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Neymar embalado e embolado pelo “cai-cai”

Motivo de piada. Infelizmente é como o gesto de dissimulação do Neymar durante esta Copa do Mundo. O rolamento no chão sem motivos aparentes de lesão ou falta de condições no jogo, a fim de confundir a arbitragem e o adversário, faz com que os torcedores de futebol pelo mundo encarem a atitude como antijogo e, assim, reagem com ironia, a tratar isso como piada. Consequentemente, o futebolista acaba sendo assim reconhecido e tem sua credibilidade colocada em xeque.

Um dos atributos mais importantes para um profissional, independente do ramo de atividade, é o estabelecimento de uma relação de confiança. Obtê-la leva tempo e reconquistá-la, muito mais. O repetido gesto, popularmente conhecido como “cai-cai” e a teatralização do fato, muitas vezes por motivos nulos, acaba por irritar o torcedor, que considera-se enganado pelo “cai-cai”. Ou seja, ele não pagou para ser trapaceado e, portanto, não quer a trapaça (enganar o árbitro e potencializar uma falta aparentemente inofensiva). A lembrar que os elementos mais importantes do esporte são: o atleta e o torcedor. O torcedor não quer ser enganado: por isso as campanhas contra a dopagem, o firme trabalho contra as apostas ilegais e manipulação de resultados, contra a violência nos estádios, manifestações de racismo, e, também, de valorização do “fair-play”. Por “fair-play”, em tradução literal, entende-se como sendo “jogo limpo”. Dentro deste jogo limpo, consideramos: a ética, a honradez, a probidade, a disciplina, o respeito e o caráter.

Em todos estes pontos supracitados a dissimulação vai contra.

São milhões de “memes” alusivos a Neymar e o gesto de queda e rolamento. Muitos de vocês leitores já devem ter recebido vários. Torcedores do mundo todo simulam cair e rolar ao ouvirem falar o nome dele ou simplesmente ao encontrarem um brasileiro qualquer na rua. Por associação, o futebol brasileiro também fica assim associado, pela tentativa de dissimulação, pela trapaça (prática comum no futebol do Brasil) e incoerência (ser campeão tentando enganar). O mundo não perdoa.

É preciso um trabalho de comunicação incansável para melhorar a imagem de Neymar. Simultaneamente, o atleta também precisa mudar de atitude. Os olhos do mundo estarão ainda mais atentos a partir de agora quando ele tocar na bola. Ele não vai poder mais cair, literalmente. Terá que tomar atitudes mais profissionais, em respeito às instituições que lhe proporcionam as condições que permitem com que ele faça o que sabe de melhor fazer e para isso é pago: jogar futebol e, num esforço coletivo com toda a equipe, proporcionar um bom jogo a fim de satisfazer seus torcedores, que são consumidores e pagam por todos os produtos relacionados ao clube. E isso é parte do soldo de um futebolista.

Neymar em jogo da seleção brasileira em jogo do Mundial da Rússia 2018. (Foto: AP)

 

Com tudo isso, é importantíssimo neste momento que haja este tipo de trabalho para melhorar a imagem dele, desde que sua postura também mude. Este esforço ganhará mais fundamento assim que títulos de expressão apareçam, quer seja pelo clube e pela seleção brasileira. Tratado com todos os mimos no Brasil e aparentemente por onde passa, é preciso humildade para reconhecer o que acontece e encarar a realidade. No seu tempo, o mundo vai reconhecer e irá aplaudi-lo.

Em tempo: este é o meu texto número 50 nesta coluna da Universidade do Futebol. Obrigado a esta casa pela confiança nos artigos e a vocês, leitores, pelas visitas e leituras. Mais uma vez, o meu muito obrigado!

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Neymar embalado e embolado pelo “cai-cai"

Motivo de piada. Infelizmente é como o gesto de dissimulação do Neymar durante esta Copa do Mundo. O rolamento no chão sem motivos aparentes de lesão ou falta de condições no jogo, a fim de confundir a arbitragem e o adversário, faz com que os torcedores de futebol pelo mundo encarem a atitude como antijogo e, assim, reagem com ironia, a tratar isso como piada. Consequentemente, o futebolista acaba sendo assim reconhecido e tem sua credibilidade colocada em xeque.

Um dos atributos mais importantes para um profissional, independente do ramo de atividade, é o estabelecimento de uma relação de confiança. Obtê-la leva tempo e reconquistá-la, muito mais. O repetido gesto, popularmente conhecido como “cai-cai” e a teatralização do fato, muitas vezes por motivos nulos, acaba por irritar o torcedor, que considera-se enganado pelo “cai-cai”. Ou seja, ele não pagou para ser trapaceado e, portanto, não quer a trapaça (enganar o árbitro e potencializar uma falta aparentemente inofensiva). A lembrar que os elementos mais importantes do esporte são: o atleta e o torcedor. O torcedor não quer ser enganado: por isso as campanhas contra a dopagem, o firme trabalho contra as apostas ilegais e manipulação de resultados, contra a violência nos estádios, manifestações de racismo, e, também, de valorização do “fair-play”. Por “fair-play”, em tradução literal, entende-se como sendo “jogo limpo”. Dentro deste jogo limpo, consideramos: a ética, a honradez, a probidade, a disciplina, o respeito e o caráter.

Em todos estes pontos supracitados a dissimulação vai contra.

São milhões de “memes” alusivos a Neymar e o gesto de queda e rolamento. Muitos de vocês leitores já devem ter recebido vários. Torcedores do mundo todo simulam cair e rolar ao ouvirem falar o nome dele ou simplesmente ao encontrarem um brasileiro qualquer na rua. Por associação, o futebol brasileiro também fica assim associado, pela tentativa de dissimulação, pela trapaça (prática comum no futebol do Brasil) e incoerência (ser campeão tentando enganar). O mundo não perdoa.

É preciso um trabalho de comunicação incansável para melhorar a imagem de Neymar. Simultaneamente, o atleta também precisa mudar de atitude. Os olhos do mundo estarão ainda mais atentos a partir de agora quando ele tocar na bola. Ele não vai poder mais cair, literalmente. Terá que tomar atitudes mais profissionais, em respeito às instituições que lhe proporcionam as condições que permitem com que ele faça o que sabe de melhor fazer e para isso é pago: jogar futebol e, num esforço coletivo com toda a equipe, proporcionar um bom jogo a fim de satisfazer seus torcedores, que são consumidores e pagam por todos os produtos relacionados ao clube. E isso é parte do soldo de um futebolista.

Neymar em jogo da seleção brasileira em jogo do Mundial da Rússia 2018. (Foto: AP)

 

Com tudo isso, é importantíssimo neste momento que haja este tipo de trabalho para melhorar a imagem dele, desde que sua postura também mude. Este esforço ganhará mais fundamento assim que títulos de expressão apareçam, quer seja pelo clube e pela seleção brasileira. Tratado com todos os mimos no Brasil e aparentemente por onde passa, é preciso humildade para reconhecer o que acontece e encarar a realidade. No seu tempo, o mundo vai reconhecer e irá aplaudi-lo.

Em tempo: este é o meu texto número 50 nesta coluna da Universidade do Futebol. Obrigado a esta casa pela confiança nos artigos e a vocês, leitores, pelas visitas e leituras. Mais uma vez, o meu muito obrigado!

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O maior perdedor da Copa

A Copa do Mundo não indica necessariamente o melhor time do planeta. Disputada em tiro curto, a competição está mais para um recorte de qual é a melhor equipe do mês em questão. Contudo, a relevância do evento é tão grande que ele acaba provocando marcas que são muito mais longevas. A Espanha de 2010, por exemplo, incutiu em qualquer discussão sobre futebol o assunto “posse de bola”; a Alemanha de 2014 fez com que vários países repensassem noções de organização e longo prazo. Essa revisão demanda tempo, é claro, e ainda é impossível dizer, horas depois do título da França na Rússia, quais conceitos serão influenciados no futuro. O certo é que o Mundial de 2018 vai influenciar de forma contundente a sequência do maior jogador brasileiro da atualidade. Com o certame ainda quente, já é possível dizer que Neymar está em xeque.
Protagonista antes mesmo de se tornar profissional, Neymar sempre conviveu com pressão. O sarrafo de cobranças foi gradualmente sendo elevado, acompanhando o nível dos feitos de um jogador que é titular da seleção brasileira desde o início do ciclo passado e que já se transformou no terceiro maior artilheiro da equipe nacional. Sobretudo porque o camisa 10 escapou de ter sua imagem arranhada pelo 7 a 1 de 2014 – acometido por uma lesão nas costas, não participou daquele revés. Existia, portanto, um altíssimo grau de expectativas em torno dele antes do Mundial da Rússia.
A primeira discussão sobre esse caso, contudo, é o perfil dessas expectativas. Neymar foi duramente cobrado por dar pouca – ou nenhuma – atenção à mídia tradicional. Não conversou com jornalistas depois da derrota para a Bélgica nas quartas de final da Copa de 2018, por exemplo. Quase todas as interações dele com microfones na Rússia foram em tom de desabafo ou de reclamação sobre as críticas que vinha recebendo.
Neymar não foi à Globo para desabafar, como dizia a cartilha de seus antecessores na seleção. Ronaldo Nazário, por exemplo, alicerçou-se na emissora carioca sempre que teve crises de imagem ou de carreira. Usou como pôde o potencial de comunicação e a janela para transmitir ao público a imagem que ele queria.
Só que a geração de Neymar não fala com a Globo. Aliás, a geração de Neymar sequer conversa com a mídia tradicional. O atacante do Paris Saint-Germain é um dos primeiros grandes ícones do esporte brasileiro a ter sido forjado já na era da internet, com a capacidade de criar seus próprios canais de comunicação e lidar apenas com sua bolha. O resultado: desde que a Copa de 2018 acabou, a única mensagem do camisa 10 foi um post em seu Instagram. Nada mais sintomático.
É curioso notar que Neymar recebe cobranças de comportamento de uma geração que simplesmente não se comporta como ele. Por seu desempenho esportivo expressivo e pela ausência de uma liderança clara, o camisa 10 da seleção é constantemente alvo de expectativa sobre suas atitudes. E aí entra uma incapacidade que a mídia nacional revelou (novamente) durante a Copa: entender que os atletas são seres humanos falíveis e que não podem tomar caminhos que não os deles.
Em outras palavras: não adianta exigir que Neymar seja o líder que ele não é. Não adianta esperar que ele tenha um comportamento linear durante os jogos – ao contrário, o atacante tem desempenho baseado em provocações e em levar seus rivais ao limite em diferentes níveis. Todo o teatro condenado pelo mundo é parte essencial do que Neymar é como atleta e de como ele entende o jogo. Todo o descaso de Neymar com a mídia é parte essencial do que ele é e de como enxerga a comunicação.
A questão é que Neymar viralizou. O camisa 10 é, sem qualquer dúvida, o grande perdedor da Copa de 2018. Além de ter saído do Mundial muito menor do que entrou, tornou-se um símbolo do teatro, do exagero e do antijogo. Virou tema de desafios e piadas pelas redes sociais sobre suas quedas expressivas.
Aí entra o ponto nevrálgico da questão Neymar: ele sempre cultivou um estilo de exageros e extremos e nunca fez questão de se comunicar com um público que não é o dele. Viveu durante anos numa bolha de parças e comentários mediados nas redes sociais. Passou um tempão achando estar imune a todas as críticas ou cobranças, desde que respondesse em campo. De certa forma, as avaliações negativas eram combustível para o camisa 10. Basta ver o comportamento dele nos Jogos Olímpicos de 2016, quando o “todos contra mim” foi um de seus principais esteios emocionais até o título.
É impossível que Neymar siga pensando que o mundo o persegue. É impossível que siga falando apenas com sua bolha ou pensando apenas em seu mundo constituído. A Copa de 2018 serviu para mostrar a ele que os gols e os títulos nem sempre são resposta. A narrativa importa, e um olhar mais minucioso para quem consome a informação também é fundamental numa era em que há muito mais oferta disponível.
A grande discussão sobre Neymar depois da Copa não é se ele vai ser melhor do mundo um dia, se vai para o Real Madrid ou se vai continuar sendo o principal jogador da seleção brasileira. O ponto de interrogação em torno do atacante agora é como ele vai repensar sua relação com a mídia. E isso vale até para as mídias próprias.
PS: A decisão da Copa de 2018 reservou para os brasileiros um dos grandes momentos do evento. O desabafo do comentarista Walter Casagrande Júnior na TV Globo foi coisa de quem tem grandeza de espírito e de quem não está preocupado apenas com o próprio umbigo. Foi emocionante e digno de todos os aplausos. Também foi uma lição de humanidade e de humildade que o próprio Neymar deveria ver com bastante carinho.
 

 

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Entre o seu clube e o outro

Bem-vindos ao nosso especial sexta-feira 13 aqui no “Entre o Direito e o Esporte”… opa, quer dizer bem-vindos à nossa segunda coluna desse mês que está entre os últimos shows dessa Copa do Mundo FIFA®de 2018 na Rússia e o mercado de transferência do futebol profissional. Esse mês de julho junta duas coisas que a gente adora assistir, né? Essa competição (que teve de tudo) e essa janela que, por enquanto, está atendendo as nossas expectativas – CR7 saindo é só o começo? Esperamos!
Como conversamos na semana passada, esse mês a gente vai focar nesse mercado de transferências. E, nessa sexta-feira 13, vamos falar do “início” disso tudo: quando o cara responsável pelo seu time busca os caras para mudar a cara do campeonato. Assim, para deixar tudo mais claro, vamos seguir essas três perguntas como mapa de hoje: 1.) o jogador que o seu clube quer tem contrato?; 2.) Se tem, como que a proposta vai para o outro clube?; 3.) Se o clube aceitar, como a proposta vai para o jogador? Desse jeito, a gente vai ver quem mais dá as caras nessas horas além do seu clube e do cara do seu clube.
Bora lá?
E aí, tem contrato? Essa é a primeira pergunta sempre. Se a resposta for não, fácil! O seu clube pode pular todo o resto que vamos ver aqui hoje e fazer uma proposta de contrato de trabalho direto ao jogador.
Agora, e se a resposta for um “sim, mas está acabando”? Aí o seu clube vai ter que notificar o outro clube que vai negociar com o jogador (aliás, essa falta de comunicação pode até levar a uma multa administrativa, viu?). Nesse caso, o jogador pode assinar um pré-contrato “garantindo” (na medida do possível) que o atleta vai assinar com o seu clube depois que o contrato dele acabar.
Só que, como a gente bem sabe, isso é a exceção da regra – né? A regra geral aqui é que a resposta vai ser um “sim, tem contrato”. E aí é como querer dar gole de Yakult®do seu amigo, sabe? Não dá, cada um tem que ter o seu!
Como a gente já viu, nesse contrato tem uma tal de cláusula indenizatória. Essa cláusula é uma multa rescisória. E como multa rescisória é aquele dinheirinho que entra para o clube quando o atleta resolve sair de lá antes do tempo do contrato (alguém lembrou de julho do ano passado?).
Só que o seu clube só precisa pagar esse valor cheio se: 1.) O contrato não tiver chegado ao fim (ou nos últimos seis meses de vigência); 2.) Houver justa causa (que a gente já deu uma olhada por cima antes, e resumindo é um “tem uma regra aí que me deixa sair e ponto” – como o “caso Zeca” e o “caso Scarpa”); ou 3.) Não conseguir negociar com o outro clube um valor pela transferência do atleta.
Geralmente, a “opção 03” é a mais comum e é o foco de hoje. Em outras palavras, o seu clube e o outro clube chegam a um acordo (um valor, um atleta, e até uma cadeira – pois é, aconteceu lá nos idos de 1900) para que o jogador possa negociar a transferência dele para vestir a sua camisa do coração.
Beleza, tem contrato e quero negociar para trazer o jogador mesmo assim. E como eu chego no clube? Esse passo começa com o seu clube decidindo se vai lá conversar diretamente (alguém do seu clube, como um diretor de futebol) ou se vai contratar alguém para fazer isso (como um intermediário).
Aí um dos pontos principais é o “nível de acesso” da pessoa. É tipo quando a gente quer alugar um apartamento: a gente pode fazer uma oferta online, conversar com um corretor, ou até diretamente com o dono. Só que tudo isso depende do nosso “nível de acesso”. Às vezes a gente só vai ter uma escolha (fazer a oferta via corretor), só que tem sempre alguém que vai ter mais de uma escolha – e essa oportunidade “a mais” custa.
Bom, seu clube escolheu o porta-voz. Esse porta-voz vai sentar com outra pessoa daquele time, certo? Aí tem toda essa mesma escolha de quem vai negociar, e de vez em quando pode ser até a mesma pessoa. Pois é!
Imagina que o seu clube escolheu um intermediário. Imagina que o outro clube também gosta do trabalho desse intermediário. Imagina que os dois querem que esse intermediário negocie a transferência. Isso pode acontecer acontece! Aí o intermediário serve mais como alguém que vai fazer a “ponte” dessa conversa do que o “representante” de um dos clubes. Ah… isso mesmo, o intermediário ganha (porcentagem ou um valor fixo) nesse negócio.
Demorou, e o clube disse sim finalmente! E agora? Agora é só correr e ir para o abraço! É… não. Falta o principal, conversar com o jogador que o seu time quer trazer e fazer uma proposta para ele!
É tipo dia de “educação física” na escola, sabe? Já fez o mais difícil que era convencer o professor a deixar todo mundo jogar bola. Só que ainda falta separar os times! E essa conversa é isso: é o seu clube convencendo o jogador que vale a pena vestir a sua camisa. Aí propõe um novo contrato de trabalho e tudo o mais que vai dar o tom do dia a dia da relação entre o seu clube e a nova estrela (contrato de imagem, regras de conduta, aluguel de casa, e por aí vai).
Só lembrando que essa negociação também pode ter mais gente. O seu clube pode conversar diretamente ou contratar alguém, e o jogador a mesma coisa! E, de novo, pode calhar de ser o mesmo intermediário dos dois lados – acontece. Aliás, e só para deixar ainda mais divertido, tudo isso que eu falei aqui hoje pode acontecer ao mesmo tempo, pode acontecer numa mesma mesa, e pode acontecer entre as mesmas pessoas – pode parecer até uma zona, mas juro que as coisas andam – pelo menos quando dão certo!
Bom, por hoje é isso! Mês começando, negociações começando, e a nossa coluna começando também. O direito desportivo aparece até aí – afinal, quem vai ajudar com todos os regulamentos e leis que dão as caras nessas horas? Bem que podia ser ele (né?):

Divulgação: El Colombiano

 
Desejo a todo mundo um belo final de semana e dois grandes jogos nesse fim de Copa, e convido vocês a continuar no “Entre o Direito e o Esporte” nesse ritmo de “pós Copa” aqui comigo! Nos vemos semana que vem para dar uma olhada no próximo passo para trazer aquele jogador para o seutime. Feito? Deixo meu convite para falarem comigo por aqui, pelo meu LinkedIn ou pelo meu Twitter. Até já!
 

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O Brasil não é o país do futebol há tempos

Não foi acaso. Não foi azar. Não foi obra do destino. Nada disso levou o Brasil a cair em mais uma Copa do Mundo. Nos faltou competência. Mais uma vez.
Primeira coisa que temos que admitir: não temos mais o melhor futebol do mundo. Há um bom tempo já não somos os melhores quando o assunto é bola. Alguns ainda teimam em aceitar isso. Eu desafio os céticos a apontarem algum indicativo de que o Brasil é o país do futebol. Baseado apenas nas cinco Copas conquistadas? Já foi. É passado.
Hoje não temos o melhor jogador do mundo. Não temos o melhor técnico do mundo. Não temos os melhores dirigentes, nossa média de público nos estádios é vexatória, nossos clubes não são os melhores do mundo. Enfim, nada do que fazemos hoje pode ser considerado como o de maior excelência do planeta. Temos que admitir que há muitos, sim há muitos outros países fazendo futebol e tudo que o cerca, com mais qualidade do que nós.
Partidas como essa contra a Bélgica nos coloca no nosso devido lugar no mundo da bola. Estamos hoje no bloco intermediário do futebol. Nossa seleção é intermediária. Nosso campeonato, então, se bobear cai do intermediário para o iniciante.
Podemos discutir se Tite está de fato antenado com as novas tendências táticas e de metodologia de treinamento. Se Neymar um dia vai conquistar o que ele realmente quer que é o premio individual da Fifa. Ou se Gabriel Jesus deveria ser sacado do time para a entrada de Firmino. Ou até podemos debater sobre o trauma de Fernandinho em jogos importantes com a camisa da seleção. Porém, tudo isso é sintoma da doença que há tempos atinge os órgãos vitais do futebol brasileiro.
Nossas categorias de base não formam jogadores intensos, focados durante os noventa minutos da partida. Nossos técnicos não passam por nenhuma formação mínima para exercer a função. Nossos dirigentes são tão amadores que muitos que estão em times profissionais em nada diferem dos que estão na várzea. Nosso calendário é uma piada de mau gosto para 80 por cento dos jogadores profissionais do país. Diante desse cenário não é estranho não ganhar uma Copa. Estranho foi ter vencido cinco. Apesar de tudo isso.
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Análise do Jogo: Brasil 1-2 Bélgica

45 minutos quase perfeitos, um grande Courtois e a falta de pontaria brasileira fazem a Bélgica avançar para às semifinais, eliminando o Brasil da Copa do Mundo precocemente.

Confira a análise dos gols da partida (o vídeo acima contém imagens da FIFA, InStat e emissora BeinSports).

Num dos melhores jogos desta Copa do Mundo 2018, a Bélgica venceu o Brasil e avançou para às semifinais.
Sendo superior na estatística que mais importa no futebol -a quantidade de vezes que se transforma chances criadas em gol- a Bélgica conseguiu fazer um grande jogo em Kazan.
Colocando em prática um plano de jogo muito bem idealizado pelo seu treinador, e contando com a qualidade dos seus jogadores, a equipe belga foi extremamente competitiva e jogou de igual para igual, com um Brasil que fez um bom segundo tempo e que poderia ter tido melhor sorte, tamanho o número de chances que desperdiçou.
Marcando 2 gols logo no primeiro tempo, a Bélgica assumiu o controle psicológico da partida, deixando o Brasil sob muita pressão. Defensivamente apresentou surpresas e conseguiu sustentar durante a maior parte do jogo. Quando foi vazada, contou com uma grande atuação de Courtois e com a falha de pontaria brasileira. Sofreu apenas 1 gol, mas poderia ter sofrido mais, se não fossem estes fatores.
Vitória de quem foi mais competente num jogo muito equilibrado, onde qualquer uma das seleções poderia ter vencido.
Postura da Bélgica sem a bola
Para o jogo contra o Brasil, Martínez abriu mão da marcação no tradicional 5-3-2 e adotou um 4-3-3, num bloco médio/baixo muito compacto.
Quando o Brasil iniciava seus ataques ainda no seu próprio campo, a Bélgica tinha De Bruyne posicionado como centroavante, Lukaku e Hazard como extremos, como mostra a imagem a seguir:

Já quando a seleção brasileira tinha a bola dentro do campo da Bélgica, De Bruyne recuava para marcar na frente da linha dos 3 meio-campistas, deixando Hazard e Lukaku mais adiantados, sem função defensiva, como mostra a imagem a seguir:

Esta foi a maior surpresa que Martínez apresentou para Tite, a de defender com apenas 8 jogadores quando empurrado para trás, deixando Lukaku e Hazard abertos e prontos para o contra-ataque, a maioria puxados por De Bruyne.
Ao priorizar a proteção da entrada da área com Fellaini, Witsel, Chadli e De Bruyne, e não contar com a ajuda dos extremos para cobrir a subida dos laterais brasileiros (principalmente Marcelo), a Bélgica condicionava o Brasil a atacá-la principalmente pelos lados do campo.
Quando o Brasil tinha a bola por ali, a Bélgica buscava manter sua compactação e criar situações de igualdade ou superioridade numérica no setor, fechando o meio e pressionando a bola, fazendo com que os ataques brasileiros tivessem pouco êxito pelo meio, terminando ou em cruzamento ou em tentativas de fora da área, que em sua maioria foram neutralizadas pela zaga ou pelo goleiro Courtois.

Para ler a análise na íntegra, clique aqui.

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O futebol é poesia, mas poesias são falíveis

Divulgação: Reuters

 
O futebol é uma poesia de versos incertos, caóticos. Ora simétricos, ora dispersos. Os poetas da bola atuam em várias frentes: treinadores, atletas, assistentes, analistas de desempenho, preparadores físicos e por aí vai. Mesmo o mais hábil dos poetas não é capaz de criar uma poesia perfeita, pois o futebol não é perfeito (não é feito para um fim específico). No futebol, os meios não nos levam necessariamente aos fins. Os motivos são dois: porque há adversários e porque o jogo tem razões que a própria razão desconhece.
A poesia brasileira, escrita com tamanho esmero nos últimos dois anos, não terminou como se esperava. Na última sexta, foi entregue com duas estrofes a menos. De lá para cá, li e ouvi diversas modalidades de críticas, algumas mais realistas, outras estranhamente odiosas. Neste espaço, gostaria de me debruçar sobre algumas delas.
Uma das razões que justificam nossa relação quase que carnal com o futebol está nos efeitos por ele causados. Talvez o futebol tenha sido a primeira e a maior experiência hegemônica que vivemos como nação até hoje. Para um país nascido e criado como colônia, isso não é pouco: é uma espécie de libertação, ainda que temporária, das coleiras políticas e econômicas que nos limitam, uma breve alforria do nosso viralatismo (que também nos confronta no próprio futebol), uma forma de abstenção do ser colonizado e de viver, ainda que fantasiosamente, um imperialismo meio fajuto. O campo é o espaço dessa gente bronzeada mostrar seu valor. A cada quatro anos, o brasileiro médio espera, discreta ou explicitamente, que nossa suposta hegemonia natural seja comprovada mundo afora.
Ou seja, não bastassem os olhares dissimulados daqueles que, ingenuamente, enxergam no futebol um espaço de alienação, nós ainda precisamos conviver, ao menos nestes tempos, com uma outra força, quase que metafísica: a da hegemonia. Sendo um patrimônio nacional, o futebol está nos olhos e nas bocas de todo mundo, o que deveria se converter, ao menos em tese, em respeito com o profissional da bola. Afinal, ele ultrapassou a barreira do sonho (em um país onde os sonhos costumam ser muito mais agradáveis do que o real, diga-se). Mas não, o profissional da bola é visto como uma mera extensão, um apêndice do sentimento colonialista enraizado no futebol. Quando as coisas vão bem, nada além da obrigação. Quando as coisas vão mal, uma vergonha.
Não por acaso, nos tornamos, cronicamente, uma singela espécie de maus perdedores. No caso de sexta-feira, menos por não reconhecer os méritos do adversário (isso está bem claro), mas porque já estamos parcialmente tomados pelo dramático impulso da negação, da ruptura, como se pouco fosse o valor de tudo aquilo que fora construído até então. Os profetas e os engenheiros, admirando suas obras prontas, já têm uma proposta: o descarte. De um, de vários. Quando um objeto falha, o descarte é uma opção imediata. Mas quando uma pessoa falha, dentro de campo ou fora dele, ela deve ser imediatamente descartada? Há quem diga que sim – basta ouvir alguma das críticas recentes.
Quando Roberto Martinez, treinador da Bélgica, diz ter sido aventureiro na sua estratégia, foi modesto. Antes de aventureiro, Martínez foi absolutamente corajoso. Corajoso porque, através de uma decisão moral (expressa na tática), subverteu a conduta média das equipes que enfrentam o Brasil. Todas elas querem mais e mais jogadores em organização defensiva, atrás da linha da bola. Martínez fez diferente: ao invés de jogadores a mais, defendeu-se com jogadores a menos! Hazard, Lukaku e De Bruyne não deveriam recompor: deveriam aproveitar os espaços em transição, especialmente às costas de Marcelo (com Lukaku), em situações de 1 v 1. Neste nível, defender-se com jogadores a menos é a coragem que beira o suicídio. Se o Brasil fizesse alterações estruturais semelhantes (como agora pedem alguns) e fosse derrotado, será que Tite seria chamado de corajoso? Me parece que não, longe disso.
O problema dos críticos mais ferozes é que eles ainda estão presos às próprias paixões, assim como um cão está preso à sua coleira. Eles oferecem soluções simplórias, ora reducionistas, ora oportunistas (às vezes ambas). Falta-lhes perceber que o jogo não é simples assim. Há muito mais coisas no jogo do que sonham nossas vãs filosofias, e isso precisa estar absolutamente claro para treinadores e treinadoras. O melhor dos trabalhos não está imune àquela bola na trave de Thiago Silva, ao carrinho rente à bola de Roberto Firmino, ao chute absolutamente cuidadoso de Renato Augusto, à noite mais do que iluminada de Courtois. Ao primeiro gol, que só ocorre porque, antes de buscar o braço de Fernandinho, a bola desvia (mais do que) sutilmente na cabeça de Kompany – não fosse isso e a narrativa talvez fosse outra. Ao segundo tempo, de absoluto domínio brasileiro, como a Bélgica dominara parte do primeiro. Não gastemos nossas forças nos lugares errados. O jogo é uma autarquia de governante desconhecido – e talvez aqui esteja uma margem de evolução deste trabalho. Ao invés de esquivar-se do aleatório, podemos atraí-lo, assim como a virtú maquiavélica atrai a fortuna.
O bom futebol, ainda que não vença, é absolutamente transgressor. Supera o viralatismo, o colonialismo, maus perdedores. O bom futebol é pedagogia das boas, das ótimas, é amadurecimento ético, é convite ao realismo (ao invés das ilusões hegemônicas), é experiência estética, é um mergulho no desconhecido. O bom futebol nunca será distração. O bom futebol pode não ser ótimo, mas ao menos está mais próximo dele. Mas o bom futebol é distante e procurá-lo é para poucos. Por isso é tamanha a responsabilidade dos treinadores e treinadoras que decidem se aventurar neste caminho. Pode ser que todo o percurso seja descartado por uma noite. Pode ser que o reconhecimento não venha no resultado. Mas pode ser que venha como aplausos, não necessariamente aplausos de satisfação, mas de respeito. O que, nestes tempos, já é demais.
Respeito de quem sente que o futebol é poesia de versos incertos, caóticos. Ora simétricos, ora dispersos.
Ora perdidos, em busca do encontro.
 

 
 

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Dentro de campo o hexa não veio. Fora dele, o Brasil foi impecável

Pois bem, o Brasil foi derrotado pela Bélgica por 2 a 1 e deu adeus à Copa do Mundo. Não apontaram culpados, tampouco procuraram dar desculpas. Excelente sinal. Muitos colegas já foram cirúrgicos nas análises do excelente jogo belga que os conduziu para a vitória. Dentro de campo, um revés. Fora dele, êxito: gestão da equipe, marketing e comunicação. O envolvimento dos torcedores. O “Canarinho Pistola”. A euforia e empolgação que achávamos terminadas há quatro anos após o 7 a 1. A melhor preparação de sempre da seleção, muito longe dos bastidores, polêmicas e ruídos de comunicação como nas edições dos mundiais de 2006, 2010 e 2014.

No que diz respeito à comunicação, atualmente todos possuem uma central multimídia na palma da mão, que é um smartphone. Produzir conteúdos diversos que no movimento de um clique ganha grande projeção e repercussão mundial. Dentro de uma organização, é difícil manter controle sobre a informação e comunicação por ela gerada e produzida, que transmitem uma imagem percebida pela opinião pública. E é igualmente difícil fazer um filtro em relação àquela comunicação que vem de fora, que pode gerar suspeita, levantar inúmeras hipóteses diante dos mais diversos e não-verdadeiros cenários e, consequentemente, prejudicar uma organização. Eleva-se tudo isso à enésima potência se for uma equipe de rendimento de uma organização esportiva. Em outras palavras, uma seleção brasileira de futebol em uma Copa do Mundo. Com duzentos milhões de torcedores/consumidores só em casa, qualquer fagulho pode se tornar um grande incêndio.

No âmbito da comunicação estratégica, de uma maneira geral os jogadores da seleção manifestaram no discurso bastante humildade e mantiveram um tom de voz em sinal de respeito. Percebe-se uma disposição: há um motivo para seguirem esta linha de conduta, alinhada a um viés estratégico para o propósito desta organização: a transparência no tratamento das informações e o respeito à hierarquia, para o bom andamento das atividades a fim de se conquistar o objetivo máximo que é vencer a Copa. Ao perceberem-se pertencentes a esta organização, uma vez que se enxergam sendo tratados com respeito e transparência, seus membros (entre eles os jogadores) aderem a ela e passam a propagar – mesmo sem saber – este tipo de conduta. O que não vem de dentro pra fora (ou seja, não parte do atleta) pode acontecer de fora pra dentro, sob forma de sinergia construída. Ela se configura e se legitima. Ademais, chamar o atleta pelo nome – ou nome e sobrenome – e não pelo apelido – apenas os integrantes da organização se tratam pelos apelidos, como por exemplo o treinador, que mencionou o “Foguetinho” Willian – eleva a identidade acima dos personagens. Claro, existem exceções, como Fernandinho ou Marquinhos. Vão certamente dizer que os apelidos aproximam os jogadores do público. No entanto, não usá-los não significa manter distância.

Neymar e Tite em coletiva da seleção brasileira. (foto: Divulgação)

 

Portanto, é exemplo a intervenção do treinador Tite (ironicamente nos referimos pelo seu apelido) na resposta de Neymar na coletiva após a vitória sobre o México, depois de perguntado sobre o que o atleta do Paris Saint-Germain achava de algumas declarações polêmicas do técnico mexicano de algo do seu jogo. Tite tomou o microfone e disse que um jogador não responde para treinador porque era preciso respeitar uma hierarquia: só um treinador pode responder a um comentário de outro treinador. Gesto que busca evitar polêmicas e busca manter o futebolista concentrado em fazer declarações acerca daquilo que ele fez, somente: jogar futebol. Como disse uma pessoa bem próxima: “um gol atrás do outro na construção da imagem”.

 

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As ações individuais jogam a favor da organização coletiva e vice-versa

O grande passo para melhorar os níveis de execução, decisão e organização é entender que isto somente é possível reconhecendo e rejeitando alguns mitos. O primeiro é aquela crença de que as habilidades de um jogador nasceram com ele. Como em qualquer área, com o tipo de prática adequado, podemos configurar nosso próprio potencial.
O segundo diz que se praticarmos pelo tempo suficiente (a tal das 10 mil horas) iremos melhorar. Não é por aí, pois se fazemos sempre a mesma coisa, na mesma intensidade, não sairemos da zona de conforto e por isso o resultado tende a ser a estagnação.
O terceiro mito é aquela afirmação de que você só precisa se esforçar para melhorar. É evidente que o esforço é necessário para melhorar, mas se o objetivo é o desenvolvimento em algo específico, como é o caso do futebol, a utilização de uma prática organizada pode te levar além do que somente por esforço.
Resumidamente, se não melhoramos é porque não praticamos da forma correta.
Pensando em organizar a prática no futebol, João Quina e Amândio Graça, publicaram um artigo muito interessante em 2011. O estudo aborda as situações de aprendizagem/treino de uma forma bem simples destacando que a competência tática dos jogadores e da equipe se desenvolve na prática e os treinos devem ser organizados de forma a potencializar o desenvolvimento de capacidades como a de decisão, eficácia motora e comunicação/cooperação. Seguindo esta lógica, os autores adotaram um modelo que busca evidenciar três tipos de contextos diferentes: 1) Tarefas Baseadas no Jogo, 2) Formas Parciais de Jogo e 3) Formas Básicas de Jogo.
1) Tarefas Baseadas no Jogo: são exercícios simples, com o objetivo de aplicar os princípios fundamentais do jogo e as respectivas ações técnico-táticas de suporte.
2) Formas Parciais de Jogo: são três estruturas diferentes de aprendizagem para exercitar e assimilar os princípios de organização coletiva da equipe.
Finalizar vs Impedir a Finalização: neste tipo de situação pretende-se resolver questões relacionadas à recepção ativa e orientada, noção de enquadramento à baliza, proteção da bola, momento de remate, técnicas de remate, deslocamentos e posicionamento em função da bola, dos colegas e dos adversários.
Criar Situações de Finalização vs Impedir a Criação de Situações de Finalização: pretende-se promover de forma dominante a assimilação (A) dos princípios específicos da organização ofensiva da equipe nos setores ofensivo e do meio campo ofensivo, tendo em vista criar situações de finalização; (B) dos princípios específicos da organização defensiva da equipe nos setores defensivo e do meio campo defensivo, tendo em vista anular situações de finalização e recuperar a bola; (C) dos princípios específicos da organização coletiva relativos às transições defensiva e ofensiva nos setores supracitados.
Construir o Ataque vs Impedir a Construção do Ataque: nesta categoria, pretende-se promover a assimilação (A) dos princípios específicos da organização ofensiva da equipe nos setores defensivo e do meio campo, tendo em vista a progressão no campo de jogo e a entrada com a bola controlada no setor ofensivo; (B) dos princípios específicos da organização defensiva da equipe nos setores ofensivo e do meio campo, de forma a impedir a progressão da equipe adversária e recuperar a bola; (C) dos princípios específicos da organização coletiva relativos às transições defensiva e ofensiva nos setores supracitados.
3) Formas Básicas de Jogo: são versões simplificadas do jogo formal, construídas a partir de alguns elementos da estrutura formal e funcional, conservando sempre (A) a ideia do jogo; (B) a estrutura e os objetivos do jogo; (C) o fluxo normal do jogo; (D) as relações de cooperação/oposição e de espaço/tempo. Em suma, constituem um contexto adequado de identificação e correção dos problemas relacionados aos princípios específicos e estruturais de organização coletiva da equipe.
Pensando num contexto mais semelhante ao jogo e na tentativa de consolidar os comportamentos desejados em cada momento do jogo, devemos introduzir os jogadores em conceitos de jogo de maior complexidade quando os mesmos já dominam os conceitos mais simples. O jogo precisa da organização coletiva e o jovem necessita conhecer os conceitos básicos do jogo coletivo desde o primeiro momento. Com esta ideia os conteúdos do processo de ensino/treino se repetem durante a vida desportiva do futebolista.
Por esta razão, a planificação das sessões de treino merece um maior cuidado, ou seja, a organização, o tempo e a qualidade da prática são fatores determinantes para o desenvolvimento dos jogadores. Lembrando ainda que, através das progressões já mencionadas, a aprendizagem torna-se gradual e sistemática, incrementando gradativamente o nível de dificuldade das situações de exercitação, em aproximação às exigências do jogo.
 

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Entre o Brasil e a Bola Fora

Bem-vindos ao nosso mês de julho aqui no “Entre o Direito e o Esporte”! Nesse mês nós vamos conversar sobre aquele assunto da pelada de final de semana. Nesse mês nós vamos dar uma olhada naquela parte do ano que faz a gente ficar de olho o tempo todo nos sites do futebol brasileiro. Nesse mês a gente vai ver mais sobre…

Divulgação: Instagram oficial da Copa do Mundo FIFA de 2018 na Rússia

 
É, não… não vamos falar mais sobre a Copa do Mundo! Sei que isso ainda está rolando pela televisão por aí, só que agora vamos focar no que já começou a milhão e, assim que virar o dia 15 de julho, vai ser o dia a dia de toda seção de esporte do jornal na banca mais próxima – ou na internet! Vamos falar sobre o mercado de transferências dos atletas profissionais de futebol.
E, para deixar tudo mais organizado, já deixo aqui o que vamos ver juntos nessas próximas semanas: na sexta-feira 13 vamos conversar sobre o “início” de uma transferência (tipo o que vem antes, o ovo ou a galinha?); já na semana do dia 20 de julho vamos dar uma olhada no “intermédio”, ou seja, o que acontece depois do acordo (só lembra disso: TMS); e fechamos o mês com um “novo começo” (ou quando o atleta é liberado para jogar pelo seu time).
Bora lá?
Dia de semana, você no trabalho. Você no trabalho tem que escolher um novo “campeão” para “mudar os rumos” da sua empresa. Você na sua empresa cuida do tal dos recursos humanos. Vem pessoa que você procura: currículo incrível, líder nata, e com um histórico impecável. Quais são seus próximos passos? Isso mesmo! Saber se ela trabalha em algum outro lugar, saber como vai ser para ela sair desse outro lugar, e saber como você vai convencer ela a sair desse outro lugar.
Essa época do ano é a mesma coisa para quem trabalha com futebol – ainda mais com a pausa para a Copa do Mundo FIFA®. É quando o cara responsável pelo seu time busca os caras para mudar a cara do campeonato. E para fazer isso vai se fazer três perguntas quando achar qualquer jogador profissional: 1.) Ele tem contrato?; 2.) Se tem, qual proposta eu faço para o clube dele?; 3.) Se o clube aceitar, qual a proposta que eu faço para ele?
É bem isso que vamos ver nessa próxima semana aqui no “Entre o Direito e o Esporte”. O início dessa negociação entre um clube e um atleta que muitas vezes envolve ainda: outro clube, ao menos um intermediário e um advogado (geralmente “alguns”), uma associação de futebol (local, nacional…), e até “alguém com dinheiro sobrando”.
Imagina agora que deu tudo certo. Você conseguiu contratar aquela pessoa para a sua empresa. E aí, o que passa pela sua cabeça antes de comemorar? Aham! Fechou o acordo, quando pode começar? E tem alguma burocracia dentro e fora da sua empresa para que tudo aconteça de um jeito redondo?
Pois é! É a mesma coisa no seu clube, sabia? O cara do seu time tem que fechar o acordo (e acredite, isso dá um trabalho do cão – transformar a realidade em um contrato nem sempre é simples), fechar a transferência (que pode acontecer em qualquer momento, embora tenha a tal “janela”), e fechar toda a burocracia envolvendo esse acordo e a transferência (de novo, só lembra de TMS, tá?).
Esse é o tema do dia 20 de julho aqui na nossa coluna. Ou seja, todo esse “intermédio” que acontece entre a proposta oficial e o registro do jogador pelo seu time! E, te garanto, tem muita coisa aí que pode levar do “tenho certeza que rola” a um “ups…”.
Passando por todo esse caminho cheio de pedras, você se prepara para abrir a champanhe. Hoje sim, hoje sim, hoje não… calma! Antes desse “novo começo” da sua empresa, ainda tem que fazer o registro daquela pessoa na sua empresa. Esse registro pode levar a alguns desafios (ai meu deus se a pessoa for “de fora”). E esse registro tem umas burocracias interessantes e necessárias.
No nosso futebol é assim também! O cara do seu time ainda tem que registrar o atleta na Federação que o seu clube faz parte. Esse registro leva a alguns desafios (até, por exemplo, o visto de trabalho de atleta estrangeiro e o limite de “não brasileiros” atuando pelo seu time em campo ao mesmo tempo). Esse registro tem uma burocracia “quase única” que é o tal do BID (ou Boletim Informativo Diário) da Confederação Brasileira de Futebol.
Aí é o nosso fechamento do mês de julho, quando vamos dar uma olhada em todo o caminho entre o “fim” e o “novo começo” que é quando qualquer jogador pode estrear por um novo time – nesse caso, o seu.
Como a gente sabe, tudo que fica entre o seu clube e o atleta e entre o seu clube e o intermediário aparece no dia a dia do nosso futebol. E nesse caminho que a gente acha o que aparece “entre o Brasil e a bola fora”. Em outras palavras, o também direito desportivo dá as caras quando o seu clube quer trazer alguém ou quando o seu ídolo quer “novos ares”. O mercado de transferência do futebol profissional é mais um tema que fica “Entre o Direito e o Esporte”.
Espero que estejam aproveitando a Copa do Mundo FIFA®de 2018 na Rússia, e convido vocês a continuar no “Entre o Direito e o Esporte” para começar devagarinho a falar do nosso “pós Copa” aqui comigo! É isso por hoje, e nos vemos na próxima sexta-feira para dar uma olhada nesse “início”. Feito? Deixo meu convite para falarem comigo por aqui, pelo meu LinkedIn ou pelo meu Twitter. Até a sexta-feira 13!