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Essência do futebol

Não podemos esquecer que o futebol é um jogo coletivo, independente do momento do jogo. Tem-se, por vezes, a equivocada impressão de delegar a individualidade ao momento ofensivo (quando não se faz gol geralmente se culpa a qualidade técnica) e a coletividade ao momento defensivo (quando sofre muitos gols o responsável é a organização (coletivo)). Contudo, a organização defensiva só conseguirá ser verdadeiramente coletiva se as ações tático-técnicas realizadas por cada um dos onze jogadores forem perspectivadas em função de uma ideia comum, respeitando um referencial coletivo, em que as tarefas individuais dos jogadores se relacionam e regulam entre si. Apenas assim o “todo” (a equipe que defende) conseguirá ser maior que a soma das partes que o constituem (comportamentos tático-técnicos de cada atleta).

Quando falamos em “ideia comum” ou “referencial coletivo” é preciso entender que não está se referindo a automatismos fechados, ou algo já estabelecido de forma estanque, mas a princípios que norteiam a ação coletiva da equipe e por consequência as ações individuais dos atletas nela inseridos. O futebol é um jogo inteligente. E não há inteligência mais complexa que a inteligência coletiva. E isso só se ganha com a tomada de consciência da importância dos princípios do jogo. Em cada momento do jogo, ou na máxima percentagem do jogo, temos 7 ou 8 atletas a pensarem a mesma coisa, em conformidade com esse referencial.

Portanto, faz-se necessário construir e definir princípios que balizem os comportamentos coletivos (princípios de jogo), visto que o jogo pelo seu caráter imprevisível não permite ações planejadas em sua plenitude. Pois o jogo vai sendo construído (construção de si mesmo) conforme as respostas que seus jogadores (tanto da equipe como do adversário) vão oferecendo pontualmente naquelas situações. Respostas essas que surgem da interação dos mesmos com sua equipe, com o adversário, com a posição da bola e de um número muito alto de outras variáveis que estão nele inseridos.

Falar nem sempre, ou quase nunca, diz alguma coisa. A simples informação não altera comportamentos e estes demoram muito tempo para serem alterados (requer treinos, muitos treinos). Cabe ao treinador direcionar esses comportamentos para a concepção de jogo (ideias) que pretende adotar, através de exercícios com complexidade crescente, sempre atuando na zona próxima de conhecimento do atleta com um objetivo final muito definido.

O objetivo é que a equipe apresente respostas coletivas para a maior quantidade possível de situações que estejam presentes nos quatro momentos do jogo: com a bola, sem a bola e transições defesa-ataque/ataque-defesa. Nessa proposta uma equipe pode ter a bola, mas, por estar com vantagem no placar, não quer dar profundidade ao jogo e quer defender-se com a posse. Suas movimentações são bem diferentes de quando ela precisa marcar gol. Caso algum(ns) jogador(es) não esteja com os princípios daquele momento assimilados, pode(m) apresentar respostas incongruentes com os objetivos momentâneos da equipe, realizando movimentações para regiões em que a pressão do adversário é mais intensa, aumentando os riscos de perder a bola e não colaborando com a meta coletiva estabelecida para aquela pontual situação, a manutenção da posse de bola simplesmente. E que fique bem claro com esse parágrafo que “estar defendendo” ou “estar atacando” independente de ter ou não a bola, pelo caráter indivisível que o jogo apresenta ao contemplar os quatro momentos anteriormente citados que se manifestam intimamente relacionados.

Os princípios de jogo estão ligados aos hábitos da equipe, que são resultado da interação dos hábitos individuais dos jogadores. Portanto, aí deve estar focada a intervenção do processo de treino. Frade relata que o hábito é um saber-fazer que se adquire na ação, portanto, vivenciar os devidos princípios de uma forma hierarquizada e sistematizada é fundamental para que o objetivo final, ou seja, a implantação da concepção de jogo idealizado pelo treinador baseado no contexto em que se encontra, materialize-se em campo de forma condizente com a proposta inicial.

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Futebol acima da média

Nesta edição do Campeonato Brasileiro, podemos observar como algumas equipes estão conseguindo manter um desempenho em campo de altíssimo nível, em termos de rendimento. São equipes que estão mantendo rendimentos constantes e brigando de maneira permanente pelas primeiras posições na tabela de classificação.

Existem diversos fatores que podem contribuir para esse padrão de rendimento destas equipes, tais como elenco de qualidade, comissão técnica confiante e com ótimo trabalho à beira do campo, boas condições de trabalho externo e por aí segue.

Mas tem um ponto que acredito ser muito importante para que essas equipes possam conseguir atingir tal nível de desempenho, a capacidade emocional que favorece ao alto rendimento, mais conhecida como competência emocional.

Em seu livro, Competência Emocional, Suzy Fleury cita conceitos importantes sobre este tema. Ela comenta que a competência emocional é a capacidade que o ser humano tem em regular os próprios estados emocionais, abrangendo pontos como a capacidade de controlar seus impulsos mais comuns como ansiedade, raiva e medo.

Considerando que o desempenho individual e em grupo no futebol, tem uma relação direta com a competência emocional, podemos compreender que quando um atleta consegue atingir seu estado de excelência emocional, ele entra em campo disposto a enfrentar de maneira adequada os desafios mais extremos em sua atividade profissional.

Cabe lembrar que um atleta competente emocionalmente, demonstra elevada confiança e esta é um ingrediente especial para guiar a busca pela excelência. A confiança aumenta ou diminui dependendo da qualidade de seu preparo, da sua concentração e do quanto o atleta acredita na sua capacidade. Na prática, sua confiança se manterá elevada quando seu foco estiver centrado em confiar ou acreditar:

  • Em seu próprio potencial;
  • Em sua capacidade de superar obstáculos e alcançar seus objetivos;
  • Em seu treinamento ou preparo mental;
  • Em sua concentração;
  • Em suas escolhas;
  • No significado de sua missão;
  • Naqueles com quem você trabalha.

Então, amigo leitor, seriam essas equipes que lideram o Campeonato Brasileiro, dotadas de uma maior competência emocional e maior confiança, sendo por isso a apresentada elevada capacidade de se manterem na ponta por tanto tempo? Fica a reflexão!

Até a próxima!

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Do you speak English? (Você fala Inglês?)

Não, leitor, a intenção não é avaliar seus conhecimentos em língua inglesa. Mas a partir do polêmico e acalorado debate que recentemente ocorreu no programa “Bem amigos”, da SPORTV, entre Vanderlei Luxemburgo e os demais participantes do programa, quero trazer alguns questionamentos e gerar reflexão.

A dinâmica do programa em questão gira em torno da presença de um convidado notoriamente reconhecido em seu meio de atuação que debate com os profissionais da casa. No programa em que Luxemburgo participou como convidado, dentre vários assuntos discutidos relacionados ao futebol e sua carreira como treinador, um lhe causou grande desconforto, a formação do treinador de futebol no Brasil. Assunto este, que não causa desconforto somente em Luxemburgo, mas em todos aqueles que atuam diretamente com o futebol no Brasil.

O tema é polêmico e extremamente delicado, mexe diretamente com o nosso ego, toca naquilo em que sempre consideramos ser os melhores (e indiscutivelmente o fomos durante muitos anos), e que para ser discutido de forma proveitosa, é necessário que saibamos reconhecer algumas verdades:

  • Há alguns anos temos poucos jogadores brasileiros sendo os principais protagonistas em grandes equipes europeias.
  • Tanto a nossa seleção como os clubes brasileiros, não têm obtido bom desempenho em competições internacionais.
  • Na principal competição de clubes sul-americana, 40% (15) eram treinadores argentinos e somente 8% (3) eram brasileiros, sendo que havia 5 equipes argentinas e 5 brasileiras na competição.
  • Na última Copa América, dos 16 participantes, 6 eram treinados por argentinos, 2 por alemães, 2 por colombianos, 1 francês e somente a nossa seleção por um brasileiro.
  • Nas 5 principais ligas europeias (Espanha, Itália, França, Inglaterra e Alemanha), não há nenhum treinador brasileiro atuando. Na atual temporada, 2 treinadores brasileiros começam a disputa do campeonato Português: PC Gusmão no Marítimo, demitido após 3 meses, com 4 derrotas em 5 jogos e a não equivalência do seu curso realizado na CBF; Fabiano Soares no Estoril (administrado pela empresa Brasileira TRAFFIC) desde 2015 e que realizou sua formação como treinador na UEFA.
  • A preocupação com a formação do treinador de futebol no Brasil é algo que passou a ser mais amplamente discutido a pouco tempo.
Fonte: globoesporte.com
Fonte: globoesporte.com

Durante o programa, foi levantada a questão da dificuldade com a língua, e apontada por Luxemburgo como a principal razão da falta de treinadores brasileiros atuando nas principais ligas estrangeiras e que isso não é culpa dos treinadores. Porém, este argumento foi refutado pelos presentes, alegando que os treinadores brasileiros não têm o domínio de outro idioma por que não se empenham para isso, visto que nos dias de hoje é mais acessível se estudar outro idioma, e que a grande maioria dos treinadores estrangeiros buscam qualificar-se também no domínio de outro idioma, ponto que não é a via de regra da maioria de nossos técnicos.

E, outra questão fundamental levantada no programa, foi a qualificação dos treinadores através de cursos específicos. Neste ponto, a responsabilidade não recai somente sobre os técnicos. Nosso país não possui a cultura de uma formação dos treinadores no futebol (nosso sistema educacional é falho), excluindo-se as escolinhas de futebol, que são fiscalizadas pelos Conselhos Regionais de Educação Física (CREF), o qual exige dos profissionais a carteira de registro no conselho (obtida pela realização da faculdade de Educação Física ou através de provisionamento pela instituição). Ademais, para aqueles que exercem a função de treinadores nos clubes de futebol profissional (seja na base ou no profissional), a CBF, que é o principal órgão regulador do futebol brasileiro, ainda não exige nenhum tipo de formação específica para a função, o que não ocorre nos principais centros de futebol, onde todos os treinadores são obrigados a realizar um curso de formação específica.

Essa brecha histórica abriu precedentes para se criar essa certa acomodação no meio, porém, há alguns anos, o mercado nacional tem sentido (e cada vez mais) a necessidade de melhor qualificação profissional para função, fato que motivou muitos treinadores a buscarem a graduação universitária em diversas áreas (Fernando Diniz, por exemplo, é formado em Psicologia) e ao surgimento de vários cursos de futebol no país, o que aos poucos, vem mudando essa cultura e impulsionando os profissionais a buscar capacitação.

Fonte: virandojogo.com/ Arte: Felipe Diuana
Fonte: virandojogo.com/ Arte: Felipe Diuana

Porém, por estarmos ainda no processo de desenvolvimento desta cultura, existem alguns entraves que dificultam a inserção de nossos treinadores nos grandes centros, os principais ainda são a não obrigatoriedade de formação específica para a função, e o fato do curso oferecido pela CBF não ser ainda reconhecido em outros países. O curso da Associação Argentina de Futebol (AFA), possui uma estrutura e carga horária diferente do da CBF, o que facilita sua aceitação e equivalência em todos os continentes, facilitando a entrada dos treinadores argentinos em outros países. Alguns treinadores brasileiros têm buscado viajar a Europa para realizar estágios nos clubes e até mesmo o curso UEFA, porém o custo para isso é alto, não sendo uma opção muito acessível a todos.

É, também, importante ter o cuidado de compreender que todo esse movimento e processo de formação não é instantâneo e muito menos finito, um curso de formação específica não é a solução de todos os problemas (ainda que seja para grande parte). A grande maioria de nossos treinadores são capazes de assistir a um jogo e fazer uma leitura do que está acontecendo nesta partida e de como se comportam as equipes, precisamos é ir mais adentro disso tudo, entender que motivos levaram a esses comportamentos, como foram operacionalizados nos treinamentos, que estrutura física e de gestão os clubes devem possuir para facilitar isso, de que forma se controlar efetivamente esse desempenho, quais e em que momento alguns estímulos devam ser oferecidos aos jogadores, etc. A formação do treinador e de todos os que trabalham no clube deve ser contínua.

Sim, a estrutura de futebol do nosso país está aquém em vários aspectos em relação a outros países, nossos profissionais (técnicos, gestores, analistas, etc) podem e devem buscar capacitação. Nosso futebol ainda possui muitas virtudes, se faz necessário reconhecer e combater nossas fraquezas. A internet tem facilitado muito o acesso a diversos conteúdos, não são poucos os sites que disponibilizam de forma gratuita todo tipo de material didático sobre futebol. É possível, já neste momento, se capacitar e melhorar o nível de desempenho (não somente o placar) de sua equipe, oferecer melhores treinos, melhores condições de trabalho à comissão, oferecer um futebol melhor, isso é responsabilidade de todos, desde o treinador na iniciação até o presidente da CBF.

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“FLA-FLU” ANULADO?

O Flamengo venceu o Fluminense, está a um ponto do Palmeiras e esquentou a briga pelo título. A vitória rubro-negra veio após polêmica anulação de gol do tricolor carioca. O árbitro teria “voltado atrás” na decisão por ter recebido informações (influência externa).

Se, de fato, tiver havido influência externa, o Fluminense pode pedir a anulação da partida ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), com base no art. 84, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.


O fundamento da demanda seria o fato do árbitro ter tomado a decisão com ajuda eletrônica externa para dar a informação de que o gol deveria teria sido inválido.


Pelas regras do futebol e da International Board, somente o árbitro e seus auxiliares podem participar da decisão.

Assim, ocorrendo algum tipo de interferência externa, há ilegalidade. A aplicação das regras do futebol com base nessa “prova externa”, fere o microssistema [formado por árbitros e auxiliares] e traz irregularidade a ensejar a anulação da partida.

Trata-se de caso a ser analisado com bastante prudência, pois, se essa moda pega, os clubes poderiam criar pequenos postos de TV nos quatro cantos do campo. E, havendo, lances polêmicos a seu favor, eles avisariam os outros árbitros.


A grande dificuldade do sucesso de eventual pedido de anulação por parte do Fluminense está na prova, já que é muito difícil comprovar a influência externa na decisão do árbitro.

De toda forma, por mais difícil que possa ser a ocorrência da anulação da partida, o pedido do Fluminense encontra respaldo nas normativas FIFA e no CBJD.

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"FLA-FLU" ANULADO?

O Flamengo venceu o Fluminense, está a um ponto do Palmeiras e esquentou a briga pelo título. A vitória rubro-negra veio após polêmica anulação de gol do tricolor carioca. O árbitro teria “voltado atrás” na decisão por ter recebido informações (influência externa).

Se, de fato, tiver havido influência externa, o Fluminense pode pedir a anulação da partida ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), com base no art. 84, do Código Brasileiro de Justiça Desportiva.


O fundamento da demanda seria o fato do árbitro ter tomado a decisão com ajuda eletrônica externa para dar a informação de que o gol deveria teria sido inválido.


Pelas regras do futebol e da International Board, somente o árbitro e seus auxiliares podem participar da decisão.

Assim, ocorrendo algum tipo de interferência externa, há ilegalidade. A aplicação das regras do futebol com base nessa “prova externa”, fere o microssistema [formado por árbitros e auxiliares] e traz irregularidade a ensejar a anulação da partida.

Trata-se de caso a ser analisado com bastante prudência, pois, se essa moda pega, os clubes poderiam criar pequenos postos de TV nos quatro cantos do campo. E, havendo, lances polêmicos a seu favor, eles avisariam os outros árbitros.


A grande dificuldade do sucesso de eventual pedido de anulação por parte do Fluminense está na prova, já que é muito difícil comprovar a influência externa na decisão do árbitro.

De toda forma, por mais difícil que possa ser a ocorrência da anulação da partida, o pedido do Fluminense encontra respaldo nas normativas FIFA e no CBJD.

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Futebol feminino brasileiro: o que falta para o ouro?

Em nosso primeiro texto, inauguramos o “Especial Outubro Rosa” da Universidade do Futebol traçando um panorama dos países com maior sucesso no futebol feminino. Mostramos que o desempenho dessas equipes está relacionado com a existência de uma maior igualdade de gênero e com as oportunidades dadas às mulheres nas mais variadas esferas da sociedade.

No caso brasileiro, a seleção feminina apresentou ao longo da história uma grande competitividade nos campeonatos internacionais. O quarto lugar conquistado no mês de agosto nos Jogos Olímpicos de 2016, repetiu os resultados obtidos nos Jogos de 1996 e 2000. Nos anos de 2004 e 2008 chegamos às finais olímpicas, conquistando a prata nos campeonatos. Mas, como as oportunidades oferecidas às mulheres brasileiras refletem o desempenho da nossa seleção?

Apesar de participarmos de todas as quartas de finais olímpicas até hoje disputadas, não estamos, ainda, entre os dez países com o maior número de jogadoras registradas. Sabemos que há um número grande de praticantes da modalidade no Brasil, entretanto no estado com o maior número de jogadoras, São Paulo, somente 206 atletas são federadas e 10% são profissionais.

Notamos que muitas das jogadoras que se reconhecem como atletas profissionais, não possuem as condições adequadas para o desenvolvimento e manutenção da prática esportiva. As iniciativas públicas e privadas, direcionadas especialmente ao futebol feminino, no Brasil, são praticamente inexistentes. Além disso, a remuneração oferecida às atletas ainda é, em sua grande maioria, uma ajuda de custo inferior ao próprio salário mínimo do país.

Outro fator agravante vivenciado pelas jogadoras no Brasil é a estrutura das competições oficiais. O Campeonato Brasileiro de futebol feminino, em sua quarta edição, conta com a participação de vinte equipes e tem duração de 4 meses. No entanto, 60% das equipes (12) são eliminadas na primeira fase do torneio, disputando apenas quatro partidas. Essa estrutura, portanto, dificulta um planejamento a longo prazo e a própria manutenção das equipes ao longo do ano.

Ao contrário da estrutura oferecida às mulheres em países com grande sucesso na modalidade, no Brasil são quase inexistentes os investimentos e oportunidades à prática do futebol feminino. Ainda assim, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelas jogadoras brasileiras, a trajetória da seleção feminina sempre esteve muito próxima ao ouro.

Como seriam essas conquistas se tivéssemos um campeonato nacional composto por mais clubes e com um maior número de partidas? Se existissem campeonatos nacionais para as categorias de base? Se houvesse um maior incentivo para a prática do futebol feminino em espaços destinados ao lazer? E se fossem oferecidas oportunidades iguais para as meninas praticarem futebol dentro do contexto escolar, assim como para os meninos? Esses pequenos avanços em relação à visibilidade da modalidade no país poderiam refletir em grandes conquistas para a nossa seleção.

Apesar da estrutura e da organização da modalidade no país, o bom desempenho da seleção nos Jogos Rio 2016 ocasionou novas expectativas e sentimentos em relação ao futebol feminino no Brasil. A grande visibilidade da modalidade criou espaços de discussão e questionamentos acerca da organização atual do futebol feminino no Brasil. Aproveitem as próximas colunas para discutir com a gente questões sobre o protagonismo das mulheres dentro e fora dos gramados!

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Universidade do Futebol lidera primeira delegação brasileira convidada pela Premier League

Pela primeira vez, a English Premier League vai receber em caráter oficial uma delegação de profissionais do Brasil. A iniciativa é fruto da parceira da EPL com a Universidade do Futebol, a principal instituição independente de produção de conhecimento desse esporte no Brasil.

A delegação do Football Tour Experience é composta por 23 dirigentes e profissionais do futebol, das áreas técnica e de gestão, entre outras, e uma equipe da Universidade do Futebol. A viagem acontecerá de 15 a 23 de outubro, com o objetivo de conhecer mais a fundo como funciona a organização do futebol que mais gera receitas no mundo.

O Football Tour Experience inclui visitas a clubes das principais cidades do futebol do país, Londres (Arsenal e West Ham), Manchester (Man. City) e Liverpool (Liverpool e E verton), a Football Association, a mais antiga federação de futebol do mundo com 152 anos de idade, e os escritórios da própria EPL. Em todos os locais, haverá visitas técnicas gui adas e palestras dadas por executivos das áreas de gestão, futebol, responsabilidade social e comunicação. Na EPL também estão programados workshops.

Na programação oficial da viagem também há ida a partidas da Premier League (no jogo, Liverpool x West Bromwich), da Champions League (Arsenal x Ludogorets-BUL) e uma da Europa League (Manchester United x Fenerbahçe-TUR), para verificar como os estádios são operados em diferentes competições. Além dessas instalações serão visitados o estádio de Wembley e o Parque Olímpico dos Jogos de 2012, ambos em Londres.

A delegação é formada por dirigentes esportivos, profissionais de clubes, federações, profissionais da área responsabilidade social (dois são especialistas do Unicef, órgão da ONU para a infância e adolescência). Entre os clubes representados, estão Santos, Botafogo, Bahia, Atlético-PR, Coritiba, Red Bull e Audax.

A Universidade do Futebol pretende que esta seja, apenas, a primeira iniciativa voltada a fortalecer o intercâmbio profissional entre o futebol brasileiro e o futebol internacional. A partir de 2017, esperamos ampliar relações internacionais com sua rede de parceiros pelo mundo e, com isso, ex-alunos e profissionais terão a oportunidade de conhecer e interagir com as principais instituições do futebol mundial em futuras delegações.

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Algo sobre gerir comportamentos

Sempre fica um pouco de perfume, na mão de quem oferece rosas.

Provérbio Chinês

No decorrer de uma temporada, treinadores gastam uma quantidade considerável de tempo no processo de instrução aos atletas: transmitir conhecimentos, corrigir erros, reforçar comportamentos, e motivar (equipe/atleta). Há sempre aquele espaço antes, durante ou até mesmo após o treino para mostrar vídeos, conversar, dar risadas, etc… Sobre toda essa arte de transmitir conhecimento e colocá-la em prática (sabedoria), existem diversas opiniões, mas em algo comum todos acreditam: o sucesso do treinador é extremamente dependente da capacidade de passar estas informações “eficazmente”. De entender e ser entendido por todos os atletas e demais integrantes do departamento. Fala-se muito em aquilo que quero passar, aquilo que passo, aquilo que eles acham que entenderam e aquilo que eles entenderam (execução em campo).

Infelizmente, ou felizmente, no futebol apenas onze jogadores entram em campo, o descontentamento de alguns é normal. Será realmente que é normal? Eles devem e/ou podem se sentir assim? Mesmo os atletas sendo subordinados às decisões do treinador, antes de tudo eles são seres humanos e, como tal, precisam ser respeitados e tratados com justiça. Aliás não há paz duradoura sem justiça social como relata a organização Internacional do Trabalho em 1919.

Pois, por mais que a situação não nos agrade, por mais que ela não nos deixe feliz, ter a consciência de que isto é correto, nos “conforta”, deixa-nos, até certo ponto, satisfeitos. Para isso o treinador precisa ter como base a honestidade, fazer com que seus atletas entendam que isto é o correto, não falo aqui em dar explicações, mas tornar visível a todos a relação de justiça que está entre as relações interpessoais. Aliás, o treinador na verdade também é um gestor de pessoas, cada um com sua personalidade, cada uma com suas ambições, suas frustrações. Ser justo conosco, nos conforta e faz com que o fracasso seja um pouco mais aceitável, pois fazemos parte da uma “floresta”, e somos apenas uma árvore entre outras.

Creio que somos culpados pelos nossos atos, por nossas escolhas, ou seja, por nossa situação atual. Agindo dessa forma será muito mais fácil modificar nosso status, por que não atribuímos a culpa em outra pessoa, em terceiros (desvio de culpa). Se o culpado sou eu, então a solução está em mim, nas minhas escolhas e atitudes.

Não podemos controlar as atitudes dos outros. O que podemos fazer é influenciá-los, como líderes, para que façam o que eles querem fazer, mas sem saber o que querem fazer e, na verdade, o que queremos que eles façam. Contudo, a característica do treinador envolve muitas variáveis como filosofia, percepção, crenças e a vida pessoal que podem influenciar a organização, componentes da competição e treinamento.

Afinal, chegar a um contentamento tanto por parte do treinador como por parte do(s) atleta(s). Uma satisfação mútua. Uma harmonia na equipe, na sua forma de jogar, na sua forma de competir, na sua forma de conviver. Com isso podemos pensar a longo prazo, pois a relação tem subsídio para desenvolvimento. Não apenas uma relação efêmera tão volátil quanto o ganhar e perder, o estar certo e o estar errado.

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Parceria com Universidade do Futebol proporciona benefícios aos participantes

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É com imensa satisfação que anunciamos a parceria com a Universidade do Futebol para o IV Congresso Internacional de Futebol. Instituição respeitada e renomada no cenário nacional, a UdoF é referência em ensino, pesquisas e práticas de qualificação profissional. Além da legitimidade de uma união como esta, a parceria proporcionará benefícios tanto aos participantes do Congresso quanto aos alunos da instituição.

Benefícios ao aluno da UdoF:

– 20% de desconto na inscrição, válido para alunos do curso Gestão Técnica;

– 10% de desconto na inscrição, válido para alunos dos demais cursos (matriculados ou em curso);

Benefícios ao participante do IV Congresso IF:

– 10% de desconto em todos os cursos oferecidos pela Universidade do Futebol;

– Sorteio de DUAS bolsas integrais para o curso Gestão Técnica, da Universidade do Futebol;

A Universidade do Futebol é uma instituição criada em 2003 que estuda, pesquisa, produz, divulga e propõe mudanças nas diferentes áreas e setores relacionados ao universo do futebol, enquanto atividade econômica e importante manifestação de nosso patrimônio cultural, nas dimensões socioeducativas e no alto rendimento, e que conquistou nos últimos anos o reconhecimento e credibilidade da comunidade do futebol. Além da parceria, o CEO da UdoF, Eduardo Tega, será um dos palestrantes no evento.

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Por que a “ressurreição” da seleção brasileira é exemplo de comunicação

A seleção brasileira não é mais o time que Dunga comandava até meados deste ano. Em três jogos com o técnico Tite, o time nacional mudou de estilo, reencontrou as vitórias e subiu na classificação das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018 – até outro dia, a possibilidade de o país ficar fora do torneio pela primeira vez na história era extremamente factível. No entanto, o grande feito do novo treinador foi findar o divórcio que havia se estabelecido com o público: a reação da equipe canarinho também é um caso espetacular de comunicação.

Como jogador, Dunga simbolizou a geração que fracassou na Copa do Mundo de 1990. Foi massacrado durante anos e conseguiu redenção pessoal ao ser o capitão campeão de 1994, nos Estados Unidos. Aquela vitória ficou marcada essencialmente por dois aspectos: o pragmatismo da seleção brasileira e os palavrões que o volante proferiu ao erguer a taça.

A conquista era um projeto pessoal de Dunga em 1994. Parece bobo dizer isso num ambiente como o esporte, que se guia por vitórias e derrotas, mas o pragmatismo e a reação violenta são exemplos de quanto o capitão colocou o resultado acima do processo.

A consequência é que a geração de 1994 ficou muito subvalorizada. Até hoje, aquele elenco é conhecido como a seleção que “venceu só por causa do Romário” e como “o pior Brasil campeão”. O time que conquistou a taça é menos badalado em âmbito nacional, por exemplo, do que a geração que encantou e não foi campeã em 1982.

Dunga nunca escondeu incômodo sobre esse assunto. Nunca escondeu que as feridas de 1990 não se fecharam em 1994 e que a reação do público à conquista apenas intensificou o trauma. E isso permeou também as duas passagens dele como técnico da seleção brasileira.

Na trajetória até 2010, ainda que tenha colecionado mais resultados positivos do que negativos, a seleção de Dunga foi pragmática e em momento algum se preocupou com o que o público queria ver na equipe nacional. Foi isso também que o treinador tentou fazer para aplacar o fracasso do 7 a 1 de 2014, mas o discurso puído de orgulho nacional acima de tudo não colou na geração mais nova – nem entre os jogadores, nem com a torcida.

Aí entrou Tite, um treinador que apresentou de cara uma cartilha com tudo que o discurso de Dunga renegava. A começar pelo apoio: o técnico já passou por times grandes do país e tinha apoio de torcedores antes de ser contratado pela CBF (Confederação Brasileira de Futebol) – Dunga, ao contrário, começou pela seleção brasileira.

Além disso, Tite não renegou. Não fala mal sequer do time de 1994. Em entrevista ao site “Globoesporte.com”, o treinador citou o time comandado por Carlos Alberto Parreira como um exemplo de organização e modelo de jogo. O discurso do treinador é sempre inclusivo, e isso faz enorme diferença.

O bom momento coletivo e o futebol que se aproxima mais do que o torcedor quer ver são importantes, é claro. Contudo, não são os únicos alicerces da reestruturação promovida por Tite. Depois de gestões da seleção em que a relação com o público era marcada por tensão e belicismo, como os períodos de Dunga, Felipão e até Mano Menezes, o novo comandante tem como marca um comportamento ameno, quase professoral.

A seleção brasileira de Tite pode não vencer todos os jogos. Pode não conquistar a Copa do Mundo de 2018. Com estratégias simples de comunicação, porém, o treinador criou um ambiente em que o resultado não é a única variável que importa. O público não se comporta apenas de acordo com “ganhou” ou “perdeu” se estiver diante de um caminho positivo e de um discurso claro, inclusivo e positivo.

As marcas de Tite já são evidentes nos primeiros jogos. É possível enxergar conceitos do treinador em aspectos como o posicionamento da seleção brasileira e até o comportamento de alguns jogadores. Mas se há algo em que ele se destaca e se mostra superior a qualquer outro brasileiro do segmento, esse quesito é a comunicação.