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O mito dos laterais que não "sobem" ao mesmo tempo e o balanço defensivo – A culpa é do 4-4-2 ou de quem disse isso?

Autores e pesquisadores que estudam e escrevem sobre algumas vertentes das ciências exatas e outros tantos cientistas do esporte apontam para um raciocínio didático bastante interessante sobre o jogo. Eles exploram a idéia de que existem jogos que podem ser caracterizados por “Estratégias Seqüenciais” e jogos caracterizados por “Estratégias Simultâneas”.
 
Os jogos com estratégias seqüenciais são aqueles onde as ações dos jogadores ocorrem em seqüência e que, portanto, cada jogador tem consciência das ações anteriores dos outros jogadores (por exemplo jogo de Damas, Xadrez, etc). Os jogos com estratégias simultâneas são aqueles em que os jogadores agem ao mesmo tempo “desconhecendo” as ações dos demais; tentando deduzir e prever dentro de uma lógica as ações de um jogador baseando-se nas ações dos outros (por exemplo jogo de basquete, futsal, futebol, etc).
 
No caso do futebol, jogo de estratégia simultânea, o problema central está em antever estruturalmente, geometricamente e taticamente o conjunto de ações desencadeadas a partir da ação, por exemplo, do jogador que está com a bola, e buscar uma reorganização que permita dentro do imprevisível, possíveis previsíveis. Em outras palavras, partindo-se do raciocínio de que há uma linha lógica que orienta as movimentações ofensivas e defensivas de uma equipe, poder-se-ia buscar para cada ação-problema de um jogador, soluções rápidas compartilhadas coletivamente pela equipe sem que haja uma comunicação formal explícita.
 
Norteados por essa idéia, façamos uma reflexão sobre uma questão importante para o jogo de futebol. Estudiosos das ciências do desporto apontam para o fato de que, o que caracteriza se uma equipe está atacando ou defendendo é sua condição de estar com ou sem a posse da bola. Ou seja, se a equipe está de posse da bola, está atacando; se está sem a posse, está defendendo.
 
Certamente essa idéia já fora debatida em grande volume em muitas “Academias de Conhecimento” mundo a fora, e talvez esteja sendo tratada hoje como obviedade. Mas estou aqui para contestar tal idéia. Não por capricho ou falta do que escrever. A questão é que sob o ponto de vista científico (pedagógico) aplicado, se eu enquanto técnico de futebol convencer meus atletas de que todos (jogadores, estruturas e sub-sistemas) estão atacando quando a equipe está com a posse da bola, ou o contrário (se defendendo) quando está sem ela; tornarei ineficazes, inconsistentes e quase virtuais as transições ataque-defesa e defesa-ataque, bem como não possibilitarei a eles (meus atletas) um raciocínio inteligente sobre situações-problema que aparecerão no jogo.
 
Aí corremos o risco de solidificar paradigmas que deveriam ser quebrados – por exemplo: “quando se joga no 4-4-2 é importante que os laterais não “subam” ao mesmo tempo, se não a equipe fica exposta ao contra-ataque”. – Por quê? Quem foi que disse? O problema é a subida dos dois laterais ou da estrutura criada para se defender quando a equipe está com a posse da bola?
 
Senhores, o problema é da estrutura. E se é da estrutura não há motivos para insistir na não subida simultânea dos dois laterais.
 
Vamos tentar visualizar a “tese” que estou defendendo. Existe um conceito no futebol, também conhecido como “Balanço Defensivo”. Esse conceito reflete a estruturação geométrico-estratégica dentro do jogo que permite aos jogadores raciocinarem defensivamente quando estão atacando. Então enquanto um grupo de jogadores foca na construção ofensiva de uma jogada sem deixar de considerar a organização defensiva, outros jogadores da mesma equipe focam na organização defensiva sem deixar de considerar a estruturação da construção ofensiva.
 
Apresento a seguir alguns exemplos de estruturas de “balanço defensivo”, para tornar meus argumentos mais reflexivos. Na figura “A” apresento um conservador e freqüente balanço defensivo em losango estruturado pela equipe vermelha. Na figura “B” desenho um tipo de balanço defensivo menos usual e mais ousado; o balanço em diagonal defensiva. Na figura “C”, o balanço e “T” invertido e na figura “D” o balanço em “T” convencional (poderíamos explorar tantos outros, mas creio já ser possível construir as idéias a partir dos citados).
 
 
Cada um deles concebe um raciocínio defensivo quando uma equipe está de posse da bola. Então enquanto alguns jogadores “atacam” outros, da mesma equipe, “defendem”. Se voltarmos a questão do 4-4-2, e a subida dos laterais, notaríamos que, a questão não é quem sobe ou quem não sobe, quem ataca ou que defende. A questão é que ao se buscar o ataque uma equipe precisa se orientar defensivamente a partir de uma estrutura qualquer, onde jogadores, simultaneamente se orientam, alternando funções (com maior ou menor freqüência).
 
Em outras palavras, se eu quero que os dois laterais subam ao mesmo tempo ocupando regiões de ataque, independente da plataforma de jogo (4-4-2, 4-3-3, ou qualquer outra) é necessário que se construa uma lógica para o “balanço defensivo” que estruture tal subida. E insisto, isso realmente independe da plataforma de jogo!
Então eu pergunto caros leitores: estamos preparados e dispostos a derrubar mitos ou estamos tão acostumados a nos acostumar que é mais cômodo acreditar neles? (Os laterais não sobem e a culpa é do 4-4-2).
 
Por isso vou terminar hoje com uma frase de uma conhecida música:
“Nos perderemos entre monstros da nossa própria criação”… portanto tomemos cuidado com os monstros que andamos criando; um dia eles nos engolem e aí…
Bom, aí irão nos restar apenas os mitos (e “as noites inteiras imaginado uma solução”)!

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Futebol desigual

O princípio mais básico e fundamental que rege a indústria do futebol diz que time que tem mais dinheiro, tem mais chance de ganhar títulos. É a partir dessa idéia que tudo posteriormente toma forma e faz as coisas ficarem do jeito que são. Afinal, todos os profissionais, seja lá qual a área, tendem a ter no dinheiro o motivo principal da sua evolução profissional. Em geral, o profissional que é melhor em sua função ganha mais dinheiro, e a empresa que paga mais em relação ao resto do mercado tem, em geral, os melhores profissionais.
 
Como clubes de futebol tendem a servir apenas como um catalisador do capital disponível dos seus torcedores, revertendo o montante em performance, clubes que possuem torcedores mais ricos e mais dispostos a gastar dinheiro acabam naturalmente sendo favoritos para ganhar qualquer competição.
 
Imaginando que não há nenhuma outra variável incidente que desestabilize essa cadeia, uma vez que se supõe que qualquer outro valor adicional se mantém na proporção da relação público/renda, a competitividade do futebol em campeonatos de longo prazo cai bastante.
 
Dessa forma, não é surpresa que o São Paulo esteja liderando o Campeonato Brasileiro. Também não é surpresa que ele tenha ganhado o campeonato passado, muito menos que venha a ganhar o próximo. Afinal, o clube é identificado com a parcela mais rica da população da cidade mais rica do país.
 
Não houvesse desvio de dinheiro, má-administração, dívidas e outras variáveis mais obscuras, os campeonatos brasileiros estariam nas mãos dos paulistas, invariavelmente.
 
O histórico dos campeonatos em pontos corridos, como tem que ser, oferecem subsídios para essa interpretação. Até agora, todos os campeões saíram da Região Sudeste, de longe a mais rica do país. A concentração de títulos, mais especificamente, está na mão dos clubes de São Paulo, de longe o estado mais rico da União.
 
Caso a perfeição administrativa do futebol brasileiro um dia seja alcançada, a competitividade e imprevisibilidade do campeonato nacional, certamente o seu maior atrativo, cairá por terra. O campeonato provavelmente ficará mais chato e previsível.
 
Coisas da vida. Se o futebol é um reflexo econômico da sua região, e se as regiões são extremamente desiguais, o futebol fica naturalmente desequilibrado.
 
Em um país desigual, o futebol também é desigual.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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Futebol, saúde, cultura e educação

Há uma visão do senso comum que toma o futebol e o esporte de uma forma geral, como sinônimo de saúde, cultura e educação. Visto superficialmente, não temos nada contra este pensamento.
 
Entretanto, precisamos entender que há diferentes dimensões da prática esportiva. O futebol, por exemplo, pode ser praticado como competição de alto rendimento, cujo objetivo primeiro é a conquista, a vitória. Ele pode também ser praticado como proposta educativa, no âmbito escolar e aí o objetivo é mais formativo. E, finalmente, podemos ver o futebol como forma de puro lazer, onde se deve buscar o equilíbrio físico e emocional, a saúde, a descontração e o divertimento. Nesta forma de lazer, o futebol pode também ser considerado como espetáculo, onde os interessados podem participar apenas como espectador, no estádio, à frente da TV ou ouvindo uma transmissão pelo rádio.
 
Mas seja qual for o objetivo, é preciso que entendamos que o futebol não é bom ou benéfico para seus praticantes, por si só. Para que se atinja seus objetivos específicos é sempre necessário que haja uma intencionalidade, ou seja, uma intenção por trás das nossas ações.
 
Na verdade, a prática do futebol, profissional, escolar ou de lazer, depende de seus atores ou líderes que conduzem estas práticas, para que se garanta reais benefícios a todos. Explico: se esses praticantes são pessoas egocêntricas, reprimidas, violentas ou agressivas, é bem provável que estas características sejam reproduzidas e refletidas no jogo. 
 
Portanto, podemos concluir que o futebol pode, sim, ser um excelente instrumento de cultura, de educação e de saúde, mas para que isto ocorra em sua plenitude, é necessário que as pessoas envolvidas em sua prática e, principalmente, os treinadores, professores ou líderes comunitários que conduzem estas práticas, tenham estas boas intenções de forma clara e segura, fato que, infelizmente, nem sempre acontece.

Para interagir com o autor: medina@universidadedofutebol.com.br

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Choque sem Reis

A história coloca o clássico entre Palmeiras e São Paulo como sendo o jogo do Choque-Rei, envolvendo os dois mais poderosos clubes da capital paulista, times ligados à elite e aos imigrantes italianos.
 
A história atual coloca o clássico entre Palmeiras e São Paulo como sendo o jogo do Choque sem Reis, envolvendo os dois mais deprimentes clubes do país.
 
Neste ano, o que se viu até agora no clássico de maior potencial bélico do Brasil foi um show de presepadas e aulas de não-comportamento dos dois lados.
 
A começar pela entrada dura de Edmundo em Miranda no primeiro jogo, revidada por Alex Silva em diversos lances contra Valdívia no jogo do returno. Passando pela inexplicável polêmica com Richarlyson criada por José Cyrillo Jr. e pelas declarações imprudentes de Rogério Ceni na véspera do confronto derradeiro. E se encerrando na ridícula cena do goleiro reserva são-paulino Bosco após a justa vitória tricolor no clássico da última semana.
 
Palmeiras e São Paulo remontam, aos poucos, a rivalidade criada no início dos anos 40, com a perseguição dos dirigentes tricolores ao então Palestra Itália, que foi forçado a trocar de nome em 13 de setembro de 1942 para o atual Palmeiras.
 
O que falta explicar a dirigentes, jogadores e torcedores dos dois times é que o futebol, atualmente, não permite mais comportamentos como os observados em todo este ano por figuras importantes das duas equipes.
 
O futebol atingiu um grau de profissionalização que exige de jogador e dirigente um comportamento ético e racional. Não tem cabimento um atleta violentamente tirar outro de campo, ou então quase quebrar a perna do adversário numa disputa de bola. Não tem espaço para declarações polêmicas que incitam o adversário.
 
Da mesma forma, é impensável hoje um atleta querer simular ser atingido por um objeto com o único desejo de tentar punir o adversário com a perda do mando de campo. Ainda mais quando todas as câmeras de TV ainda estão ligadas e revelam a farsa num só instante.
 
O jogo Palmeiras e São Paulo do último dia 29 de agosto tinha tudo para ser um dos grandes clássicos do Campeonato Brasileiro de 2007 e talvez do Choque-Rei. Mas passará para a história como uma partida tão ridícula quanto aquela que, em 20 de setembro de 1942, não terminou porque os são-paulinos decidiram se retirar de campo, inconformados com uma decisão da arbitragem de dar pênalti ao recém-nomeado Palmeiras, então já vencedor do jogo por 3 a 1.
 
Nem na maternidade os recém-nascidos palmeirenses e são-paulinos seriam capazes de protagonizarem discussões como a de quarta-feira passada.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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Como desestruturar um sistema defensivo

Tem gente que bebe café pra esquentar o corpo em “um dia frio num bom lugar pra ler um livro“. Tem gente que bebe café pra “dar uma acordada”. Sem a intenção de discutir verdades e mitos sobre o café ou sobre a cafeína e menos ainda com o propósito de fazer uma discussão bioquímica e fisiológica a respeito do assunto, diria que faz muito tempo, que “tomar um café” deixou simplesmente de remeter a idéia de beber um cafezinho. Passou a ser um ritual, em que muitas vezes come-se uma “bolachinha” e nem se passa perto do tal.
 
Eu que pouco bebo café, respiro em um Café muitas idéias para discutir futebol. Em um dos mais recentes encontros para tais discussões no “Café dos Notáveis” (onde se discute futebol sob a luz da Ciência), algumas inquietações. Trago uma para debatermos.
 
É de conhecimento dos “preparadores físicos”, fisiologistas e bioquímicos do desporto que para o organismo do atleta melhorar sua performance integral, é necessário que haja um estímulo estressor que cause desarranjo, desequilíbrio, incômodo as estruturas estáveis do organismo. Este estímulo tira-o (o organismo) do estado de equilíbrio e exige dele respostas adaptativas que proporcionem uma reorganização em um nível mais estruturado. Tal reorganização ocorre para que ele (o organismo) seja capaz de manter o equilíbrio se um estímulo estressor de mesma magnitude resolver “atacá-lo”.
 
Se o estímulo estressor não tiver magnitude suficiente não provocará resposta adaptativa (porque não é capaz de tirar o organismo do estado de equilíbrio). Se a magnitude for superior aos limites do organismo, o desequilíbrio causado pode ser tão grande que ele (o organismo) não seja capaz de se reorganizar, se reestruturar; ter uma resposta adaptativa positiva (que represente ganhos).
 
Temos aí alguns conceitos importantes:
a-    se o estímulo estressor for maior do que a capacidade do organismo de reagir a ele à intenso desequilíbrio,
b-    se o estímulo estressor for menor do que a necessidade do organismo para reagir a ele à não há desequilíbrio,
c-    se o estímulo estressor for adequado à respostas adaptativas satisfatórias, ou seja, o organismo equilibrado se desequilibra, reage e torna se equilibrar.
 
Em jogos de futebol esses conceitos podem ser aplicados também em questões táticas das dinâmicas que envolvem o jogo. Se uma equipe está atacando, tenta, a partir do seu equilíbrio ofensivo “desequilibrar o equilíbrio” defensivo da outra equipe. Se suas estratégias causarem desequilíbrios muito intensos no adversário, levarão com maior contundência a chances de finalizações e gols. Se as movimentações ofensivas tiverem pequenas magnitudes, não conseguirão desequilibrar a defesa adversária, o que em termos ofensivos vai resultar em “nada”. Se o estímulo for “adequado” causará certos desarranjos a defesa adversária, seguidos de respostas organizadas, que exigirão novas e mais intensas dinâmicas ofensivas para tentar desequilibrar o sistema defensivo.
 
Em outras palavras, o ataque de uma equipe busca desequilibrar intensamente a defesa adversária. Se suas dinâmicas e estratégias não forem intensas o suficiente a defesa levará vantagem. Se for, o ataque levará vantagem, com facilidade. Grandes jogos (e outros nem tão “grandes” assim) apresentam equilíbrios e desequilíbrios constantes, com estratégias de ataque para desequilibrar a defesa, e estratégias de defesa para se manter equilibrada e desequilibrar o ataque, onde repostas e estímulos vão se alternando o tempo todo.
 
Temos aí outros conceitos interessantes. Se por um lado o ataque de uma equipe tenta desequilibrar o sistema defensivo de outra, o sistema defensivo de uma equipe poderá adotar três estratégias alternativas para responder aos ataques adversários. A primeira estratégia remete a tentativa da equipe de manter seu sistema defensivo equilibrado.
 
A segunda, remete para a tentativa de equipe provocar desequilíbrio no sistema ofensivo adversário. A terceira estratégia é a alternância circunstancial das estratégias anteriores.
 
No primeiro caso, buscar manter-se em equilíbrio significa desenvolver uma estratégia “passiva” para roubada de bola, buscando uma estruturação posicional vantajosa (característica principalmente de marcações por zona), induzindo o adversário ao erro.
 
No segundo caso, causar desequilíbrio significa desenvolver estratégias “ativas” de busca incessante para recuperar a posse da bola (característica, principalmente, de marcações individuais, “por camisa”).
 
No terceiro caso, o mais elaborado e complexo, causar desequilíbrio significa alternar as estratégias, de tal maneira que se busque uma estruturação posicional vantajosa para se partir para a busca intensa pela recuperação da posse da bola.
 
UM MOMENTO DE DESEQUILÍBRIO:
 
Um dos Notáveis do Café contou que há alguns anos, em um jogo presenciou a seguinte situação:
 
Primeiro escanteio ofensivo do jogo, para a equipe “A”. Dos dez jogadores de linha, sete foram para a grande área e proximidades dela. Até aí, nada aparentemente anormal. A equipe “B” deveria por comodismo (como quase todas as equipes por aí) deixar dois atacantes para puxar o contra-ataque e trazer os demais oito jogadores para participar da defesa. Então, situação habitual, comum: três defensores da equipe “A” marcando dois atacantes da equipe “B”, que por sua vez teria oito jogadores marcando sete (6+1 que cobra o escanteio). Mas eis que surge o inesperado; um momento de intenso desequilíbrio – a equipe “B” resolve manter não dois,
mas cinco atacantes para puxar o contra-ataque (deixando apenas cinco jogadores dentro da área para defenderem o escanteio).

 
A equipe “B” tentou se manter em equilíbrio, ou tentou desequilibrar o ataque adversário? O que você faria se fosse treinador da equipe “A”?
 
Bom, a equipe “A” manteve três jogadores para se defender; ou seja, no seu escanteio ofensivo posicionou sete jogadores atacando (6+1) contra cinco defensores.
 
Escanteio cobrado, nas mãos do goleiro da equipe “B”. Sem pestanejar, contra-ataque armado. Aproveitando o intenso desequilíbrio causado no sistema defensivo da equipe “A” (5×3), gol para a equipe “B”.
 
Senhores, a equipe “B” causou grande desequilíbrio na equipe “A” ao manter cinco jogadores na linha de meio-campo para puxar o contra-ataque. A equipe “A” não respondeu de forma inteligente em tempo hábil. Aí sofreu o gol.
 
Se analisarmos atentamente a situação, notaremos que antes da cobrança do escanteio a equipe “A” tinha seis jogadores mais um contra cinco defensores mais um (o goleiro).
 
Como aumentar essa vantagem numérica sem recorrer a remanejamentos de jogadores, possibilitando maiores chances de criar uma situação de gol?
 
Se ao invés de cruzar a bola diretamente na área, a equipe “A” tivesse realizado uma cobrança curta – saísse jogando – como ficaria a situação numérica? Simples, o 6+1 se transformaria em sete. O 6+1 contra 5+1 se transformaria em sete contra 5+1.
 
Levando em conta que os jogadores que ficaram para puxar o contra-ataque tentariam voltar para auxiliar a defesa, a equipe “A” teria ainda cerca de cinco segundos para buscar o desfecho da jogada com vantagem numérica. Na pior das hipóteses para a equipe “A”, a equipe “B” conseguiria se reequilibrar defensivamente a tempo, mas perderia a vantagem numérica ofensiva em um eventual contra-ataque.
 
Aí, quem teria desequilibrado quem? (“Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais? – se não quiser se arriscar é melhor ir pegando o “bolachinha” da prateleira; e se não gosta de bolachas…, bom, aí é melhor vir tomar um “Café”.)

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br