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Banco de Jogos – jogo 5

Os princípios de jogo escolhidos por um treinador devem ser complementares. Ao definir as possibilidades tático-estratégicas de sua equipe, é indispensável que os diferentes comportamentos individuais e coletivos tenham consonância para que as diferentes situações de treino, fractais do jogar pretendido, sejam potencializadoras do aperfeiçoamento do Modelo de Jogo.

Diminuir em espaço e tempo a ação adversária desde o campo do oponente com o objetivo de induzi-lo ao erro pede, necessariamente, o bloco alto para que a elevada distância entre linhas não seja um facilitador da troca de passes.

Criar estes comportamentos é consideravelmente complexo, tamanha a desordem gerada no sistema (equipe) ao adiantar a marcação, ficar distante do alvo, pressionar diferentes jogadores em posse de bola e fechar linhas de passe importantes. Conseguir efetuá-los, porém, permite que a distância da meta adversária seja relativamente pequena. E isto não precisa explicar porque é bom…

Jogo Conceitual em Ambiente Específico de Pressing e Bloco Alto

– Dimensões do campo oficial. ~ 100m x 70m;
– Campo dividido em 3 faixas verticais (~15, 40 e 15m);
– Formam-se, então, duas faixas laterais e uma região central entre a linha da grande área e o meio campo como as ilustradas na figura abaixo;
– Tempo de atividade, incluindo esforço e pausa, a critério da Comissão Técnica, em função dos objetivos desejados.


Plataforma de Jogo Equipe A (preta): 1-4-4-2 (losango)

Plataforma de Jogo Equipe B (azul): 1-4-3-3 

Regras do Jogo

1.Cada passe pra frente, à frente da linha 1 (linha da grande área adversária) = 1 ponto;
2.Cada passe pra frente, na região central à frente da linha 3 (linha do meio campo) = 2 pontos;
3.Recuperar a posse de bola nas faixas laterais no campo de defesa com três jogadores no setor = 1 ponto
4.Recuperar a posse de bola com a equipe toda posicionada no campo de ataque = 2 pontos;
5.Gol = 5 pontos;
6.Gol com toda a equipe no campo de ataque e com goleiro fora da área = 15 pontos

Assista aos vídeos com os exemplos de algumas regras:

Regras 1 e 2

A equipe preta faz dois passes para frente no campo de defesa e um passe para frente na região central ofensiva. Estas ações valem 4 pontos para a equipe preta.

 

Regra 3

A equipe preta faz um passe para frente no campo de defesa e a equipe azul recupera a posse de bola com três jogadores na faixa lateral. Estas ações valem 1 ponto para a equipe preta e 1 ponto para a equipe azul.

 

Regra 4

A equipe azul recupera a posse de bola com todos os jogadores à frente do meio campo, com exceção do goleiro. Esta ação vale 2 pontos para a equipe azul.

 

Regra 6

Na sequência da jogada, a equipe azul faz dois passes pra frente na região central e depois o gol com todos os jogadores à frente do meio e o goleiro fora da área. Estas ações valem 19 pontos para a equipe azul.

Lembrem-se que, como dizem alguns estudiosos do futebol, os exercícios são somente potencialmente específicos. Além disso, comportamentos de jogo prévios são fundamentais para a adequada realização deste jogo.

Bons treinos!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
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Cidade-sede: Brasília

O estádio Mané Garrincha será sede da capital brasileira na Copa do Mundo 2014 e também será um dos mais caros e mais questionados (pelo mesmo motivo) pela população. Numa cidade como Brasília, planejada e, por isso, com área destinada ao esporte, a inserção e ampliação do complexo do estádio se deu tranquilamente, sem nenhuma obstrução de edificações vizinhas, como outras cidades-sede.

Consigo enxergar uma inspiração do novo estádio na arquitetura de Brasília. Mais precisamente comparando a cobertura com a Catedral metropolitana de Brasília (foto abaixo), mas, segundo o próprio autor, Eduardo de Castro Mello, o estádio em geral também faz referência ao estádio de Berlim, ao Palácio da Alvorada e ao Palácio do Planalto.

Já um pouco modificada desde a apresentação inicial, atualmente o estádio apresenta uma cobertura mais com a cara ainda de Brasília, como podemos ver abaixo:

* O telão centralizado não será mais disponibilizado por questões financeiras e agora serão dois localizados atrás dos gols.

O aspecto e apelo plástico do estádio são bastante condizentes à arquitetura de Brasília e somente fortalecerá o turismo que vai à cidade para conhecê-la como a cidade modernista que marcou a história do Brasil.

É interessante salientar a proximidade do campo em alguns trechos, como podemos ver pela imagem abaixo, onde o banco de reservas fica emendado com o anel da arquibancada inferior:

Para isso, deve ser estudada somente a questão da segurança no que diz respeito à invasão do campo. Geralmente algum obstáculo, de preferência não visual, para que dificulte o acesso ao campo e que facilite a ação dos seguranças – como gradis horizontais em anel ao longo da arquibancada, abaixo da mureta da arquibancada. Neste caso, fica mais difícil; então, a solução deve ser vista de outra forma a garantir que a desordem não tome conta do Mundial e posteriormente de nossos campeonatos.

O escritório responsável é o Castro Mello Arquitetos, autor responsável pelo projeto original e único autorizado a mexer no projeto devido sua importância, agora liderado por Eduardo de Castro Mello e seu filho Vicente de Castro Mello. Ambos trabalham com Ian McKee, e este junto a Vicente luta bastante pela certificação LEED e consciência da sustentabilidade das construções para a Copa.

Neste sentido, é óbvio que o estádio de Brasília é o que deve servir como exemplo de sustentabilidade, visando o selo máximo (Platinum) e buscando a certificação que dignifica o equipamento como edificação verde.

Para a construção da arena devem ser usados materiais recicláveis ou reciclados e o estádio terá uma cobertura que tem material que auxilia na limpeza do ar. A cada hora de sol, a decomposição de óxidos de nitrogênio (NOx) será capaz de ter o efeito de tirar do ar o equivalente a 104 carros ou 75 caminhões poluidores. Energia também será produzida pelo estádio e deverá abastecer cerca de mil casas por dia.

Haverá a captação da água de chuva por meio de calha interna na cobertura em anel que direcionará a água para quatro pontos estratégicos de escoamento por gravidade até o anel mais baixo do estádio. No entanto, isso só parece funcionar com a cobertura aberta. De qualquer forma, toda a água coletada estima-se que deve ser responsável por 80% do uso total do estádio.

O entorno do estádio receberá projeto paisagístico de Benedito Abbud, renomado profissional, com símbolos da flora brasileira como o pau-brasil, ipê amarelo e outras espécies do cerrado. Podemos observar também que o paisagismo, por meio das cores das plantas, colabora com o sistema radial de dissipação do público, facilitando junto à arquitetura em si, para uma melhor distribuição das pessoas na saída dos jogos e orientação pelo estacionamento.

O piso das calçadas é totalmente drenante, baseado em uma experiência do paisagista para uma calçada acessível e sustentável, e é trabalhado também junto às leis vigentes de acessibilidade.

Ao falar em acessibilidade, devo salientar que a proposta do escritório permite vagas para cadeirantes e obesos em vários pontos diferentes do estádio, possibilitando uma gama de visibilidade diferente e sem segregar o público. No entanto, o estádio disponibiliza somente uma vaga para acompanhante, o que, muitas vezes, é de reclamação deste público, por limitar a atração para uma dupla.

A circulação interna é baseada em oito rampas, o que facilidade bastante na mobilidade de pessoas com dificuldades e o acesso mais facilitado é em nível direcionando à parte superior do anel inferior como vemos no corte abaixo. Inclusive essas facilidades de locomoção ajudam bastante a ampliar o público e garantir o direito da população também para as visitas guiadas que o estádio poderá fazer depois da Copa.

Já nos detalhes abaixo, a ênfase está no bloqueio em vidro de alta resistência para que não hajam acidentes de queda, mas que permitam total visibilidade sem obstrução alguma. O desenho da arquibancada também garante que a visibilidade de um cadeirante não seja interrompida por alguém que fique em pé logo abaixo.

De qualquer forma, em Copa do Mundo o público geralmente assiste aos jogos sentados, prática comum fora do Brasil. Como será aqui no Brasil? Mantendo o respeito às cadeiras e a quem não consegue ver em pé ou mantendo a tradição?

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

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Nalbandián, Bendtner e o espírito esportivo

Na última semana, duas notícias jusdesportivas estamparam os noticiários. A primeira, veio do tênis, um esporte sem contato físico e a outra do segundo principal campeonato de seleções do mundo, a Eurocopa, que está sendo disputada na Polônia e na Ucrânia.

Na final do torneio de Queen’s, o tenista argentino David Nalbandián, em um ataque de fúria, chutou as placas de publicidade que atingiram um árbitro auxiliar, ferindo-o. Imediatamente, o árbitro principal desclassificou o tenista que além de perder a partida, perdeu os pontos e prêmios do torneio.

Tal punição está em consonância com as regras do tênis que conferem autonomia ao árbitro para punir severamente o atleta em casos de atitudes antidesportivas. Um ato deste cometido no futebol teria a pena imediata máxima de cartão vermelho e as demais punições seriam ou não aplicadas pelo Tribunal de Justiça Desportiva.

Na Eurocopa, o dinamarquês Nicklas Bendtner foi multado em cem mil euros por fazer propaganda irregular na partida contra Portugal.

Segundo as regras da Uefa, os jogadores só podem fazer propagandas das empresas que forneceram o material esportivo durante uma partida. Ainda assim, apenas nas regiões desses utensílios de jogo, como chuteiras e luvas.

Ao comemorar o gol, o atleta levantou a camisa e deixou aparecer parte de uma cueca verde estampada com a inscrição de uma casa de apostas irlandesa.

Tal prática o ato constitui marketing de emboscada, ou seja, é uma estratégia que consiste em tirar proveito publicitário invadindo um evento ou espaço de um veículo de comunicação sem amparo contratual com os detentores do direito.

Trata-se de prática antiga, utilizada pelos jogadores da seleção brasileira de futebol na Copa de 1994 com o clássico sinal de “número 1” durante as comemorações de gols (em referência a uma marca de cerveja), pegando carona no evento cujos direitos foram comprados por valores elevadíssimos pelos concorrentes.

Dessa forma, a fim de proteger seus pratrocinadores, os organizadores dos grandes eventos têm aplicado penas severas a fim de coibir a prática do marketing de emboscada.

Neste caso específico do dinamarquês, o que mais chamou a atenção foi o fato da sua punição ter sido superior àquelas aplicadas em casos de racismo; eis que a multa aplicada a Bendtner equivale a quatro vezes o valor com que a própria Uefa puniu recentemente o Porto por ofensas racistas dos seus torcedores ao italiano Mario Balotelli em jogo contra o Manchester City.

Na Euro, apesar de já ter detectado alguns casos de racismo, a Uefa ainda não puniu nenhuma federação. A entidade analisa o caso da torcida da Croácia, que imitou sons de macacos na partida contra a Itália.

Destarte, percebe-se que no tênis imperou o espírito desportivo, o atleta respeitou a punição e ainda desculpou-se publicamente, enquanto, no futebol, os fatos indicam uma preocupação mais econômica do que desportivo-humanitária.

Apesar de toda a importância e relevância econômica dos eventos e de seus patrocinadores, nunca se deve perder de vista o caráter social do desporto que deve ser utilizado para unir as pessoas em torno do ideal olímpico representado pela velha máxima “O importante não é vencer, é participar”, defendida em 1908 pelo bispo da Pensilvânia, durante um sermão aos atletas que disputariam as Olimpíadas de Londres – expressão posteriormente atribuída de forma equivocada ao Barão de Coubertain ao ressaltar que “O importante é competir”.

Por fim, destaque-se que tamanha a relevância dos fins sociais do desporto que a Constituição Brasileira, em seu parágrafo 3º, artigo 217, estabelece que “O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.”

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Outdoor do futebol

Definição de outdoor: “É a designação de um meio publicitário exterior, sobretudo em placas modulares, disposto em locais de grande visibilidade, como à beira de rodovias ou nas empenas de edifícios nas cidades” (retirado do Wikipedia).

Definição de patrocínio esportivo: “É uma relação de troca entre patrocinador e patrocinado, em que o primeiro realiza um investimento (bens, serviços ou dinheiro) na organização ou celebração de um evento ou indivíduo, e recebe em troca espaços e facilidades para difundir mensagens a um público mais ou menos determinado com a intenção de fazer promoção, criar goodwill, boa imagem ou vendas. É o investimento que uma entidade pública ou privada faz em um evento, atleta ou grupo de atletas com a finalidade precípua de atingir públicos e mercados específicos, recebendo, em contrapartida, uma série de vantagens encabeçadas por incremento de vendas, promoção, melhor imagem e simpatia do público”. (Cardia, 2004).

Características do Outdoor:
Transmite uma comunicação comercial, tendo como pouca (ou nenhuma) emoção atrelada. Tem a vantagem de ser barato, no caso de cartazes simples; ter grande repetição da exposição; ter pouca concorrência e o anúncio pode ser veiculado próximo ao ponto de venda, permitindo também selecionar a audiência apenas pela localização geográfica. As desvantagens são que a mensagem é, por vezes, vista por um curto espaço de tempo; que pode haver outras coisas próximas que podem distrair a atenção, fazendo com que as pessoas não vejam o outdoor e tem uma imagem negativa entre grupos contra a poluição visual nas cidades (trechos adaptados de Churchill & Peter).

Características do Patrocínio Esportivo: Tem como principal mais valia a transmissão de valores inerentes ao esporte, cabendo exploração de atributos como a emoção, a disputa, a competição, a paixão, a raça, a vitória, o status e tantas outras, dependendo muito, como dito, do esporte, das características do patrocínio, da cultura do clube (no caso do futebol) etc. Tende a ir além de um simples aporte financeiro, passando a ser tratado como uma parceria em que o patrocinador se apropria e explora comercialmente a propriedade patrocinada.

Conclusão:
pelo que estamos vendo, os “abadás” que se tornaram as camisas dos clubes de futebol no Brasil se encaixam mais na definição de patrocínio esportivo ou de outdoor?

No meu entendimento, a lógica deste tipo de patrocínio guarda muita relação com o outdoor. O patrocínio não é só exposição de marca.

Aos olhos dos torcedores (só para exemplificar, vamos utilizar o Corinthians, com seus pouco mais de 20 milhões de fãs da marca), as empresas simplesmente estão manchando o manto sagrado, ou seja, estão dizendo para os fiéis torcedores o seguinte: “nós desprezamos a sua marca”.

Pesquisas mostram que um torcedor não consegue lembrar-se de mais de duas marcas associadas ao seu clube de coração.

Sabemos que isto que está ocorrendo é, na verdade, uma necessidade (e um alento) para alguns clubes, que precisam repor o caixa, vendendo patrocínios pontuais para “estancar uma sangria que vem de tempos”.

No fim das contas, é fruto e o preço que estamos pagando pela falta de planejamento, por tratar os milhões de torcedores como pessoas que estão fazendo um favor para o clube, não os vendo como consumidores de fato.

Que empresa não gostaria de ter 20 milhões de consumidores fiéis, que brigam, argumentam, vestem a camisa e defendem, com unhas e dentes, suas marcas?

É também o sinal de amadorismo de algumas empresas, que aportam no esporte sem o conhecer de fato, sem entender todo o seu potencial e a importância em fazer patrocínios de longo prazo – basta ver o caso atual da Unimed: acredito que todos que acompanham um pouco de futebol no Brasil, quando querem se lembrar da camisa do Fluminense, hão de ver naturalmente a marca do Plano de Saúde lá, se comunicando em harmonia com a camisa (logomarca verde da empresa e as cores verde, grená e branco do clube). E lá se vão 10 anos de parceria…

Enfim, o registro deste fato, que vem sendo fortemente debatido em eventos ligados ao Marketing Esportivo, é apenas a lamentação por ter que ver um espetáculo visualmente desagradável e com resultados duvidosos em termos de comunicação empresarial associado ao esporte.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br
 

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A mulher faz o homem

Num agradável almoço recente, com amigos que herdei e conservo, oriundos da minha modestíssima história como jogador de futsal e futebol, conversamos bastante sobre as razões de sucesso e fracasso na carreira profissional nesse esporte.

Não só profissional, mas também pessoal.

Naturalmente, alguns exemplos vívidos de jogadores cujo presente de declínio técnico e decadência moral, como Ronaldinho Gaúcho e Adriano, suplantam o passado brilhante, vieram à tona.

Ambos os amigos desfrutaram – porque construíram – de carreiras vitoriosas no Brasil e na Europa.

E falávamos a respeito da importância de treinadores que, em nossa época de criança, eram verdadeiros educadores. Alguns com estilo rigoroso, sim, mas verdadeiros formadores do jogador e do homem.

Porém, o principal fator crítico de êxito na carreira e na vida do jogador, apontado por eles, era sobre a mulher escolhida para esposar.

Baseados na observação das histórias de vida de outros colegas, ao longo dos anos, perceberam que, aqueles que se casavam com as mulheres oriundas do mesmo ambiente social em que viviam, estariam condenados à estagnação na carreira como jogador e, consequentemente, quando parassem de jogar.

Afirmaram que a perda de patrimônio, de prestígio, de entrega a festas, badalações, bebida e vida descompromissada se dava em boa parte por esse motivo.

Notei que as entrelinhas do que haviam comentado não era algo negativo sobre as mulheres em si.

Era, sim, uma referência à necessidade que as pessoas tem de buscar crescimento mediante o embate com o diferente.

Algo na linha de dialética de Hegel, com tese, antítese e síntese.

Enfim, ter como esposa alguém de origem socioeconômica e cultural distintas – não necessariamente “melhores” – para somar em diversos aspectos na vida do jogador.

Para que isso significasse a ruptura com um ciclo de vida engessado.

Entende-se a pertinência dessa história, porque muitos dos craques que entram em decadência declaram amar seu lugar de origem, ainda que seja uma relação superficial e esse lugar seja dissociado do seu estilo de vida novo.

Como Adriano e a Vila Cruzeiro. Adriano não leva a vida da Vila Cruzeiro. Leva uma vida de Leblon e Barra da Tijuca.

Nada acontece por acaso.

Somos produto do meio, mas podemos influenciar boa parte do que acontece em nossa vida.

Escolher a mulher que estará ao nosso lado é uma delas.

E ela também vai influenciar nossa vida.

De forma bem positiva, esperamos.

Embora com pitadas intensas de paixão e loucura, que isso impulsione nossa evolução como homens.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

Leia mais:
Camile Pasqualotto Lewczynski, pós-graduada em Psicologia do Esporte e esposa de Roger Machado, auxiliar técnico do Grêmio e ex-jogador de futebol

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O que ensinar/treinar da base ao profissional?

Até pouco tempo atrás, responder à pergunta que dá título à coluna era relativamente fácil (será?). As respostas em sua maioria se baseavam nas teorias cartesianas que dividiam o jogo em partes, nas quais se precisava ensinar/treinar os fundamentos, ensinar/treinar as capacidades físicas determinadas pelas fases sensíveis, ensinar/treinar os esquemas táticos X, Y e Z, dar o apoio psicológico necessário ao atleta e assim por diante. Neste pensamento, as partes se uniriam no final e o atleta completo era formado.

Não podemos negar que por muito tempo foi assim que o processo caminhou e formou muitos craques no nosso futebol (certo ou errado?).

Sabemos também que nossa cultura futebolística, das bolas de meia, dos “golzinhos” no intervalo da escola, das brincadeiras de rua, das peladas no campinho de terra, das altinhas na praia, são tão responsáveis quanto nossas categorias de base pela formação de nossos craques.

Claro que de alguns anos para cá essa cultura futebolística auto organizada e auto ditada, perdeu muito espaço e o papel das categorias de base aumentou bastante, isso é fato.

Aí surge a dúvida:

O que fazer? O que treinar? Que conteúdos são importantes ao longo do processo?

Temos um conteúdo muito interessante na própria Universidade do Futebol que pode nos dar base à discussão.

Pensei, repensei e não queria aqui trazer conteúdos que podem ser trabalhando nessa ou naquela categoria ou faixa etária, mas sim fazer algumas reflexões sobre o tema.

Essas reflexões estão sendo feitas em muitas equipes que observam a necessidade de elaborar um processo próprio que respeite a cultura do clube, onde o atleta vem sendo preparado ao longo dos anos para atuar na equipe principal.

Esse fato pode ser observado no Barcelona.

Não devemos copiar o que eles fazem, mas tê-los como exemplo e elaborar nossa própria forma de desenvolvimento dos atletas respeitando nossa forma de jogar e nossa cultura de jogo.

Como fazer isso?

Como formar atletas com a cara do nosso futebol sem deixar de lado a nova realidade do futebol mundial?

Perguntas difíceis.

Vamos tentar olhar para cada uma das categorias e responder “sub-perguntas” a fim de poder ter subsídio para responder à grande questão da formação de atletas apresentada acima.

Se preparem, pois são muitas perguntas. Não se preocupem em responder todas, mas sim em fazer uma reflexão sobre o que pode ser feito em cada uma das categorias.

Comecemos pelo sub-11 (categoria inicial no processo de formação de muitos clubes). Nessa categoria, o que os atletas mais gostam de fazer? Dentro das competências gerais do jogo (relação com a bola, comunicação na ação e estruturação do espaço), o que pode ser mais estimulado? Devo coibir a resolução de problemas individuais dos atletas, punindo o drible e a brincadeira perante o jogo?

Uso atividades técnicas? Ou jogos técnicos? Ou brincadeiras técnicas?

No sub-13, que competências gerais posso trabalhar? Eles já entendem a relação com os companheiros e adversários? Onde a “brincadeira” se encaixa? Eles entendem os momentos do jogo? Eles sabem que comportamento adotar em cada um deles? Como deve ser desenvolvida a relação individual versus coletivo? O esquema tático pode ser desenvolvido nesse momento? Os jogadores terão suas posições definidas nesse momento? Utilizo jogos técnicos, conceituais e específicos?

No sub-15, começo a desenvolver o Modelo de Jogo? Eles entendem as inter-relações e interdependências que se estabelecem entre seus companheiros de equipe? Que princípios operacionais e estruturais devo desenvolver? Que esquemas táticos? Devo estimular os atletas a vivenciar diferentes posições? Devo utilizar mais atividades conceituais ou específicas? Como as competições devem ser vistas?

No sub-17, os atletas são profissionais já? Aqui o processo muda? Nesse momento se inicia o momento de alto desempenho dos atletas? Como os resultados mudam o comportamento dos atletas? Que conteúdos devo desenvolver? Como o modelo deve ser trabalhado? Como os conteúdos anteriores podem ser aproveitados? Que princípios devo desenvolver? Aqui devo fazer trabalhos complementares? E os trabalhos de força e velocidade? E o assédio de empresários? E a mídia? Esses atletas estão preparados para “completar” um treino da equipe profissional?

No sub-20, devo seguir a forma de jogar da equipe principal? O processo de formação acaba nessa categoria? Como o Modelo de Jogo deve ser pensado: para ganhar ou ainda dentro do processo de formação? E os trabalhos de força e velocidade? Os atletas estão preparados para jogar pela equipe principal? Eles estão preparados para a pressão? Como formei meu atleta até agora?

São muitas as perguntas…

Vocês têm as respostas?

Só não deixe o prazer de jogar desaparecer desses garotos.

Até a próxima!

Para interagir com o colunista: bruno@universidadedofutebol.com.br
 

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Você conhece as partes do futebol?

Caros leitores,

Quando defino o cronograma das minhas publicações, confesso que sinto dificuldade em distribuir os temas de modo que o conteúdo seja atrativo tanto para os leitores que estão mais adaptados à compreensão do futebol sob uma ótica complexa, como para aqueles em que a visão é fragmentada ou então somente integrada.

Sendo assim, peço que os leitores mais avançados contribuam com suas opiniões em colunas que julgarem simplificadas para que numa troca de e-mail possamos alavancar a discussão, e que os leitores menos habituados em relação aos temas me enviem feedbacks sobre a compreensão (ou não) do assunto.

Sugiro, também, que estes leitores dediquem (e ganhem) parte do seu tempo com os inúmeros materiais disponíveis na Universidade do Futebol, em formato de cursos, colunas, entrevistas e aulas gratuitas, para seu aperfeiçoamento profissional.


 

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Sobre os feedbacks que tenho recebido dos leitores, muitos têm mencionado a importância de exemplificar os temas explorados e, se possível, simplificar a sua explicação. Concordo com estas opiniões, pois, mais do que elitizar o conhecimento e deixá-lo acessível somente a um pequeno público precisamos, para o bem do futebol, disponibilizar facilitadamente todas as informações que tivermos para, quem sabe, observarmos as urgentes transformações práticas necessárias. Portanto, instigá-los com os conhecimentos que adquiro é, ao menos, um dos meus objetivos.

Um tema que, indispensavelmente, necessita compreensão para pensar o futebol complexamente é o conceito de fractal. Seu entendimento faz com que a concepção do treino, que reflete diretamente no jogo, somente faça sentido se for operacionalizada sistemicamente.

Explicar (e exemplificar) este conceito será o tema desta coluna.

Tradicionalmente, o treino de futebol é divido em quatro partes que treinadas isoladamente melhoram o todo, ou seja, o jogar da equipe.

Sabidamente, para treinar o físico, existem os treinos de força, velocidade e resistência. Para aprimorar o técnico, são realizadas a exaustão os lançamentos, passes, chutes e cabeceios em treinos de finalização, aquecimentos com fundamentos ou quaisquer outras atividades exclusivamente técnicas. Para treinar o tático, comumente, retiram-se os adversários (em alguns casos já vi até tirarem a bola) para combinar os movimentos e as jogadas a serem realizadas no jogo. Já o treino psicológico é de responsabilidade da psicóloga.

Na visão integrada, algumas partes são treinadas conjuntamente, estabelecendo-se, então, treinos físico-técnicos, técnico-táticos, ou até, físico-tático-técnicos, porém, sem uma interação global.

E a falta da interação global (sistêmica) é o grande problema de todos estes treinos! Por terem origem fragmentada ou, no máximo, integrada, suas execuções não são fractais do jogar da equipe.

Por definição, um fractal é um objeto geométrico que pode ser dividido em partes, cada uma das quais semelhante ao objeto original. Traduzindo para o futebol, um treino fractal é aquele que é parte do objeto original, ou seja, do jogo de futebol, mais especificamente, do jogo de sua equipe.

É esta ideia que permite a afirmação de Rodrigo Leitão de que o jogo de futebol é técnico-tático-físico-mental ao mesmo tempo, o tempo todo, para todos os jogadores.

Posto isso, quando optamos por separar o treino de futebol em partes (procedimento inevitável, caso contrário faríamos somente coletivos), este treino (ou esta parte) deve conter todos os elementos que constituem o jogo.

Dessa forma, as partes treináveis do futebol deixam de ser as partes física, técnica, tática ou psicológica isoladamente e passam a ser as partes fractais (que contém o físico-tático-técnico-psicológico), que representam o todo, sejam elas individuais, grupais, setoriais, intersetoriais ou coletivas.

Se o conceito sobre os fractais realmente for aprendido, os treinos analíticos (de qualquer uma das vertentes) nunca mais farão sentido. Sob esta mesma ótica, aproveito para questionar alguns exercícios da Periodização Tática que, apesar do conteúdo teórico ter como pré-requisito a organização fractal, por não serem jogo (apesar de ter relação com o Modelo de Jogo), classifico-os como fragmentos e não fractais do todo.

Concluindo: ter que decidir para resolver problemas circunstanciais é a tônica do jogo de futebol. Nos treinamentos, quanto mais os atletas estiverem expostos aos problemas que poderão surgir nos jogos e mais assertiva for a intervenção do treinador para auxiliar os jogadores a solucioná-los, maiores serão as possibilidades de sucesso na competição. Está em suas mãos: decida pelas partes desconectadas do todo ou por aquelas que representam o jogo. Espero que um dia deixem de fragmentar nosso futebol!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br
 

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A violência nos estádios de futebol

Nas últimas semanas, estive envolvido na conclusão da minha dissertação de mestrado que trata das causas e soluções para a violência nos estádios de futebol da América do Sul.

O trabalho desenvolveu a memória de algumas correntes existentes sobre a violência no futebol, a intenção de obter uma interpretação a partir das mais diversas teorias, como as de Eric Dunning, Norbert Elías, Heloisa Helena Bady dos Reis e outros para tentar esclarecer esse fenômeno esse fenômeno tão complexo que é a violência nos espetáculos esportivos, focando-se nos países da América do Sul filiados à Conmebol.

Os países sulamericanos filiados à entidade foram divididos em três grupos. O primeiro denominado América Andina é composto por Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. O segundo, a América Platina, é composta por Argentina, Paraguai e Uruguai.

Finalmente, por suas peculiaridades e importância futebolística, política e econômica, o Brasil é apresentado separadamente. Cada país é descrito geopolítica e futebolisticamente analisando-se a legislação antiviolência.

No capítulo seguinte, faz-se um histórico dos principais casos de violência na América do Sul para, no tópico seguinte, apontar as suas causas.

Dentre as causas da violência, busca-se a doutrina internacional para enumerar as que melhor se aplicam à América do Sul, com destaque para a falta de respeito para com os direitos dos torcedores, a precariedade da infraestrutura dos estádios de futebol, a situação sócio-econômica da população do país, a impunidade e a falta de atuação governamental.

Após, apontam-se medidas adotadas na legislação alienígena, especialmente na Inglaterra, Portugal, Espanha, Estados Unidos, dentre outros.

Por fim, na conclusão, apontam-se as causas investigadas com as respectivas soluções legislativas e/ou governamentais. Ante todo o estudado, pesquisado e avaliado, constata-se que é possível combater a violência nos estádios de futebol com medidas eficientes. Desenvolveremos algumas conclusões em colunas futuras.

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br
 

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Cidade-sede: Manaus

Um dos estádios que mais preocupam a população brasileira quanto ao seu uso no pós-Copa é um dos que mais tem qualidade arquitetônica e grande preocupação ambiental.

Visando ao selo LEED (Leadership in Energy and Environment Design), o estádio busca muitas formas de redução do uso de energia elétrica e transporte de materiais a locais próximos para conseguir pontos para receber a certificação.

Algumas das atitudes sustentáveis são as formas pré-moldadas metálicas para a elaboração da arquibancada, evitando o uso e desperdício de madeira, a reutilização de entulhos da implosão em aterros de regiões próximas e em parte triturada e usada no concreto do novo estádio.

Além disso, na parte superior da fachada, próximo ao topo da arquibancada superior, haverá uma série de “brises” (aletas direcionadas) fixos que minimizam o uso de ar condicionado e facilitam a ventilação através do fluxo do ar, diminuindo a sensação do clima úmido e quente de Manaus.

Os pisos no entorno serão drenantes, evitando poças e direcionamento direto à rede pública. Sob esse piso drenante, terá uma camada impermeabilizada que recolherá a água de chuva para um reservatório de reuso.

Sua plasticidade é digna de cartão postal e tem ainda a simbologia cultural da cesta de palha indígena produzida na região e também à fauna (cobras e lagartos e suas escamas). Sem dúvida será ponto de visitação para os turistas nacionais ou internacionais com um potencial de visita guiada bastante interessante.

Seu paisagismo é de responsabilidade do talentoso Marcelo Faisal e deve contar com espécies típicas da região como vitórias-régias.

O piso, na esplanada de acesso ao estádio, segue as linhas da cobertura, criando um desenho integrado e com um direcionamento de público de forma radial.

 

Sua cobertura em PTFE, material excelente, proporcionará diferentes graus de translucidez na cobertura, permitindo igual insolação ao longo do gramado, mantendo sua qualidade.

O estádio possui dois anéis de arquibancada, com acesso em nível no topo do anel inferior, onde devem ficar os assentos para pessoas com dificuldades de locomoção – limitando a um dos lados do estádio, pois, no outro, o acesso à esplanada é dado por escadas.

Sua programação é um pouco preocupante. Ao lado do estádio já há um centro para shows, o que faz com que ambos compitam por eventos de portes diferentes. Pode ser bom para o país em geral, que recebe poucos shows internacionais por motivos de falta de espaços adequados, geralmente se resumindo a Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Desta forma, o Norte ganha um espaço a mais para atrair eventos de grande porte.

Além disso, falta um pouco de pró atividade – de todas as cidades, não só Manaus – em buscar eventos específicos que sejam necessários e desenvolvedores da região e em termos nacionais, do potencial turístico e científico. Poderiam ser criados eventos de sustentabilidade, de turismo ecológico, exposições temporárias e fixas sobre o assunto e eventos de negócios trazidos de fora e que possam revezar com o Brasil sua sede (como acontece com o “Rock in Rio”) ou criado para ter sede fixa no país.

O importante é criar um calendário fixo para uso durante todos os meses, todos os anos e também variável, complementando a renda e mantendo o uso e interesse constantes.

Para interagir com o autor: lilian@universidadedofutebol.com.br

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Conhecer para gerir

“O que não se conhece não se pode controlar. O que não se controla não se pode medir. O que não se mede não se pode gerir e o que não se gere não se pode melhorar”. A célebre frase de James Harrington serve como referência para uma série de argumentações sobre planejamento, visão de futuro e gestão do conhecimento, tanto na área acadêmica quanto na prática.

Administrar algo que não conhecemos é inócuo. Daí convivermos constantemente, no meio do futebol, com argumentações vazias, de pessoas que não sabem explicar o fenômeno ao qual convivem.

Por isso batemos tanto na tecla da profissionalização, que não é simplesmente colocar uma pessoa full-time em determinada função dentro de um clube, federação ou confederação. A ideia é bem mais ampla.

É por tal motivo que muitos dirigentes não sabem a qualificação e o perfil de comportamento de um treinador que melhor se adapte às características do clube. Ou de um atleta, que por vezes apresenta um perfil diferente daquele esperado pelos torcedores.

Trata-se do eterno tentativa-erro de quem não sabe decifrar o porquê dos acertos e tampouco dos erros para não serem repetidos. Portanto, quando falamos em novos rumos para o desenvolvimento do esporte no Brasil, tudo está intrinsecamente ligado ao conhecimento e ao entendimento daquilo que estamos administrando e trabalhando.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br