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As janelas quebradas do futebol brasileiro

No começo, achei que era coincidência, ilusão de ótica, desatenção. 

Mas, rapidamente, constatei, por observar e por ouvir do próprio diretor de marketing do Corinthians, que “a camisa poluída de marcas de patrocinadores que fatura muito mais do que outras mais limpas” fez o clube a aumentar a área útil do outdoor ambulante.

Do meu tempo de atleta de futsal, lembro, perfeitamente, que uma das primeiras lições de comportamento e disciplina aprendida era que todos deviam colocar as camisas por dentro do calção – símbolo de ordem e organização da competição. Treinadores e juízes cobravam dos atletas esta postura que, no meu caso, permaneceu automatizada em todos os campeonatos e peladas que disputo até hoje.

No caso do clube paulista, todo o elenco entra com as camisas à mostra, por completo, desleixadamente, para expor a marca de um dos patrocinadores. Até agora, não testemunhei reprimendas ou corretivos por parte dos árbitros. E não será o Mano Menezes que irá fazê-lo.

Confesso que não encontrei informações credenciadas, na internet, que me levassem a afirmar se essa conduta é normatizada pela Fifa ou International Board e seus regulamentos, como proibida ou permitida. Mesmo porque, não é esse o ponto em questão.

Esse fato é, a meu ver, bastante ilustrativo de como o futebol brasileiro, em geral, e as competições, em particular, necessitam de organização, disciplina, de um roteiro ordenado segundo procedimentos profissionais e mercadológicos capaz de criar valor. Como ocorre na Europa, em geral e, em particular, na Champions League – e quem a acompanha, sabe que o espetáculo não ocorre somente na partida final.  

A Uefa planejou todos os detalhes. Desde a entrada das equipes em campo, passando pela logomarca, propriedades de patrocínio e até mesmo o famoso hino, composto por uma grande orquestra européia. Não é por nada que, proporcionalmente, a competição rivaliza com a Copa do Mundo da Fifa nas finanças.

Para quem teve seu desejo atendido, de realizar uma Copa do Mundo, o país do futebol tem muito a fazer ainda. Muitos detalhes somados, de agora até 2014, que, só assim, habilitarão o sucesso do evento e poderão perenizar os efeitos benéficos para a gestão do esporte no Brasil. 

A “Teoria das Janelas Quebradas” enuncia a iniciativa do Metrô de Nova York para combater atos de vandalismo, pichações e calotes nas catracas na década de 1980. Seus criadores argumentavam que, se as pessoas que ali transitavam nesse ambiente depreciado, ou achariam que isso era normal, sempre fez parte do cenário, ou, pior, continuariam com o processo de degradação.  

O plano obteve êxito e foi expandido para toda a cidade sob um plano de segurança pública, nas mãos do prefeito Rudolph Giuliani, que lhe deu notoriedade e ficou conhecido como “Tolerância Zero”.

No Brasil, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, lançou em 2009 o “Choque de Ordem” visando revitalizar áreas e serviços urbanos.

Será que teremos o “Choque de Gestão” no futebol brasileiro, ou ele continuará assim, como sempre foi?

Tem muita janela quebrada para consertar.

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Olho biônico? Gol tecnológico? Conspiração? Mais um gol…

Olá, amigos!
 
Não há como não falar do jogo da seleção brasileira, na última segunda, contra o Egito, e do fator decisivo da partida, repercutindo internacionalmente da forma que está.
 
O árbitro inglês Howard Webb teve ou não auxílio de alguém externo que lhe comunicou o pênalti que decidiu o jogo? E se teve, que recurso foi esse?
 
Polêmicas e mais polêmicas. No meio delas sempre surge a questão do uso ou não da tecnologia a serviço da arbitragem.
 
Repercutindo a rodada do fim de semana do Campeonato Brasileiro, até momentos antes do jogo de nossa seleção, o gol de Marcão pelo Palmeiras contra o Cruzeiro, no qual a bola não ultrapassou a linha de meta, seria o grande assunto sobre a necessidade de se utilizar recursos que auxiliem o árbitro.
 
Mas… O fato é que, como diz a música de Chico Buarque: “Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda peão, o mundo rodou num instante”… E com certeza rodou e o foco tornou-se o suposto uso de recursos que auxiliaram o árbitro na marcação do pênalti que decidiu o jogo.
 
Fascinante esse tal futebol… Em minutos, discutia-se que não dava mais para depender única e exclusivamente da decisão humana (suscetível a falhas) do árbitro, abrindo mão das contribuições que a tecnologia pode fornecer. E agora, a suposta utilização de recursos pelo árbitro no jogo do Brasil divide opiniões.
 
Pode ser que do momento em que escrevo esse texto, ao momento em que o amigo o lê, tenham surgido novas informações a respeito. Mas o fato é que, até o presente momento, o árbitro nega a utilização de qualquer recurso e a Fifa não se manifestou a respeito.
 
Por isso, gostaria de listar abaixo algumas frases de jornais e sites sobre a repercussão do caso, lembrando que a informação é tomada a partir da credibilidade da fonte utilizada.
 
Existem algumas situações interessantes que nos auxiliam a debater sobre o já “imortalizado gol tecnológico”. Imortalizado porque pode ser um marco da transformação e evolução das mentalidades de quem rege as regras de futebol quanto ao uso da tecnologia, ou imortalizado pelo exagero atribuído a um processo de comunicação que apenas utilizou de recursos mais velozes para transmitir informação do que o velho e bom aceno do árbitro assistente (o também bom e velho bandeirinha).
 
Sob o título “Un gol tecnológico”[i] o jornal esportivo Ole, da Argentina, aponta que o Brasil ganhou por causa do comunicador, pelo qual o quarto árbitro informou o ocorrido. Resta saber se ele possui um olho biônico ou se utilizou o replay.
 
O auxiliar técnico da equipe egípcia Chawki Gharib teria dito, segundo o portal Terra[ii]:
 
“Tenho certeza que a Federação Egípcia de Futebol vai tomar alguma providência. Talvez tenha algo novo na regra. Mas, até onde sabemos, é o juiz que tem a decisão final“, disse o assistente.
 
E completando, ainda sobre o possível uso do monitor para sanar a dúvida, disse, segundo o diário espanhol Marca.
 
“Nos resulta muy extraño que el árbitro y juez de línea pitaran córner en el momento de los hechos y no penalti. Esto nos lleva a pensar que la decisión final de pitar penalti se tomó desde fuera del campo de juego. ¿Desde cuándo esto está permitido en una competición de la FIFA?”[iii].
 
O portal Globoesporte.com[iv] encerrou uma notícia sobre a polêmica com os seguintes dizeres:
 
“Durante conversa com Arnaldo César Coelho, comentarista da TV Globo, o árbitro Howard Webb afirmou que não teve influência de ninguém e que voltou atrás por uma decisão própria”.
 
O jornal Zero Hora[v] colocou em seu site como titulo de uma reportagem: “Um golpe de morte nos conservadores do futebol”.
 
Enfim, apenas para provocar a reflexão, seguem algumas observações em caráter de suposição e hipóteses a respeito desses pontos de vistas.
 
·         Se o árbitro – assistente ou o quarto árbitro, que tem tido aval da Fifa para auxiliar o árbitro principal em lances difíceis, informaram-no do ocorrido, onde está a revolução tecnológica, além, é claro, do comunicador que facilita a transmissão da informação, que antes era dada por um gesto, por um chamado verbal?
 
·         Se foi utilizado algum recurso de imagem, isso não justifica aquilo que questiona o auxiliar da seleção do Egito sobre o árbitro ter a decisão final, pois o mesmo continua com tal decisão. Se ele por algum motivo não quisesse “bancar” a informação recebida, caberia a si a decisão, como aconteceu ao considerar a informação.
 
·         Ainda, se foi utilizado algum recurso de imagem, o questionamento do auxiliar-técnico está correto agora. Se a Fifa utiliza esse uso, por que não oficializa isso?
 
·         Se o árbitro diz não ter ouvido ninguém, podemos ir por dois caminhos: ou imaginamos que ele está faltando com a verdade, ou que ele realmente considerou outros fatores que podem perfeitamente ter influenciado na decisão tomada, como, por exemplo, a manifestação clara e espontânea de toda seleção brasileira (que ainda que não seja sempre confiável, é diferente de quando um jogador manifesta-se isoladamente e depois “esquece”).
 
·         Agora, tendo ou não utilizado recurso de imagens, a repercussão é, de fato, um golpe nos conservadores do futebol.
 
Por fim, esperamos que isso possa ser um indício de que os tempos estão mudando e que o uso da tecnologia na arbitragem, mais do que jogo político e de interesse, possa ser visto com coerência e seriedade, com estudos que viabilizem e oficializem (tornar a regra clara) seu uso.


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Ambiente sagrado

Ah, as entrevistas coletivas pós-jogo… Sinceramente acreditava já ter visto de tudo nesse circo em que se transformou a entrevista à imprensa depois de uma partida. Técnico emburrado, time todo chorando a derrota, respostas atravessadas, time derrubando jogador, time derrubando treinador, treinador se derrubando, treinador sendo derrubado enquanto falava, juiz sendo ironizado de tudo quanto é jeito, perguntas bem-feitas, perguntas repetitivas…

Tudo para mim era próprio do ambiente de trabalho de um pós-jogo. Ainda mais quando era uma partida decisiva. Afinal, nervos à flor da pele geralmente provocam respostas espontâneas. E essas, por sua vez, quase sempre geram uma grande polêmica.

Mas não é que neste último domingo tivemos mais um episódio inédito na história das entrevistas coletivas? Netas de um treinador participando da sabatina feita pelos jornalistas, sinceramente, foi demais para a minha cabeça! 

Que a entrevista coletiva geralmente serve para não dizer nada todos nós já sabemos. Mas o que justifica levar a neta para ficar ali, ao lado das câmeras do país todo? Ainda mais depois de uma vitória do time por 3 a 1 em casa?

Talvez nos anos 60 fosse até natural que os familiares frequentassem o ambiente de trabalho de um jogador. Mas, naquela época, não tínhamos tanta exposição do esporte na mídia e, muito menos, tanta necessidade de fazer entrevistas coletivas para conter o avanço da imprensa.

Luxemburgo, mais uma vez, ultrapassa a tênue linha que delimita a ética na profissão. Além do mais, expõe suas netas a um ambiente de conflito e discussão que geralmente envolve uma sala de imprensa em entrevista coletiva após um jogo.

Se Dunga foi tão criticado por usar roupas de gosto questionável produzidas pela sua filha, porque não questionar a atitude de Luxemburgo?

Não é legal expor crianças de dois até seis anos às câmeras de televisão e aos cliques dos fotógrafos. Ainda mais quando elas não têm a menor necessidade de estarem em frente a elas. 

Ao ligar a TV depois do jogo do Palmeiras, confesso que levei um baita susto ao ver as netas de Luxemburgo ali, ao lado dele. As meninas até que foram bem-comportadas, considerando-se a idade que têm. 

Deixar isso acontecer, porém, é que foi demais. Ambiente de trabalho é algo geralmente sagrado. Não é para qualquer um, tanta interferência atrapalha. Imagine se cada jornalista decidisse levar seu filho para assistir a uma coletiva pós-jogo? 

O pior foi não ter visto ainda nenhuma crítica construtuiva contundente a mais uma atitude despropositada de Vanderlei Luxemburgo…

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Os óculos táticos: enxergando o jogo anárquico e o jogo elaborado

Com objetivo de auxiliar as “discussões de boteco” Brasil afora sobre os jogos das equipes “do coração” de torcedores e especialistas, reproduzo abaixo parte de um texto produzido por esse que vos escreve – (LEITÃO, 2009) – mas que ainda não está disponível na internet; partindo dos construtos de Júlio Garganta. É mais um dos óculos para enxergar o jogo com contornos diferentes:

“(…) Segundo Garganta (1998), os “jogos desportivos coletivos” (JDC) pertencem a um grupo de esportes – no qual se enquadra o futebol – que se caracterizam por apresentarem dois traços fundamentais que lhes asseguram conteúdos ricos e de identidade ímpar:

a) são esportes em que há um apelo a cooperação entre jogadores de uma mesma equipe para obter sucesso na oposição aos jogadores adversários, permitindo a eles exprimir suas individualidades e manifestar suas capacidades, ao mesmo tempo que aprendem a subordinar seus interesses pessoais aos interesses da equipe.

b) são esportes em que há apelo a inteligência, pois há necessidade constante de elaborar e operar respostas adequadas aos problemas que surgem de forma diversificada e aleatória no jogo.

Eles (os JDC) são atividades em que a ação do jogador em campo é determinada pela manifestação complexa da interação de fatores de natureza psíquica, física, tática e técnica, que surgem em resposta a acontecimentos de frequência, ordem cronológica e complexidade imprevisíveis, e das quais a qualidade depende do conhecimento (vivência) que o jogador tem do jogo.

Então, de acordo com o conhecimento que os jogadores têm sobre o jogo, as suas formas de jogar se modificam em direção a uma dinâmica mais elaborada.

Para Garganta (1998), existem nos jogos indicadores que representam níveis de evolução do jogo e que podem sinalizar, a partir de sua identificação, a fase (nível) do jogar (em direção ao jogo elaborado) em que se encontra uma equipe. Então, tanto para níveis mais fracos de jogo quanto para níveis de bom jogo é possível definir aspectos que os caracterizam. Em geral, os aspectos que caracterizam um jogo de nível fraco são os seguintes:

a)     aglutinação de jogadores próximos a bola;
b)     ações com bola centradas em um jogo individual;
c)     ausência de movimentações para procurar espaços e facilitar o passe do companheiro que está com a bola;
d)     não defender;
e)     comunicação verbal exagerada para pedir a bola e/ou criticar os companheiros de equipe;
f)      desrespeito as decisões do árbitro.

Já para um bom nível de jogo, os aspectos que o caracterizam são:

a)     boa movimentação da bola através de passes;
b)     distanciamento do companheiro de equipe que está com a bola;
c)     busca de espaços vazios no sentido de receber a bola;
d)     intenção de receber a bola e observar o jogo, lendo-o;
e)     movimentação para criar linha de passe após ter passado a bola;
f)      buscar espaço adequado a organização da equipe, afastando-se do companheiro que tem a bola;
g)     não esquecer o objetivo do jogo (no caso do futebol, o gol).

Tanto em níveis mais baixos (fracos) de jogo quanto em níveis mais elaborados, é possível reconhecer várias fases do jogar em função das características reveladas pelos seus praticantes a partir de como eles estruturam o espaço de jogo, como se comunicam nas ações do jogo e como se relacionam com a bola (Quadro 1).

A estruturação do espaço de jogo está associada à ocupação individual/coletiva do terreno de jogo, defensivamente e ofensivamente, de maneira inteligente tanto pra criar vantagens espaciais e numéricas e ocupar de forma equilibrada as zonas do terreno, quanto para aumentar ou diminuir o espaço efetivo de jogo em largura e profundidade.

A comunicação na ação, por sua vez, refere-se à transmissão da informação, verbal ou não verbal, sobre as ações e circunstâncias do jogo, individuais ou coletivas dos jogadores; e a relação com a bola refere-se ao controle e domínio das ações realizadas com bola a fim de resolver problemas do jogo.

Então, a partir de uma análise do jogo pautada nesses aspectos, é possível caracterizar jogos com indicativos de anarquia (jogo anárquico), com indicativos de descentração (jogo descentrado), com indicativos de estruturação (jogo coordenado ou estruturado) e com indicativos de elaboração (jogo elaborado).

Ainda que o jogo possa ser observado a partir de aspectos que o caracterizam em níveis e fases, há de se destacar que existem também etapas de referência que
correspondem a distintas relações entre os elementos do jogo “jogador, bola, companheiros, adversários e alvo”. Esses elementos, segundo Garganta (1998), produzem relações distintas, que, para aprendizado e evolução do jogar, podem ser enunciadas em “eu-bola” (centro na familiarização, controle e ação do jogador com a bola), “eu-bola-alvo” (centro no objetivo final do jogo através do arremate), “eu-bola-adversário” (centro na combinação de habilidades, na conquista e manutenção da bola; além da busca à finalização), “eu-bola-colegas-adversários” (combinação de habilidades, com transmissão da bola e exploração de conceitos de defesa e de ataque) e “eu-bola-equipe-adversários” (com aproximação do jogo formal e exploração de princípios de jogo, de defesa e de ataque).

O domínio das habilidades técnicas (passe, condução, finalização, etc.) “embora se constitua como um instrumento sem o qual é muito difícil jogar e impossível jogar bem, não permite necessariamente acesso ao bom jogo” (GARGANTA, 1998, p. 21).”

Trabalho mencionado nesse texto:

GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: OLIVEIRA, J.; GRAÇA, A. (org.). O ensino dos jogos desportivos coletivos. 3.ed. Porto: Universidade do Porto,1998.

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Notinhas de feriado

– Inglaterra e Andorra fizeram um jogo para um Wembley quase vazio na tarde da última quarta-feira, horário de Brasília. Incautos diriam que a crise econômica pegou de vez o torcedor britânico. Arrojados suporiam que é um reflexo do afastamento do cidadão de símbolos nacionais em detrimento a símbolos mais locais. Mas foi tudo culpa da greve do metrô londrino.
 
– O confronto entre a PM e os estudantes da USP mostra que problemas de manifestação em massa não é uma exclusividade do futebol. Foi basicamente a mesma coisa, mas ao invés de torcedores, eram estudantes. Ao invés de pedaços de pau e rojões, livros. Fora isso, tudo igual. Ou é a polícia que não consegue se controlar ou é o cidadão brasileiro que não sabe protestar. Na Coréia do Sul os estudantes vão pro confronto vestindo capacete e colchão. Não colhão. Colchão mesmo. Cadastrem os estudantes.
 
– Alan Sugar comprou o Tottenham em 1991. Sulaiman Al-Fahim, árabe, está no processo de compra do Portsmouth, no meio da due dilligence. Alan Sugar apresenta o “O Aprendiz” inglês. Al-Fahim apresenta o Hydra Executives, uma versão árabe do programa. O que o Roberto Justus está esperando?
 
– O Milan perdeu o Kaká para o Real Madrid, na primeira vez na história que o clube italiano teve que se desfazer de um jogador pra ganhar dinheiro. O Maicon e o Ibrahimovic estão loucos por outros mercados. O Chelsea quer o Pato. A situação do futebol na terra do Calcio está tão complicada que a Inter perdeu até o Adriano para o Flamengo.
 
– O ticket médio do jogo do Brasil com o Paraguai foi mais do que 80 reais. E ninguém vaiou. O business plan perfeito.
 
– Pra fechar. Se a grama do Arruda fosse um pouquinho mais alta, o Santa Cruz poderia diversificar sua receita e apostar na venda de crédito de carbono.

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O banheiro do Papa e a Copa 2014

Assisti, há alguns meses, a um filme uruguaio muito inteligente, sensível e de pouca atenção recebida por parte do público e crítica no Brasil – “O Banheiro do Papa”.

Estamos em 1988 e o Papa João Paulo II está vindo para Melo, um pequeno vilarejo no interior do Uruguai. Um grande número de seguidores, a maioria brasileiros, deverá comparecer à cerimônia em que o Papa fará um discurso sobre a importância do trabalho. 

Baseado em um fato real, o filme retrata o impacto da visita do Papa, na pequena cidade próxima à fronteira com o Brasil, onde muitos habitantes vivem de pequenos serviços, como contrabandear produtos de consumo comprados  no Rio Grande do Sul. 

A vinda do Papa é anunciada pela imprensa com grande alarde, noticiando 50 mil pessoas no evento. No panorama de dificuldade de emprego e oportunidades, a vinda do Papa é vista pela população de Melo como uma oportunidade de abrandar a pobreza, fazendo com que todos se mobilizem em torno do evento para dele tirar proveito próprio, especialmente com quitutes e bebidas.

E, para fazer jus ao título do filme, o protagonista Beto, “bagayero”, que com sua bicicleta troca os mais variados itens na fronteira e percorre 120 quilômetros até a fronteira. Embora não muito entusiasmado com a visita do Papa, tem uma idéia para ganhar dinheiro com os visitantes. Beto irá construir um banheiro em frente à sua casa e cobrará pelo uso. 

O Papa chega em Melo. Entretanto, estima-se que apenas 500 pessoas tenham visitado a cidade à época. Até hoje, a data simboliza a maior calamidade econômica na memória dos habitantes do vilarejo. Toda a comida e bebida não foram consumidas e, portanto, foram doadas ou simplesmente desperdiçadas.

Copa do Mundo em 2014 no Brasil. Já tenho ouvido falar e visto, vividamente, de toda sorte de benefícios para a sociedade em geral, nas cidades-sede, além de pessoas e empresas interessados em “fazer negócio”, “ganhar dinheiro”, “aproveitar a oportunidade” do evento que ocorrerá em seus quintais.

De fato, um acontecimento deste porte possui o condão de impulsionar mudanças positivas num cenário mais amplo, cujos reflexos podem ser sentidos na economia, no esporte, na sociedade em geral.

Mas vejo como imperiosa a preparação das condições para que este cenário aflore no futebol brasileiro o senso obrigatório de mudança, favorecendo o “legado da Copa” – expressão que resume todo o conjunto de benefícios tangíveis e intangíveis do maior evento do mundo – em nível individual, dos que desejam tornar esse esporte sua profissão, e também em nível coletivo, com a articulação inteligente das principais entidades que lhe dão base de sustentação.

Cito uma expressão consagrada e, de repetida, não consegui credenciar a fonte: cuidado com o que deseja, pois seu desejo pode se tornar realidade.

O de (quase) todos nós já se tornou. Copa 2014 no Brasil! A contagem regressiva começou. Melhor o Brasil e os brasileiros se prepararem com profissionalismo, fiscalização de investimentos públicos, qualificação técnica das pessoas cujas profissões serão essenciais ao evento, serviços públicos aperfeiçoados, benfeitorias viáveis econômica e ambientalmente nas cidades-sede.

Senão, teremos grandes chances de repetir a história da cidade de Melo, do protagonista Beto e de seus conterrâneos, numa escala muito maior de frustração.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Impactos do videogame no ensino do futebol II: a vivência

Olá amigos, no último texto, lançamos algumas perguntas sobre os impactos do videogame no ensino do futebol. 

O que pode parecer um assunto descontextualizado para muitos, na verdade, deve ser observado como um importante ponto de reflexão da atuação dos profissionais no futebol hoje, sobretudo, daqueles que lidam com a modalidade em âmbito pedagógico, ou melhor, de formação, uma vez que trato pedagógico não se restringe às crianças.

A primeira questão levantada foi:

O jogo de futebol pelo videogame pode ser considerado uma vivência da modalidade?

Sem entramos em discussões filosóficas sobre o que é ou não uma vivência, vamos direto ao ponto. O professor Mauro Betti, da Unesp, traz a ideia central que compartilho com os amigos leitores: “A vivência antecede a prática”.

Muitas vezes, o foco na formação futebolística de uma criança é dada em relação aos seus aspectos de crescimento e maturação, alguns ampliam ainda para os aspectos psico-cognitivos, mas quase sempre nos deparamos com ações isoladas e simplistas que não consideram a complexidade do ser humano, das interações que estabelecem  e de suas bagagens de conhecimento e aprendizado.

Com base na necessidade de ampliar o foco no ser humano complexo, é que entendemos fazer sentido essa premissa da vivência anteceder a prática. 

Quando a criança chega a uma aula de futebol, muito provavelmente ela já vem carregada de estímulos e exemplos baseados em outras interações que estabeleceu na sua curta, mas rica experiência de vida. E um desses estímulos sem dúvida é o videogame.

O videogame pode não permitir a vivência de elementos característicos do futebol, mesmo que os avanços recentes tentem dar mais movimentos de jogo, ainda que virtuais. Mas com certeza permite uma vivência de elementos que serão encontrados na prática propriamente dita.

Ao definir o posicionamento e estratégias de sua equipe em um jogo virtual, a criança já está sendo estimulada indiretamente a compreender alguns aspectos lógicos sobre a organização do jogo, que podem configurar-se em importantes links para a transferência de conceitos virtuais para a compreensão do jogo concreto.

E, ainda que pareça abstrato, tais transferências podem ser incorporadas pelo aluno, afinal, seus gestos técnicos e motores são influenciados pelos estímulos culturais e sobretudo, pelos significados que eles atribuem ao jogo, a partir da compreensão que ele tem do mesmo, o que nos leva a uma importante frase do professor Alfredo Feres Neto quando refere-se a essas novas vivências esportivas e diz:  

” …eu sou o mesmo que pratica e assiste – eis em ambas, minha motricidade” (FERES NETO, 2001, p. 84).

Deste ponto, fazemos um destaque à possibilidade que os recursos tecnológicos abrem para explorar essa vivência e buscar tirar proveito sobre dois aspectos. Considerando que ao praticar, assistir, ou ainda jogar um videogame, as soluções encontradas são marcadas (enraizadas) na criança.

Primeiro sob o ponto de vista da compreensão do jogo que o videogame oferece e depois sobre as oportunidades de interação que podem ser estabelecidas.

Para ilustrar retomamos um trecho do texto desta coluna no dia 16 de setembro de 2008 (Os atletas antenados do futsal brasileiro) quando falávamos do trabalho de PC Oliveira técnico da seleção de futsal do Brasil, ao defender o uso de recursos com identidade e interatividade muito similares a de videogames no seu cotidiano de treino.

Um dos argumentos do técnico é que se os jogadores têm competência para manusear os inúmeros aparelhos que compram imediatamente a cada novo lançamento (notebooks, ipods, DVDs players, palms, celulares), sem contar como lidam com internet, não seria um empecilho utilizar desses meios como ferramentas complementares na preparação da seleção, facilitando ainda mais a compreensão de jogo.

E outro ponto que PC Oliveira levanta é que se queremos desenvolver atletas inteligentes (pois afinal são eles que fazem a diferença) nada como estimular isso, e com os recursos tecnológicos é possível visualizar, criar, modificar, compartilhar, e aprender…

Partir dessas vivências, pode trazer importantes aspectos ao ensino do futebol, mas tal ensino deve ser parametrado em propostas sólidas  e profundas que respeite a complexidade do ser humano e do jogo de futebol, além de otimizar o uso de recursos tecnológicos para a consolidação de conteúdos.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Crise de identidade

Obina não tem nem duas semanas e já virou ídolo no Palmeiras. Antes mesmo de entrar em campo, a expectativa da torcida era gigantesca. Bastou jogar a primeira partida e o apoio foi irrestrito, fazendo do jogador um dos casos mais bizarros dos últimos tempos.

Mas o que Obina pode ter que os outros não tem?

O carisma, sem dúvida, é um dos primeiros fatores. O atacante parece enfeitiçar o torcedor, enchê-lo de esperança de que dias melhores virão com a sua grandiosa presença na área rival.

Só que parece haver algo maior, uma característica que está presente em Obina e não tanto em diversos outros jogadores que atualmente desfilam pelos gramados brasileiros.

Sim, é isso mesmo. Desfilam. Porque se comportam como se estivessem apenas de passagem pelo país. Numa espécie de desfile para o comprador internacional. Tal qual a modelo que se exibe na passarela em busca de um contrato com uma grande agência, ou com uma grande marca, muitos jogadores que atuam hoje no Brasil se comportam dessa forma.

Especialmente nos times “de aluguel”, com atletas contratados por grupos de investimento. É o caso do Palmeiras, que tem hoje três jogadores que se identificam especialmente com a torcida. Marcos, cria da casa e há 17 anos no clube; Pierre, contratado na era pré-Traffic; e Obina, recém-chegado ao clube e que não teve a contratação avalizada pela “parceira”.

Esses três jogadores parecem ter criado uma clara relação com o torcedor. São aqueles que os representam dentro de campo, que quando vão jogar não estão preocupados com o desfile, mas sim com aquilo que é o bem mais precioso: a vitória.

A crise de identidade acomete atualmente a maior parte dos clubes. Com a transformação do futebol brasileiro numa grande vitrine para a Europa, o jogador muitas vezes vai a campo com a certeza de que está ali apenas de passagem. Que não é importante jogar bem, se dedicar, alcançar a vitória. Que o fundamental é preservar as canelas para que seu empresário o coloque, na próxima temporada, para atuar no Barcelona, no Real Madrid, no Manchester…

Os craques de bola, assim, deixam de ser ídolos. E o Brasil se acostuma a ver, no jogador dedicado, o potencial de identificação com a sua torcida. Para quem precisa do ídolo para gerar mais receitas e manter times vencedores, essa é a pior coisa que poderia acontecer…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br

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A fisiologia do jogo e a ação do treinador

O treinamento de jogadores e equipes de futebol tem se apoiado em uma série de premissas que sustentam há tempos teorias constituintes das Ciências do Desporto.

Como já pontuei outrora, cada vez mais, na busca pela especificidade das cargas de treino e de resultados de altíssimo nível, novas premissas vêm apontando para caminhos pouco explorados no desenvolvimento da performance de jogadores e equipes de futebol.

Hoje, mundialmente, várias são as frentes de pesquisas que estão em busca do melhor entendimento do jogo de futebol a partir das teorias da complexidade. E como se não bastassem as pesquisas (e realmente e obviamente, não bastam!) equipes de futebol européias tem reforçado na prática com suas conquistas e treinamento de alto nível, a necessidade de um entendimento da totalidade que envolve a preparação do futebolista.

Então, apesar de no Brasil tal idéia parecer engatinhar na prática dos clubes de futebol e andar vagarosamente nos centros de referência e pesquisas, em alguns outros países a consciência da necessidade de se entender o jogo em todas as suas dimensões de maneira transdisciplinar há tempos vem suplantando “antigos-novos” “pensamentos-barreiras” enraizados em um plano cartesiano sem fim.

E em quanto onde se engatinha, a busca está ainda em entender como treinar o jogo jogando, onde se anda a passos largos as buscas se centram cada vez mais no entendimento complexo do que é o jogo transcendendo seu significado comum.

Existem ainda muitas coisas para se descobrir, assim como existem muitos equívocos acontecendo na prática em função desse “à descobrir” (e também, inevitável, em função do mau entendimento daquilo que as teorias dizem).

Uma coisa que venho discutindo há algum tempo é a “crença” de que o jogo (ao se treinar jogadores e equipes “jogando”) por si só a partir de suas regras, seria capaz de gerar respostas adaptativas e ganhos (em todas as dimensões da preparação do jogador – físico-técnico-tático-psicológica) na performance desportiva de jogo. É claro que não!

Balbino (2005) já chamava a atenção para o fato de que a ação do treinador transecenderia o método. E isso não significa que o método não é importante; isso significa que o método por si só não garante êxitos se ação de quem o conduz não estiver voltada para aquilo que se quer alcançar.

Recentemente, Rampini et al (2007) mostrou em seu trabalho sobre fatores que poderiam influenciar as respostas fisiológicas de jogadores em treinamento de futebol a partir de jogos em espaços reduzidos, que a comunicação verbal com caráter “orientador” e “encorajador” por parte do treinador nos treinamentos pode alterar tanto a dinâmica quanto a resposta fisiológica de jogadores presentes nesses jogos.

Isso não quer dizer que ficar se “esgoelando” na beira dos “mini-campos” nos treinamento, dizendo o que o jogador deve fazer, levará a um desempenho de jogo melhor. O significado disso é que a atuação do treinador requer intervenções que sejam condizentes com os objetivos dos jogos, construídos a partir de regras específicas, e que contribuam para a melhor compreensão dos jogadores sobre o significado de suas ações no jogo, dando-lhes autonomia para tomar decisões.

Em outras palavras, a ação do treinador tem que, em conjunto com o jogo, potencializar os objetivos que serviram de parâmetro para a construção dessa ou daquela sessão de treino, desse ou daquele jogo em espaço reduzido.

A Fisiologia do Esporte, especialmente fora do Brasil, tem buscado se transformar em Fisiologia do Jogo; tentando entendê-lo melhor. Exemplos como o trabalho mais recente de Hill-Hass et al (2009) – analisando as respostas fisiológicas e a movimentação de jogadores de futebol S17 em treinamento a partir de jogos em espaços reduzidos – tem sido cada vez mais freqüentes.

Infelizmente em diversas áreas das Ciências do Desporto (e em outras também!) falta a compreensão de que a teoria só faz sentido se ela também for “a prática” (e também “à prática”), unidas em uma coisa só, dando significado uma a outra.

Não precisamos de respostas para perguntas que não fazem sentido. Não precisamos de respostas para perguntas que não foram àquelas que fizemos.

A prática tem que ser “praxis”, e a teoria… bom, a teoria também…

Trabalhos mencionados no texto:

BALBINO, HF. A pedagogia do treinamento: método, procedimentos pedagógicos e as múltiplas competências do técnico nos jogos desportivos coletivos. Tese de Doutorado. 2005. Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas.

RAMPININI E;  IMPELLIZZERI FM;  CASTAGNA C;  ABT G;  CHAMARI  K;  SASSI A; MARCORA SM. Factors influencing physiological responses to small-sided soccer games. Journal of Sports Sciences, 25(6): 659-666, 2007.

HILL-HAAS, SV; DAWSON, BT; COUTTS, A; ROWSELL, GJ. Physiological responses and time-motion characteristics of various small-sided soccer games in youth players. Journal of Sports Sciences, 27(1): 1-8, 2009.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br

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Corrida contra o relógio

Caros amigos da Universidade do Futebol,

Estamos em uma verdadeira corrida contra o relógio para a organização da Copa de 2014. Como tivemos a oportunidade de notar, a CBF anunciou na recém-realizada reunião do Comitê Executivo da Fifa, através de seu presidente Ricardo Teixeira, as cidades-sede da Copa.

São elas, em ordem alfabética:

* Belo Horizonte
* Brasília
* Cuiabá
* Curitiba
* Fortaleza
* Manaus
* Natal
* Porto Alegre
* Recife
* Rio De Janeiro
* Salvador
* São Paulo

Acredito que não tivemos grandes surpresas na escolha, principalmente considerando as tradições futebolísticas da maioria dessas cidades. 

Ocorre, entretanto, que temos muito pouco tempo para que essas cidades consigam organizar esse grande evento, tanto com relação a condições individuais (estádios, hotelaria, transportes intra-municipais, etc), como também com relação ao coletivo (estrutura nacional de transporte, por exemplo).

Tudo deverá estar praticamente pronto para 2013, quando da realização da Copa das Confederações. Ou seja, falta muito pouco.

Entendo que os estádios poderão até ficar todos prontos a tempo. Porém, principalmente em termos de capacidade de transporte, acho que já estamos bem atrasados nas obras. Obras de metrô, ampliação de aeroportos, estradas, outros transportes públicos, dificilmente ficarão prontas para 2014, e muito menos para 2013.

É importante que essas obras sejam feitas de forma cautelosa, para que a herança pós-Copa do Mundo seja aproveitada pela população brasileira. Não queremos gastar fortunas com estádios, por exemplo, que não tenham sua utilização pós-Copa bem planejada. 

O Estado, por exemplo, caso participe do financiamento, deverá exigir uma reserva de uso dessas estruturas para permitir que o esporte amador e de formação possa ser beneficiado em um segundo momento. Dessa forma, aqueles que hoje não tem acesso a estruturas de primeira linha dentro da estrutura piramidal do esporte, possam tê-las com o efeito da Copa.

Isso. Projetos sociais também devem ser beneficiados com essa nova estrutura, de forma sustentável e planejada, dentro de um princípio democrático e de solidariedade.

Não queremos também, que a estrutura de segurança pública seja reformulada apenas para garantir a segurança dos turistas e delegações, e que após a Copa tudo volte à mesma situação (ou pior) do que temos hoje.

Para que tudo isso faça sentido, é preciso que todas as obras tenham uma voz de cada grupo, que representem diversos atores do nosso dia-a-dia, como autoridades do esporte, autoridades públicas, clubes, atletas, representantes de determinados setores na sociedade, empresas, entidades que desenvolvem projetos sociais, etc.

Temos que maximizar o boom da Copa para o benefício de todos nós, brasileiros, e, principalmente, da camada mais carente da nossa sociedade. Mas isso somente será possível com obras e projetos que tenham sido bastante discutidos e pensados.

Espero que essa corrida contra o relógio não coloque todo esse planejamento de lado…

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br