Categorias
Sem categoria

Mudar para quê?

Vanderlei Luxemburgo foi contratado com toda a pompa pelo Palmeiras no final do ano passado. Com direito a espaço para apresentação em meio a anúncios de nova arena e novo patrocinador, vitais para a saúde financeira alviverde.
 
Nove rodadas do Campeonato Paulista já se passaram e Luxemburgo ainda não mostrou o resultado imediato que se esperava dele. O time muito contratou (reforçou-se em posições carentes da temporada passada), mas pouco produziu até agora.
 
Mas a culpa é de quem?
 
Primeiro, de quem tenta achar um culpado. Depois, de quem insiste em passar a borracha e mudar tudo de um ano para outro esperando uma resposta imediata.
 
O Corinthians reformulou seu time, destroçado pelo rebaixamento. Contratou em demasia, dispensou também. Fez o certo, porque a prioridade é encontrar o pé a partir de maio, quando começa a Série B. Nem tão dura quanto foi no passado, mas que carrega o peso da obrigação da vitória ao aflito coração alvinegro.
 
O Palmeiras, já citado acima, tenta se encontrar após jogar fora toda a base otimamente armada por Caio Jr. e pouco aproveitada por Luxemburgo, como começa a ser cada vez mais de costume (incrível a insistência que ele tem em ressaltar as suas conquistas e dizer que os grupos foram montados sempre por ele).
 
Tanto é um costume que o Santos pegou, como bem disse Juca Kfouri, uma terra arrasada pelo Furacão Vanderlei, tão letal quanto um Katrina. Da base que existia, quem sobrou faz cara de que não gostou. E a pressão da tabela de classificação coloca o Peixe numa fria muito parecida com a do sombrio ano de 2001. E olha que é ano de Libertadores!
 
E o São Paulo? Pois é. Saíram Breno e Souza. Chegaram Joílson, Juninho, Fábio Santos, Carlos Alberto e Adriano. Peças para repor o time montado desde 2005. Ano em que foi campeão da Libertadores e do mundo. E que desde então é campeão ano sim, ano sim.
 
O São Paulo é o único que está próximo da zona de classificação no Paulista, mesmo jogando com a cabeça na Libertadores e esfacelado por convocações à seleção e contusões acidentais como a de Juninho. É o único dos quatro grandes que não tem obrigação de vencer. É o único que vence. E, também, o único que não muda tanto de um ano para outro. Por isso mesmo segue bem.
 
É só não inventar. E não ter ânsia para mudar.
 
Onde estaria o Palmeiras hoje com Caio Jr. à frente do time? Provavelmente mais à frente na tabela…
 

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

A tática através da repetição

Dias desses um dos nossos grandes treinadores brasileiros disse que sua equipe necessitava realizar grande número de repetições a respeito de uma tarefa para que seus jogadores finalmente (realmente e definitivamente) pudessem compreender melhor o jogo, criando maior número de situações favoráveis e oportunas para a equipe durante as partidas.

Talvez o grande dilema dos treinadores nos esportes coletivos esteja fincado na dificuldade de, ao compreender com excelência o jogo (suas táticas, estratégias e dinâmicas), ser capaz de ensinar aos seus atletas e equipe como ler e entender o jogo (ou ao menos a sua maneira de enxergá-lo).

Alguma dificuldade sempre existirá quando o objetivo for ensinar. Maior ainda ela será, quando o objetivo for “ensinar a aprender” (mas isso é uma outra discussão). Porém especificamente no caso do futebol o maior de todos os problemas está fincado na incapacidade dos treinadores em gerenciarem sua principal missão: saber e conhecer como ensinar.

É óbvio que estamos partindo da premissa de que eles (os treinadores) tenham um bom entendimento sobre o jogo e seus conteúdos, e que portanto tenham o que ensinar aos seus atletas.

Taticamente, o jogo precisa ser quase que “sobrenaturalmente” dialogado o tempo todo entre os jogadores. A cada mudança na posição da bola, deste ou daquele adversário, a cada ação e distribuição geométrica da equipe, enfim a cada problema que surge nas dinâmicas do jogo é necessária uma resposta rápida, pontual e eficaz. E como estamos falando de futebol, é impossível que uma resposta “rápida, pontual e eficaz” seja dada individualmente de forma isolada.

A ação de cada um no campo de jogo está ligada a ação de todos os outros, a todo tempo o tempo todo. Então qualquer intervenção aparentemente isolada de um atleta alterará a dinâmica de toda a sua equipe e conseqüentemente do adversário, de maneira sistêmica.

 Isso quer dizer que se em uma equipe todos os atletas não estiverem “sintonizados na mesma freqüência”, lendo o mesmo jogo, com ações que se completam em torno da mesma dinâmica, será quase impossível criar situações reais de gol (que não sejam anárquicas), de controle de jogo e de solidez defensiva (dentre tantas outras) que garantam uma equipe organizada e competitiva.

A grande questão aqui é: seria a repetição sistemática de uma seqüência de ações, com objetivo de automatizar dinâmicas, a melhor forma para “exercitar” a compreensão sobre o jogo, a criatividade e a capacidade de resolver situações-problema?

Certamente, muitos de nós (incluindo treinadores, especialistas, jogadores, dirigentes, etc.) acreditamos que o segredo da excelência está atrelado a repetição exaustiva de ações para que, sem que seja necessário “pensar”, o sujeito (o atleta) possa responder prontamente às necessidades apontadas pelo jogo.

Um dos maiores equívocos que cercam os defensores do “automatizar sim, pensar não” é de que ao se apropriar de um automatismo qualquer acaba-se por condicionar respostas sempre iguais (imaginado problemas sempre iguais). Aí, uma pequena alteração no problema, acaba através do “automatismo impensado” gerando respostas “ansiosamente” erradas.

Em outras palavras, condicionar uma equipe a responder sempre de mesmo jeito é o mesmo que considerar que os problemas serão sempre os mesmos.

O futebol é imprevisível e o número de situações que podem ocorrer são aleatoriamente infindáveis. Então é no mínimo improvável (para não dizer “burro”) acreditar que automatismos podem preparar para o jogo.

Ao invés de se buscar o “não pensar” dever-se-ia buscar o “pensar mais rápido possível”; ou seja, ao invés de soluções condicionadas, respostas dadas após percepção e análise do problema em altíssima velocidade.

A diferença básica e primordial entre automatizar e pensar rápido (fazendo uma analogia) é que o automatismo mecanizado configura ações típicas do meu programa de edição de textos, que sempre ao detectar uma palavra “estrangeira” no seu texto português, acredita (sem exceções) que ela tem a ortografia errada. Como está condicionado, programado para isso, “tem dificuldades” para entender quando deve considerar a palavra como parte do texto ou como erro de digitação.

Parece-me então que muitas vezes nosso talentosos jogadores são “programados” para o jogo, para exercer tarefas como as que realiza o meu programa de edição de textos.

Sei que intuitivamente alguns de nossos treinadores até acabam por exercer sua básica e primeira função com grandeza. Sei também que alguns poucos a exercem com conhecimento de causa e excelência. Mas por que não facilitar as coisas? Por que não otimizar o tão reclamado e necessitado tempo de treino, de forma mais útil e eficaz (através do conhecimento)?

Afinal de contas somos seres humanos que nos vangloriamos da nossa inteligência “superior” e nossa capacidade de pensar e planejar. Então porque não estimulamos nossos atletas e equipes a pensar, ao invés de tratá-los como computadores programáveis e descartáveis? (ou então, ao invés de pensar nisso tudo, podemos continuar afinados com o senso comum e a sua mais nova edição da “bíblia daqueles que tem preguiça de pensar”)

E POR FALAR EM SENSO COMUM:

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Nova polêmica no futebol carioca

De acordo com a mídia esportiva carioca, o Rio de Janeiro vive uma nova polêmica em seu futebol. Mais uma vez, a figura principal nesse caso é o folclórico dirigente do Vasco da Gama, Eurico Miranda.
 
Trata-se da questão envolvendo o jogador Conca, contratado pelo Fluminense para a temporada de 2008 e que, segundo Miranda, estaria atuando de forma irregular por não ter retornado à Argentina e, consequentemente, não ter renovado propriamente seu visto de trabalho.
 
Para situar o nosso leitor da Universidade do Futebol, é comum em casos de renovação de visto de trabalho na transferência de um atleta estrangeiro de um clube ao outro no Brasil, que o atleta retorne ao seu país nesse ínterim.
 
O tema envolvendo a concessão de visto de trabalho a jogadores de futebol estrangeiro no Brasil, que antes era tratado dentre os casos gerais de concessão de visto, foi regulamentado de forma específica pelo Conselho Nacional de Imigração do Ministério do Trabalho recentemente.
 
De acordo com a Resolução Normativa n 76, de 3 de maio de 2007, um dos requisitos para que o Ministério do Trabalho conceda o visto de trabalho ao atleta profissional de futebol é que haja o compromisso de repatriação do jogador chamado, bem como de seus dependentes, ao final de sua estada.
 
Pois bem. Após tal legislação, a questão passa a ser interpretativa. O que devemos considerar como “final da estada” do empregado, ou, nesse caso, do jogador? A estada poderia ser tanto cada um dos trabalhos no país, como também o período integral que ele aqui permanecer, após todas as transferências de clube para clube.
 
A tendência é sempre pela flexibilização de normas que visem apenas burocratizar situações corriqueiras. Em outras palavras, em nossa opinião, a exigência de que, a cada transferência o jogador retorne ao seu país, para novo ingresso no Brasil, não faz sentido do ponto de vista prático (mesmo porque esse trânsito pode ser conduzido perfeitamente através de atividades consulares em conjunto com o CNIg).
 
Nos países integrantes do Mercosul, essa exigência teria ainda menos sentido.
 
A flexibilização aqui proposta já teve início por conta dos Jogos Panamericanos, em que o Ministério do Trabalho relativizou a concessão de vistos de trabalho e a sua renovação a atletas participantes daquela competição.
 
Retornando ao caso do argentino Conca, sabemos que a polêmica patrocinada por Eurico Miranda também tem outra motivação, uma vez que o Vasco alega ainda ter algumas pendências a resolver com relação à sua liberação.
 
De toda forma, a polêmica é simples de ser resolvida. Basta que seja verificado o visto de trabalho do jogador, para saber se as exigências impostas pelo Conselho Nacional de Imigração foram cumpridas pelo Fluminense (que podem variar conforme a situação específica do jogador).

A questão objetiva de que o jogador teria que retornar ao seu país, por si só, não é relevante, caso essa não tenha sido um dos requisitos impostos a ele pelas autoridades competentes.
 
Mas essa verificação caberia apenas a uma fiscalização por parte das autoridades brasileiras, tal qual deveria ser feita com todos os demais trabalhadores estrangeiros atuando no nosso Brasil.
 

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Tudo muda o tempo todo

Acho que eu já disse mais de uma vez aqui que a indústria do futebol como conhecemos poderia mudar. Disse isso com o caso do Charleroi, com a eleição do Platini, com o discurso do 6+5 do Blatter, com o manual de licenciamento da Uefa, com a proposta de compra do Liverpool pelos seus torcedores, e uma imensidão de outras vezes. Nenhuma delas, porém, deve ter tamanha importância no contexto da indústria do que o caso que eu vou te contar agora.
 
Ok, o 6+5 do Blatter foi aprovado pela Comissão de Futebol da Fifa e deve ter algumas repercussões positivas e negativas, mas ainda há de ser aprovado em outros níveis para começar a valer. O caso que já foi aprovado pelo CAS, o tribunal arbitral do esporte, e que deve causar uma revolução no mercado foi o Caso Webster, um caso que só pode ser comparado em importância com o Caso Bosman, que aconteceu mais de uma década atrás.
 
Resumidamente, o defensor escocês Andrew Neil Webster mudou de clube, do Hearts da Escócia para o Wigan da Inglaterra. O Hearts queria receber o valor da rescisão do contrato, que estava estipulada em 4,6 milhões de libras. O Wigan disse que não ia pagar a rescisão, coisa que o CAS deu razão ao clube, porque ano passado a Fifa resolveu fazer um carinho na Comissão Européia e aprovou um compromisso, conhecido como Regulamento 17, que dizia que um jogador pode se transferir de clube ao pagar o montante restante de salários quando faltarem dois anos para vencer o seu contrato, mediante a um aviso prévio de 15 dias no fim da temporada. Com isso, ao invés dos 4,6 milhões de libras, o Wigan vai pagar ao Hearts apenas 150 mil libras, um trigésimo do valor requisitado.
 
Com esse precedente, clubes perdem ainda mais poder de retenção do contrato de jogadores. A idéia por trás disso é adequar a condição trabalhista de um jogador de futebol à condição de um outro trabalhador comum. Segue, portanto, a tendência já demonstrada pelo caso Bosman de dar mais poder ao jogador do que ao clube, além – é claro – de minar ainda mais o mercado de transferências. Em uma projeção feita pelo jornal inglês The Independent, grandes estrelas do futebol inglês, como Cristiano Ronaldo e Cesc Fabregas, poderão se transferir em 2010 por apenas 12 milhões de libras, o mesmo valor pago pelo Middlesbrough por Afonso Alves.
 
Com a indústria do futebol dando uma importância cada vez maior para o mercado de transferências, é certo que essa medida vai mudar as coisas um tanto. Os salários dos principais jogadores devem ficar cada vez maiores, o valor de transferência potencialmente menor e os contratos sendo renovados com mais freqüência.
 
Com menores valores de transferência, menos investidores terão interesse em participar dos direitos econômicos de atletas, o que pode eventualmente minar uma potencial fonte de receita de clubes brasileiros. Com isso, clubes formadores devem ter seu percentual de receita reduzido, o que pode acabar com uma série de projetos que estão sendo desenvolvidos atualmente no Brasil.
 
Ainda é muito cedo para dizer ao certo quais serão as conseqüências do Caso Webster para a indústria do futebol brasileiro e mundial. Mas que vai mudar, agora vai.
 

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Muda o canal!

“O time não jogou bem”. “Não conseguimos fazer o que o treinador pediu”. “Faltou planejamento para a temporada”. “Cheguei para somar a uma grande equipe”. Se você acha que apenas o futebol brasileiro tem de conviver com esses jargões que falam tudo e não dizem nada, fique tranqüilo.
 
A praga das entrevistas evasivas não respeita nem mesmo os Estados Unidos, em que o desenvolvimento do esporte como negócio é tamanho que o país é tido como o exemplo a ser seguido no mundo todo.
 
Nos EUA, a gestão de carreira de atletas é tão evoluída a ponto de Hollywood usá-la como tema central em filmes. Mas, mesmo assim, quando a câmera acende e o microfone é ligado, tudo se parece tal como cá.
 
Estive na última semana numa viagem para Portland, cidade que abriga a sede da Nike, a toda-poderosa fabricante de material esportivo. Mais impressionante do que a enorme distância que separa o Brasil dessa cidade no estado de Oregon foi constatar a mesmice da cobertura esportiva na TV.
 
Sim, o astro do time de basquete diz o mesmo que o Finazzi depois do jogo do Corinthians. E o comentarista na TV fala as mesmas abobrinhas que o colega tupiniquim. O árbitro errou ou acertou, se aquela bola tivesse entrado, se no início da temporada o presidente do clube estivesse atento ao planejamento, se todos não fossem tão amadores…
 
Enfim, nada muda. A não ser a bola. Ela deixa de ser redonda e se torna oval.
 
Na semana do Superbowl, a superfinal do futebol americano, os jornais mal falam de outra coisa, a TV parece que não tem tempo de pensar em outro esporte…
 
E, tal como cá, a overdose de informação leva à bestificação coletiva. Nos EUA a mesa-redonda não é uma regra. Mas a fórmula “apresentador-comentarista”, tão decantada pela ESPN aqui no Brasil, parece ser a via de regra na terra do Tio Sam. Nem mesmo o calhamaço de estatísticas sobre atletas consegue fazer a discussão mais interessante.
 
Antes do Superbowl, a dúvida em todo o território americano era sobre Tom Brady. Será que o bonitão craque do New England Patriots e namorado da Gisele Bündchen, não necessariamente nessa ordem, estaria apto para disputar a decisão contra o surpreendente Giants e assegurar a inédita conquista invicta?
 
De fato ninguém sabia, mas todos se deliciavam em comentar sobre isso. Aliás, gostavam tanto que a decisão foi a mesma de todos os domingos à noite: desligar a televisão.
 

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

Categorias
Sem categoria

Ganhar o jogo ou jogar bem?

O que significa jogar bem?
 
Muitos de nós, acostumados com os “jargões do futebol” responderia que jogar bem significa “jogar bonito”, “dar espetáculo”.

Rotineiramente é possível que nos deparemos com discussões em torno do tema. Seja para defender o “futebol espetáculo”, seja para alardear que o importante é ganhar o jogo e não jogar bonito, é comum que tais discussões sirvam de “camuflagem” para direcionar ou justificar direções tomadas que levaram a esse ou a aquele resultado em um jogo.

Tradicionalmente tomamos como sinônimo o “BEM” do jogar, com o “ESPETÁCULO” do futebol.

Façamos algumas reflexões.

Toda vez que é enunciada a palavra jogo, é comum que nosso pensamento seja remetido aos “jogos” que são assim chamados, porque assim popularmente são conhecidos. Sem que nos aprofundemos no tema, destaco que existem na Ciência áreas que estudam o “Jogo” como elemento complexo de um “complexo sistema” – transcendendo aquilo que é comumente tido ou conhecido como jogo.

O jogo, por ser jogo, é imprevisível. Ele possui uma lógica interna que lhe diz respeito. Dominar a lógica do jogo é um passo adiante no caminho da compreensão das variáveis que o envolvem.

Porém, temos aí um grande paradoxo, que repercute diretamente nas táticas e estratégias empregadas em partidas de futebol. Se dominar a lógica do jogo significa conhecer e dominar mais (e melhor) as variáveis do jogo, então quanto mais próximo do domínio de sua lógica e de suas variáveis, mais “previsível” estaria se tornando o próprio jogo. Como ele (o jogo) é imprevisível, aproximar-se da previsibilidade representaria distanciar-se do jogo.

Se as coisas fossem exatamente assim, transferindo ao futebol, seria como, se dominar as variáveis do jogo garantisse sempre a vitória, de tal forma que os resultados das partidas fossem “previsíveis” ao seu início.

Obviamente, o futebol é um jogo de grande complexidade e enorme número de variáveis interferentes. Buscar entender e dominar a lógica neste caso significa tentar controlar o maior número de variáveis possível (e controlar o maior número de variáveis possível não significa garantir a vitória no jogo).

A imprevisibilidade está no jogo. Portanto buscar a previsibilidade deve ser uma forma de torná-lo menos imprevisível, e não mais previsível.

Como o jogo não vai deixar de ser jogo, haverá sempre algo imponderável que garanta sua identidade. Então, no paradoxo que fora apontado anteriormente o erro está em acreditar que o domínio das variáveis e lógica do jogo o tornará previsível. Dominar as variáveis e lógica do jogo significa compreender a imprevisibilidade como elemento inerente ao jogo.

E aí, volto à questão inicial desse texto: o que significa jogar bem?

Diferente do que comumente se aponta, o significado do “jogar bem” deveria estar associado ao domínio das variáveis do jogo. Em outras palavras, o bom jogador é aquele que compreende o jogo, interage bem com ele, e assim joga bem.

Jogar bem, não é jogar bonito (ainda que uma coisa não elimine a outra). Jogar bem é dominar e compreender bem a lógica e as variáveis do jogo; e no caso de uma equipe de futebol isso deve ser ampliado ao contexto da equipe e não somente do jogador de forma individual.

No futebol, ter domínio sobre a lógica do jogo transcende o “eu jogador” e mergulha no “nós jogadores-equipe”.

Então, nessa perspectiva sobre o jogar bem, o grande apontamento é que “jogar bem não garantirá a vitória no jogo, porém maximizará as chances para que isso aconteça”.

Portanto, a antena dos treinadores e especialistas do futebol deve estar ligada e atenta a isso. Com raras exceções, é comum treinos técnico-táticos-físicos que caminham na direção errada. Ao invés de se buscar diminuir a imprevisibilidade, busca-se tornar o jogo previsível. Ao invés de se preparar atletas para entender o jogo, busca-se “programar” homens-máquinas (tutelados como sempre e cerceados do direito-dever de pensar).

E aí meus amigos, o de sempre. Alguns vão continuar perdendo sem saber porque perdem, fazendo “gambiarras” na direção errada. Outros vão continuar ganhando também sem saber porque (e quando perderem não saberão o que fazer).

Certo mesmo é que todos vão ter que abrir os olhos para perceber que alguns poucos ganham sempre. E que continuar acreditando que isso é sorte, é o mesmo que ficar sentado na poltrona da sala contando as horas para “o mundo passar”.

DIAGNÓSTICO

E para aqueles que acreditam na sorte e precisam abrir o olho, abram rápido para o trabalho realizado nas categorias de base do Figueirense.

Observando a média distância a equipe sub-17 e de longe a equipe que disputou a Copa São Paulo Jr em 2008 não tenho dúvidas: o trabalho que lá vem sendo realizado é diferenciado. E não se trata aqui apenas de títulos (isso é conseqüência). Falo aqui de observações e condutas em jogos (de jogadores e comissão técnica), e de comportamentos e estratégias (enfim, planejamento!).

Parabéns ao Figueirense.

E para aqueles que estão começando a abrir os olhos: olho no SUB-17 deles…

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

 
Leia também:
 

Entrevista com João Batista “Abelha”, superintendente técnico das categorias de base do Figueirense

Categorias
Sem categoria

Fim da janela de transferências internacionais

Caros leitores,
 
Ontem encerrou mais uma janela de transferências de jogadores na Europa, e em vários outros países de outros continentes. Para o mercado brasileiro, náo foi uma janela muito movimentada.
 
Alguns nomes esperados, como o atacante Josiel, artilheiro do Campeonato Brasileiro, e Breno, zagueiro revelação da competição, deram adeus à nossa liga doméstica. Outras tantas promessas e nomes certos a serem transferidos, no entanto, permaneceram, tais como o meia Valdívia, do Palmeiras.
 
Na realidade, e como todos nós sabemos, a janela mais importante é a do meio do ano, em que os clubes europeus procuram reorganizar suas equipes findas as suas temporadas.
 
Do ponto de vista legal, ou, ao menos, regulatório, é importante mencionar que essa janela foi criada para proteger os clubes dos assédios a jogadores que clubes e empresários faziam ao longo das temporadas.
 
Impondo essas duas janelas por ano para cada federação nacional, a Fifa consegue evitar que times sejam prejudicados com transferências indesejadas e não planejadas.
 
Por outro lado, a contratação de jogadores não fica absolutamente impedida pelos clubes ao longo da temporada.

De acordo com os regulamentos da Fifa, jogadores livres (em outras palavras, jogadores que tiveram seus contratos de trabalho expirados e não renovados com seus clubes) podem ser contratados fora das janelas.
 
O mesmo acontece com aqueles jogadores que tiveram seus contratos rescindidos por acordo de ambas as partes durante o período da janela. Para esses casos, a Fifa considera tais atletas jogadores passíveis de assinarem contratos de trabalho durante a temporada.
 
A única precaução, para essas exceções, é que os clubes deverão observar os regulamentos das competições que disputam, de modo a ponderar uma contratação no curso da competição. Muitas vezes tais regulamentos vedam a inclusão de novos jogadores, ainda que permitida sua contratação pela Fifa.
 
Enfim, agora vamos acompanhar a evolução de nossos jogadores no exterior, e desejar sucesso a eles. Afinal de contas, somos os melhores do mundo e temos mostrado isso com o sucesso de nossos atletas.
 
E somos melhores do mundo também em carnaval.
 
Bom feriado a todos.
 

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br