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Uni duni tê dos atletas

Com a temporada chegando ao fim, os clubes de futebol começam a preparar as famosas listas de dispensa dos atletas. Isso é frequente no futebol e este momento de reflexões sobre o elenco é inevitável.
Geralmente quando os atletas são contratados, muitas expectativas são depositadas e a responsabilidade de uma adequada adaptação aos novos times recai fortemente sobre eles. Os clubes têm sua parcela de responsabilidade nesta adaptação, pois o enquadramento ao ambiente e aos jogadores já inseridos no grupo é uma etapa importante e a gestão precisa estar atenta neste aspecto.
Mas, em muitos casos isso não acontece e no final da temporada os atletas que tinham potencial para apresentar grandes desempenhos não vingam e são dispensados pós uma necessária reformulação.
Agora, já repararam que os atletas geralmente não possuem apoio para esse processo de seleção natural dos clubes em busca por melhores elencos? É um momento em que o jogador acaba por ser dispensado do seu time e vê a carreira em risco.
Com isso, acredito que devemos estar mais sensíveis a estes momentos e de alguma forma contribuir tanto na adaptação de novos atletas que chegam a um novo clube, quanto e, principalmente, para os que são dispensados e colocados de volta ao mercado de trabalho.
Até a próxima.

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A paixão pelo patrocínio

Estava programado para falar sobre a recente celeuma entre Palmeiras e seu patrocinador master, a Crefisa, ante um evidente caso de paixão que transcende a razão necessária do investimento em patrocínio. No entanto, Erich Beting escreveu de forma brilhante nesta semana um enredo que, quando construído com bases frágeis, pode se transformar em um turbilhão de emoções.
O complemento vai muito na linha que tenho seguido e que reforcei no início do ano com uma pesquisa sobre as ocupações preenchidas em clubes de futebol. As tarefas dos gestores remunerados nos clubes é eminentemente operacional. Os profissionais não ocupam vagas de estratégia, planejamento, inteligência de mercado e, tampouco, de vendas! Exatamente! Vendas!
Enquanto um clube como o Manchester United possui 195 profissionais distribuídos nas áreas comerciais e de marketing, apenas para ficarmos em um exemplo extremo, por aqui, quem executa esse tipo de atividade são os diretores estatutários que são, teoricamente, bem relacionados no mercado e, por conta disso, até vendem algumas propriedades de patrocínio… em um modelo de negócio antigo! Por isso, tem dificuldade de entregar aquilo que vendem. Diretores estatutários comercializam, via de regra, a paixão! É nesta perspectiva que o Palmeiras está, como bem descreveu Beting.
Os departamentos de marketing dos clubes, se quiserem verdadeiramente planejar, vender e entregar patrocínio, precisam ser multiplicados por dez na grande maioria dos principais clubes do país. A distância é exatamente essa: sair de uma estrutura de empresa familiar para chegar a uma proporção de uma empresa que fatura ao redor de R$ 300 milhões ano e tem potencial para, no mínimo, dobrar de tamanho no curto prazo se for composta por especialistas!

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O Brasil pode ser maior

O roraimense Thiago Maia é, provavelmente, a revelação do Campeonato Brasileiro 2015. Recentemente, ao Globoesporte.com, o volante santista detalhou os primeiros passos de sua história no futebol. Deixou a região Norte rumo a São Paulo ao lado da mãe, aos 13 anos, para testar no Corinthians. Foi reprovado, bateu à porta de clubes, passou necessidades, morou em um motel e, por sorte, encontrou o futuro na Vila Belmiro. Não é uma trajetória tão rara assim.
Hoje, no futebol brasileiro, as oportunidades não estão concentradas em todos os estados. Migrar como Thiago Maia fez, muitas vezes, é uma aposta a ser feita no país que não aproveita suas dimensões continentais para alcançar a excelência no esporte. Mas pode haver, a médio prazo, um futuro diferente.
Em Porto Velho (RO), as obras para um centro de treinamento bancado pela Fifa, com lucros provenientes da Copa do Mundo 2014, estão em andamento. Serão 15 estados contemplados em um orçamento total de 100 milhões de dólares. Exatamente, as capitais que não receberam jogos do Mundial. É a chance de se mudar, de alguma forma, uma parte da história do futebol brasileiro.
Entre os 23 jogadores convocados por Luiz Felipe Scolari para a Copa, apenas nove estados brasileiros foram contemplados com representantes. Não havia ninguém nascido no Norte, com mais de 17 milhões de habitantes. Do Nordeste, vieram, além do baiano Daniel Alves, o paraibano Hulk, o pernambucano Hernanes e o também baiano Dante. Desses três últimos, em comum, o fato de que não se afirmaram como esportistas nos clubes de seus estados. Também precisaram migrar em algum momento.
Na prática, o Brasil aproveita apenas uma parte de seu potencial como país com dimensões continentais. Em sua passagem como coordenador das seleções de base, entre 2010 e 2012, Ney Franco diagnosticou o problema. Eram raros os casos de jogadores chamados de clubes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com exceção da dupla Bahia e Vitória. A ideia de Ney era estimular todos os estados com visitas e convocações, o que também fez Alexandre Gallo.
Mas, a rigor, pouco se evoluiu para que jovens como Thiago Maia pudessem ser encontrados em Roraima, sem precisar atravessar o País em aventuras incertas e arriscadas. Além disso, quantos jogadores com potencial renunciaram a esse sonho? Atingir cada garoto que deseja ser jogador é uma das margens para crescimento no futebol brasileiro. O exemplo vem justamente do país que nos aplicou 7 a 1.
Além de criar mais de 360 centros de treinamento como os 15 que a CBF pretende construir, a Federação Alemã (DFB) fechou parceria com a Mercedes-Benz para um projeto chamado DFB Móvel. Com 30 viaturas da montadora, técnicos visitaram semanalmente as cidades onde não há um campo da Federação. Em cinco anos, segundo dados oficiais, 10 mil visitas foram realizadas atrás de garotos talentosos, além de dar noções de formação aos treinadores locais.
Desenvolver políticas desse tipo, que aumentem a abrangência do país, mudaria o futebol brasileiro de patamar. Os centros de treinamento em 15 estados seriam o pontapé ideal. Tudo dependerá do plano de administração que a CBF dará a eles.
PS.: Em aparições na Universidade do Futebol, propostas como essa serão apresentadas para o crescimento do futebol brasileiro.

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Quando o esporte é menos importante

O presidente da França, Fraçois Hollande, estava no Stade de France quando houve a primeira explosão. Uma bomba no portão J matou três pessoas e deixou uma série de feridos – o artefato foi parte de ação terrorista deflagrada naquela tarde, que matou pelo menos 129 pessoas em Paris. Em campo, França e Alemanha deram sequência à partida amistosa – os gauleses venceram por 2 a 0. Continuou o futebol, continua a vida. A vida pode continuar?
Existe questões a serem consideradas: não havia qualquer prova de que o interior do estádio estava em perigo, a evacuação poderia ser complicada e aumentar o clima de terror, empresas de mídia e patrocinadores pagaram por aquela partida e obter um consenso entre federações nacionais demandaria algum tempo.
Também existe uma questão moral: dar sequência ao jogo naquele instante era uma forma de não alastrar ainda mais o clima de terror e mostrar aos terroristas que eles não conseguiriam interromper a rotina de toda a cidade.
O esporte não pode ser maior do que a vida. Como disse o italiano Arrigo Sacchi, técnico da seleção vice-campeã do mundo em 1994, o futebol é a coisa mais importante entre as coisas menos importantes.
No entanto, é uma questão de contexto: o jogo não podia ter continuado porque o futebol é só isso, afinal: um jogo.
Da mesma forma, é até difícil condenar o zagueiro brasileiro David Luiz pela atuação desastrosa no empate por 1 a 1 contra a Argentina, em Buenos Aires, na mesma sexta-feira 13. O jogador defende o Paris Saint-Germain, mora em Paris e certamente tem um círculo de convivência na capital francesa – incluindo a namorada. Como estaria a sua cabeça se você soubesse dos atentados e tivesse um compromisso profissional horas depois?
Depois do jogo – e de ter sido expulso de forma infantil no segundo tempo –, David Luiz disse que não sabia sobre os atentados. Talvez tenha tentado minimizar uma ligação entre as duas coisas ou talvez tenha sido realmente blindado, mas a ameaça estava lá. Jogadores de futebol são profissionais como os de qualquer outra categoria, e como qualquer profissional também são afetados por todo tipo de influência externa.
É por isso que o desabafo do meia Diego Souza, do Sport, tem tanto sentido. Depois de uma derrota por 3 a 0 para o Cruzeiro no último domingo (15), o jogador reclamou da arbitragem de forma veemente: “A gente sai como chorão, infelizmente, mas eles [juízes e auxiliares] têm de entender que a pressão não é apenas para eles. A gente representa milhões aqui dentro. Com um resultado como esse, não posso nem sair para jantar ou levar meu filho para a escola. Sofremos as mesmas pressões”.
De uma forma geral, com jogadores, árbitros ou outras classes envolvidas no futebol, temos um grau de tolerância extremamente baixo. Consideramos inaceitáveis os erros do comentarista, do narrador, do técnico, do zagueiro, do goleiro, do dirigente, do bandeirinha…
O futebol tem de ser levado a sério, é claro, mas não pode admitir toda essa pressão. Não pode admitir que seus elementos sejam vistos como infalíveis ou que sejam cobrados por isso.
O futebol é uma válvula importante para uma série de imperfeições da vida, é verdade, mas também é feito de gente. E gente é algo muito mais complexo do que o que acontece nas quatro linhas.

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Adiamento Brasil e Argentina; Entenda

Como é de conhecimento do torcedor, o árbitro de futebol é essencial para o desenvolvimento da partida tomando decisões importantes e mantendo a disciplina.
Entretanto, mais do que isso, o árbitro também tem a função de assegurar a segurança dos atletas e as condições mínimas para o desenvolvimento do jogo. Tal disposição está prevista na regra 5 do futebol.
O adiamento da partida entre Brasil e Argentina, válida pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2018, se deu em razão da chuva forte com relâmpago que, além de colocar em risco os atletas, acabou por empoçar todo o campo e inviabilizar o desenvolvimento regular da partida.
Por fim, urge destacar que o adiamento do jogo válido pelas eliminatórias teve grande repercussão por se tratar de um dos maiores clássicos do mundo, mas, adiamentos de partidas em virtude de eventos externos como calor, chuva e falta de segurança já ocorreram diversas vezes.

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Conteúdo Udof>UdoF na Mídia

De olho na base, Botafogo fecha parceria com Universidade do Futebol

De olho no trabalho das categorias de base, Botafogo e Universidade do Futebol fecharam parceria para estimular integração entre seus profissionais. As instituições já promoveram o primeiro encontro.
– A Universidade do Futebol sempre participou das reflexões sobre futebol com publicações e muitos conteúdos referentes ao futebol. Liderada pelo respeitado Prof. João Paulo Medina, que há anos propõe atualização metodológica em todos os níveis do nosso futebol, a UdoF aceitou o desafio de participar desse processo no Botafogo acreditando que já estamos com um processo de formação muito bem estruturado. Após alguns encontros fechamos essa parceria – disse Eduardo Freeland, gerente da base alvinegra.
Com o cargo de nova coordenadora metodológica alvinegra, a Universidade do Futebol desenvolve a Educação Corporativa, que engloba um curso online com conteúdos interessantes, tudo de acordo com a exigência do Botafogo.
Confira o texto na íntegra clicando aqui.

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Qual a velocidade da mudança?

É inegável que o 7 a 1 é um marco importantíssimo no processo de transformação do futebol brasileiro. Não são poucas as análises que discorrem sobre o assunto e o necessário início de ciclos de mudanças para voltar a colocar o país em uma posição de destaque global para além dos jogadores de futebol.
Mas qual é efetivamente a velocidade de uma mudança plena? Quanto tempo leva para colhermos os frutos de um trabalho se ele for iniciado de uma maneira positiva e consistente?
Dependendo do tempo de letargia e da dificuldade de implementar a inovação ante concorrentes mais fortes e melhor preparados, pode ser que a eternidade seja a resposta (não são poucos os exemplos na indústria de casos em que um grande líder foi simplesmente aniquilado por novos entrantes que apresentaram inovações… quando se tentou recuperar o terreno perdido já era tarde!). Mas não vamos aqui pensar no pior.
Acredito que é possível, sim, recuperar o tempo perdido se o trabalho for bem feito em virtude do tamanho do país e da sua representatividade global em relação ao futebol. Mas o processo de mudança deve ser coordenado e orquestrado coletivamente!
Começam a aparecer histórias positivas de mudanças no Brasil justamente impulsionadas por pressões externas ou por uma conscientização sobre a sua necessidade desde o fatídico jogo da semifinal da Copa de 2014. Mas ainda estão demasiadamente isoladas!
A velocidade da mudança – e, para processos análogos ao caso brasileiro, o curto prazo é algo como 8 a 10 anos – depende, sim, de uma mudança coletiva. Para que possamos contar boas histórias a partir de 2023, a transformação construída em 2014/15 ainda é muito tímida e permanece concentrada em poucos exemplos, que não sobreviverão se o todo não fizer a sua parte. Precisamos construir agora o nosso futuro!

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O Campeonato Brasileiro e a não-promoção

Não existe espetáculo sem promoção. Por mais que o público seja fiel ou que o conteúdo seja popular, o sucesso de um evento está necessariamente ligado à capacidade que a organização tem de criar mobilização em torno disso. No esporte ou em outras searas, o mundo está cheio de exemplos que ilustram esse raciocínio. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), contudo, parece ignorar todos.
O Campeonato Brasileiro de 2015 é um exemplo perfeitamente conduzido de promoção deficiente. Não houve, desde o início do ano, qualquer esforço para que o público se aproximasse da competição. Ainda que a média de pessoas presentes nos estádios tenha crescido e que a taxa de ocupação seja uma das mais altas da história do torneio, e organização não tem mérito nisso. A rodada do último fim de semana é apenas o ápice dessa cultura deficiente.
O líder Corinthians chegou à 34ª rodada em condições de garantir o título do Brasileiro. Para isso, a equipe paulista precisava vencer o Coritiba às 19h30 de sábado (07), em São Paulo, e torcer para o Atlético-MG não bater o Figueirense às 17h de domingo (08), em Florianópolis.
A situação é tão absurda que é até difícil admitir que aconteceu. A CBF ignorou a chance de seu principal campeonato ser definido e permitiu a possibilidade de o título ser resolvido com o campeão em casa, no avesso perfeito da festa que a competição deveria ter.
Não é apenas uma questão de lisura: em casos assim, com dois jogos que definem um mesmo aspecto na tabela, o organizador de um campeonato precisa zelar por aspectos como o ambiente das partidas e a promoção. Se o Corinthians tivesse sido campeão, que cena de festa seria retratada em todo o mundo?
Uma alteração nos jogos demandaria acertos com a Polícia Militar e com os parceiros de transmissão do Campeonato Brasileiro. A CBF alegou que não houve pedido de nenhum dos clubes e que não teve tempo suficiente para reformular a tabela do fim de semana.
Entretanto, não faz sentido que uma alteração assim tenha de ser sugerida. A CBF deveria ter um olhar sistêmico para suas competições, preocupada com o macro e com questões pontuais. Se fosse assim, teria notado semanas antes que a possibilidade de o campeonato ser resolvido no último fim de semana existia.
Por mérito do Atlético-MG, a CBF escapou de um dos momentos mais vexatórios da história do Campeonato Brasileiro e não viu um campeão sem festa. A próxima chance do Corinthians é a partida contra o Vasco, na quinta-feira (19), no Rio de Janeiro. Vale a pergunta, então: em dez dias, o que a entidade que comanda o futebol brasileiro vai fazer para a possibilidade de seu principal torneio ser resolvido? Que festa será montada e que ações serão promovidas para fazer com que essa partida seja especial?
E se houver uma virada, o que ainda é possível? Que tipo de coisa a CBF tem feito para mostrar que o campeonato ainda está aberto e que é interessante? Quais são as ações institucionais voltadas a atrair mais gente para estádios, TVs ou simplesmente para o consumo? Que esforço é feito para mostrar qualidades dos atletas além do que fica claro no tempo em que eles estão com a bola nos pés?
A popularidade do futebol talvez contribua negativamente nesse caso. Outras confederações esportivas brasileiras, mais carentes e com menos espaço na mídia, fazem melhor o trabalho de promoção de evento e de seus protagonistas. A CBF simplesmente ignora esses assuntos.
Essa discussão pode parecer simples e pequena, mas existem componentes infinitamente maiores. O esporte de altíssimo nível competitivo, afinal, é um agente de mobilização social. E mobilização social só acontece com aproximação e humanização. Não há envolvimento se o público não compreender em que o ídolo é maior do que seus feitos esportivos.
A transformação de atletas em heróis modernos tem uma série de implicações comerciais (é mais fácil ditar tendências de consumo a partir disso), mas também contém um viés social. Tudo isso acontece para criar uma empatia maior e aproximar esportista e público por causa do lado humano.
É fácil listar aqui histórias humanas de atletas de qualquer outra modalidade no Brasil. Com a aproximação dos Jogos Olímpicos de 2016, aliás, esse filão será ainda mais explorado. E no futebol? Qual é o repertório que os jogadores brasileiros têm a contar? Como isso é trabalhado pelos organizadores dos campeonatos?
As questões são tão simples que é até absurdo que a CBF nunca tenha feito. Tudo isso revela um dos problemas mais contundentes da administração da entidade em termos de comunicação, e isso afeta diretamente o futebol brasileiro como um todo. A venda internacional também padece por causa da falta de identidade do produto.
O futebol brasileiro precisa urgentemente de um plano de promoção e comunicação. Para a CBF, porém, a prioridade talvez seja o planejamento de crise. Antes de vender o futebol nacional ou aproximá-lo de um número maior de consumidores, a entidade deve estar preocupada é com a salvação de seus próprios dirigentes – o presidente Marco Polo del Nero, por exemplo, não sai do Brasil desde que uma operação liderada pelo FBI ocasionou prisões de sete executivos ligados à Fifa, incluindo José Maria Marin, antecessor dele no cargo.
Numa entidade em que proteção é a palavra de ordem, faz até algum sentido que a promoção seja ignorada. Ter mais gente interessada no Campeonato Brasileiro agora pode ser sinônimo de jogar luz numa administração que tem muito a esconder.

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Mata-mata ou pontos corridos?

Restando cinco rodadas para o final do Campeonato Brasileiro, o título já está praticamente definido, já que o Corinthians abriu 11 pontos sobre o Atlético Mineiro e restam somente 15 em disputa.

Apesar de ainda haver algumas disputas contra o rebaixamento e para acessar o G-4, a definição do título reacende o debate acerca da fórmula de disputa.

Entre 1971 e 2002, o Campeonato Brasileiro nunca repetiu uma fórmula e sempre teve fases de mata-mata. Após 2003, a fórmula sempre foi a de pontos corridos e, desde então, instaurou-se o debate acerca da emoção (ou falta dela) no modelo atual de competição.

O torneio por pontos corridos faz justiça à equipe mais regular e que se planeja melhor. À exceção do Flamengo em 2009, que conquistou o título embalado na reta final, todos os demais campeões foram clubes que montaram um elenco mais amplo e com uma estrutura mais sólida.

Ademais, estatísticas mostraram que o torcedor brasileiro se acostumou a comparecer aos estádios em competições que não possuam fases finais, eis que os três últimos campeonatos de “mata-mata”, em 2000, 2001 e 2002, tiveram médias de 11.546, 11.400 e 12.886 pagantes, respectivamente, e em 2014 a média foi de 16.555 torcedores.

Por outro lado, nas competições “mata-mata”, a imprevisibilidade em se garantir um título ou uma classificação em um único lance é extremamente emocionante, o que acaba por criar lances lendários e jogadores míticos.

Outrossim, apesar de possuir uma média de público menor, os jogos das fases decisivas têm estádios lotados e atraem toda a atenção da mídia.

Paralelamente à discussão sobre a melhor fórmula de competição, há uma questão jurídica relevante, pois o artigo 8º, II, do Estatuto do Torcedor, estabelece que pelo menos uma competição de âmbito nacional tem que ser em sistema de disputa que as equipes participantes conheçam, previamente ao seu início, a quantidade de partidas que disputarão, bem como seus adversários, o que, a priori, define o sistema de pontos corridos.

Caso prevaleça esta interpretação, o Estatuto do Torcedor proíbe a volta do “mata-mata” e sedimenta o debate.

Doutro giro, em uma competição “mata-mata” se sabe exatamente os adversários de 90% da competição e tem conhecimento dos restante que estariam, apenas, pendentes de confirmação desportiva.

O sistema de disputa por pontos corridos tem sua origem na Europa, onde os países possuem dimensões bem menores. O Brasil tem uma vastidão continental. Equipes como o Sport Recife, por exemplo, possuem um desgaste com viagem incrível, pois todos os demais clubes da Série A estão nas regiões Sul, Sudeste e o Goiás, na Centro-Oeste. Será que o Sport que começou também a competição não teria perdido fôlego pelo cansaço com as viagens?

O futebol brasileiro precisa se reinventar dentro de suas peculiaridades geográficas e culturais. O Campeonato Brasileiro precisa ser, de fato, Nacional. O modelo norte-americano (outro país de dimensões continentais) viabiliza a participação no certame nacional de equipes de leste a oeste.

O futebol brasileiro precisa se unir de Norte a Sul. Todas as cores, todas as torcidas. Todos os Brasis. Fomos os melhores do mundo atentos às nossas peculiaridades regionais. Enquanto o mundo se preocupava com competições nacionais (e internacionais), o brasileiro se preocupava com a rivalidade local, com os estaduais.

É fato que hoje não haja mais espaço para grandes campeonatos estaduais, mas há espaço para o futebol brasileiro se reinventar e criar sua própria identidade. Só assim,voltaremos ao topo do mundo.

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Gerindo o hoje e o amanhã no futebol

No momento em que faltam poucas rodadas para terminar o Campeonato Brasileiro, uma questão que se faz presente em praticamente todos os clubes: como ter foco para obter o melhor desempenho possível nas últimas rodadas e ao mesmo tempo já executar ações de planejamento para a próxima temporada?

Realmente, não é tarefa simples, ainda mais quando se necessita fortemente de ótimos resultados, seja para conseguir uma vaga na próxima Copa Libertadores da América ou para conseguir evitar o descenso e se manter na série A. Isso requer um esforço intenso e habilidades de gestão e liderança dos atuais gestores e comissão técnica, pois ao mesmo tempo em que se precisa manter o foco no agora, se faz igualmente necessário pensar em como será a execução do próximo ano.

Para tal, os profissionais envolvidos no esporte podem aliar duas estratégias para conseguir controlar e balancear a sua atuação em momentos como esse: administrar o tempo para se poder executar uma boa rotina de planejamento estratégico, visando a próxima temporada, e desenvolver uma inteligência emocional adequada para lidar com o processo de liderar o momento atual.

A capacidade de orquestrar essas questões pode ser a alavanca para ultrapassar momentos como este, onde o hoje e o amanhã estão sensivelmente envolvidos e impactando tudo ao redor dentro de um clube de futebol.

Sobre o simples fato de administrar bem o tempo dos gestores esportivos, isso parece uma demanda até certo ponto simplista e cotidiana, mas em geral todos nós somos ineficientes nesta gestão do tempo. Os gestores podem ter uma maior compreensão sobre como utilizar melhor as 24h que se possui do dia, pois no fundo não controlamos o tempo, mas sim as atividades e ações que podemos executar com o tempo que temos disponível.

Sendo assim, como dica para uma melhor gestão das atividades no tempo, algumas atividades são importantes:

  • Priorizar a execução das ações de grande importância e impacto em relação aos objetivos que deseja conquistar;

  • Procurar executar aquelas que geram impacto mínimo aos objetivos, mas que podem causar inconvenientes;

  • Em última ordem de prioridade, ter consciência sobre aquelas que caso não sejam efetuadas, não existirão impactos em relação aos objetivos, sendo que para estas duas tratativas podem ser efetuadas:

    • Avaliar aquelas que são possíveis serem delegadas à outra pessoa;

    • Eliminar temporariamente as atividades que não trazem nenhum benefício aos objetivos atuais.

Assim, todo gestor tem a possibilidade de realizar uma boa gestão do tempo e conseguir atender aos desafios em momentos em que se exige cuidado e atenção com o momento atual do clube e a próxima temporada.

Até a próxima.