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Entrevista Tática: Almir Dias, meio-campista do Novorizontino-SP

Após o final de uma temporada, as novas contratações para a reformulação do elenco devem ser feitas considerando diversos fatores. Um deles, sem dúvida, é o histórico do atleta e a sua intencionalidade de jogar em alto nível. Para isso, uma observação prévia deste atleta em ambiente de jogo pode trazer muitas respostas à diretoria e comissão técnica quanto à certeza da contratação.

E essa foi uma das características que favoreceram a contratação de Almir Dias, meia de 30 anos, que será o atleta mais velho do jovem elenco do Novorizontino que disputará a série A3 do Campeonato Paulista em 2013. Confira a entrevista com o jogador:

1-Quais os clubes que você jogou a partir dos 12 anos de idade? Além do clube, indique quantos anos tinha quando atuou por ele.

Dos 11 aos 18 anos – São Paulo Futebol Clube;
Dos 19 aos 21 anos – Portuguesa de Desportos, equipe que subi para o profissional;
22 anos – Rio Preto-SP;
23 anos – Catanduvense-SP;
24 anos – Guaratinguetá–SP;
25 anos – Gratkorne-AUS;
26 anos – Toledo-PR;
26 e 27 anos – Guarani-SP
28 anos – Noroeste-SP;
29 anos – Cianorte-PR e Botafogo-PB
30 anos – Olímpia-SP e Grêmio Novorizontino-SP

2-Para você, o que é um atleta inteligente?

Primeiramente é amar o que faz. Gostar do seu corpo e cuidar dele porque ele é o combustível para ter uma ótima carreira. Se policiar em saber o que pode, o que não pode e ser verdadeiramente profissional, tanto dentro, como fora de campo.

Ter um cuidado especial com a alimentação para que tenha uma carreira longa e duradoura, além de respeitar seus comandantes e dar o respeito para ser respeitado dentro do grupo!

3-O quanto o futebol de rua, o futsal ou o futebol de areia contribuiu para a sua formação até chegar ao profissional?

O futsal me deu dinâmica e evolui a minha parte técnica. Acredito que ele estimula o jogador a pensar rápido. Já o futebol de rua, com certeza me deu a malandragem que só o jogador brasileiro tem.

4-Em sua opinião, o que é indispensável numa equipe para vencer seu adversário?

Primeiramente ter um espírito de vencedor. Após isso, ter um plano de jogo definido e determinado, com disciplina tática, para ser feito na certeza de que já deu certo.

Determinação, foco, coragem, concentração, humildade, respeito e atitude, juntamente com o improviso do atleta dentro de campo são fundamentais.

5-Quais são os treinamentos que um atleta de futebol deve fazer para que alcance um alto nível competitivo?

O futebol evoluiu muito. Temos que trabalhar muito em conjunto, unindo a qualidade técnica e junto com ela a parte física. Hoje, se tem condição de fazer a parte física sem deixar a técnica de lado e, para isso acontecer, é preciso de bola e mais bola. Fazendo isso, acredito que o jogador fica em ritmo de competição o mais rápido possível.

6-Para ser um dos melhores jogadores da sua posição, quais devem ser as características de jogo tanto com bola, como sem bola?

Eu sou um meia armador e tenho em minha mente que tenho a obrigação de fazer meu time jogar. Dando velocidade na bola, fazendo o time ser rápido quando tem que ser e sabendo cadenciar quando tem que cadenciar, ao ficar com a posse de bola.

No clube em que jogo, tenho de ser o “rei” em assistências, até porque sou um meia armador.

Acho importante também finalizar de média distância e também entrar na área porque hoje é necessário ao meia moderno. É preciso também colocar sua qualidade individual e o improviso que todo grande meia tem que ter.

Sem a bola, ajudar na marcação, não que você vai ser um exímio marcador até porque não sou defensor, mas tem que vir compor o espaço, procurar marcar já no campo de ataque ou, no mínimo, matar a jogada por lá.

7-Quais são seus pontos fortes táticos, técnicos, físicos e psicológicos? Explique e, se possível, tente estabelecer uma relação entre eles.

Tático: Tenho o privilégio de dentro de campo ter uma leitura rápida do adversário e da partida e, com isso, me adéquo à forma do adversário jogar e vou procurar explorar o ponto fraco dele e também em relação a posicionar meus companheiros, pois tenho essa leitura.

Técnicos
: Visão de jogo, enfiadas de bola, bola longa, bola parada e chute de media distância.

Psicológico
: Eu não perco a cabeça jogando. Sou muito frio e me mantenho focado e concentrado os 90 minutos.

Físico
: Muita força na perna e acredito que uma boa explosão curta. Suporto os 90 minutos estando com ritmo de jogo. Um jogador precisa de tudo isso e esse conjunto é importante para que ele dê o melhor de si numa partida e ao longo da competição.

8-Pense no melhor treinador que você já teve! Por que ele foi o melhor?

Tive vários treinadores e onde passei fui vencedor, conseguindo acessos, títulos e sempre chegando na reta final das competições. Vou citar quatro:

Amauri Knevitz: porque sabe montar um time e extrair o melhor de cada jogador.

Luciano Dias: por saber ser comandante, disciplinador e principalmente vencedor.

Leston Junior: porque me fez sentir à vontade dentro de campo e me fez ter de volta a alegria de jogar futebol e fazer o melhor que eu posso.

Élio Sizenando: Estou o conhecendo agora, mas é um treinador que gosta do verdadeiro futebol jogado e faz isso sem medo de ser feliz. Isso faz com que o nosso futebol brasileiro seja resgatado. É um treinador novo e em sua primeira competição conquistou o acesso.

Tenho certeza que serei feliz porque a minha qualidade e forma de jogar se encaixam com a filosofia de trabalho dele e na forma que enxerga o futebol.

9-Você se lembra se algum treinador já lhe pediu para desempenhar alguma função que você nunca havia feito? Explique e comente as dificuldades.

Sim. Amauri Knevitz, no Noroeste-SP. Ele me colocou para jogar de terceiro volante e foi muito bom porque aprendi muito e pegava muito na bola porque a saída era sempre comigo e também chegava sempre de frente.

A dificuldade surgia porque tinha que jogar numa faixa de campo e chegar à frente e voltar rápido no meu setor. Com isso, como não era acostumado, sofri um pouco no começo tanto que saia em todos os segundos tempos porque não aguentava fisicamente. Depois que me acostumei, aí foi embora…

10-Qual a importância da preleção do treinador antes da partida?

Muito grande. Porque ali saímos da preleção sabendo o ponto forte, fraco, o que temos que fazer e explorar do adversário. Passa a confiança do trabalho da semana em prol do jogo. Nos motiva a en
trar em campo com olhos de águia, querendo a vitória a todo custo, mas bem organizado. Essas palavras vindas do comandante fortalecem o grupo porque ele é o líder e nos passa a confiança.

11-Quais são as diferenças de jogar em 4-4-2, 3-5-2, 4-3-3, ou quaisquer outros esquemas de jogo? Qual você prefere e por quê?

No 4-4-2 tradicional, saio muito aos lados do campo para marcar. No 3-5-2 com dois volantes, jogo só do meio para frente e com liberdade dos dois lados.

No 4-3-3, gosto muito porque tenho três opções de passe à minha frente e liberdade no meio para criar e chegar na área. Jogo boa parte centralizado, mas com liberdade, em momentos do jogo, de cair pelas pontas e estou sempre perto do gol.

12-Comente como joga, atualmente, sua equipe nas seguintes situações:

•Com a posse de bola;
•Assim que perde a posse de bola;
•Sem a posse de bola;
•Assim que recupera a posse de bola;
•Bolas paradas ofensivas e defensivas.

Com a posse: Jogamos com dinâmica, transição rápida, chegando ao campo de ataque e valorizando muito a posse com toques rápidos e sempre em direção ao gol.

Sem a posse de bola: Procurar marcar no campo de ataque e recuperar a bola o mais rápido possível. É um time bem compacto dentro de campo.
Assim que recuperar a bola: Fazer a bola chegar ao campo de ataque rápido e assim criar as jogadas e defini-las em gol.

Nas bolas paradas ofensivas, atacamos a bola entrando cada um no seu setor com muita força e nas defensivas marcamos por setor, agredindo a bola e não deixando o adversário nem encostar nela, com muita atenção no rebote, tanto para ganhar, quanto para puxar rápido o contra ataque.

13-O que você conversa dentro de campo com os demais jogadores, quando algo não está dando certo?

Procuro orientar a partir do que trabalhamos a semana e também da forma que li o jogo desde o apito do árbitro. Se algo está dando errado, tento motivá-los porque qualidade tem e naquele dia pode estar dando errado. Prefiro não criticar, pois posso afundar de vez o meu companheiro e eu preciso dele bem, concentrado e motivado para ter a certeza de que vai fazer a jogada certa.

Tenho que ser um líder e até por ter essa qualidade, os jogadores têm que ver em mim uma referência dentro de campo. Tenho que passar confiança.

14-Como você avalia seu desempenho após os jogos? Faz alguma reflexão para entender melhor os erros que cometeu? Espera a comissão técnica lhe dar um retorno?

Sou um jogador que me cobro muito. Às vezes, o time ganha e eu não faço uma partida que seja boa aos meus olhos, chego em casa e quem aguenta o meu mau humor são minha esposa e meus filhos. Logo eles já sabem que não estou legal. No mesmo dia, já penso o que fiz de certo e errado em cada lance e em cada jogada, tanto com a bola, quanto sem ela.

Na reapresentação do elenco, vejo a opinião da comissão e procuro extrair o máximo para não cometer mais os mesmos erros e ir crescendo jogo a jogo na competição.


15-Para você, quais são as principais diferenças entre o futebol brasileiro e o europeu? Por que existem estas diferenças?

Estamos atrás e os resultados dos últimos anos de nossa seleção mostram isso. A Europa evoluiu e nós paramos no tempo. Preocupamo-nos muito com força, tamanho, dinheiro e o futebol jogado de verdade, que enchia os olhos dos torcedores e que acontecia com a maior naturalidade, foi acabando.

16-Se você tivesse que dar um recado para qualquer integrante de uma comissão técnica, qual seria?

O meu recado é que eles devem cuidar de cada jogador com muito carinho, atenção, respeito e profissionalismo. Fazendo sempre o melhor e cobrando porque sabe da qualidade de cada jogador que tem em mãos e deve procurar extrair o “máximo do máximo” de cada um. Somente com jogadores e comissão juntos é que podemos ser vencedores e ficarmos gravados na história de um clube!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br

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O Mundial de Clubes deve evoluir

É da natureza do esporte a busca pela hegemonia. O melhor da rua, deseja se tornar o melhor do bairro, que por sua vez quer ser o melhor da cidade, após do Estado, do país, do continente e do mundo. No futebol não poderia ser diferente e por essa razão ano após ano a Libertadores e o Mundial de Clubes são a maior obsessão dos clubes brasileiros.

Na ausência de um campeonato de clubes verdadeiramente global, até 2004, era a realizada a Copa Intercontinental entre o melhor clube da América do Sul e o melhor da Europa e o vencedor se proclamava "campeão do mundo".

Em 2000, pela primeira vez a Fifa organizou um campeonato de clubes reunindo representante de todas as suas confederações. Infelizmente, por questões financeiras, a competição somente voltou a ser disputada em 2005.

O formato adotado na pela primeira competição é mais atrativo que o atual. Em 2000, além dos seis representantes continentais, participaram um representante dos donos da casa e o vencedor da última Copa Intercontinental. As equipes foram dividas em dois grupos de quatro, passando os dois primeiros à fase semifinal. Assim, o campeão disputou cinco partidas.

No formato atual, a competição conta com sete participantes, um de cada confederação e um do anfitrião. Os representantes de Conmebol e Uefa já iniciam a competição na fase semifinal, de forma que o representante da Oceania ou dos donos da casa fazem uma partida equivalente às oitavas de final.

A justificativa para tal formato é o calendário europeu e sul-americano que inviabilizaria às equipes destes continentes uma disputa com mais datas.

Não obstante isso, o Mundial de Clubes deve evoluir a fim de aumentar sua atratividade e seu valor no mercado publicitário. Uma ideia seria adotar um regulamento semelhante à primeira competição, permitindo a defesa do título ao atual campeão.

Uma alternativa interessante seria realizar uma competição com doze equipes, um representante de cada confederação (seis), um anfitrião, o atual campeão, os campeões das Supercopas da América do Sul e da Europa e mais dois entre as quatro confederações restantes, de acordo com o ranking da Fifa.

As doze equipes seriam divididas em quatro grupos de três, com os campeões de cada classificando-se às semifinais.

Tal formato traria participação de mais países, com a possibilidade grandes clássicos Brasil-Argentina, Itália-Espanha, Alemanha-Inglaterra, entre outros. Um verdadeiro deleite aos torcedores, aos consumidores e aos anunciantes.

Urge destacar que um maior rodízio de sedes, inclusive com a realização da competição nos grandes centros do futebol mundial, auxiliaria no engrandecimento da competição.

Dessa forma, deve a Fifa avaliar implementar uma evolução no formato da competição e na escolha de sedes a fim de valorizá-la esportiva e comercialmente.
 

Para interagir com o autor: gustavo@universidadedofutebol.com.br

 

 

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O atleta e a conquista da excelência pessoal – 4ª parte, visões e imagens positivas

Nesta semana irei comentar sobre o quarto elemento na busca de excelência profissional, as visões e imagens positivas. Relembrando a construção da jornada em busca de excelência, nós já falamos sobre a concentração, o comprometimento e o preparo mental.

As grandes realizações, as novas descobertas e os feitos aparentemente impossíveis começam com uma simples visão positiva do objetivo. As visões positivas daquilo que você quer realizar e as visões menores dos passos que você vai dar para chegar lá impulsionam a busca pela excelência. Precisamos compreender que as visões, sejam elas grandes ou pequenas, muitas vezes vivem em nossas mentes antes de se tornarem realidade. Parte do desafio contínuo da busca pela excelência é sustentar as visões positivas e uma perspectiva positiva ao longo dos vários estágios de sua jornada.

Suas visões ou imagens positivas dependem daquilo em que você se concentra e elas surgirão a partir do momento em que você se concentrar no uso do poder das visões, dos pensamentos positivos e da criação de imagens mentais para:

•Criar visões positivas de onde quer chegar com sua atuação e reconhecer o que você tem potencial para se tornar;
•Acelerar o aprendizado e a integração das habilidades técnicas, táticas, mentais e físicas;
•Criar imagens positivas dos passos que você precisa dar para chegar aonde deseja;
•Criar visões, imagens ou pensamentos positivos que lhe deem inspiração para prosseguir na busca de suas metas e de seus sonhos;
•Aprender com os seus melhores desempenhos e com as melhores partes dos seus desempenhos;
•Identificar objetivos diários claros e específicos para a melhoria contínua;
•Agir e reagir de modo positivo e decisivo;
•Fortalecer sua confiança;
•Melhorar a execução de suas habilidades.

Um dos principais benefícios de se ter uma grande visão positiva e visões menores de passo a passo é manter a concentração nos aspectos positivos e nas possibilidades, em vez de focalizar nos aspectos negativos. Suas chances de alcançar objetivos de alto nível e de viver prazerosamente são muito maiores quando você de concentra em pensamentos, imagens, visões e lições positivas.

Os grandes campeões não começam suas vidas ou buscas como grandes realizadores. Eles trabalham duramente com objetivo de tornar um hábito ver as coisas de modo positivo e imaginar-se executando as habilidades técnicas do jeito que gostariam. Na verdade, a maioria deles tem a habilidade de criação de imagens altamente desenvolvida, pois a usam diariamente para criar uma concentração positiva para a excelência. Eles recuperam memórias positivas, relembram a concentração e os sentimentos de seus melhores momentos vividos e criam visões positivas do futuro; além de usarem esses pensamentos para se preparar mentalmente para a prática esportiva de qualidade, com um desempenho superior.

Para melhorar o desempenho eles relembram cuidadosamente as coisas positivas de suas atuações anteriores e avaliam o que pode ser melhorado para que possam fazer os ajustes necessários. Alguns também utilizam as imagens positivas para relaxar e ou retomar o controle de sua concentração quando distraídos.

Os pensamentos positivos, combinados com imagens positivas e sentimentos positivos, podem ajudar a criar um equilíbrio mental e a concentração desejada para uma performance de alto rendimento. É necessário deixar que as visões positivas guiem as ações e consequentemente sua realidade de modo positivo.

Seguem algumas reflexões sobre as visões e imagens positivas:

•Você tem uma visão concreta de onde gostaria de chegar com seu desempenho, sua profissão ou sua vida?
•Você consegue manter essa visão clara em sua mente? Recorre a ela regularmente?
•Você pode se imaginar agindo exatamente do jeito que gostaria, realizando as coisas que quer realizar?
•Você se imagina realizando pequenas coisas diariamente e que te levarão aos seus objetivos?

Com estas reflexões concluímos o quarto elemento da excelência: as visões e imagens positivas. Aguardem os demais elementos e vamos juntos compreender a importância deles na conquista de excelência. Até lá!
 

Para interagir com o autor: gustavo.davila@universidadedofutebol.com.br

 

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Nosso maior ativo

A última quarta-feira e o último domingo nos mostraram (e provaram) que o ativo mais importante de um clube de futebol permanece sendo seu torcedor e a identidade criada por ele com a agremiação.

Dos fatos marcantes, a final da Copa Sul-americana entre São Paulo e Tigre-ARG no Morumbi, que levou mais de 60 mil pessoas ao estádio, e a participação vitoriosa do Corinthians no Mundial de Clubes da Fifa.

A lição é perceber que eles existem e estão dispostos a consumir o clube. Independente do sucesso esportivo dos supracitados, o fato é que, ao entregar algum valor diferenciado para o torcedor, ele está apto a fazer de bom grado.

O faturamento superior a R$ 4 milhões na grande final pelo São Paulo, fruto da venda direta de ingressos somente pela internet, e o gasto médio de aproximadamente R$ 6.500,00 entre os 30.000 torcedores estimados que foram ao Japão ver o Corinthians atestam a noção de que o público em geral quer ampliar seu contato com os clubes.

Logicamente que não irá gastar todo este montante a cada final de semana. São situações esporádicas. Mas o fato a ser repensado está nos ativos e nas mais valias que podem ser encontradas em uma aproximação junto ao torcedor.

Precisamos muito mais do que aumentar o valor da cota de patrocínio. Há a necessidade de aumentar as entregas que fazemos para o torcedor até fazê-lo compreender que o bom do futebol é estar próximo do clube do coração nos 365 dias do ano.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Adeus 2012, alô 2013!

Saudações a todos!

Se pensarmos racionalmente, 31 de dezembro é apenas o final de um mês e início de outro, fato comum que acontece a cada 30 dias. No entanto, emocionalmente, a passagem de dezembro para janeiro representa muito mais do que uma simples virada de mês, é um período que nos habituamos a pensar em renovação, avaliar novas oportunidades, enfim, tempo de fazer uma boa reflexão sobre acertos e erros.

Por esta razão, o final de ano é tudo de bom. Bom para aqueles que não tiveram um ano como desejavam e podem renovar suas esperanças. Bom para aqueles que tiveram um ano de conquistas e podem comemorar.

Mas a pergunta de ouro nesta época do ano é: como faço para aproveitar este período e fazer de 2013 a minha virada?

Para auxiliar você a planejar a sonhada virada tenho algumas sugestões que parecem simples, mas que exigem reflexão e muita disciplina para serem executadas. São elas: ter vontade acima de tudo. Ter memória e paciência.

Estas sugestões foram inspiradas na filosofia de vida de uma figura conhecida por todos os brasileiros, o sr. Arthur Antunes Coimbra, mais conhecido como Zico. Em uma entrevista, ele citou duas frases que fizeram a virada na vida dele e que se encaixam muito bem neste período de renovação. Assim que ouvi as duas frases, pensei em repassá-las aos leitores, pois a filosofia de vida de alguém tão vitorioso quanto o "Galinho de Quintino", tem de ser aproveitada.

As duas frases são: "o medo de perder tira a vontade de ganhar" e "para vencer, duas qualidades são muito importantes: ter memória e paciência. A memória para não esquecer que é necessário ter paciência".

São duas frases fortes que, se minimamente avaliadas e servirem de orientação, farão de 2013 um ano novo de fato. Além do que o Zico falou, acrescento ainda que é necessário ter memória para não se esquecer de ter paciência, persistência, esforço, dedicação, etc.

Tenho certeza de que os pedidos de muito de vocês para que 2013 seja o ano de suas vidas já foram enviados ao Papai Noel, mas saibam que somente pensar nos pedidos, não é suficiente, é necessário fazer algo "a mais" para ganhar seus presentes.

Vamos voltar à época de criança e lembrar os pedidos que fazíamos ao Papai Noel: "quero ganhar um carrinho", "quero ganhar uma boneca", "quero ganhar um tênis" etc., e o Papai Noel automaticamente respondia: "você obedeceu a mamãe e o papai? estudou? passou de ano? Foi bom com os amiguinhos? Respeitou os mais velhos?".

Se as repostas fossem sim, o presente estava garantido.

Acredite: é exatamente igual ao que acontece na fase adulta. Para cada pedido é necessário um esforço para ser atendido. Para ajudar na reflexão darei alguns exemplos de "pedidos" e do "esforço" necessário para que eles virem realidade:

Pedido: Quero ser promovido.
Perguntas: Você dá o máximo de si no cargo atual? É o melhor da função entre os que almejam uma promoção? Tem estudado e se aperfeiçoado para atender os requisitos da nova função?

Pedido: Quero ser chefe.
Perguntas: Você conhece profundamente suas atividades atuais? Sabe lidar com pessoas? Sabe que o chefe, o verdadeiro líder, tem de trabalhar mais que todos? Está disposto a encarar tudo isso?

Pedido: Quero mudar de emprego.
Perguntas: Você avaliou se na sua própria empresa existem oportunidades de crescimento? Tem um currículo bem elaborado? Está estudando e se atualizando? Conhece outro idioma? Tem bons relacionamentos? Está de olho nas vagas oferecidas pelo mercado?

Pedido: Quero ser destaque da minha turma.
Perguntas: Você estuda mais do que todos? Abdica de ir a baladas nos finais de semana? Está preparado para estudar nos feriados?

Se a maioria das respostas foi sim, ótimo, seu 2013 promete! Agora, se a maioria das respostas foi não, não se iluda, Papai Noel terá poucas chances de passar pela sua vida em 2013.

Já ouviu uma expressão em inglês "Do your best", que em uma tradução livre significa "Faça o seu melhor"? Creio que lembrar e praticar este ensinamento é a chave para você merecer seus presentes em 2013, 2014, 2015…

É isto pessoal, se estiverem de fato em busca de uma virada, avaliem com carinho as sugestões acima, reflitam e, o mais importante, façam o seu melhor sempre. Um ótimo 2013 para todos nós!

Agora, intervalo, vamos aos vestiários e nos vemos no próximo ano.

Abraços a todos!

*Cezar Tegon é graduado em Estudos Sociais, Administração de Empresas e Direito. É presidente da Elancers e sócio diretor da Consultants Group by Tegon. Com experiência de 30 anos na área de RH, é pioneiro no Brasil em construção e implementação de soluções informatizadas para RH. Diretor de novos produtos da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Nacional)

Para interagir com o autor: ctegon@universidadedofutebol.com.br

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O 'titês' e a comunicação

O título conquistado pelo Corinthians no último domingo, no Japão, tem um personagem especial. Cássio foi eleito o melhor jogador da Copa do Mundo de clubes da Fifa, Guerrero anotou o gol que definiu a vitória e muitos outros atletas tiveram participações relevantes, mas ninguém foi mais determinante para toda a trajetória do que o técnico Tite. E a comunicação tem grande participação nisso.

Tite soube ler as virtudes táticas e técnicas de adversários e soube montar o time de acordo com esses atributos. Contudo, há um episódio que resume bem o grande mérito dele à frente do Corinthians: a mudança que o comandante efetuou no time titular.

Porque Douglas, o camisa 10, líder de assistências na temporadas, foi preterido no jogo que definiria o título mundial. Na semifinal do torneio da Fifa, o meia havia dado um passe para Guerrero anotar o gol da vitória. Ainda assim, perdeu o lugar no time.

Aí começa a história que explica com perfeição a personalidade de Tite. O técnico estava preocupado com Hazard, jogador mais agudo da linha de armadores do Chelsea, sobretudo porque o belga é driblador e incisivo. Ele bateria de frente com o lateral-direito Alessandro, capitão e um dos jogadores mais experientes do elenco corintiano.

A decisão de Tite foi dar proteção a Alessandro. O técnico queria evitar que Hazard ficasse diante de apenas um marcador (mano a mano, para usar a expressão mais comum no futebol para designar esse tipo de situação). Esse tipo de confronto é a situação favorita do belga. O Chelsea trabalha para propiciar a ele situações assim.

Depois de cogitar escalar Romarinho, Tite escolheu Jorge Henrique. O camisa 23 foi eleito exatamente pela dedicação tática. A ordem passada a ele foi dar sustentação a Alessandro. Ele não podia deixar que o lateral ficasse mano a mano com Hazard.

Esse raciocínio mostra que a decisão de Tite é totalmente compreensível. Ainda assim, o técnico tirou do time o camisa 10. Esse é o tipo de alteração que pode demolir a relação entre um chefe e um comandado.

Para tentar amenizar o problema, Tite usou comunicação. Decidiu que Douglas seria o primeiro a saber da decisão. Contou ao camisa 10 antes mesmo de dar a boa notícia a Jorge Henrique.

Tite relatou a conversa antes mesmo de o Corinthians encarar o Chelsea. Disse que Douglas reagiu. O camisa 10 admitiu que estava chateado. "E tem de ser assim, mesmo. Mas eu preciso saber se você vai estar pronto se eu precisar", respondeu o técnico.

É evidente que o resultado do Mundial deu sustentação à decisão de Tite. No entanto, o técnico não esperou a vitória. Antes de mostrar que estava certo, preocupou-se com os danos, mostrou o porquê de ter adotado um caminho e se esforçou para não comprometer o ânimo de nenhum dos comandados.

Nenhuma dessas atitudes foi planejada por alguém da diretoria. Tite tem uma habilidade inata para lidar com gente, e a base desse talento é a honestidade. Honestidade deveria ser requisito básico, mas o mundo atual transformou esse atributo em virtude.

Alguém que demonstra preocupação e que fala com honestidade pode até gerar animosidade. Contudo, não vai perder o respeito das pessoas que participam do ambiente.

Tite usou estratégias básicas de comunicação, ainda que tenha feito isso de forma natural. E graças à comunicação, uma alteração que tinha potencial para um trauma contundente pode ser contornada com mais facilidade.

Foi isso que faltou, em episódios da semana anterior, a Grêmio e São Paulo. Ambos realizaram jogos internacionais em seus estádios, e os dois casos geraram repercussão negativa.

O Grêmio fez um amistoso para inaugurar uma nova arena. O jogo foi contra o Hamburgo, rival dos gaúchos no Mundial de 1983. Porém, os alemães saíram de Porto Alegre com uma extensa lista de reclamações.

Os problemas relatados pelos alemães vão de buracos no gramado a falta de água para banho no vestiário. Essa é a versão deles, evidentemente, e a versão deles não é necessariamente a verdade. Mas a comunicação podia ter minimizado as reações.

Se tivesse agido como Tite, o Grêmio teria interpelado os alemães antes do jogo. Teria explicado que o estádio é novo, e que toda obra nova sempre carece de pequenos ajustes. Teria explicado caminhos para resolver pequenos incidentes.

Não sei se isso foi feito, mas a reação dos alemães faz pensar que não. A ordem dos fatos também leva a crer que não houve réplica do Grêmio, e isso é outro erro. Para a mídia e para os convidados, o time tricolor precisava ter mostrado que os problemas eram casos isolados e que não têm a ver com a qualidade do estádio.

Vale a lógica de lojas ou restaurantes: o cliente sempre tem razão. O clube adversário pode ter exagerado em algumas reclamações ou pode até ter inventado problemas, mas o Grêmio tinha de se posicionar. Só vi uma nota oficial sobre o gramado, mas não achei nada sobre as outras críticas.

A lógica de tratamento a clientes também vale para o São Paulo. Não estou comparando nenhum caso, até porque faltam informações concretas sobre o que aconteceu nos vestiários do Morumbi. Só faço um alerta: o risco que o time paulista corre é transformar um episódio em uma rusga do clube com o mercado argentino.

Basta ver a repercussão que o caso teve na mídia argentina. Muitos veículos de lá "compraram" a versão do Tigre – jogadores disseram que foram agredidos por seguranças do São Paulo durante o intervalo, e por isso se recusaram a voltar para o segundo tempo da decisão da Copa Bridgestone Sul-Americana. A parcialidade ficou clara, por exemplo, na transmissão do canal "Fox Sports" portenho, cujas imagens abasteceram a cobertura do homônimo brasileiro.

Repito: nos dois casos, não há discussões sobre responsáveis, erros ou versões contraditórias. A questão é sobre comunicação e posicionamento. O São Paulo tinha de ter feito ações direcionadas ao povo argentino – uma nota oficial e peças de publicidade, por exemplo – para mostrar que o clube não é o que os jogadores do Tigre tentam construir. A reação não podia ser simplesmente contestar a versão dos atletas.

Aí entra outro aspecto fundamental: já que tudo comunica, a comunicação não pode ser isolada. Grêmio e São Paulo precisavam ter feito ações emergenciais que unissem assessoria de imprensa, publicidade e até iniciativas de marketing.

Tite devia dar aulas de comunicação, e não apenas porque sabe interagir com jornalistas e porque dá entrevistas saborosíssimas. Devia ser professor porque entende a necessidade de estratégia e de comunicação. E isso vale para qualquer realidade.

Para interagir com o autor: guilherme.costa@universidadedofutebol.com.br

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Volta, Corinthians! Bi mundial!

Há exatos 22 anos, no Morumbi, Neto e companhia (bem) limitada venciam o Brasileirão pela primeira vez. Iniciando o processo de (inter)nacionalização inexorável do Corinthians. Há quase 13 anos, o Maracanã e o mundo eram do Todo-Poderoso Timão. Hoje, e para sempre, o primeiro sul-americano bicampeão mundial (da Fifa) é o clube que há 102 anos nasceu no Bom Retiro paulistano. É a nação que é Corinthians. Que foi ao Japão e voltou (bi)campeã. Povo que pode bater no peito alvinegro e gritar que ninguém mais pode cochichar nada contra o que se conquistou no campo em um século de paixão.

A Libertadores demorou – mas veio invicta, como desde 1978 não se via na América do Sul. Se há como discutir a presença (e não a conquista) alvinegra em 2000, não há como colocar em dúvida a competência e a capacidade do campeão mundial de 2012. Superando o campeão africano na semifinal e o europeu na final duas vezes com a cabeça de Guerrero. Com a alma de guerreiros.

Um gol aos 23 minutos e 39 segundos que clonou aquele que, há 35 anos, encerrou 22 de jejum. O do Pé de Anjo de Basílio. O da Cabeça de Louco de Paolo. A do pulmão e pés hábeis de Paulinho, autor do lance sensacional que deu no gol e no título, depois de oito segundos após o toque de letra. Camisa 8 como Basílio. Camisa alvinegra como os campeões do mundo do Brasil em 2002. Da camisa amarela como a de Cássio. O goleiro que defendeu aquela bola de Diego Souza na Libertadores. O monstro que defendeu cinco bolas (duas impressionantes) em Yokohama contra o time do melhor goleiro do mundo. Mas não do campeão mundial de 2012. Muralha que só errou um lance no gol bem anulado de Torres. Zaga que bobeou no fim e levou um chute na trave na última bola do jogo. Só para deixar mais corintiana a decisão. Só para dar mais sabor ao amor campeão.

Quem torce ama. Quem deixou o coração em Yokohama torceu mais do que ninguém no mundo que é corintiano. Volta, Corinthians, agora para seu berço e para seu povo. Vai, Corinthians. A terra do gol nascente é sua. Vem, Corinthians. Se você não foi o Brasil todo, todo o mundo cabe no Parque São Jorge.

Para interagir com o autor: maurobeting@universidadedofutebol.com.br

*Texto publicado originalmente no blog do Mauro Beting, no portal Lancenet.

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Canonização

O goleiro Marcos, grande ídolo do Palmeiras e campeão mundial em 2002 pela seleção brasileira, encerrou a carreira.

Parou o tempo para todos os que o admiravam, pelo que fazia dentro de campo, dentro da pequena área, mas também pelo que cativava aos que lhe rodeavam e conheciam fora dele.

Tempo congelado na figura rara, atualmente, de um jogador que se dedicou exclusivamente a um clube, tal qual um casamento à moda antiga, na alegria – foram tantas – e na tristeza – ao não aceitar o convite do Arsenal após ter sido campeão mundial e preferir a vida dura na Série B nacional.

Mas antes da outorga do status de santo, Marcos fora nominado beato, nos primórdios da carreira.

Teve grande escola com os goleiros Veloso e Sergio e, a partir disso, começou a operar seus milagres.

A beatificação, primeiro passo no processo de canonização para que alguém seja alçado ao status de santo, pressupõe algumas condições.

Uma Congregação para a Causa dos Santos é responsável por investigar sobre a vida, virtudes, martírio, fama de santidade ou milagres atribuídos a alguém.

Instaurado o processo, se ao nominado lhe são imputadas virtudes em grau heróico (fé, esperança, caridade, prudência, justiça, etc.), alcança o status de “Venerável”.

Ao se comprovar a prática de um milagre – cura inconteste frente à Ciência e à Medicina – a beatificação ocorre.

Quando se dá a verificação de um segundo milagre, o processo de canonização finda com a cerimônia, presidida pelo Papa, em que se dá o nome de Santo àquele que teve vida virtuosa e milagrosa.

Marcos, seguramente, passou por todo esse processo probatório de canonização, cuja veneração também se deu junto aos torcedores de clubes de todo o Brasil.

A festa realizada, na semana passada, foi digna de um grande ser humano – que vem antes do grande jogador de futebol – que, como se supõe dos Santos, serve de exemplo para muitos.

Tomando ao pé da letra o Código de Direito Canônico, nota-se a importância da figura do Santo na relação íntima com os fiéis quanto ao exemplo de vida e amparo às causas mundanas:

"Para fomentar a santificação do povo de Deus, a Igreja recomenda à veneração peculiar e filial dos fiéis a Bem-aventurada sempre Virgem Maria, Mãe de Deus, que Jesus Cristo constituiu Mãe de todos os homens, e promove o verdadeiro e autêntico culto dos outros Santos, com cujo exemplo os fiéis se edificam e de cuja intercessão se valem."

Não ouvi falar, ainda, de como, oficialmente, se referem a este Santo, mas arrisco: São Marcos do Parque Antártica, o Bem-Aventurado e Bem-Humorado, Padroeiro das Defesas Milagrosas.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

 

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Mini-entrevista: um pouco sobre categorias de base…

Final de ano. Muitos campeonatos estão "fervilhando" nas categorias de base pelo Brasil.

A "base" que tanto passou a ser falada depois que o FC Barcelona fez o que fez na final do mundial de clubes contra o brasileiro Santos.

Então, já que faz algum tempo, não trato de assuntos relacionados às categorias de formação, resolvi hoje trazer uma mini-entrevista com o treinador Leandro Zago, que trabalha com a categoria infantil no SC Corinthians, faz parte do Ciefut (vide grupos de estudo aqui na Universidade do Futebol) e é o gestor do www.futeboltatico.com.br.

Vamos lá:

1) Você começou como preparador físico de equipes sub-17, tornou-se treinador de uma equipe sub-13, e em seguida passou ao comando de uma categoria sub-15. Que peculiaridades destacaria, em termos de abordagem aos jogadores, intervenções e preocupações pedagógicas, que são típicas de uma categoria sub-15 em comparação as outras duas?

São bem diferentes as três categorias. Mudam as motivações para se jogar futebol e em alguns casos até as prioridades dos atletas, podendo inclusive colocar o que é essencial (jogar bem futebol o tempo todo) em segundo plano com o passar dos anos. O ambiente que os atletas do sub-13 vivenciam está bem distante daquele vivenciado pelos do sub-17, onde o caráter de negócio já está bem presente nesta relação clube-jogadores-comissão técnica. O sub-15 está no meio de tudo isso, com atletas amadores, porém já imersos nesse ambiente que envolve empresários, patrocinadores esportivos, etc.

Cabe ao treinador ter competência para convencer os atletas sobre questões fundamentais para o bom andamento do trabalho, como o comprometimento com o desenvolvimento individual e com o projeto coletivo da equipe e do clube (que levará o grupo de atletas a experienciar fases agudas dos campeonatos contribuindo com a construção de uma mentalidade vencedora). Em minha opinião, isso é fundamental, o restante é meio, cada treinador tem o seu caminho.

2) Em relação à dinâmica do jogo, como enxerga as possibilidades de desenvolvimento individual e coletivo dos jogadores sub-15?

Ainda limitada em algumas questões se compararmos com categorias maiores pelo momento do desenvolvimento biológico e cognitivo dos atletas.

E também acredito que nessa categoria há muito potencial a ser explorado dentro do processo de formação.

Portanto, entendendo essas duas idéias, parto da zona proximal de conhecimento "complexa" do atleta, ou seja, como ele expressa seu jogo do ponto de vista técnico-tático-físico-mental/cognitivo e procuro elevar até o último momento dele dentro do processo esse entendimento e expressão do seu jogo.

Do ponto de vista individual, o atleta deve aprender a ter vantagem nos confrontos de todos os tipos com igualdade e inferioridade numérica. E do ponto de vista coletivo, como construir essa vantagem o tempo todo integrado ao pensar coletivo que tem como referência a solução dos problemas do jogo.

3) Sob o ponto de vista das fases de desenvolvimento e crescimento humano, e sob o ponto de vista das fases sensíveis para melhora de certas capacidades e habilidades cognitivo-motoras, como você distribui os conteúdos de treino ao longo de uma semana de trabalho para a categoria sub-15 (fale sobre a frequência semanal, duração dos treinos, formato da sessão, etc.)?

Existe um modelo ideal e um modelo possível. Para me aproximar do modelo ideal, busco o melhor modelo possível. A adaptação ao ambiente é necessária.

Em período competitivo, com jogos aos sábados, a semana é, em grande parte das vezes, distribuída assim:

– segunda: jogos técnicos e/ou específicos;
– terça: jogos conceituais;
– quarta: 11 vs 11 (com regras condicionantes)
– quinta: jogos técnicos e/ou específicos
– sexta: jogos contextuais

Cada dia tem suas particularidades em relação ao espaço de jogo, à densidade (esforço / pausa), ao tempo de atividade, ao tipo de abordagem verbal, ao momento do ano, etc.

Um fator é comum à todos os dias: intensidade máxima numa perspectiva complexa sempre, o tempo todo, a cada ação. Assim, um componente que está permanentemente presente nas sessões de treinamento é a velocidade. Desde a expressão pura (na fase final de aquecimento, por exemplo) até nas tomadas de decisão e ação sob pressão de tempo e espaço (obviamente, a velocidade nesses casos está conectada com a qualidade, afinal estamos falando de inteligência humana).

4) Quais conteúdos você ensina e desenvolve na sua categoria, que são específicos dela?

Qualquer conteúdo que possa aumentar a autonomia do jogador. Ao propor um exercício, tenho uma expectativa sobre as possibilidades das respostas dos atletas e, em muitas oportunidades eles resolvem a situação problema dando uma resposta surpreendentemente criativa e eficaz. Essa é a ação que estimulo.
 

Tenho um modelo de jogo que atua como um norte para o processo, mas tem que haver uma flexibilidade para ajustes que vão se fazendo necessários com o tempo.

Os quatro momentos (organizações ofensiva e defensiva, transições ofensiva e defensiva) estão sempre presentes. Quero que os atletas vivenciem, em maior número de vezes e com a melhor qualidade possível, o jogo e, imersos nesse ambiente, deixem sua inteligência a serviço das soluções necessárias.

5) Apesar de saber bem a resposta da pergunta que vou fazer, acho importante que ela seja feita para despertar debates. Você aplica a Periodização Tática? Por quê?

Não, não aplico. Tive contato com a PT em 2006. Nesse mesmo período também estava iniciando de maneira mais específica meus estudos sobre as teorias da complexidade. Li muitos materiais sobre a PT. Hoje procuro por "soluções complexas" para os problemas que enfrento no dia-a-dia da equipe. Entendo a equipe como um sistema que evolui através do tempo em todas as suas variáveis e, a partir daí, preciso operacionalizar de uma maneira que atenda a todas as dimensões interferentes.

6) Você foi escolhido melhor treinador de uma importante competição sub-15 que acaba de acontecer em Belo Horizonte. Que tipo de características de jogo (ou de comportamento específico de jogo) sua equipe e seus jogadores apresentam hoje, que são evidentes e que chamam a atenção para ela, permitindo o reconhecimento do seu trabalho?

Basicamente, a velocidade de jogo, a capacidade de tomar boas decisões individuais e coletivas sob pressão de tempo e espaço.
A estruturação do espaço sem bola, da linha 1 a 5, a mobilidade com bola, a autonomia de jogo por parte dos atletas e algo que foi colocado no DNA da equipe: jamais abrir mão de tentar ter o controle da partida independente de ter ou não a bola e das circunstâncias da partida.

7) Como você vê o tra
balho dos treinadores e equipes sub-15 que enfrentou na competição em Belo Horizonte (equipes que são tradicionais no futebol brasileiro)?

Em geral muito bom. Digo isso em relação às equipes que enfrentei. Parece haver uma intenção por trás das propostas, uma organização para defender, atacar e realizar as transições. E isso não se constrói na preleção.

O talento não está sendo ceifado, mas estimulado. Muitos jogadores bons em situações de 1 vs 1 ofensivo aplicando suas habilidades com inteligência.

8) Qual o "peso" que você daria para as variáveis "qualidade dos jogadores" e "qualidade do processo formativo", para o sucesso desses jogadores e do êxito das suas equipes no decorrer dos anos de formação nas categorias de base?

Igualmente fundamentais. Um bom processo de formação aplicado em jogadores de baixa qualidade não levará à excelência. Um processo precário em jogadores com boa qualidade não trará resultados consistentes e nem explorará ao máximo o potencial humano ali existente.

Bons resultados de maneira eventual podem até acontecer. Para se atingir bons resultados de maneira crônica, faz necessário que esses dois pilares (jogadores – processo) caminhem lado a lado buscando um refinamento permanente. Estamos falando de alto rendimento, qualquer variável mal executada pode ser fatal (e provavelmente será) para o resultado final.

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Modelo de gestão das categorias de base

Poucos são os bons exemplos de gestão no futebol brasileiro. Como constatação, os inúmeros clubes em pré-temporada para os campeonatos estaduais que têm realizado pelo menos quinze contratações (em alguns casos contrata-se o elenco completo) para iniciarem os trabalhos, já ilustram o quanto somos ineficientes em princípios básicos da gestão empresarial.

Sendo assim, quando cases de sucesso surgem no mercado precisam ser estudados, compreendidos e divulgados a fim de que sirvam como referência para trabalhos que tenham objetivos semelhantes.

No Footecon 2012, Mário André Mazzuco, gerente de futebol do Coritiba Foot Ball Club, foi palestrante do tema "Modelo de gestão das categorias de base" e discorreu com propriedade sobre os elementos que compõem a gestão do futebol de formação do clube em que trabalha. Tais elementos serão discutidos na coluna desta semana.

Mazzuco iniciou a apresentação afirmando que um dos objetivos da gestão das categorias de base do clube é torná-la parte da macrogestão de todo o futebol do clube. Desta forma, o gerenciamento da base não ocorre de maneira dissociada do futebol profissional. Questão aparentemente simples, porém, a realidade nos clubes brasileiros aponta para um abismo significativo entre base e profissional, permitido por falhas gerenciais.

A missão e visão do clube, que assim como qualquer empresa devem ter as suas (e tal fato é ignorado por muitos de nossos gestores), são as seguintes:

Missão: Jogar um futebol competitivo, garantindo entretenimento e potencializando o orgulho e o amor de todo coxa-branca.

Visão: Ser um clube vencedor, reconhecido como força esportiva e referência de gestão. Neste cenário, é papel da gestão controlar o processo produtivo num ciclo que compreende as pessoas, as equipes, os problemas/soluções, os controles, os procedimentos e os resultados.

No tocante à equipe técnica, doze áreas multidisciplinares assessoram todos os atletas envolvidos no processo de formação. São elas: Psicologia, Assistência Social, Nutrição, Fisiologia, Musculação, Pedagogia, Captação e Seleção, Fisioterapia, Medicina, Observação Técnica, Scout e Escola-Coxa.

No projeto de formação, que se inicia no sub-11 e tem como um dos objetivos promover os jogadores formados à equipe principal, ou então, negociá-los, os conceitos que norteiam cada uma das seguintes categorias seguem abaixo:

Sub-11 e sub-13: Interação do atleta e início da formação geral;
Sub 15: Aprendizagem e preparação para carreira;
Sub-17: Correção e preparação profissional;
Sub-18 e sub-20: Aprimoramento, manutenção e adaptação ao profissional;
Profissional: Aprimoramento e alto rendimento.

Atualmente, a equipe paranaense conta com 57 funcionários e 170 atletas registrados. Destes, 75 são profissionalizados, 27 estão no departamento profissional e três atletas que foram formados na base são titulares na equipe principal.

Todos os jogadores são acompanhados no banco de dados do clube, que realiza uma avaliação de diferentes competências trimestralmente, onde cada atleta é avaliado e classificado num score que varia entre 1 e 5. Tal avaliação é denominada Radar Coritiba e é uma excelente ferramenta para acompanhar o desenvolvimento do jogador. Na palestra, Mazzuco afirmou que tal ferramenta foi embasada na avaliação do atleta realizada no Inter-RS e criada por Medina no início da década passada, na ocasião, coordenador do clube gaúcho.

Como parte da infraestrutura, o clube possui um CT com cinco campos de treinamento e tem como planejamento o desenvolvimento de um CT integrado para base e profissional. Sem dúvida, será mais um passo à frente da grande maioria dos clubes brasileiros.

Em um amplo processo de captação, os atletas chegam ao clube por meio de observações em Curitiba e região, observações da Escola-Coxa (são 32 no Brasil e um nos EUA), do futsal, através da captação de clubes formadores, visitas técnicas realizadas pelo departamento de captação e parcerias com clubes e empresários. Com esta rede de contatos, 2.000 atletas pré-selecionados são avaliados por ano no clube.

Caso o jogador captado não seja munícipe, ocupará uma das 52 vagas do alojamento. E é no alojamento que inicia a busca por um sonho. Nas portas dos quartos, fotos de ídolos do Coxa estão estampadas e na última delas (também a mais recente) a foto é a do volante William, formado nas categorias de base, com 23 anos e mais de 100 jogos pelo Coritiba. A frase pronunciada nos corredores do clube e que instiga os jovens sonhadores é: quem será o substituto de William na última porta?

Para dar sustentabilidade ao projeto, no departamento de observação, o Projeto Sombra aponta as formações de todas as categorias indicando onde estão as principais carências.

Mário Mazzuco encerrou a apresentação apontando os objetivos do trabalho na atual temporada. Além dos que foram indicados no início da coluna, o clube visa a disputa de todos os títulos regionais e o fornecimento de atletas à seleção brasileira.

Detalhes técnicos do trabalho de formação não foram apresentados até porque este não era o tema da palestra. Porém, com este modelo de gerenciamento, se o trabalho de campo estiver sendo adequadamente realizado, sem dúvida, em poucos anos o Coritiba irá colher os frutos do investimento na formação.

E, para concluir, destaco a preocupação do processo de formação feito no clube paranaense que além de preparar o futuro do jogador, prepara também o do não jogador, pois sabemos que um grande percentual de atletas submetidos à formação esportiva não chega ao profissional devido ao estreitamento natural da pirâmide.

Formar o homem e não só o esportista é demasiado utópico e desnecessário para quem ainda acredita que jogamos o melhor futebol do mundo. Parabéns ao Coxa!

Para interagir com o autor: eduardo@universidadedofutebol.com.br