Não foi apenas pelos resultados recentes que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) escolheu Tite para ser o sucessor de Dunga, demitido após a fracassada campanha da seleção brasileira na Copa América Centenário. Os donos de cinco títulos mundiais caíram ainda na primeira fase, em um grupo em que Equador e Peru avançaram, e só conseguiram balançar as redes na partida contra o Haiti. O novo técnico da equipe nacional tem histórico extremamente prolífico nas temporadas em que comandou o Corinthians, é verdade (venceu um Paulista, uma Recopa Sul-Americana, uma Libertadores, um Mundial e dois Brasileiros em duas passagens, entre 2011 e 2015). O que os dirigentes que comandam o futebol em âmbito nacional buscaram nele, contudo, não foi desempenho: antes de ser uma proposta técnica ou uma solução para o rendimento da seleção, Tite é uma forma de abraçar o discurso de unidade.
Além de ter sido artífice de um período extremamente vencedor no Corinthians, Tite forjou imagem de profissional ilibado e comprometido. A despeito de não ter entrado em campo e de não ter protagonizado lances decisivos, transformou-se no grande símbolo dessa era e se tornou ídolo da torcida alvinegra. Emerson Sheik fez os gols que definiram a conquista da Copa Libertadores de 2012 e Paolo Guerrero definiu a vitória sobre o Chelsea na partida que valia o título mundial do mesmo ano, mas nenhum deles, por diversos motivos, desfruta do mesmo status do treinador.
Tite também se destaca por ter pouca rejeição. Construiu grande parte da carreira entre times do Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Mesmo nas ocasiões em que foi demitido, saiu sem ter a imagem extremamente desgastada. Nas últimas temporadas de Corinthians, agregou a consolidação de um estilo respeitoso e até de reverência em relação a rivais. As pessoas podem até não gostar do estilo do técnico, mas é difícil acusá-lo de menosprezo ou de posturas polêmicas.
Foram muitas as facetas do seu trabalho no Corinthians. O time competitivo de 2011/2012 e a equipe brilhante da temporada passada, tiveram erros em proporções parecidas – escolha de atletas, categoria de base preterida, benevolência com erros e insistência com peças e formações, por exemplo. No entanto, o técnico deixou marcas que contribuíram para sua imagem: conseguiu blindar o vestiário, ganhou o respeito de diferentes grupos de atletas, sobreviveu a reformulações mal planejadas, forjou o desenvolvimento individual de uma série de jogadores e evoluiu.
Por todas essas características, incluindo a educação no trato com jornalistas e rivais, o respeito conquistado durante anos de trabalho e a evolução em aspectos técnicos e táticos, Tite era a única opção para a CBF. Se ele dissesse não, a entidade teria de substituir Dunga por outro nome com alto índice de rejeição e encontraria mais dificuldade para amainar o ambiente na seleção.
O Brasil é hoje o sexto colocado nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2018, que será disputada na Rússia, e apenas os quatro primeiros têm vaga assegurada no torneio – o quinto ainda pode se classificar via repescagem. O trabalho do novo técnico não é simples: recuperar a autoestima do grupo, reincorporar jogadores desprezados por Dunga, recobrar a relação entre seleção e torcida e, formar um time capaz de chegar ao Mundial. Isso sem contar a criação de um ambiente positivo com os atletas – o antecessor dele tinha problemas de relações pessoais e já não funcionava como um líder incontestável.
O treinador tem na seleção um desafio profissional praticamente inigualável: se vencer, subirá a um patamar de idolatria em âmbito nacional; se perder, terá justificativas como a falta de talentos ou o início ruim de trabalho sob a gestão de Dunga. A escolha, contudo, não podia ser mais respaldada. A CBF buscou a unidade ao elegê-lo para o cargo
Além disso, Tite se preparou para o cargo. O treinador sempre deixou claro que almejava trabalhar na seleção e vinha fazendo o possível para estar pronto quando o convite aparecesse – ele esperava ter sido chamado em 2014, depois da Copa do Mundo, quando a CBF preferiu Dunga.
Ao contratar o treinador, portanto, a CBF faz um apelo à popularidade dele. É uma tentativa de resgatar o apoio do público à seleção e ao menos reduzir a crise de imagem vivida pela equipe nacional nos últimos anos. Para fazer isso, a entidade aposta num profissional carismático, defendido pela massa e com pouca rejeição, mas também entrega uma mensagem subliminar de valorização do trabalho e da preparação para as oportunidades.
Se souber usar isso, o treinador desfrutará de uma autonomia que ninguém tem no posto desde Luiz Felipe Scolari na seleção pré-Mundial de 2002. Na época, o dilema era parecido: a seleção acumulava crise de identidade e resultados ruins, e a CBF atravessava momento político conturbado – Ricardo Teixeira, presidente no período, convivia com denúncias e estava fragilizado, situação que também emula o panorama atual de Marco Polo del Nero. Felipão usou o influxo e conseguiu liberdade em aspectos como planejamento, convocações e metodologia.
A presença de Edu Gaspar, que era gerente de futebol do Corinthians e servirá como elo entre Tite e a diretoria da CBF, sugere que o técnico também conseguiu algum respaldo. O ex-jogador pode ser um preposto ou um representante em assuntos políticos. Assim, além de isolar o trabalho de campo, evitaria um contato mais próximo entre o comandante e dirigentes – Tite assinou em dezembro, é bom lembrar, um manifesto pedindo a saída de Del Nero e de toda a atual cúpula da CBF.
Até por isso, Tite perdeu uma chance de fazer história. Ele teria dado um recado incrível se renunciasse ao cargo e anunciasse ter feito isso em nome das questões políticas da CBF. Mas esse era apenas um caminho e não, necessariamente, o mais eficiente. Se tiver autonomia e tempo, o treinador pode promover mudanças em aspectos concernentes a seu trabalho – o campo, a postura dos atletas e o orgulho da seleção, por exemplo.
Ter confiança no caráter de seus superiores é sempre o cenário ideal, evidentemente, mas não é sempre a única solução (infelizmente, diga-se). É possível trabalhar com pessoas que tenham posturas discutíveis, desde que isso não contamine suas escolhas ou prejudique sua autonomia. O ambiente é uma influência relevante, é claro, mas não é tudo. Dizer coisas como “todo político é corrupto”, “todo mundo é corrupto em determinada empresa” ou “trabalhar para tal pessoa é ser conivente com as ações dela” é um reducionismo perigoso e ignora noções extremamente pessoais.
É lícito que Tite tenha o sonho de dirigir a seleção brasileira e é justo que ele imagine ter algo a contribuir com o futebol nacional. É perfeitamente compreensível que ele entenda que estar dentro é a melhor forma para isso. Desde que exista liberdade de trabalho, é claro.
Por isso o discurso de unidade é tão importante agora. Tite não é apenas uma aposta diferente para o comando técnico da seleção brasileira, mas uma chance de mudança real na equipe e no futebol nacional. Basta saber se ele e as pessoas que comandam o esporte local saberão aproveitar isso.
Ano: 2016
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Olá amigos!
Após um pequeno tempo ausente, retorno aqui para mais uma discussão, em cima do seguinte questionamento: qual é a lógica do jogo de futebol? Bom, como sempre, vale lembrar que a ideia não é conceituar (até porque alguns autores já o fizeram em um espaço muito maior que este). A ideia é debater, provocar, refletir, pensar, conversar…
Buscando algumas referências na literatura, encontraremos autores dizendo que há uma lógica comum a todos os jogos desportivos coletivos. Outros dirão que o futebol tem uma lógica interna específica. Alguns defenderão que cada equipe tem (conscientemente ou não, bem estruturada ou não) sua própria lógica interna de jogo, e que uma equipe deve procurar fazer prevalecer sua própria lógica. Encontraremos muitas informações relacionadas também às maneiras de cumprimento da lógica do jogo de futebol a partir do conhecimento e utilização de suas regras, princípios e referências norteadoras. Recomendo a busca de autores franceses (Gréhaigne), portugueses (Garganta, Castelo) e brasileiros (Scaglia, Leitão, Freire, Daolio) para aprofundar os detalhes conceituais desta questão.
Conversando informalmente com algumas pessoas que transitam no meio futebolístico, fiz a pergunta tema desta coluna, solicitando uma resposta simples de um parágrafo (eu sei, o tema é complexo, mas o fiz de propósito). A ideia era que as respostas viessem de um sistema cognitivo de fácil acesso – responda aquilo que lhe vem na cabeça espontaneamente e de imediato. Foram interessantes respostas. Sem querer generalizar, encontrei algumas ideias similares (na minha interpretação, que fique claro), outras nem tanto. As respostas mais comuns foram “a lógica do jogo de futebol é fazer mais gols do que o adversário” ou “vencer o adversário”. Outros disseram que a lógica do jogo está relacionada com fazer o gol com o menor esforço possível, ou ainda, com o menor número de ações possíveis, ou chegar ao gol de maneira mais óbvia e efetiva. Também ouvi que a lógica do jogo está relacionada aos caminhos que levam ao cumprimento do objetivo do jogo (este sim seria fazer mais gols do que o adversário), e outra muito interessante também, onde a lógica do jogo está diretamente relacionada ao prazer em jogar. Este rápido levantamento não tem cunho científico, era apenas uma busca informal por padrões de respostas imediatas.
Mas para que discutir sobre a lógica do futebol? Seja a lógica interna ao jogo de futebol ou comum a todos os jogos, interna à equipe, relacionada aos meios de cumprir o objetivo do jogo, relacionada ao prazer em jogar, devemos conhecê-la no nosso ambiente para buscar o acesso ao bom jogo. Entre os vários motivos para isso, vou me atentar apenas a dois aqui neste espaço. O primeiro deles é, a partir do conhecimento da lógica do jogo, ter um norte para modulação do treino. Cada sessão de treino, cada detalhe, cada atividade, deve ter como norte a melhora no cumprimento da lógica do jogo, seja ela qual for. Por exemplo, se para efetuar a lógica do jogo devemos fazer mais gols que o adversário, é pertinente sabermos, entre outras várias coisas, como acontece a maioria dos gols no jogo de futebol – regiões de finalizações, melhores regiões e momentos para recuperação da posse, estruturação de espaço para aumentar as chances de fazer o gol, entre outros – e assim estimularmos isso no dia a dia. Outro motivo para conhecermos a lógica do jogo é termos uma diretriz para avaliação do trabalho, e as ferramentas que serão utilizadas para mensurar a performance da equipe.
Conhecer a lógica do jogo e preparar-se adequadamente para seu cumprimento não garante a vitória, infelizmente, por conta de um pequeno detalhe: a imprevisibilidade. Mas sem dúvida, nos aproxima de jogar de maneira bem elaborada e estar mais perto da conquista dos nossos objetivos. A ideia não é simplesmente definirmos a lógica do jogo, até porque simples ela não parece ser. A ideia é pensar, discutir, questionar.
Proponho o seguinte exercício para finalizar. Como sua equipe (que você treina, que você torce) ou a equipe adversária, ou ainda, alguma equipe qualquer de alto nível busca cumprir a lógica do jogo? Que elementos você consegue reconhecer e relacionar com o cumprimento da lógica? Aguardo sua resposta. Escreva para rafael@universidadedofutebol.com.br e vamos debater!
Um grande abraço e até a próxima!

Kaká fez tratamento médico intensivo para estar na Copa do Mundo de 2010 com a seleção brasileira; em 2016, um dia antes de ser cortado da Copa América Centenário, viajou com outros jogadores da equipe nacional para assistir ao jogo entre Golden State Warrios e Cleveland Cavaliers na decisão da liga profissional de basquete dos Estados Unidos (NBA). Neymar, capitão e principal referência técnica do elenco (ainda) comandado por Dunga, não comprou briga com o Barcelona para estar na competição disputada em solo norte-americano; enquanto o time canarinho era eliminado ainda na primeira fase após derrota para o Peru, o camisa 10 curtia férias e festejava em Las Vegas.
Foram seis as dispensas da seleção brasileira antes da Copa América (além de Kaká, Dunga perdeu Douglas Costa, Ederson, Luiz Gustavo, Ricardo Oliveira e Rafinha). Neymar nem chegou a ser convocado – a comissão técnica priorizou os Jogos Olímpicos, e o Barcelona não liberaria o atacante para as duas competições.
Lesões, desgaste mental, calendário e outros aspectos que podem ter influenciado nos cortes são assuntos recorrentes para qualquer seleção no atual momento da temporada. Não é essa a discussão sobre o time brasileiro: especificamente falando do elenco montado para 2016, o que chama atenção é o distanciamento de objetivos.
E aqui, sem querer parecer oportunista, existe um problema de comunicação nevrálgico no trabalho de Dunga. Ao contrário do que aconteceu no ciclo anterior do treinador na seleção – ele trabalhou no time nacional entre 2006 e 2010 –, o grupo atual não “comprou” o discurso do comandante. Os exemplos são grandes, como Kaká ou Neymar (que estavam totalmente dentro do direito deles, diga-se), ou pequenos, como jogadores que não se encaixaram no que o comandante imaginou para o funcionamento coletivo da equipe.
Porque sim, a crise da seleção brasileira passa diretamente por um problema de comunicação. Isso não é uma simplificação – existe um problema maior, que passa pela estrutura do futebol nacional e que inclui toda a cúpula da falida CBF (Confederação Brasileira de Futebol), mas um aspecto relevante na lista é a dissociação entre o discurso do treinador e as atitudes de seus atletas.
Antes de 2010, Dunga conseguiu moldar um elenco que cumpria suas determinações táticas com a mesma voracidade com a qual assimilava a ideia de grupo que o treinador tinha fora de campo. Esse elã não se repetiu em momento algum na atual jornada. Independentemente da lista de convocados ou da equipe disposta em campo, o Brasil não conseguiu repetir a formação de um elenco orgânico e disposto a representar os pensamentos de futebol e de mundo de seu criador.
Isso passa, é claro, por alterações na comissão técnica. O Brasil de Dunga na passagem anterior tinha Jorginho como auxiliar técnico. Hoje treinador do Vasco, era ele o responsável por atividades diárias e por muitas conversas com os atletas – o grupo que se unia em torno da fé evangélica, principalmente. Andrey Lopes, o Cebola, auxiliar da vez, é descrito por atletas como um estudioso. Tem treinos mais atualizados e ajuda na construção de um time que troca passes e muda rapidamente de direção, mas não contribui para os problemas de Dunga na gestão de pessoas.
A mudança de perfil dos atletas também influencia, é claro. Jogadores – e jovens – de hoje têm objetivos de vida distintos e maneiras diferentes de assimilar discursos. O treinador nunca foi um bom gestor de grupo, mas tornou essa característica ainda mais evidente ao não se atualizar.
Dunga de hoje não é como o Dunga de outrora. O técnico mudou em vários aspectos, do visual ao trato com a imprensa. No entanto, a sua personalidade segue com um problema intrínseco: é difícil formar um grupo coeso se você não souber como abordar personalidades diferentes usando caminhos diferentes.
Não é apenas pela falta de resultados que a situação de Dunga na seleção brasileira é insustentável. A demissão do técnico é questão de tempo porque ele não conseguiu ser o gestor de pessoas que o elenco necessita. E isso, por ser um problema pessoal, não tem a ver com crise técnica, problemas de gestão ou com a formação do atleta brasileiro, embora tenha relação de causa e efeito com tudo isso.
O futuro da seleção brasileira pode passar por diferentes perspectivas de jogo, diferentes atletas ou diferentes estratégias. Em todos os casos, contudo, é fundamental que a CBF pense em caminhos para que o espaço entre treinador e elenco seja menor do que o buraco existente atualmente.
A seleção brasileira não vive uma crise apenas dentro de campo. Enquanto a discussão for sobre fulano escalado em determinada posição ou beltrano ausente em sei lá quantas convocações, seguiremos vendo problemas como a avalanche provocada pela atual gestão de Dunga. O time nacional não deixou de ser prioridade para os atletas apenas por questões de status ou de carreira. Existe um problema de comunicação em aspectos como formação de grupo, clareza de objetivos e transparência sobre funções. E isso o treinador não parece sequer preocupado em mudar.
Produzido pelo Comitê organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 em parceria com escolas públicas e particulares, o projeto Transforma Educação vem criando oportunidades, dentro das escolas de todo o Brasil, para estudantes de Ensino Fundamental e Médio vivenciarem os valores Olímpicos e Paralímpicos, através da prática de novos esportes que irão ocorrer dentro do território brasileiro.
A Universidade do Futebol, em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para Infância (UNICEF), contribuiu com conteúdos de aulas para quatro tipos de multiplicadores (Coordenadores Pedagógicos, Professores de Educação Física, Agentes Jovens e Tutores de Agentes Jovens), que transmitirão as experiências para o restante da escola e, principalmente, para os alunos. Os seguintes conteúdos são:
Aula 1: A brincadeira, o jogo e o esporte na sociedade
Aula 2: O esporte como direito
Aula 3: Os princípios da educação pelo esporte
Aula 4: Aspectos didáticos do ensino dos esportes
O projeto atua em mais de 10 mil escolas dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, envolvendo mais de 6 milhões de alunos direta ou indiretamente. O Transforma, desde 2014, já possibilitou mais de 7 mil vagas em formações, prática e teórica, e capacitações esportivas totalizando 40 mil horas de atividades.
Nós da Universidade do Futebol acreditamos que o esporte, assim como a brincadeira e o jogo, são excelentes ferramentas educativas que permitem aos alunos aprenderem bem mais do que técnicas, possibilitando bem mais do que diversão. Esses recursos, quando empregados claramente, favorecem a aprendizagem de valores, o desenvolvimento físico, motor, cognitivo e psicológico, entre outros.
Para ter acesso aos conteúdos, clique aqui e veja mais informações sobre o projeto:
No meio do ano terminam os mandatos dos auditores e do Procurador Geral de Justiça do Superior
Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) da CBF.
Esta semana, Wellington Campos divulgou em primeira mão, na Itatiaia, os prováveis nomes dos novos
auditores e do novo Procurador Geral.
Importante destacar que o Pleno do STJD é composto por nove membros, sendo 2 indicados pela CBF, 2
indicados pelos Clubes da Série A, 2 indicados pelos atletas, 1 indicado pelos árbitros e 2 indicados pela
OAB.
Dentre os prováveis vários nomes conhecidos e, com grande respeito no direito desportivo nacional,
estão:
a)Indicados pela CBF
Dr. Mauro Marcelo de Lima e Silva (SP) é delegado de polícia e presidente do TJD da Federação
Paulista de Futebol. Lima e Silva leva para o STJD sua experiência como presidente da Justiça
Desportiva da principal Federação estadual do futebol brasileiro.
Dr. Paulo César Salomão Filho (RJ) está no pleno desde 2012 e deve ser reconduzido. Salomão é
auditor do STJD do basquete, foi presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/RJ e membro do
Tribunal de Ética e Disciplina da OAB/RJ.
b)Indicados pelos Clubes
Dr. José Perdiz (DF) atualmente presidente da Quinta Comissão Disciplinar (1ª instância) do STJD da
CBF. Sua indicação demonstra a importância da Comissão Disciplinar.
Dr. João Bosco Luz (GO) é ex-presidente do Goiás, ex-procurador do STJD da CBF e é advogado
atuante no Direito Desportivo. Membro da Academia Nacional de Direito Desportivo, Bosco leva ao
Tribunal o casamento da teoria acadêmica e da prática.
Os nomes indicados pelos clubes teriam surgido de um consenso entre os 12 clubes de SP, MG, RJ e
RS que disputam a Série A.
c)Indicados pelos Atletas
Dr. Décio Neuhaus (RS) está no Pleno desde 2012 e deve ser reconduzido. Nuhaus é advogado
atuante no Direito Esportivo, advogado do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio Grande do
Sul desde os anos 90. E, desde 2008, da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol, a
Fenapaf. Já foi auditor do TJD-RS.
Dra. Arlete Mesquita (GO) é membro do TJD-GO e advogada do Sindicato de Atletas Profissionais do
Estado de Goiás. Mesquita advoga para uma série de entidades sindicais e deve ser a única mulher a
compor a cúpula do Tribunal. Conhecida pela boa fundamentação em seus julgamentos, ela levará ao
Tribunal os debates que tem proporcionado a Justiça Desportiva goiana.
d)Indicado pelos árbitros
Dr. Ronaldo Piacente (SP) atual vice-presidente do STJD, e cotado para ser o novo presidente, deve
ser reconduzido. Piacente foi presidente do TJD-SP .
e)Indicados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Dr. Otávio Noronha (DF), advogado militante, atualmente é auditor da Primeira Liga e da Quinta
Comissão Disciplinar (1ª instância) do STJD da CBF. Sua indicação demonstra a importância da
Comissão Disciplinar.
Dr. Antonio Vanderler (RJ), advogado militante, foi presidente do TJD-RJ e possui o Legal Law Master
pelo IBMEC-RJ. Atualmente, é auditor do TJD-RJ.
f)Procuradoria-Geral
Dr. Felipe Bevilacqua (RJ) é auditor do STJD da CBF. Advogado militante e professor da Universidade
Cândido Mendes, Bevilacqua é bastante respeitado no meio jusdesportivo. Mais um nome que levará ao
Tribunal o casamento da teoria acadêmica e da prática.
Caso se confirmem os nomes divulgados pelo Wellington Campos, haverá significativa renovação na
Justiça Desportiva brasileira, apontando para uma grande gestão que deve ser pautada pela tecnicidade
dos votos e pela qualidade dos debates.
A maior missão do “novo STJD” deve ficar a cargo do Procurador Geral Dr. Felipe Bevilacqua que deverá
substituir o competente e polêmico Dr. Paulo Schimitt.
Como ponto negativo, a falta de um representante mineiro.
A cena mais marcante do Campeonato Brasileiro de 2016 não é de um gol, um drible ou de uma grande jogada. Aliás, sequer aconteceu dentro das quatro linhas. No último domingo (05), depois de torcedores terem entrado em conflito no estádio Mané Garrincha e de a Polícia Militar ter respondido com violência desproporcional e gás de pimenta, um homem com a camisa do time paulista chorou ao descer a arquibancada carregando no colo o filho cadeirante. Foi um trecho trágico de um episódio que apresentou alguns dos principais problemas do futebol nacional. E essa lista de problemas, ao contrário da maior parte do debate sobre o caso, não é apenas sobre violência.
Sobre violência: passou da hora de o futebol brasileiro discutir a composição de torcidas organizadas e o uso indevido que elas fazem de elementos como a imagem dos clubes ou o espaço público de entretenimento. São grupos heterogêneos, e pesquisas indicam que as ações violentas são causadas por uma minoria, mas não podemos seguir convivendo apenas com essa visão e admitindo que um pequeno grupo siga oprimindo todo um mercado consumidor de esporte.
Precisamos de ações mais incisivas, com inteligência e foco, para identificar e punir os culpados por ações criminosas dentro e fora de estádios de futebol. Precisamos parar de entender como natural uma relação promíscua como a que existe entre torcidas organizadas e a maior parte das equipes nacionais. Precisamos parar de admitir problemas tão graves como coisas naturais.
A entrevista extremamente lúcida do goleiro Fernando Prass ao canal fechado “Sportv” depois de o Palmeiras ter vencido o Flamengo por 2 a 1 passou um pouco sobre essas questões. O jogador da equipe paulista falou sobre como o comportamento criminoso de alguns que se dizem torcedores é reflexo de uma sociedade violenta e de como esses assuntos são tratados em âmbito nacional (e não apenas no esporte).
Prass, contudo, não falou sobre um aspecto extremamente relevante do problema. Mais uma vez, uma ação desastrosa da Polícia Militar transformou um problema grande em algo ainda maior. A reação dos oficiais ao que aconteceu no Mané Garrincha foi de guerra e não de segurança, e essa é a distinção básica em todos os episódios de violência em estádios pelo país.
Aliás, não apenas em episódios de violência. O tratamento destinado pela Polícia Militar ao torcedor de futebol é de combate e não de segurança. Desde a área externa, quando as pessoas são recebidas por oficiais da cavalaria, até a revista e a entrada, os procedimentos são virulentos, pouco educados e nada gentis.
As experiências com segurança privada não são infalíveis, bem entendido. Foi por causa de uma empresa que um grupo de chilenos conseguiu invadir o Maracanã durante a Copa do Mundo de 2014, que foi realizada no Brasil. No entanto, a questão aqui não é de margem de erro, e sim de procedimento. A violência da Polícia Militar não é condizente com um ambiente saudável e apenas amplia o estresse do consumidor. Isso não naturaliza a violência, mas é um elemento que não pode ser desconsiderado.
Outro elemento que não pode ser desconsiderado é exatamente esse: a experiência do torcedor. Quais são as lembranças que uma pessoa retira de uma ida ao estádio, desde o momento em que ela ficou sabendo do evento até a volta para casa?
A experiência começa com uma promoção adequada (em discurso, escolha de meios e planejamento de agenda), passa por um sistema de comercialização que seja eficiente (preço, ponto de venda e entrega dos bilhetes), inclui transporte até o estádio, alimentação, vivência no local e o jogo. Sim, o jogo.
Tenho um primo de oito anos que descobriu recentemente o estádio de futebol. O relato dele sobre a primeira partida vista in loco tem duas vertentes claras: um roteiro do que aconteceu em campo e um estranhamento sobre a quantidade de palavrões ditos na arquibancada.
Agora tente comparar isso com as grandes experiências de entretenimento. Tente comparar com um parque de diversões. Você pode até ficar espantado com as atrações (ou com o jogo), mas isso nunca vai encerrar seu relato. Sempre vai existir um detalhe sobre o ambiente, a estrutura ou o que acontece entre um brinquedo e outro.
O episódio de domingo é um exemplo da falência do futebol brasileiro porque mostra o quanto nós negligenciamos o debate sobre a experiência do torcedor. Ignoramos aspectos que vão desde a segurança a conforto, rota de saída em casos de conflito e coisas menos graves e igualmente relevantes, como as atrações além do que acontece em campo.
Na última segunda-feira (06), depois do episódio, a diretoria do Palmeiras avisou que vai convidar pai e filho para ver um jogo do clube no Allianz Parque, em São Paulo, para que ambos tenham uma experiência diferente com a equipe.
A pergunta é: retire da conta a violência. Retire da conta o que aconteceu de problema entre torcedores e polícia. Ainda assim, o modelo proposto por estádios brasileiros é o melhor tipo de entretenimento? Existe aí uma experiência que seja realmente incrível?
Enquanto não pensarmos nisso, vamos seguir achando que a violência é o quadro todo. Na verdade, esse assunto é apenas um trecho do contexto.ra
Atlético e Cruzeiro possuem uma das maiores rivalidades do Brasil e como toda grande rivalidade, há uma série de provocações sadias entre as torcidas.
A torcida celeste não perdoa o fato do Atlético ter sido rebaixado em 2005 para a segunda divisão do campeonato brasileiro.
A torcida alvinegra reage sob o argumento de que o Cruzeiro teria sido rebaixado à segunda divisão do Mineiro em 1926.
Mito ou realidade?
Nos anos 20 ainda não havia a organização federativa de hoje onde a CBF administra o futebol brasileiro e recebe a filiação das Federações estaduais, sendo uma por Estado.
Ademais, naquela época o futebol era amador, eis que a profissionalização teve início nos anos 30.
No período dito amador existiram vários torneios considerados precursores do Campeonato Mineiro, como a Taça Bueno Brandão de 1914, organizada pela Liga Mineira de Desportos Terrestres (LMDT)
Os primeiros campeonatos mineiros (a partir de 1915) eram amadores e disputados apenas por times de Belo Horizonte, por essa razão eram torneio da cidade.
Oficialmente, o futebol mineiro de profissionalizou em 1933.
Em 1926 houve dois campeonatos, organizados por duas ligas distintas e independentes.
O Atlético venceu o campeonato da Liga Mineira de Desportos Terrestres, considerada oficial e precursora da atual FMF e o Palestra Itália (Cruzeiro) venceu o campeonato da Associação Mineira de Esportes Terrestres (AMET).
Há duas versões para a saída do Cruzeiro da LMDT.
Segundo uma teoria, este rompimento teria se dado por opção do Cruzeiro em virtude do descontentamento com a crescente profissionalização da Liga Mineira de Desportos Terrestres.
Segundo a outra versão, o Cruzeiro teria sido expulso da LMDT por tê-la desobedecido e disputado um amistoso na cidade de São Paulo contra o Caçapavense.
Imprescindível destacar que, em 1925, o Cruzeiro, então Palestra Itália, foi vice-campeão mineiro.
Assim, independente da versão, o Cruzeiro não foi rebaixado em 1925 e não disputou a segunda divisão do Campeonato Mineiro de 1926, o que houve foi, durante a época do amadorismo, uma dissidência e a criação de competição paralela.
Portanto, trata-se de mito.
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O campeonato do “Será?”
O Campeonato Brasileiro já teve duas rodadas, mas ainda é impossível fazer qualquer prognóstico sobre o desfecho. Mais do que isso: é inviável avaliar propostas, ideias ou perspectivas em uma competição marcada pelo “será?”. Passados cinco meses de 2016, os principais clubes do país ainda não têm qualquer noção do que vai acontecer com eles no restante da temporada.
Será que Muricy Ramalho volta ao Flamengo? O comandante foi afastado por um problema médico, é verdade. Mas se estiver apto a continuar no clube, será que haverá sustentação? Os resultados não ajudam (principalmente a vexatória eliminação na segunda fase da Copa do Brasil), e o futebol praticado pela equipe rubro-negra tampouco serve como esteio. Para completar, o clima é ruim (o elenco está longe de ser fechado, a interação com a cúpula é ruim e a própria diretoria tem rachas).
Se Muricy voltar e todos esses problemas forem solucionados, será que o Flamengo vai manter Paolo Guerrero. O centroavante peruano não está tão valorizado quanto outrora, mas ainda desfruta de popularidade no mercado e pode ficar ainda mais cobiçado se fizer boa Copa América. Ele é apenas um exemplo de atleta que combina situação instável no time atual e boa janela de exposição para buscar um trampolim de saída.
Há outros casos como Guerrero. Será que Gabigol, Lucas Lima e Ricardo Oliveira voltarão ao Santos? Se voltarem, será que encontrarão um time com pontuação suficiente para almejar boas colocações no Brasileiro? Será que os três entrarão em uma equipe voltada às primeiras posições ou terão de tirar o time alvinegro da parte inferior da tabela?
E o Corinthians? Será que Elias volta da Copa América? Será que Felipe vai embora (o zagueiro tem proposta do Porto)? Será que a diretoria encontrará reforços? Será que o time repetirá o elã encontrado em 2015 e arrancará após mudanças no elenco durante o certame?
Será que Paulo Bento emplacará no Cruzeiro? Será que ele terá tempo de incutir nos atletas da equipe mineira um pensamento de futebol tão distinto do que praticavam os antecessores? Será que a diretoria apostará nessa mudança?
E Marcelo Oliveira no Atlético-MG? Será que ele repetirá no time alvinegro o sucesso que teve no Cruzeiro? Será que poderá aproveitar a enorme lista de qualidades combinadas no elenco que a equipe montou no início de 2016? Será que terá nomes como Robinho e Lucas Pratto até o fim do ano?
Será que o Palmeiras de Cuca encontrará uma cara? Será que o treinador vitorioso poderá dar fim à instabilidade que tem marcado o elenco alviverde nas últimas temporadas? Será que a diretoria seguirá a sanha de mudanças e contratações?
Será que o Internacional de Argel manterá a aposta na molecada? Será que reforços contratados para este ano servirão como referências ou acabarão relegados como Alex? Será que Argel terminará a temporada?
Será que o mercado chinês levará mais gente? Será que aparecerão outros destinos possíveis na próxima janela de transferências? Será que Grafite seguirá liderando o Santa Cruz e funcionando como referência técnica?
Será que o campeonato terá uma média de gols tão baixa quanto a da primeira rodada? Será que as bolas morrerão tanto na rede quanto aconteceu na segunda rodada? Será que haverá uma evolução técnica?
O excesso de perguntas é esclarecedor em alguns aspectos. O Campeonato Brasileiro é imprevisível (também) porque sofre influência de uma enorme quantidade de fatores externos (calendário, interesse de times de fora, desvalorização da moeda, times quebrados, dirigentes sem convicção e afins). Mais do que irregular, o que nem sempre é sinônimo de um torneio emocionante.
O Campeonato Brasileiro é uma síntese de alguns dos problemas mais claros do futebol no país. Uma competição que não tem times consolidados, ídolos seguros ou propostas que sirvam como bases vive em constante crise de identidade. E comunicação sem identidade é sempre bem menos eficiente.
Esse Frankenstein chamado Campeonato Brasileiro é um torneio composto por várias pequenas fases. Vence o time que tiver mais estabilidade entre todo esse período, o que nem sempre representa a melhor equipe.
Depois da última temporada do Campeonato Inglês, muitas pessoas no Brasil questionaram sobre a possibilidade de um Leicester aparecer no país. Dada a bagunça, isso não é tão difícil. Pouco provável mesmo é surgir um time que tenha proposta definida, estilo acima dos resultados e compromisso com um estilo institucional, incluindo todas as áreas, bem comunicado a todos os integrantes do processo. Entre Leicester e Barcelona, não é difícil imaginar qual teria mais dificuldade para florescer na terra do futebol.
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Representatividade

Todo torcedor tem na cabeça um modelo do que espera ver de seu time em campo. É uma projeção baseada em uma série de preceitos individuais, como memória afetiva e ideal pessoal de jogo, mas essa utopia também leva em consideração o DNA da própria instituição. O futebol é só um exemplo de ambiente em que vários caminhos podem desencadear vitória ou derrota. Em casos assim, mais do que o resultado, é fundamental pensar no percurso.
A Europa tem exemplos extremamente burilados disso. O Barcelona não joga apenas para ser campeão, mas para impor um estilo. O Arsenal desenvolveu com o técnico francês Arsène Wenger um modelo característico, e isso se sobrepõe a resultados. O Real Madrid nunca vai ser tão horizontal quanto essas equipes e nunca vai abrir mão de atletas que tenham relevância midiática.
Não há projetos tão claros no Brasil, mas também pesam no país a história e o perfil dos times. A expectativa de um torcedor do Grêmio é radicalmente diferente do que espera alguém que gosta do Cruzeiro ou da utopia de um adepto do Santos. Tudo tem a ver com o que essas pessoas projetam. Tudo tem a ver com representatividade.
Nesse sentido, a Fifa deu um passo importantíssimo na última sexta-feira (13), quando anunciou a senegalesa Fatma Samba Diouf Samoura como nova secretária-geral da entidade. Uma mulher negra e africana agora ocupa o segundo cargo na hierarquia da principal entidade do futebol mundial. O mesmo posto que até outro dia era de Jérôme Valcke, francês branco, elitista e de comportamento misógino.
Samoura tem mais de duas décadas de experiência em programas da ONU (Organização das Nações Unidas) e está extremamente alinhada com os desafios que a Fifa terá nos próximos anos. É uma mulher com vivência em aspectos como inclusão social, igualdade de gênero e desenvolvimento de políticas voltadas à disseminação do esporte.
A escolha também é uma demonstração de boa vontade da Fifa com um novo tempo. A entidade ainda vive a sombra de uma avalanche de escândalos que derrubaram Joseph Blatter, antigo presidente, e o próprio Valcke. Dirigentes que eram poderosos até outro dia, como o brasileiro José Maria Marin, foram presos por crimes de gestão e agora tentam se explicar à Justiça.
Gianni Infantino, eleito neste ano para comandar a Fifa, não é um personagem alheio a tudo isso. O suíço também enfrenta acusações do período em que trabalhava na Uefa, entidade que comanda o futebol europeu, e já tomou medidas controversas na após ter sido alçado à presidência da instituição global. Mudanças de estatuto aprovadas também na última sexta-feira deram a ele poderes que nem Blatter tinha e acabaram com a independência nas investigações sobre a gestão da associação.
Todos esses aspectos criam grandes interrogações sobre Infantino, mas a nomeação de Samoura é uma decisão extremamente salutar. No mínimo é uma demonstração de que a Fifa está realmente preocupada com visões que extrapolem os pontos de vista da classe que sempre comandou a entidade.
Samoura podia ter outros concorrentes igualmente competentes, mas a escolha da senegalesa para o cargo abre para a Fifa uma nova perspectiva. Isso é fundamental numa entidade representativa, que abarca interesses tão distintos e antagônicos.
Porque assim como na composição do time ideal ou na escolha de um modelo ideal de jogo, não há apenas uma forma de gerir uma entidade. A Fifa pode escolher diferentes caminhos para o que considera ser o futebol do futuro, e todos eles podem render bons resultados. O que é relevante, no caso da escolha da secretária-geral, não é nem discutir se ela é a pessoa mais competente ou mais indicada para o cargo: nesse episódio, o que conta é a possibilidade de uma pessoa que representa minorias tão oprimidas na história do esporte possa participar de discussões sobre o futuro e influenciar o debate.
É (também) por isso que a discussão sobre representatividade é tão relevante sobre o governo federal. O ministério escolhido pelo vice-usurpador Michel Temer não tem nenhum negro e nenhuma mulher, fato que não acontecia desde a gestão do militar Ernesto Geizel (1974-1979).
Temer também acabou com as secretarias das Mulheres, da Igualdade Social e dos Direitos Humanos, que foram absorvidas pelo Ministério da Justiça e da Cidadania.
A redução dos custos do funcionalismo público é uma discussão extremamente pertinente, é verdade. A competência das pessoas escolhidas para comandar os destinos do país também deve ser condição primordial. Contudo, essas duas decisões mostram orientações preocupantes (para dizer o mínimo) sobre representatividade.
Sem querer estabelecer comparações, mas um governo, assim como um time ou uma federação, tem diferentes caminhos possíveis. É justo imaginar de diferentes formas a condução ideal de um país. No entanto, a visão que um grupo homogêneo de pessoas oferece está longe de ser suficientemente plural.
Um homem branco, heterossexual e criado com boas condições socioeconômicas está longe de entender o que é fazer parte de uma minoria oprimida. Também passa distante de qualquer conhecimento sobre o que é ter necessidades sociais que sejam coletivas e que tenham natureza balizada apenas por um comportamento social histórico.
A Fifa pode não mudar depois da nomeação de Samoura, mas ao menos terá em seu corpo diretivo uma perspectiva diferente. Isso nos abre possibilidades extremamente positivas de pensar em novos direcionamentos para a entidade. O governo federal do Brasil, infelizmente, preferiu uma guinada ao passado. E à pior parte do passado, (também) no sentido de representatividade.
Uma das permanentes discussões durante os jogos de futebol se refere à produtividade da posse de bola. Se, por um lado, devemos ter ciência que, estatisticamente, a maioria dos gols acontecem em processos ofensivos com até 5 passes (o que aparentemente torna insensato manter a posse de bola em excesso), por outro, também devemos saber que quanto menos passes certos e mais bolas longas em disputa menores serão as chances de vitória (o que também torna insensato desfazer-se da bola em ações que o jogo apoiado se oferece).
De acordo com o Footstats, site de estatísticas especializada em futebol, a equipe do Audax, marcada pelo predomínio quase que absoluto da posse de bola perante seus adversários, foi a que mais finalizou no Campeonato Paulista em 2016. No site estão registradas 120 finalizações certas e 185 finalizações erradas, totalizando 305 finalizações.
Utilizando uma planilha de Controle de Finalizações, já disponibilizada na Universidade do Futebol em uma outra oportunidade (clique aqui para ler a coluna), todas as finalizações do Audax também foram contabilizadas pela comissão técnica ao longo dos 19 jogos, considerando:
a- Atleta que finalizou
b- Local da finalização
c- Tempo de jogo
d- Característica da jogada que originou a finalização
e- Produto final da finalização
A partir do registro feito pela Comissão Técnica, o total de finalizações contabilizado foi de 322 (147 no 1ºT e 175 no 2ºT), com média de 16,95 por jogo e que na coluna desta semana serão discriminadas:
Número de finalizações por origem da jogada
Ataque Rápido/Ataque Posicional – 138 (42,86%)
Contra Ataque – 62 (19,25%)
Arremesso Lateral – 11 (3,42%)
Escanteio – 16 (4,97%)
Falta Frontal – 39 (12,11%)
Falta Lateral – 6 (1,86%)
Jogada Individual – 6 (1,86%)
Pênalti – 6 (1,86%)
Rebote/Interceptação – 38 (11,8%)
Número de gols por origem da jogada*
Ataque Rápido/Ataque Posicional – 12 (37,5%)
Contra Ataque – 7 (21,88%)
Arremesso Lateral – 0
Escanteio – 1 (3,13%)
Falta Frontal – 1 (3,13%)
Falta Lateral – 0
Jogada Individual – 0
Pênalti** – 6 (18,75%)
Rebote/Interceptação*** – 5 (15,63%)
*Os gols de pênalti e rebote/interceptação também devem ser analisados quanto à origem da jogada prévia ao gol. É mais um indicador para a estabelecer os padrões de finalização da equipe.
**origem dos gols de pênalti: 3x ataque rápido/posicional; contra ataque; jogada individual; falta lateral
*** origem dos gols de rebote/interceptação: 4x contra ataque; falta frontal
Foram 32 gols marcados pela equipe comandada por Fernando Diniz na competição, o que significa um aproveitamento de 9,94% dos chutes ou 1 gol a cada 10,06 chutes. A relação dos gols por origem das finalizações é a seguinte:
Cada equipe assume uma determinada forma de jogar. É função da Comissão Técnica identificar se a forma adotada tem aproximado a equipe das vitórias.
Com base nos dados apresentados e no conhecido Modelo de Jogo do Audax , como você avalia o padrão de finalizações e a eficiência apresentada?
Me escreva e vamos ao debate! Antes disso, assista a todos os gols do Audax na competição:
Abraços e até a próxima!