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O futebol explica o Brasil e vice-versa

Há uns dias o treinador do Coritiba, Eduardo Baptista, fez uma declaração acerca da greve que parou o país e dos desdobramentos políticos para por fim a ela. Muitos compatriotas pensam de maneira semelhante e compartilham o desabafo. A verdade é que estamos todos cansados de um sistema que privilegia poucos em detrimento de muitos, de nepotismo, tráfico de influência e interesses políticos. De resultados imediatos (eleições) e sem planejamento a longo prazo (sem pensar nas futuras gerações). Das estatais que abastecem este sistema e os benefícios infinitos e vitalícios aos que não servem: ou não possuem quaisquer relações ao serviço público ou aos que possuem, são demasiados.

É baseada nesta estrutura que o futebol do Brasil foi construído. Ademais, os clubes fornecem uma ampla base de eleitores. Dentro de campo, como reflexo da sociedade, a máxima de levar vantagem nas situações conduz à dissimulação, à falsidade e à mentira. Em alguns casos, à extorsão. No desafio da autoridade do Árbitro, por analogia, é desafio à autoridade das leis que regem o país e à nossa Carta Magna: desde não parar na faixa de pedestres, conduzir acima da velocidade permitida ou sonegar impostos.

Atletas do São Paulo, vice-campeão da Copinha, em Janeiro, aplaudem os campeões do Flamengo: um gesto à altura da grandeza do clube. Foto: Divulgação/FPF

 

Paulatinamente o respeito se perde e a confiança entre os cidadãos, também. Não há autoridade, só se percebe a impunidade. É isso que queremos deixar para as futuras gerações, nossos filhos e netos? Não há dúvidas de que queremos o melhor cenário para todos eles, e isso se constrói com respeito, cultura de diálogo e meritocracia. O que é mais importante: as eleições ou o Brasil? Os títulos ou a existência e sustentabilidade de um clube? Disso, surge a pergunta: um clube vive apenas de títulos? Não! A preservação da identidade, a cultura, os princípios; a governança, transparência, meritocracia e filosofia de trabalho da instituição são seus pilares e conduzem aos resultados. Meritocracia, governança, respeito e transparência são características pouco observadas no universo da gestão do futebol brasileiro.

Tampouco no governo.

Portanto, o futebol possui um papel importantíssimo em relação à sociedade, forma opinião, serve de exemplo às crianças e adolescentes deste país. A sociedade dá muitos créditos à modalidade e a própria nacionalidade brasileira foi celebrada neste esporte. Que ele também sirva de instrumento para a mudança que tanto queremos para o país: governança, transparência, meritocracia e respeito. Para os nossos filhos e nossos netos.

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Atenção aos “detalhes” no futebol. Eles fazem a diferença

Em função da recente transformação metodológica e conceitual que o treino de futebol vem passando (saindo da fragmentação e tentando atender à uma lógica complexa), estranha e erroneamente, a atenção e o treinamento dos aspectos mais individuais do jogador, tem sido esquecida ou, até mesmo, negligenciada.
Na coluna de hoje, dentre estes aspectos micro, ao nível do “detalhe”, destacamos a capacidade de jogar com a cabeça erguida, com e sem a bola, olhando ao redor sempre que possível, de maneira a tirar vantagem de cada situação.
Algumas destas vantagens que o jogador pode tirar, quando está permanentemente olhando (de preferência antes de receber a bola ou participar diretamente da jogada) são:
– Aumento da percepção do que está ocorrendo ao seu redor – captação de informações;
– Controle do adversário direto e/ou do espaço;
– Antecipar o que poderá acontecer no lance e nos próximos lances;
– Melhoria do seu perfilamento e ajuste corporal;
– Facilitar a escolha do gesto técnico (ofensivo e defensivo) que deve ser utilizado;
– Facilitar a escolha do espaço que deve ser ocupado;
– Levar vantagem na ação subsequente;
– Potencializar acertos e, consequentemente, evitar erros;
Vejamos isso de maneira prática, no vídeo abaixo:

(O vídeo acima contém imagens da FIFA, UEFA, Premier League, La Liga e @allasfcb)

 
Como vimos, estar com o radar[1] ligado favorece o desempenho do jogador e, consequentemente, da equipe. Sem dúvida, um pormenor, que na realidade, quando pensamos no alto nível, trata-se de um pormaior.
Assim, em nosso processo de treino, devemos criar exercícios que propiciem que esse tipo de situação aconteça muitas vezes.
Já dizia o ditado: “detalhes fazem a perfeição, e a perfeição não é um detalhe”.
 
 
[1]Radar: dispositivo que permite detectar objetos no espaço.
 

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Entre o Direito e a Copa do Mundo

Bem-vindos ao mês da Copa do Mundo aqui no “Entre o Direito e o Esporte”. Esse mês é aquele que todo mundo espera. Esse mês é aquele que o nosso país para. Nesse junho começa a Copa do Mundo FIFA®de 2018 na Rússia. E como era de se esperar, junho aqui na nossacoluna da Universidade do Futebol vai ser sobre essa festa do futebol como globalização, como cultura, e como negócio.
Como todo começo de mês, já vou adiantar as nossas próximas quatro semanas aqui e depois dar uma “resuminho” do que a gente vai ver entre o Direito e a Copa do Mundo.
Nessa próxima semana a gente vai conversar sobre as “regras do jogo” antes que o jogo comece. Depois vamos dar uma olhada no regulamento da Copa do Mundo (pois é). Daí na quarta semana vamos ver o regulamento de marketing e de mídia da FIFA para o seu maior evento. E fechamos o mês falando sobre as regras do torcedor nos estádios da Rússia.
Bora lá?
Imagina que você voltou para o seu tempo de escola. Imagina que lá você vai começar uma prova. Imagina que no comecinho dessa prova tem uma série de “regrinhas” que falam o que você pode ou não pode fazer durante a prova. O regulamento sobre as regras do jogo é a mesma coisa e serve para a Copa do Mundo.
Afinal, como todo jogo, o futebol precisa de regras para ser “jogável” dentro das quatro linhas – e essa é a regra geral mais geral que tem até. Agora, as regras são sempre as mesmas? Não necessariamente! E é justamente isso que vamos ver semana que vem, o que mudou para essa Copa do Mundo – e vou te falar, só com o tal do VAR já mudou muita coisa!
Agora imagina que antes de você chegar na sala para a sua prova você foi parado no corredor pelo diretor. Imagina que você tinha levado seu cachorro com você para a escola – sem querer, já que ele te seguiu e você nem percebeu. E imagina que ninguém pode levar cachorro lá. Essa é uma regra que não é sobre a prova só que acaba dando as caras no dia dessa prova.
O Regulamento da Copa do Mundo FIFA de 2018 na Rússia é bem isso! É a regra geral para o jogo que não acontece em campo. Esse regulamento faz com que o jogo dentro de campo possa acontecer porque tudo fora de campo está em ordem. E é isso que a gente vai conversar na terceira semana de junho!
A prova começou, você está respondendo as questões, e de repente um flash. Sim, o seu professor estava gravando a sua sala fazendo a prova. E pode? É essa a pergunta que o Regulamento sobre Mídia e Marketing responde.
A Copa do Mundo é o maior evento de futebol, cada um de nós quer assistir e ficar de olho em tudo o que acontece. A Copa do Mundo vende desde pacote de televisão até pacote de férias, e deixa alguém da Islândia perto de alguém do Egito. A Copa do mundo tem seu valor para quem quer chamar a atenção. E para chamar a atenção com “a competição da FIFA”tem que seguir regras, e é isso que vamos ver na quarta semana desse mês!
Depois de todo o caos que foi fazer com o que seu professor parasse de gravar a prova, o jogo continuou. A sala continuou fazendo a prova. E você continuou com uma pulga atrás da orelha. Parecia que ainda tinha alguma coisa estranha ali. E, ahá, tinha mesmo! Os seuspais estavam lá, e tinham levado os seus cadernos e rojões para festejar a sua nota. E pode isso?
É essa a pergunta que o Código de Conduta nos Estádios da Copa do Mundo FIFA de 2018 na Rússia responde! Lá vai ter um pouco de tudo sobre o que o torcedor pode ou não pode fazer dentro das arenas russas. E, acredite, para alguns vai fazer até mais sentido ter seuspais assistindo você fazer a sua prova! E é assim que vamos fechar o mês de junho aqui na nossacoluna.
Como a gente já tem conversado desde dezembro, entre o direito e o esporte a gente acha um monte de regras que dão as caras no nosso dia a dia como torcedor, como atleta, e como alguém que trabalha com o esporte. E na Copa do Mundo não é diferente!
Por hoje é isso, eu fico por aqui e nos vemos na próxima sexta-feira para conversar sobre as regras do jogo dessa próxima Copa do Mundo aqui no “Entre o Direito e o Esporte”. Combinado? Deixo meu convite para falarem comigo por aqui, pelo meu LinkedIn ou pelo meu Twitter. Bom final de semana para vocês, e até a próxima!