Categorias
Colunas

Futebol Olímpico: ame-o ou deixe-o

Os Jogos Olímpicos são a maior celebração do esporte mundial. Entretanto, por divergências políticas e, principalmente comerciais, o futebol masculino não participa efetivamente dessa celebração.

Isso ocorre porque a FIFA, temerosa de que o torneio de futebol dos Jogos Olímpicos faça frente à sua principal competição (produto), cria uma série de limitações à participação dos atletas e, principalmente, não inclui a competição em seu calendário oficial.

Até os Jogos de 1984, somente atletas amadores, sem contrato de trabalho, poderiam participar.

Nas Olimpíadas de 1988 e 1992 permitiu-se a inscrição de atletas profissionais desde que não tivessem participado em Copa do Mundo.

A partir de 1992, as seleções puderam contar com três jogadores acima de 23 anos, independente de terem ou não disputado mundiais, permitindo-se 3 atletas acima da idade.

Ocorre que a FIFA, que poderia obrigar a liberação de jogadores para o torneio olímpico, apenas recomenda que os clubes cedam os atletas para as seleções. Ou seja, na prática, os clubes cedem os atletas se quiserem, razão pela qual as seleções não terão seus principais jogadores nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Apesar disso, a FIFA não retira o futebol masculino dos Jogos Olímpicos para não perder a vitrine e a visibilidade e, o COI, por seu turno, acaba aceitando as migalhas do futebol para não perder os patrocinadores e o alcance mundial que a modalidade proporciona.

Entretanto, o sucateamento do torneio olímpico de futebol masculino vai acabar por afastar o público e trazer um marketing negativo tanto para o futebol, quanto para os Jogos Olímpicos.

Pelo status alcançado pelo futebol, as Olimpíadas não terão, para a modalidade, a mesma representatividade dos outros esportes, o que não justifica a preocupação da FIFA.

Por outro lado, comercialmente, uma competição mundial a cada dois anos pode pulverizar os patrocinadores.

Assim, o torneio olímpico de futebol masculino pode ser uma

grande competição de novos, permitindo-se a inscrição de jogadores que nunca participaram de Copas do Mundo (como em 1984 e 1988) e, desde que, incluída no calendário oficial da FIFA com consequente obrigatoriedade dos clubes liberarem os atletas.

Caso uma atitude não seja rapidamente tomada perderão a FIFA, o COI, os Jogos Olímpicos e, principalmente, o futebol que será representado na grande celebração do esporte mundial por uma competição sucateada, sem credibilidade e alijada do público.

Se a FIFA não quer uma grande competição olímpica de futebol masculino, que o retire dos Jogos e abra espaço para as suas modalidades no salão (futsal) e na praia (beach soccer).

Portanto, ou tratem o futebol de campo masculino olímpico com respeito, ou o retirem de vez dos Jogos Olímpicos.

Categorias
Colunas

Convicção

Vanderlei Luxemburgo era o técnico do Cruzeiro no Campeonato Brasileiro de 2015. Reformulou o elenco, mudou a forma de a equipe jogar, perdeu seis partidas seguidas e foi demitido. Mano Menezes assumiu, terminou o torneio nacional e começou a pensar no que seria do time mineiro para a temporada 2016. Antes disso, porém, preferiu trocar a Toca da Raposa pelo futebol chinês. Deivid foi a aposta da diretoria para esta temporada, mas não resistiu a um início claudicante e à eliminação no Estadual. Foi substituído pelo português Paulo Bento, outra novidade promovida pela cúpula celeste, que chegou perto do início do Nacional e comandou outra revisão no grupo de atletas. Afundado na penúltima posição e na zona de rebaixamento, contudo, o Cruzeiro demitiu seu quarto treinador em um ano. Fazer futebol, assim como fazer comunicação, é praticamente impossível se não houver convicção.
É totalmente contraditório o Cruzeiro, time que fez duas apostas em treinadores na temporada 2016, ter demitido Deivid e Paulo Bento antes que essas novidades tivessem tempo para provar qualidades ou espaço para desenvolver suas ideias. O técnico ideal da diretoria no início do ano não resistiu a uma campanha ruim no Mineiro, e a melhor opção para o atual cenário caiu antes de completar sequer um turno no Brasileiro.
Entre Luxemburgo, Mano, Deivid e Paulo Bento, o Cruzeiro buscou quatro perfis diferentes e quatro visões diferentes de futebol. Mais do que isso, jogou um peso a seus cofres por ter interrompido precocemente os trabalhos – o português receberá até o fim de 2017, por exemplo, e vários atletas contratados nessas gestões mudaram de status no clube durante essas transições.
O Cruzeiro não deu apenas demonstrações de que dá pouca estabilidade a seus técnicos. Com tantas mudanças, escancarou incertezas sobre seu próprio elenco e reconheceu ter feito apostas erradas em contratações ou escalações. O que fica para o torcedor, depois de tudo isso, é um enorme ponto de interrogação sobre as próximas medidas da diretoria celeste. Como confiar em alguém que não confia no próprio trabalho?
Não existe sucesso sem convicção. E não existe convicção se não houver clareza de objetivos e processos. São etapas fundamentais no processo de comunicação, e o futebol é apenas um exemplo escancarado disso.
Quando o Campeonato Brasileiro começa, por exemplo, há 20 times dizendo que sonham com o título. Cinco ou dez rodadas depois, mais da metade ainda fala em condição de taça ou em vencer todos os próximos rivais. No discurso, a verdade é que nos acostumamos com um futebol de enganação e de ilusões.
É assim que construímos falsos craques, falsas verdades e falsas expectativas. É assim também que buscamos culpados quando essas pretensões não são atingidas. Paulo Bento virou culpado por um desempenho negativo do Cruzeiro, mas o que a diretoria esperava de um elenco que foi remodelado com o Brasileiro em curso? Qual era o objetivo do clube para o atual estágio da competição e quanto o português ficou devendo em relação a isso?
Não defendo aqui que alguém cometa sincericídios e faça qualquer tipo de propaganda negativa sobre seu clube. Não defendo aqui que os clubes esvaziem seus jogos, diminuam o sonho de seus torcedores ou desrespeitem o nível de suas tradições.
Defendo, isso sim, que os clubes entendam que futebol se faz com processos. Que não há sucesso no esporte que seja unicamente baseado em imediatismo e mudanças abruptas de direção. É preciso definir um caminho, planejar um tempo para percorrê-lo e fazer cobranças paulatinas de acordo com a relação entre rendimento e meta.
Comunicação também se faz assim. Que tipo de futebol você deseja para seu time? Quais são os processos até que esse nível seja alcançado? Quanto tempo isso demora? Como você vai comunicar isso aos torcedores sem esvaziar jogos no caminho ou reduzir o interesse do público pelo produto?
É por isso que a comunicação no esporte não pode viver apenas de resultados. Não há como vender apenas vitórias ou derrotas, ou essa relação com os resultados vai criar um cenário incerto para todo o trabalho. Comunicação no esporte precisa contar histórias, humanizar, e esse é um trabalho que deve permear a vida de todos que trabalham no segmento.
Pode ser difícil sonhar com médio ou longo prazo num ambiente de tanta pressão e de tanto escrutínio público quanto o futebol brasileiro. Enquanto o cenário for esse, porém, não adianta termos qualquer tipo de surpresa com mudanças como as demissões de técnicos. Enquanto faltar convicção eles vão seguir sofrendo.

Categorias
Conteúdo Udof>UdoF na Mídia

PROMOÇÃO 13o ANIVERSÁRIO UNIVERSIDADE DO FUTEBOL

Na semana de Aniversário da Universidade do Futebol quem ganha presente é você! Participe de nosso mini-campeonato e concorra a prêmios diários!!
COMO FUNCIONA 
Durante a Semana de Aniversário da Universidade do Futebol (entre os dias 25 a 29 de Julho) serão publicados em diferentes horários, 3 vídeos no Facebook, com integrantes da equipe da Universidade do Futebol fazendo perguntas relacionadas com futebol e com a Instituição (todas as respostas são encontradas no nosso site e redes sociais).
Somente pontuarão os 20 primeiros que responderem corretamente cada pergunta lançada.
Os 5 primeiros ganham 10 pontos
Do sexto ao décimo ganham 7 pontos Do 11o ao 15o ganham 4 pontos
E do 15o ao 20o ganham 2 pontos
Dessa maneira, quem obtiver a maior pontuação ao final do dia irá receber o premio. Caso haja empate, a rapidez em responder será critério de desempate (as respostas das publicações no Facebook, sempre tem a hora exata).
PRÊMIOS
1 (um) CURSO POR DIA
– De segunda-feira (dia 25) à sexta-feira (dia 29).
O prêmio será entregue à pessoa que mais pontos fizer entre as 3 respostas do dia. Não necessariamente devem ser respondidas as 3 perguntas, se com apenas uma ou duas respostas ela obter maior pontuação que os demais, poderá receber o prêmio.
Os pontos não são acumulativos de um dia para outro. Cada dia é uma nova pontuação que começa do zero.
Dia Prêmio – Cursos Valor 
25/julho Gestão em Marketing I R$129,90
26/julho Análise de Jogo I R$129,90
27/julho Treinando através de jogos: o Passe R$400,00
28/julho Jogos Reduzidos e Adaptados no Futebol R$500,00
29/julho Modelo de Jogo R$600,00
– O prêmio, uma vez concedido, é pessoal e intransferível.
– Os alunos que estão realizando algum curso da Universidade do Futebol, regularmente matriculados até a divulgação desta política, não são elegíveis às regras e condições ora ofertadas para o curso que realiza.
– Alunos que tenham estudado algum curso na Universidade do Futebol e que realizaram trancamento de suas matrículas, ou desistiram do curso, sem solicitação formal de cancelamento, não são elegíveis as regras e condições ora ofertadas.
– Já os alunos que cancelaram formalmente sua matrícula até 22/07/2016 são elegíveis as regras e condições ora ofertadas, desde que não possuam débito ou inadimplência com a Universidade do Futebol.
– Para fazer jus ao benefício do prêmio, a matrícula para inicialização nos cursos, deverá ocorrer, obrigatoriamente, até o final de 2016 (31 de dezembro).
Os prêmios serão oferecidos somente para os participantes que seguem nossa página no Facebook.
O cancelamento, desistência ou trancamento do curso não exime o aluno beneficiado da responsabilidade de comunicar a interrupção dos estudos por escrito e formalmente à Instituição. Ocorrendo qualquer uma das hipóteses acima listadas ou, ainda, ocorrendo o abandono do curso, o desconto promocional será cancelado automaticamente.

Categorias
Colunas

“Caso Riascos” e os caminhos da lei

A manifestação do atacante Riascos, do Cruzeiro, ao microfone da Itatiaia, repercutiu em toda a imprensa brasileira. Após a derrota para o Fluminense, o atleta disse “Não pode tirar minha felicidade pra (sic) jogar nessa merda aqui”.
Imediatamente, a diretoria do Cruzeiro afastou Riascos. No dia seguinte, o Presidente Gilvan de Pinho Tavares, adotou tom mais ameno e deu dicas de que a postura do Clube possa ser mais amena.
Nesta terça-feira, em nota oficial, a diretoria do Cruzeiro manteve o afastamento do atleta e informou que já estava negociando os direitos econômicos dele e que está agilizando o processo.
Analisando-se a legislação aplicável ao caso, em situações como a do atacante Riascos, todo cuidado é pouco, senão vejamos. Aos atletas profissionais de futebol aplica-se a Lei Pelé e, no que for silente, a CLT. Em caso de dispensa imotivada do atleta, o clube deverá pagar a cláusula compensatória desportiva que terá o valor máximo de 400 (quatrocentas) vezes o valor do salário mensal no momento da rescisão e, como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria direito o atleta até o término do contrato. Ou seja, dispensa do atleta oneraria os cofres do Clube.
Para evitar o pagamento da cláusula compensatória desportiva, Riascos deveria ser dispensado com justa causa, cujas hipóteses estão previstas no art. 482, da CLT, a saber: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;  k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem;  l) prática constante de jogos de azar.
Analisando-se as hipóteses legais, percebe-se grande dificuldade de enquadramento do caso concreto. Importante esclarecer que por indisciplina/insubordinação entende-se insurgência contra ordem estabelecida.
Além da cláusula compensatória desportiva, em eventual demanda trabalhista, o Cruzeiro poderia ser condenado ao pagamento de indenização por assédio moral.
Sem-Título-2
Nos Tribunais brasileiros há diversas decisões no sentido de condenar o Clube ao pagamento de danos morais por assédio moral quando são afastados do grupo principal e colocados para “treinamento em separado”.
A tudo isso se soma o fato de Riascos ser um ativo do Clube com reconhecido valor de mercado (vale lembrar que o Vasco teve interesse na sua permanência) e eventual “depredação” pública da imagem do atleta traria desvalorização ao seu próprio patrimônio.
Não há dúvidas de que o melhor caminho será negociar os direitos econômicos do atleta e, consequentemente, evitar o pagamento de cláusula compensatória (e também eventual dano por assédio), bem como repor o investimento feito no atleta.
O grande ponto neste caso será a redução do valor do atleta no mercado, eis que é público e notório o interesse/necessidade do Cruzeiro em “se ver livre” do atacante.
De toda sorte, situações como esta devem ser analisadas de forma bastante racional, profissional e com vistas no mercado, despida de paixões, a fim de que a decisão não traga grandes prejuízos ao Clube.

Categorias
Colunas

Demissão

O esporte é um mercado como qualquer outro, mas não há mercado como o esporte. Em que outro segmento profissional um funcionário expõe insatisfação durante a atividade, reclama publicamente (e veementemente) do lugar em que está, é demitido (também de forma pública e veemente), sofre ameaças de ações judiciais, vira alvo de extenso (e ambíguo) escrutínio popular e só depois tem sua situação verdadeiramente discutida? O caso Riascos é uma soma de problemas e tropeços, mas o cenário decorrente disso mostra uma série de características que fazem do futebol um ambiente único para quem trabalha com comunicação.
Duvier Riascos, 30, foi contratado pelo Cruzeiro em 2015. Enfrentou rejeição desde o momento em que a negociação foi concretizada – para a torcida alviceleste, o atacante colombiano era mais lembrado por um pênalti perdido na Copa Libertadores de 2013, quando defendia o Tijuana, em lance que podia ter eliminado o Atlético-MG do torneio. Nunca foi realmente aceito na Toca da Raposa.
Em maio de 2015, a despeito de ter contrato de três anos, Riascos foi emprestado ao Vasco. Não conseguiu evitar a queda da equipe carioca para a Série B do Campeonato Brasileiro, mas se consolidou. Virou referência também pelo estilo – as danças, o cabelo, o comportamento exacerbado.
A mudança parecia o melhor cenário para todos, mas o contrato de empréstimo terminou. O Cruzeiro queria dinheiro para que Riascos continuasse no Vasco, e o Vasco não quis bancar. O colombiano voltou à equipe mineira em maio, valorizado, com expectativa de finalmente conseguir espaço e aceitação.
Novamente, porém, a passagem de Riascos pelo Cruzeiro não teve nada disso. O atacante encontrou um elenco esfacelado, em transição, com troca de comando técnico e uma enorme quantidade de mudanças no elenco. Sucumbiu em meio a um grupo que tem colocado a equipe na parte inferior da tabela do Campeonato Brasileiro e escancarou tudo isso no último domingo (17), em derrota para o Fluminense. Ao ser acionado pelo treinador Paulo Bento, chamou mais atenção em campo pelas caras e bocas do que pelas jogadas. Foi vaiado pela torcida mineira e tomou um cartão amarelo por reclamação – a advertência, a terceira, suspendeu o atacante da próxima partida.
Ao sair de campo, Riascos foi questionado sobre a atuação e a evidente insatisfação. Em entrevista à “Rádio Itatiaia”, respondeu que estava infeliz e que havia sido retirado de onde estava bem “para jogar nesta m…”. Foi o estopim para uma bomba.
Em entrevista coletiva, logo depois do jogo, o diretor de futebol do Cruzeiro, Thiago Scuro, anunciou a demissão de Riascos. Desligou o jogador da delegação e avisou que o clube tomaria medidas legais para punir o atacante. Enquanto isso, torcidas das duas equipes que ele defendeu no Brasil inundavam redes sociais – os mineiros pediam a saída imediata dele, e os cariocas pediam a volta do colombiano.
O desabafo de Riascos foi desmedido, obviamente. O jogador pode até alegar que estava com a cabeça quente e que foi interpelado em um momento de pressão, mas a verdade é que esse tipo de exagero não contribui em nada para o contexto todo. A declaração dele colocou em xeque o trabalho e o nível dos profissionais da equipe mineira.
A reação de Scuro também foi forte, o que ele julgou necessário para proteger a imagem do clube e dar uma espécie de recado a outros jogadores. Institucionalmente, essa foi uma manifestação importante e teve um tom tão assertivo quanto o momento pedia. O problema, nesse caso, não foi cabeça quente ou um nível incontrolável de insatisfação. Nenhuma comunicação oficial desse tipo pode ser feita sem amparo de todas as áreas responsáveis.
Nesta segunda-feira (18), menos de 24 horas depois do episódio, o presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, foi bem menos enfático. Em entrevista ao portal “UOL”, lembrou que o jogador é um ativo do clube e que não vai simplesmente ser demitido. Houve um investimento para contratar o atacante, que ainda tem mais de um ano de vínculo e praticamente não deu retorno técnico à equipe mineira.
Depois de tudo que foi criado, contudo, o ambiente de Riascos no Cruzeiro parece extremamente inviável. É uma situação ainda mais grave do que a que está posta no Corinthians, que ainda tem até o fim do ano para administrar o problema que se tornou o atacante Alexandre Pato.
Num mercado comum, o profissional que chegasse a esse ponto simplesmente sairia da empresa. Tentaria um acordo amigável ou então romperia o contrato. Trabalho é uma parte importante da vida, mas não existe trabalho se o profissional estiver infeliz ou estiver em uma condição miserável – e essa infelicidade ou essa condição miserável não dependem de quanto a pessoa receba por mês, independentemente dos altos salários praticados no futebol; é uma questão de sensação e de relação com o entorno, e isso pode acontecer mesmo entre os mais bem remunerados.
No entanto, o futebol não é um mercado comum. É um segmento em que todas as decisões de qualquer profissional são submetidas a julgamento público e que têm consequências para processos maiores. Se simplesmente demitir Riascos, por exemplo, o Cruzeiro terá de administrar o rombo que isso causará no orçamento do clube.
Todo esse episódio reforça a importância de que estratégias de comunicação sejam pensadas e discutidas entre todas as áreas. O desfecho do caso Riascos afetará o Cruzeiro como um todo e não pode ser definido no futebol para depois chegar a áreas como diretoria e departamento jurídico. É fundamental que as pessoas funcionem como a engrenagem que um time deveria ser – e que a comunicação reflita isso. A cabeça quente não pode ser desculpa para atropelos em processos tão relevantes.

Categorias
Colunas

CBF regulamenta atuação da imprensa

Com o objetivo de regulamentar, dentre outros pontos, a atuação dos profissionais de imprensa nos jogos do campeonato brasileiro, em 12 de maio, a CBF expediu a Diretriz Técnica 03/16.
A referida diretriz estabelece, entre outros pontos, a forma de credenciamento dos profissionais, seus limites e condições de atuação e, penalidades para eventuais infrações.
A fiscalização será realizada pelos supervisores de imprensa e campo indicados pelas Federações.
De forma justa, a Diretriz concede algumas prerrogativas aos profissionais das emissoras de TV, detentoras do direito de transmissão.
Outro ponto importante no que diz respeito à profissionalização, é a vedação da entrada ou permanência no entorno do gramado de profissionais da imprensa de camisa regata, chinelos, bermudas, com apelos comerciais em roupas/acessórios ou fumando.
Enfim, há de se louvar o objetivo de estabelecer regras que valorizem o evento esportivo e a sua cobertura pelos diversos meios de comunicação.
Doutro giro, a Diretriz Técnica estabelece a dura pena de suspensão do credenciamento, o que pode prejudicar profundamente a atuação dos repórteres de campo que estão ali, acima de tudo para exercer o seu trabalho e divulgar a competição.
Neste ponto, a norma da CBF peca ao não indicar a possibilidade de penas mais brandas e educativas, especialmente neste momento de adaptação.
Ao invés da pronta suspensão, a Diretriz poderia ter previsto advertência ou censura prévia.
Outrossim, deveria haver a previsão de prazo para cumprimento da pena e, até mesmo, a possibilidade do profissional se defender em respeito ao princípio da ampla defesa prevista na constituição.
Essas medidas, sobretudo o prazo para cumprimento de eventual suspensão, são muito importantes para que os meios de comunicação possam organizar a sua logística de viagens e escala de profissionais.
Trata-se, obviamente, de um primeiro passo da CBF no tratamento profissional do evento esportivo, como já ocorre na Europa e nos EUA, e, justamente por isso, eventuais imperfeições devem ser ajustadas a fim de não se prejudicar o trabalho de profissionais que, além de buscarem o seu sustento, querem levar ao público a melhor cobertura possível da competição.

Categorias
Sem categoria

Presidente da Universidade do Futebol diz que ‘cadeia produtiva’ precisa entender complexidade da modalidade

João Paulo Medina, presidente da Universidade do Futebol, esteve no programa Bate Bola Bom Dia da ESPN, na última quarta feira, 13 de Julho, para falar sobre a classificação geral do Ranking dos Treinadores, junto com o coordenador de pesquisas, Iago Cambre.

A seguir você confere as duas reportagens com o Prof. abordando temas como a liderança dos treinadores frente suas equipes, e como é importante que a ‘cadeia produtiva’ entenda a complexidade do futebol.

Captura de Tela 2016-07-14 às 09.57.44

Captura de Tela 2016-07-14 às 10.02.47

Categorias
Conteúdo Udof>UdoF na Mídia

Presidente da Universidade do Futebol diz que 'cadeia produtiva' precisa entender complexidade da modalidade

João Paulo Medina, presidente da Universidade do Futebol, esteve no programa Bate Bola Bom Dia da ESPN, na última quarta feira, 13 de Julho, para falar sobre a classificação geral do Ranking dos Treinadores, junto com o coordenador de pesquisas, Iago Cambre.
A seguir você confere as duas reportagens com o Prof. abordando temas como a liderança dos treinadores frente suas equipes, e como é importante que a ‘cadeia produtiva’ entenda a complexidade do futebol.
Captura de Tela 2016-07-14 às 09.57.44
Captura de Tela 2016-07-14 às 10.02.47
 
 

Categorias
Colunas

Choro

Para falar de comunicação, vamos falar de futebol. E para falar de futebol, vamos falar de basquete. E para falar de basquete, vamos falar de vida. E para falar de vida, vamos falar de emoção. É assim o ciclo, afinal: pretensiosos, tergiversamos até achar coragem e olhar corretamente; quando nos despimos e nos abrimos às inquietudes, enxergamos elementos que suscitam aprendizado. Lionel Messi. Cristiano Ronaldo. Kevin Durant. Tim Duncan. De alguma forma, os principais personagens do esporte mundial nos últimos dias nos serviram para mostrar o quanto é importante questionar coisas e pesar significados.
O choro de Lionel Messi depois do término da Copa América Centenário, por exemplo, carrega muito mais do que a derrota para o Chile nos pênaltis ou o longo hiato desde a última conquista da seleção argentina. São lágrimas de um jogador que foi muito questionado como homem e que sempre sofreu pelas decisões que tomou fora de campo. Quando buscou na Espanha o tratamento físico que o país natal não podia oferecer, Messi tornou-se também um personagem menos forjado pelo ambiente local. É difícil dissociar Messi de Barcelona ou imaginar um cenário em que estrela, time e cidade tivessem o mesmo sucesso se estivessem separados. O jogador ficou conhecido como camisa 10 do Barcelona antes de ser um astro em sua seleção e convive até hoje com as cobranças para ser ídolo nacional.
Depois da derrota para o Chile, na decisão da Copa América, Messi chegou a sugerir que seu período com a camisa da Argentina pode ter acabado. Se confirmar isso, perde a equipe nacional e perde o futebol de seleções. Entretanto, fica aqui mais uma marca: num gesto de amor altruísta, o camisa 10 considera a possibilidade de ser uma espécie de problema para seu time e abre mão dos valores individuais em nome da chance de ver o país voltar ao topo do pódio.
Não acho que a aposentadoria de Messi seja duradoura, mas a atitude revela mais do que uma simples frustração acumulada. É um sacrifício de alguém que sempre teve de lidar com uma carga muito maior do que a real. Ídolo do Barcelona, Messi sempre teve de ser mais argentino do que os argentinos. Quando atingiu o auge, sempre teve de conquistar títulos pela equipe nacional para ser finalmente equiparado a Diego Maradona.
Cristiano Ronaldo também chorou. Chorou inicialmente no primeiro tempo da decisão da Eurocopa, após ter sofrido falta dura de Payet. A entrada do jogador francês causou um problema no joelho do camisa 7 da seleção portuguesa, que perdeu ali sua grande referência técnica. Ainda assim, os lusitanos venceram por 1 a 0 – gol de Éder na prorrogação – e conquistaram no último domingo (10) o maior título da história do futebol do país. Findada a partida, Cristiano Ronaldo desabou no gramado e chorou.
O choro de Cristiano Ronaldo depois do jogo não foi uma atitude preocupada com telões, marketing ou imagem. Foi uma representação física de alguém que se esforçou muito para estar no nível de jogadores mais capacitados tecnicamente. Foi uma explosão de alguém que sempre foi questionado pelo comportamento e que teve de lidar com cobranças que nada tinham a ver com a eficiência ou a qualidade de seu trabalho.
Ao contrário de Messi, Ronaldo sempre foi orgulho nacional. Entretanto, isso nunca foi suficiente. Assim como o argentino, o jogador do Real Madrid era o não-vencedor e simbolizava um sucesso individual a despeito dos defeitos coletivos da seleção.
Porque nós nos acostumamos a contar as histórias a partir dos vencedores, afinal. Buscamos personagens que tenham histórias de redenção e sucesso como se o esporte permitisse esse tipo de glória a um número grande de personagens. Não é assim, infelizmente.
É aí que entra Kevin Durant, terceiro maior cestinha da história da NBA (em média) e o maior definidor da liga profissional de basquete dos Estados Unidos nas últimas temporadas. O camisa 35 ficou sem contrato com o Oklahoma City Thunder e podia escolher onde jogar na próxima temporada. Cortejou algumas das principais equipes e escolheu o Golden State Warriors, duas decisões consecutivas (e um título conquistado).
A adição de Durant faz de Warriors o favorito obrigatório para a próxima temporada da NBA. O jogador escolheu justamente a equipe que o havia eliminado na final de conferência do campeonato anterior e se juntou a Stephen Curry e Klay Thompson, dois dos maiores arremessadores de todos os tempos. Escolheu o time que provavelmente dependeria menos de seus talentos para ser candidato a algo na liga.
A decisão de Durant abriu um debate extenso na NBA sobre o comportamento dos grandes astros. A liga não convivia com uma transferência tão polêmica desde que LeBron James resolveu deixar Cleveland para ser campeão no Miami Heat. Afinal, num ambiente em que todas as atitudes são submetidas a um escrutínio sem paralelo, qual é o significado de um astro escolher o “caminho mais fácil” para tentar ser campeão?
Se tivesse ido para qualquer outro time, Durant conviveria com questionamentos sobre ter deixado o Oklahoma City Thunder. Como escolheu Golden State Warriors, transformou a mudança em um debate sobre “ganhar a qualquer preço” ou “escolher o lado mais forte em uma briga”.
 
Sem-Título-2
E a comparação entre as três histórias mostra como o esporte é cruel. Durant poderia ter feito outra opção e poderia passar a vida sem chance de ser campeão da NBA. E no futuro, quando nos lembrássemos dele, falaríamos de um jogador de qualidades e o colocaríamos abaixo dos atletas que acumularam anéis de campeões.
Messi poderia ter mais sucesso se desse razão às críticas que ouvia no início da carreira na seleção e optasse pela Espanha. Era uma peça de talento individual que os ibéricos não tiveram sequer em seu período de maior sucesso. Cristiano Ronaldo também poderia ter abraçado a figura do craque isolado e se conformado com as limitações de sua equipe. Fez o contrário: mesmo depois de ter sido substituído, ficou no banco de reservas e participou ativamente do jogo.
Durant pegou o caminho mais curto, e isso reflete um pouco a crueldade de quem analisa o esporte. Ele pode não ser campeão no futuro imediato, mas buscou no Golden State Warriors uma chance de ser maior do que era no Oklahoma City Thunder.
Esportivamente, a carreira dele pode até ser maior nos próximos anos. As mãos de Durant podem até se encher de anéis e o rosto dele pode ter um sorriso constante por estar em um time que oferece prazer de estar em quadra. Contudo, Durant perdeu uma enorme chance de ser um personagem maior do que vitórias e derrotas. Perdeu uma chance de mostrar que o esporte pode ser muito mais do que isso.
Foi isso que fez Tim Duncan nesta segunda-feira (11), ao “anunciar” que havia se aposentado. Foi um comunicado oficial do San Antonio Spurs, na verdade, sem uma frase sequer do maior jogador da história da franquia. Após 19 temporadas e cinco títulos, ele preferiu sair de cena com discrição e sem os arroubos do ano derradeiro de Kobe Bryant, ala-armador que transformou a temporada do Los Angeles Lakers em uma turnê de despedida.
Duncan é um exemplo raro numa época de superexposição do esporte e dos atletas. Não é uma figura midiática, não faz estripulias fora de quadra e raramente é lembrado por algo além das conquistas – nem mesmo por lances plásticos, por exemplo. É o personagem que preferiu sempre as vitórias e que fez isso em silêncio, sem vaidade ou individualidade.
Os choros de Messi e Cristiano Ronaldo podem ter muito de relação individual com o jogo. A decisão de Durant também. O que Duncan nos mostra, porém, é que não adianta olharmos apenas para a primeira camada. O esporte pode ser feito de pequenas conquistas individuais, mas precisa ser sempre visto um pouco além do impacto inicial.

Categorias
Conteúdo Udof>UdoF na Mídia

Entenda como funciona o Ranking dos Treinadores de acordo com a Universidade do Futebol

Aconteceu ontem a estreia do Ranking dos Treinadores Universidade do Futebol/ESPN, no programa Bate Bola na Veia com a presença do Professor Medina e do Coordenador de Pesquisas da Universidade do Futebol, Iago Cambre.

O estudo para analisar os treinadores, da série A, através da súmula divulgada posteriormente aos jogos, veem sendo feito há 6 anos a partir de uma proposta de um grupo de pesquisadores ligados a Universidade do Futebol e a Universidade Estadual de Campinas (FCA- UNICAMP).

O Ranking dos Treinadores objetiva analisar a capacidade que os treinadores têm em fazer uma gestão coletiva do time, levando em consideração critérios pré-estabelecidos, como por exemplo, o número de cartões recebidos pela equipe e pelo treinador.

A seguir você pode conferir como foi a apresentação ao vivo do Ranking dos Treinadores, no programa da ESPN.