentemente do segmento, depende de uma comunicação bem feita.

 

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

José Silvério, 50 anos do primeiro gol

Estreia é algo tão importante e difícil que deveria ser a última coisa que a gente faz na vida. Como, por definição, não é possível, que ao menos a gente tivesse noção do que iria acontecer depois.

Mas a antevisão é para poucos. É coisa de craque.

Vi, vivi e convivi com alguns craques em vários ofícios. Sou filho de uma mãe que é craque em família. De um pai que foi craque na minha matéria. Tenho um irmão craque em aviação. Tenho filhos que são craques – e não só por que todo o filho é craque. Minha mulher é craque no amor.

Não são muitos craques na vida. No ofício, também. Trabalhei com alguns. Ainda trabalho. E todos eles têm a antevisão dos fatos, dos feitos, dos jeitos, das coisas. Eles enxergam antes. Eles veem além. Eles sentem antes. Eles sacam primeiro. Eles entendem no ato. Eles fazem antes da obra feita.

Alguns pensam, agem, executam, opinam. Poucos falam. Raros narram.

Um antecipa. Ninguém no rádio como ele.

Poucos craques de microfones são como ele. Raros do mesmo nível com a bola rolando, e até um pouco depois de ela rolar.

Mas antes de a pelota ultrapassar a linha de meta, ele já gritou gol. Já sentiu gol. Já cheirou gol. Já narrou gol. O gol é meta dele. É objetivo como meta. Como ele é objetivo no trabalho.

Tem craque que nasceu para fazer gol. Tem um craque que nasceu para narrar gol. E tudo que antecede ao gol. E tudo que nasce depois do gol.

Por que ele é o gol. Ou como bem definiu outro craque mineiro lá de Muzambinho: ele é o pai do gol. De todos eles que só ele viu nascendo antes de eles existirem.

Sei disso como ouvinte há 38 anos. Conheço cada vez mais há dez anos ao meu lado, em estádios e estúdios. Já vi narrando gols que não tinham acontecido antes de eles serem gols. Por que, como craque, sabe que serão.

Ele erra? Não. O gol é que é errado. O gol é que não sai. O atacante é que perde gol feito. Ele não. Ele canta o gol feito. Ele enfeita o gol marcado. Ele solta a voz, como um dia soltou para desentalar o grito do palmeirense em jejum, em 1993. Como já havia feito com o corintiano, em 1977. Como fez com o Brasil tetra, com o Brasil penta. Com outras grandes conquistas, com algumas pequenas derrotas.

Ele cobra muito de todos. Dentro e fora de campo. Por que se exige demais. Como Pelé, e ele é Pelé para narrar em rádio, ele se concentra antes de cada partida. Ele sonha com os gols. E os gols se transformarm em realidade. Ainda mais real no relato preciso, conciso, direto. Objetivo. Ele narra o que é belo e o que é feio. O que é fato e o que é feito. Não floreia – narra.

Ele é concreto como um gol que é ou não é. Ele é. Ele é o Zé.

Pai do gol que em 20 de julho de 1963, menino de tudo, foi até um canto do estádio da rua Desenbargador Alberto Luz narrar Dalton marcar o único gol para o time da casa de Lavras, ainda hoje seu lar. Olímpica venceu o Bragantino com aquele gol isolado.

Um jogo que poucos lembram, se é que alguém se recorda. Um gol que ele não lembra como foi, que estreia muitas vezes é assim. Mas um gol que o rádio, o jornalismo e o futebol brasileiro não podem esquecer. Podemos até florear, inventar, extrapolar, dizer que foi isso, que foi aquilo o lance, o gol, tudo.

Mas em homenagem ao jovem locutor que estreava em Minas, para depois ganhar o rádio do Rio, de Brasília e de São Paulo, para não falar em todo o Brasil, o futebol ganhava alguém capaz para narrar o que é um drible de Mané, um passe de Rivellino, uma ginga de Neymar, um gol de Pelé. Um gol narrado pelo Zé.

Lances de craques e de gênios de várias gerações. Todos eles com a mesma categoria para narrar antes – GOL! Dele. Do Zé. E QUE GOLAÇO!

Drummond falava de um mineiro como ele que fez mais de mil gols. “Difícil não é fazer 1000 gols como Pelé. Difícil é fazer um gol como Pelé”. O poeta falaria fácil de outro mineiro de Itumirim que deixa tudo menos complicado: “Difícil não é narrar milhares de gols pela vida. Impossível é relatar um gol como faz o José Silvério”.

Em nome dos ouvintes do Brasil que você saúda com sua saúde de ferro há 50 anos, em nome dos colegas com que você multiplica as jornadas nesse período todo, eu só posso dizer que, assim como você fala para os seus filhos e netos, seus amores, tudo que você os ama, nós que temos o privilégio de trabalhar ao lado do Pelé do gol no rádio só podemos agradecer.

Obrigado por nos dar a emoção de um grito de gol do nosso time. Obrigado por me dar a honra de ouvir você gritar gol ao meu lado. Obrigado por tantas vezes narrar gol do nosso time no meu telefone celular para os meus filhos ouvirem de casa em vez de ouvir pelo rádio. Obrigado por algumas vezes ter feito o mesmo para o meu pai que morria de medo de alguns jogos do nosso time. Obrigado por em Dortmund narrar Brasil 3 x 0 Gana na Copa de 2006 com a precisão e emoção de sempre e, ao desligar o microfone, desabar no choro pela Tianinha que adoecera em São Paulo antes de a bola rolar. Obrigado por narrar em Barueri um jogo nada apaixonante como se você fosse um adolescente apaixonado quando conheceu a Rose.

Amigos, isso eu posso soltar a minha voz: se ouvir um gol do nosso time narrado pelo Zé é maravilhoso, posso dizer, depois de 10 anos de trabalho na cadeira do lado, que ouvir até os gols que tomamos pelo nosso time são menos feios. Por que são narrados por um craque.

Parabéns pelos próximos 50 anos de rádio, Zé.

 

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

Categorias
Sem categoria

Clubes punidos por atos de seus torcedores?

O Projeto de Lei nº 3.095/2012 que tramita na Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais tem por obetivo autorizar o Poder Executivo a aplicar multa às entidades de prática esportiva de qualquer natureza ou modalidade em razão de ilícitos praticados por seus torcedores.

As penalidades seriam aplicadas também às torcidas organizadas, definidas no art. 39-A da Lei Federal nº 10.671, de 15 de maio de 2003 (Estatuto do Torcedor), , no que concerne aos seus membros ou associados.

De iniciativa do deputado estadual Arlen Santiago, a lei teria por justificativa os recentes episódios de violência protagonizados por torcedores.

Do ponto de vista jurídico, o proponente defende que os Estados e o Distrito Federal podem legislar concorrentemente com a União sobre desporto conforme art. 24, IX, da Constituição Federal e art. 37, § 2º, do Estatuto do Torcedor (Lei Federal nº 10.671, de 2003) que permite a todos os entes da Federação a instituição de multa pelo descumprimento de suas disposições.

Segundo o projeto, a entidade de prática esportiva de qualquer natureza ou modalidade que permitir, incentivar, colaborar ou deixar de coibir ilícitos praticados por seus torcedores ficará sujeita às penalidades de advertência; multa e; suspensão de repasses de verbas públicas ou incentivos fiscais estaduais por até seis meses.

A lei caracterizaria ilícito como a promoção de tumulto ou a prática ou a incitação à violência; ou a invasão de local restrito aos competidores, árbitros, fiscais, dirigentes, organizadores ou jornalistas.

A advertência seria aplicada quando o ilícito não fosse consumado e não houvesse vítimas ou danos patrimoniais.

A multa, por sua vez, seria aplicada nas hipóteses de reincidência ou no quando houvesse vítimas ou danos patrimoniais. O valor da multa seria de 1.000 Ufirs (mil Unidades Fiscais de Referência) a 10.000 (dez mil) Ufirs, graduada de acordo com a gravidade da infração, a natureza do evento e a condição econômica da entidade, mediante processo administrativo em que seja assegurada ampla defesa e contraditório.

Finalmente, a suspensão de repasses de verbas públicas seria aplicada, sem prejuízo da multa, na hipótese de reiterado descumprimento das disposições da lei.

O referido projeto recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição e Justiça e sua tramitação pode ser acompanhada pelo sítio http://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/tramitacao_projetos/interna.html?a=2013&n=2281&t=RQS .

Trata-se de iniciativa interessante, eis que, conforme amplamente mencionado, o torcedor compõe o patrimônio do clube. Ademais, o Código Brasileiro de Justiça Desportiva tem previsão para a punição disciplinar ao clube por atos de violência de seus torcedores e tal medida tem obrigado os clubes a adotaram meios efetivos de coibir os excessos dos aficionados. Aliás, os próprios torcedores, temerosos de que atos de um colega possam prejudicar seu clube, acabam por impedir a ação dos maus torcedores.

Vale destacar que a Confederação Sul-americana possui dispositivos semelhantes e que, em um caso recente o Corinthians foi punido disciplinarmente em razão da morte causada por fogo de artifício oriundo de sua torcida.

 

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Oportunismo

Antes da Copa das Confederações, a seleção brasileira não estava pronta. Luiz Felipe Scolari, quando contratado para substituir Mano Menezes no comando da equipe nacional, era ultrapassado e pouco eficaz na estruturação tática de seus times. Poucos dias e muitos resultados positivos depois, tudo mudou radicalmente. É muito difícil analisar esporte sem ser oportunista.

Em outros segmentos, é clara a ideia de que não se pode analisar uma obra antes que ela esteja pronta. Falar sobre as partes sem ter uma noção exata do todo pode comprometer absurdamente a avaliação. Seria como julgar um filme por cenas isoladas.

No esporte, contudo, como definir em que ponto um trabalho está realmente concluído? Em uma seleção, pode-se eleger a Copa do Mundo como um norte nesse aspecto. No entanto, trabalhos recentes de Alemanha e Espanha, unidos pelo longo prazo e pela proposta de incutir no país uma filosofia diferente de jogo, não foram voltados apenas a um torneio ou a um quadriênio.

Julgar o trabalho do técnico Vicente del Bosque à frente da Espanha apenas pelo que ele fez na Copa do Mundo de 2010 seria um reducionismo. A despeito de ter sido campeão na África do Sul, ele realizou muito mais do que aquela campanha: montou um time e instituiu parâmetros para cada setor e para o todo.

Da mesma forma, julgar o atual estágio do futebol espanhol pelo trabalho de Del Bosque seria raso. O treinador definiu um perfil para a equipe nacional, mas foi beneficiado por uma cultura disseminada desde as categorias de base. A seleção eliminada nas quartas de final do Mundial sub-20 deste ano é um exemplo disso. Apesar de não ter vencido o campeonato, mostrou características que são caras aos profissionais da Espanha, como o toque de bola e a marcação pressão.

Na semana passada, elogiei Scolari por ser um comunicador extremamente eficiente. Mas creditar apenas à comunicação a evolução que ele promoveu na seleção brasileira seria cometer com ele uma enorme injustiça. Como escreveu o mestre Tostão na coluna dominical da "Folha de S.Paulo", ele criou um time compactado, com transição rápida e marcação sobre a saída de bola do adversário. São conceitos modernos, que mostram que o técnico não parou no tempo.

Ainda assim, Scolari comanda uma seleção em que as maiores referências técnicas são Neymar, nascido em 1992, e Oscar, que é de 1991. Mesmo entre os mais experientes, poucos têm vivência do que é uma Copa do Mundo.

E nada disso teria sido considerado se a seleção de Scolari tivesse decepcionado na Copa das Confederações deste ano. O time foi campeão, e isso valorizou a montagem e o amadurecimento do time.

O oportunismo é o maior risco em qualquer análise sobre esporte. Mais até do que a seleção brasileira, um exemplo claro disso foi dado no último sábado, em uma luta do UFC, maior circuito de artes marciais mistas (MMA) do planeta. O brasileiro Anderson Silva, que defendia o cinturão, dançou na frente do norte-americano Chris Weidman. Provocou, gesticulou e fez de tudo para desrespeitar o rival no octógono, e acabou nocauteado no segundo assalto.

A derrota de Silva abriu espaço para uma saraivada de críticas. Em análises publicadas em redes sociais, foram incontáveis os adjetivos como "arrogante" "prepotente".

O brasileiro não criou no sábado esse estilo de lutar. Ele pode ter exacerbado a prática do deboche, mas fez isso em nome da repercussão que o transformou em um fenômeno do MMA.

A análise aqui não é técnica, motivacional ou algo do tipo. Não considerei sequer as notícias sobre possíveis armações na luta. Meu ponto é apenas de postura: se tivesse vencido, a despeito do comportamento, Silva não teria sido classificado como um monstro desprovido de humildade.

O que debelou a imagem do brasileiro não foi a postura, mas o revés. Esse é o problema das análises oportunistas.

É o que acontece também em alguns times da elite do futebol brasileiro. O São Paulo, por exemplo, tem um elenco muito superior aos resultados obtidos na atual temporada. A dúvida é: como avaliar isso na perspectiva correta?

Procurar culpados e fazer avaliações individuais de jogadores, estafe técnico ou diretoria é ver apenas as partes. Nesse momento, é fundamental uma abordagem sistêmica do problema. Também é importante que os fatos sejam colocados no contexto correto.

Nesse caso, o esporte segue exatamente o que acontece no mundo corporativo. Uma empresa não pode avaliar apenas os números de uma fase do processo. Saber como estão as engrenagens é essencial para o sucesso, mas o mais relevante aqui é analisar a interação entre as peças.

Isso vale, no esporte, para dirigentes, treinadores e comunicadores. Em todas as pontas do processo, sempre há pessoas que se contentam em medir resultados e números. O grande desafio é colocar esses dados no contexto correto.

É admitir que a seleção brasileira de Scolari evoluiu e que se apresentou bem na Copa das Confederações. É reconhecer que jogadores melhoraram individualmente e que isso tem relação direta com o desempenho do time. É não ceder à tentação de inferir que o elenco e a equipe estão prontos para a Copa do Mundo de 2014.

Também é reconhecer que Anderson Silva foi derrotado e que exagerou nas provocações. Mas é ver os méritos de Weidman, que se aproveitou disso, e entender que o brasileiro não forjou a condição de ídolo usando exatamente esse padrão de comportamento.

E por fim, só o correto distanciamento pode mostrar quais são os motivos de uma crise técnica de um time. Sobretudo porque isso pode ser apenas reflexo do jogo.

Ferran Soriano, ex-dirigente do Barcelona, escreveu um livro chamado "A bola não entra por acaso". A obra transformou-se em símbolo de inovação e mudanças de procedimento na gestão do futebol mundial.

Em todos os setores, o desafio é entender, então, por que entra a bola. Soriano conta que uma das medidas que a diretoria do Barcelona tomou na época em que ele trabalhava no clube foi proibir que qualquer decisão fosse tomada aos domingos.

A ideia era pensar apenas na segunda-feira, horas depois do jogo do fim de semana. Só assim o resultado poderia ser colocado na perspectiva correta.

Outro ponto relevante para a mudança de paradigma de gestão do Barcelona foi a definição de objetivos. Sem saber quais são os fins é impossível produzir qualquer análise – afinal, volto ao início do texto: como saber quando o trabalho está concluído?

Aí entra o maior risco do oportunista. Análises desconectadas da linha do tempo podem ser eficientes no momento, mas são mais frágeis. Um sábio amigo meu costuma dizer que o futebol, assim como a vida, é exatamente como uma roda gigante…

 

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Organização sistêmica de jogo: existem equipes que jogam futebol de maneira desorganizada?

Em uma partida de futebol, as duas equipes que se enfrentam sempre apresentarão algum nível de organização.

Diferente do que já citaram alguns autores portugueses das Ciências do Desporto, no início dos anos 2000 – contestados pelos estudiosos da Teoria Geral dos Sistemas – o jogo de futebol, construído pelo ato de jogar dos jogadores, é um “sistema dinâmico caótico”, que para ser sistema independe da expressão declarada ou constituída conscientemente (com referências), de um Modelo de Jogo.

Então, por mais que alguns de nós possamos não concordar com o fato, a existência viva de um “sistema” pressupõe, necessariamente, organização.

Isso quer dizer, em outras palavras, que todas as ações dos jogadores dentro de um jogo respeitarão uma lógica operacional, compartilhada, intuitivamente ou não, com companheiros e adversários.

E quer dizer também que, uma aparente “bagunça” de uma equipe quando joga, não representa desorganização!

Quando olhamos para um jogo de futebol, e buscamos entendê-lo sob o ponto de vista da organização de jogo das equipes, fazemos sempre com os óculos dos parâmetros que conhecemos – e que portanto tentamos reconhecer no jogo.

O fato de não conseguirmos identificar esse ou aquele parâmetro organizacional não quer dizer que esteja ausente qualquer tipo de organização.

É óbvio que não quero dizer com isso que está então justificada toda e qualquer má elaboração organizacional que uma equipe possa vir apresentar em seu jogo.

Claro que não!

O fato número um é que jogadores reunidos para formar uma equipe, mesmo que não treinem na direção do jogar que apresentam, expressarão algum tipo de jogo – mais, ou menos elaborado (provavelmente menos) – porque o ato de jogar coletivamente é a emersão de identidades individuais e de vínculos coletivos que vão se estabelecendo conforme a relação de jogo dos jogadores vai se fortalecendo.

O fato número dois é que treinar o jogo que se quer jogar levará jogadores e equipes a uma consistência organizacional maior – ou seja, elevará seu nível de organização, e sistemicamente permitirá a ela tornar-se menos instável no confronto com outras equipes/sistemas complexos.

Mas independente dos fatos “número um” e “número dois”, há um incontestável terceiro: ao analisarmos uma equipe em um jogo, vamos sempre buscar identificar no jogo o tipo de lógica organizacional que conhecemos.

Quando não encontramos nele a lógica que buscamos, tendemos, ao invés de olharmos mais a fundo para ela (para a lógica organizacional), a considerá-la como quase “inexistente”.

O peixe não sabe menos sobre a água à sua volta do que um humano que o observa dentro dela em um aquário. Nem o humano sabe mais ou menos que o peixe. Eles sabem coisas diferentes, e é uma pena que não possam compartilhar seus conhecimentos um com o outro.

Felizmente no futebol podemos aprender mais sobre o jogo, porque além de ser possível observá-lo, podemos interagir com aqueles que jogam.

Então, se soubermos e pudermos fazer as perguntas certas, é possível que ao invés de o considerarmos desorganizado, aprendamos uma nova lógica naquilo que em princípio parecia ser ausência de organização.

Quem olha para Modelos de Jogo, só conseguirá descobrir Modelos de Jogo. Quem olha para Lógica do Jogo só poderá detectar a maneira que as equipes tentam cumpri-la. Quem olha para a ação técnica individual do jogador com bola, só será capaz de perceber organização de jogo através das ações técnicas individuais do jogador…

O que você busca no jogo? Já pensou em fazer a ele outras perguntas?

Por hoje é isso…
 

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

 

Categorias
Sem categoria

Entrevista Tática: Niander, lateral direito do Penapolense-SP

Antes de iniciar a entrevista com o referido atleta, gostaria de deixar uma breve opinião de Tostão, publicada na Folha de São Paulo, que expressa a visão do colunista sobre o desempenho da seleção brasileira na final da Copa das Confederações.

“Por causa de um excepcional jogo não se pode tirar conclusões, mudar conceitos, nem dizer que as críticas anteriores à seleção e ao futebol brasileiro eram incorretas e/ou severas. O que vimos contra a Espanha não tem nada a ver com o que a seleção jogava nem com a qualidade e a maneira de atuar da maioria das equipes brasileiras. Mas o fato mostra que, se o futebol brasileiro, a médio prazo, trabalhar com eficiência e seriedade, dentro e fora de campo, estará, de rotina, e não apenas em um momento, entre os melhores do mundo.”

Parabéns, Tostão, por mais uma valiosa opinião sobre o nosso futebol.

Obrigado, Renato Buscariolli, pelo contato para a entrevista.

1-Quais os clubes que você jogou a partir dos 12 anos de idade? Além do clube, indique quantos anos tinha quando atuou por ele.

Jockey Clube-SP (12 aos 14 anos); Ituano-SP (15 anos ); Atlético Sorocaba-SP (16 aos 22 anos ); Mineiros-GO (23 anos ); Noroeste (23 anos ); Bragantino-SP (23 e 24 anos ); Operário-MS (24 anos), São Bernardo-SP (24 aos 26 anos) e Penapolense-SP (27 aos 29 ).

2-Para você, o que é um atleta inteligente?

Um atleta inteligente tem que valorizar suas características, tentar assimilar o mais rápido possível o que o treinador pedir e ter uma conduta exemplar fora de campo.

3-O quanto o futebol de rua, o futsal ou o futebol de areia contribuiu para a sua formação até chegar ao profissional?

O futebol de rua me fez amadurecer mais cedo, aprendendo a malícia e a experiência de jogar com pessoas mais velhas.

4-Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

Fator indispensável para uma equipe vencer seu adversário é a parte física, pois bem fisicamente o atleta supera suas limitações técnicas e táticas.

5-Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

O atleta necessita de muito trabalho técnico e muita força física.

6-Para ser um dos melhores jogadores da sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

Sou lateral e preciso apoiar muito durante os 90 minutos. Chegar sempre com qualidade na linha de fundo e ter uma ótima recuperação na marcação.

7-Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

Sou um atleta muito determinado na formação tática e procuro entender e fazer tudo que o treinador nos orienta durante a semana . Tenho um bom passe e hoje em dia uma boa equipe tem que valorizar ao máximo sua posse de bola. Como tenho muita força física, procuro sempre explorar minha explosão. Procuro também sempre manter o foco nas partidas.

8-Pense no melhor treinador que você já teve! Por que ele foi o melhor?

Luciano Dias. Pessoa muito inteligente taticamente e tem uma conduta exemplar.

9-Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

(…) Ele me pediu para atuar na lateral esquerda em um treinamento coletivo. Sou destro e acabei tendo muita dificuldade.

10-Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

Relembrar todo o trabalho feito na semana, pontos fortes do adversário e o principal que é a motivação.

11-Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?

No 4-4-2, os laterais acabam tendo uma função muito importante na marcação, já no 3-5-2, os laterais tem uma liberdade de ataque muito maior. Prefiro o 4-4-2 porque exige do lateral um bom posicionamento tático, fechando na linha dos zagueiros e sabendo apoiar no momento certo.

12-Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:
•Com a posse de bola;
•Assim que perde a posse de bola;
•Sem a posse de bola;
•Assim que recupera a posse de bola;
•Bolas paradas ofensivas e defensivas.

Minha equipe valoriza muito a posse de bola, mas sem perder a agressividade. Assim que perdemos a bola o jogador mais próximo já começa a fazer a marcação pressão. Sem a posse, procuramos diminuir
o campo em 40m e sempre pressionar o atleta que está com a bola.

Quando recuperamos tentamos valorizar a posse da bola e envolver o adversário!

Nas bolas paradas defensivas marcação por setor e nas ofensivas atacar a bola.

13-O que você conversa dentro de campo com os demais jogadores, quando algo não está dando certo?

Procuramos manter a calma e o posicionamento pedido pelo treinador. Mas nós atletas precisamos ter a iniciativa de fazer algo diferente para se organizar o mais rápido possível.

14-Como você avalia seu desempenho após os jogos? Faz alguma reflexão para entender melhor os erros que cometeu? Espera a comissão técnica lhe dar um retorno?

Tenho minha autocrítica e sempre procuro analisar o que poderia ter feito de diferente para evitar os erros. A comissão técnica nos apresenta um trabalho de vídeo para observarmos onde foi que erramos e acertamos na partida.

15-Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

A diferença do futebol europeu com o brasileiro é a condição financeira e a obediência tática. Existem estas diferenças porque o Brasil é um país muito corrupto e o atleta brasileiro se destaca na individualidade.

16-Se você tivesse que dar um recado para qualquer integrante de uma Comissão Técnica, qual seria?

Seja coerente com todos os atletas, independente da situação.

 

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

 

Leia mais:
Entrevista Tática: Almir Dias, meio-campista do Novorizontino-SP
Entrevista Tática: Oliver Minatel, atacante do Nacional da Madeira-POR
Entrevista Tática: Nei, lateral-direito do Internacional
Entrevista Tática: Dante, zagueiro do Borussia M’Gladbach-ALE
Entrevista Tática: Gilsinho, atacante do Corinthians
 

Categorias
Sem categoria

Lei Estadual contra a violência nos estádios de futebol?

Tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais o projeto de lei 1.985/2011, que dispõe sobre medidas de prevenção e repressão aos fenômenos de violência nas competições esportivas.

A referida lei autorizará a criação do Juizado Especial de Defesa do Torcedor do Estado de Minas Gerais de modo permanente, como anexo aos Juizados Especiais Cível e Criminal da Comarca da Capital e, em caráter itinerante, em todo o Estado de Minas Gerais, nos locais destinados à realização de eventos esportivos, como anexo aos Juizados Especiais Cível e Criminal da respectiva comarca.

O Juizado Especial de Defesa do Torcedor será competente para processar, julgar e executar os feitos criminais relativos a infrações de menor potencial ofensivo e aos crimes previstos nos artigos 41-C, 41-D, 41-E e 41-G, do Estatuto do Torcedor, bem como as causas cíveis de menor complexidade, assim definidas na Lei nº 9.099, de 1995, decorrentes da aplicação do Estatuto do Torcedor.

Ao Juizado Juizado Especial de Defesa do Torcedor funcionará no esquema de plantão judiciário e caberá, também, a apreciação de pedidos de natureza cautelar ou antecipatória em matéria cível, criminal e de defesa da criança, do adolescente e do idoso, desde que compreendidos no âmbito de sua competência e jurisdição.

O Juizado Especial de Defesa do Torcedor contará, ainda, com equipe multidisciplinar de atendimento à vítima, ao agressor e ao torcedor, nos termos da legislação pertinente.

Ademais, o poder público promoverá a defesa do torcedor através do órgão de defesa do consumidor estadual, ou seja, pelo Procon.

No que tange às torcidas organizadas, o projeto prevê a criação ou indicação de um órgão próprio para registro das torcidas organizadas que deverão criar um cadastro de todos os torcedores e associados na forma prevista no Estatuto do Torcedor.

Será observado o princípio da transparência e os estatutos e o quadro de associados das torcidas organizadas será divulgado na internet em sítio próprio do órgão registrador.

Na ocorrência de atos violentos nos eventos esportivos ou fora deles, sendo constatada sua participação, ficará a torcida organizada proibida de participar do evento esportivo subsequente.

O torcedor, agindo isoladamente ou em conjunto, que promover tumulto, praticar ou incitar a violência ou depredar as instalações esportivas, sejam elas do poder público ou privadas, além das sanções previstas no Estatuto do Torcedor e no Código Penal, poderá ser suspenso da participação em eventos subsequentes de mesma natureza e ao pagamento de multa.

De iniciativa do deputado Gustavo Valadares, a proposição da lei tem por justificativa prevenir e reprimir os fenômenos de violência nas competições esportivas, regulamentar o sistema de controle, monitoramento e identificação nos eventos esportivos e disciplinar as torcidas organizadas.

Segundo o parlamentar, trata-se de matéria que não oferece óbices à iniciativa parlamentar, e está motivada por constantes episódios de violência e vandalismo, envolvendo torcedores, em atividades esportivas. Este projeto busca evitar tais ocorrências com medidas rígidas e específicas de segurança e ainda possibilitar a identificação de eventuais infratores.

A justificativa se completa ao dispor que o Juizado Especial de Defesa do Torcedor objetiva-se facilitar e aproximar os meios de defesa e auxílio público imediato em episódios decorrentes dos eventos. Essa infraestrutura gerará maior segurança nos estádios e aumento na frequência das famílias e crianças em um ambiente de lazer e diversão.

Não obstante a louvável iniciativa, o referido projeto possui um vício (defeito) de inconstitucionalidade, eis que a Constituição Brasileira determina que constitui competência provativa do Tribunal de Justiça propor à Assembleia Legislativa projeto de lei que altere a organização e a divisão judiciária, como a sugerida criação do Juizado Especial do Torcedor. Inclusive, a Comissão de Constituição e Justiça concedeu parecer neste sentido.

Atualmente, o projeto de lei está aguardando inclusão de pauta para votação no plenário e o seu andamento pode ser acompanhando no sítio da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, por meio do link http://www.almg.gov.br/atividade_parlamentar/tramitacao_projetos/interna.html?a=2011&n=1985&t=PL.

Vale destacar que tramita, ainda, na Assembleia, o Projeto de lei nº 3.095/2012 que pretende autorizar o Poder Executivo a aplicar multa às entidades de prática esportiva de qualquer natureza ou modalidade em razão de ilícitos praticados por seus torcedores, que será objeto da coluna da próxima semana.

 

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Existe algo a aprender após uma conquista?

Hoje, quero refletir com você amigo leitor sobre o que realmente podemos levar em consideração após uma conquista, que não seja apenas comemorar e parabenizar a todos após mais uma conquista.

Se quando perdemos, a sensação de fracasso tende a impactar diretamente em nossa autoestima, quando vencemos também flertamos com os perigos que a euforia nos coloca à prova. São inúmeras armadilhas da soberba e do orgulho que podem nos fazer mergulhar em nossa própria vaidade humana e criar uma falsa percepção de alta performance.

Todas as nossas experiências são merecedoras de análise em busca de lições aprendidas que possam ser utilizadas futuramente em novos projetos ou novos ciclos de competições.

Pensando na seleção brasileira de futebol, podemos compreender que este momento logo após a conquista da Copa das Confederações deve ser dedicado a elaboração desta lista de lições aprendidas, que possibilitará uma reflexão valiosa sobre o que deu certo e pode ser mantido, quanto ao que não foi tão bem e que deve ser repensado ou ajustado.

Mas, na posse de uma importante relação de lições aprendidas como se pode aproveitá-las da melhor forma em busca da melhoria e da alta performance?!

Um coach capacitado pode promover uma contribuição valiosa neste momento, aplicando o conceito de um dos modelos de coaching mais conhecidos e desenvolvido por John Whitmore, intitulado GROW (Goals-Reality-Options-Will/Wrap-Up). Podemos compreender este modelo facilmente através da metáfora de uma viagem, na qual o Coach pretende conduzir o coachee (cliente) numa viagem em direção a sua grande meta.

Na prática da aplicação deste modelo numa equipe esportiva, o Coach conduz o processo pelos passos do GROW, conforme descrição abaixo.

GOAL (META) – Momento para acordar o objetivo, ou seja, aonde se pretende chegar. Aqui vale lembrar que uma boa formulação de objetivo deve ter como princípio ser SMART. Este acrônimo é a designação dos fatores considerados mais importantes no estabelecimento de objetivos de qualidade e corresponde a Specific (Específica), Mensurable (Mensurável), Attainable (Alcançável), Relevant (Relevante) e Time-Based (Temporal).

REALITY (REALIDADE) – Nesta etapa se define o estado atual em relação ao ponto que se deseja alcançar. É necessário avaliar as principais barreiras para o alcance das metas e verificar os recursos necessários (não apenas financeiros) para obter os resultados estabelecidos.

OPTIONS (OPÇÕES) – Aqui procura-se levantar todas as possibilidades de se alcançar o objetivo desejado e estabelecer as vantagens e desvantagens de cada uma. Logo após, verifica-se a opção que traria maior retorno e satisfação em relação às demais.

WILL / WRAP-UP (O QUE DEVE SER FEITO, QUANDO, POR QUEM, E A VONTADE DE FAZER!) – Esta última etapa é dedicada ao estabelecimento claro do que deve ser feito e o prazo de realização de cada atividade, com definição de papéis e responsabilidades. É muito importante que exista uma validação de comprometimento dos envolvidos na execução das atividades que irão contribuir com a evolução em busca da performance ideal ou desejada.

E aonde se relacionam as lições aprendidas elaboradas com o modelo citado? A resposta é: em todo processo! Pois, a utilização desta lista de lições aprendidas contribui efetivamente para enriquecer o trabalho de estabelecimento das metas, reconhecimento genuíno do estado atual, avaliação sincera das opções disponíveis e elaboração de um ótimo plano de ação.

Cabe para a nossa seleção, para outras equipes e para nossas vidas também, não acham?!

 

Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br