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Métodos inovadores de treino: melhor caminho para a vitória?

Onde está o segredo da vitória?

Quando “moleque”, ainda sem nem sequer imaginar que um dia trabalharia, estudaria e pesquisaria futebol, já me parecia óbvio que em um jogo, o melhor sempre venceria o pior. Para mim, estava claro que, fosse no voleibol, basquetebol, futsal, ou qualquer outro jogo, como claro, o futebol, a melhor equipe sempre venceria confrontos contra suas adversárias mais fracas.

Ora, em um campeonato de futebol profissional, por exemplo, sempre haveria três ou quatro equipes que se equilibrariam mais, em que as partidas entre elas poderiam ser ganhas, vezes por uma, vezes por outra, mas que em geral, contra as outras tantas participantes da competição, seria inevitável que vencessem.

O tempo foi passando, e fui percebendo que algumas (ou muitas) vezes nem sempre aquelas equipes, que eram tidas como melhores ao julgamento do senso comum e dos especialistas, eram realmente as que venciam seus jogos contra os adversários tidos como mais fracos (aprendi inclusive o que as tais “zebras” anunciadas pelos comentaristas na TV eram mais frequentes do que deixavam a gente perceber).

Em algum momento, não sei ao certo qual, comecei a notar que, frente a resultados tidos como inesperados (quando o “melhor” perdia para o “pior”), a mais comum explicação que se tinha dos próprios profissionais do futebol era a de que “no futebol é necessário sorte”, ou de que naquele dia “nada deu certo”, ou ainda que “a equipe ‘A’ jogou melhor. Só faltou o gol”.

Só faltou o gol?

Em contraponto a esse tipo de explicação, ouvia com frequência de alguns treinadores que ganhavam um título aqui e outro ali, que o segredo do sucesso estava em trabalhar: “quanto mais trabalho, melhor resultado”.

Muitas vezes esses treinadores também perdiam. Teriam trabalhado menos do que seus pares? E aí, não tinha jeito. A explicação padrão vinha à tona: culpa da arbitragem, dia ruim, falta de sorte, falha do goleiro.

Pois bem. Um dia ficou claro para mim, que algumas coisas deviam estar passando despercebidas ou estavam sendo simplesmente ignoradas pelas pessoas que faziam do futebol sua profissão. Parecia-me óbvio que o êxito ou o fracasso poderiam sim ser controlados em um jogo – ou ao menos, que as chances de um ou de outro acontecer poderiam ser aumentadas (vitória e derrota não eram obra do acaso; ou pelo mesmo não do acaso como era conhecido). Parecia-me óbvio que o desconhecimento sobre como manipular esta “chance” fez surgir a crença de que isto era impossível.

O tempo passou e muitas coisas se transformaram. Cada vez mais pessoas buscaram (e continuam buscando) entender as vitórias e as derrotas no futebol.

O “carro chefe” das investigações, hoje, tem sido o modo de se treinar (de maneira que os debates, sobre o tema, têm se transformado em grandes batalhas). Tenho estudado a fundo o futebol em diversas de suas dimensões. Sou um dos defensores da necessidade de que novos paradigmas emirjam, avancem e se consolidem. Não posso, no entanto, atribuir, única e exclusivamente ao modo de se treinar, a causa da vitória ou da derrota.

Muitos campeões atingiram o topo se utilizando de caminhos bem diferentes – e aí incluo, métodos bem tradicionais de treinamento. Claro, não estou com isso defendendo que qualquer coisa funcione para alcançar o êxito desportivo. O que quero destacar e deixar visível, é que o rendimento no futebol depende ao mesmo tempo de uma série de dimensões, variáveis e fatores.

A compreensão sobre estas dimensões, e o controle cada vez mais fino de um número maior de variáveis pode decisivamente permitir domínio e manipulação dos fatores que levarão à vitória e à derrota. Onde, o que, como, por que, com quem e quando treinar, são algumas das questões que devem ser respondidas, para que dentro de um processo de treinamento que vise a excelência, sejam atingidos os melhores resultados.

E a partir daí, é certo, que dentro do peso que lhe cabe na construção da vitória, o modo como se treina, poderá ser mais, ou ser menos decisivo.

Para interagir com o autor: rodrigo@universidadedofutebol.com.br  

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Férias

Caro leitor,

Excepcionalmente nas próximas semanas não teremos a coluna de André Megale. O colunista estará em recesso até fevereiro, quando volta com seus textos semanais!

Um grande abraço,

Equipe Universidade do Futebol

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Veja as últimas colunas do Megale na Universidade do Futebol

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Gestão do conhecimento

 Pela preocupação latente em reunirmos informações e dados fidedignos que possam retratar o desenvolvimento do esporte no Brasil ao longo desses próximos seis anos é que terminamos 2010 e iniciamos 2011 falando de conhecimento.

Neste conteúdo, para discutir um pouco os mecanismos a serem desenvolvidos para compilar tudo aquilo que for pertinente a Copa do Mundo de Futebol 2014 e as Olimpíadas e Paraolimpíadas 2016, ampliando a visão sobre o crescimento da indústria do esporte que direta ou indiretamente estará envolvido a esses “seres” ainda pouco conhecidos.

Gestão do conhecimento se refere a um conjunto de práticas usadas pelas organizações para identificar, criar, representar e distribuir conhecimento para a reutilização, conscientização e aprendizagem por meio da organização (Glick, 2007). O conhecimento é um recurso intangível que, se estiver dentro de um sistema eficaz de organizações de gestão do conhecimento pode favorecer o desenvolvimento econômico da indústria como um todo e das regiões de abrangência e atuação (Arias e Valbuena, 2007).

Baseado nestas citações devemos considerar três aspectos sobre a implantação de um “Sistema de Gestão do Conhecimento” a despeito dos megaeventos:

1.Sistema Híbrido: estamos lidando com a indústria do esporte, cuja abrangência transcende os seus próprios limites e engloba outras indústrias, tais como a construção civil, o turismo, o vestuário, a mídia dentre outras. As informações devem ser recolhidas a partir de uma visão do todo e não somente um olhar míope sobre os acontecimentos relativos ao esporte, atletas e suas modalidades.

2.Importação de mão-de-obra: já ouvi e li das inúmeras possibilidades de contratação de mão-de-obra do exterior que, aos olhos de um organizador de um megaevento de tais proporções poderia ser a tática mais conveniente e simples de se implementar, aproveitando o conhecimento de terceiros na realização de eventos análogos no passado. O questionamento sobre tal estratégia passa sobre o legado para o Brasil no futuro e de como seria possível desenvolver a indústria do esporte pós-2016. Se não aproveitarmos o momento para formar e utilizar novos agentes desportivos, em todos os setores, que outra oportunidade teremos para isso?

3.Projetos Setoriais: a Austrália, para as Olimpíadas de Sidney em 2000, chegou a elaborar um projeto de turismo esportivo pós-jogos, que nunca foi levado adiante ou devidamente aplicado. Os elementos-chave desse plano passavam pela coordenação entre as indústrias do esporte e do turismo, a parte de educação e treinamento, a regulamentação governamental, a infraestrutura, a avaliação dos benefícios econômicos e o monitoramento constante a partir de pesquisas científicas (Deery e Jago, 2005). Tal exemplo pode ser uma base para que façamos um plano e o mesmo seja devidamente executado como forma de alavancar diversos setores da economia nacional a partir de sua associação com o esporte e o momento esportivo para o país.

Na era do conhecimento não podemos prescindir de um plano fiel de gestão de todas as informações vinculadas aos megaeventos como uma plataforma fundamental para contribuir com o pleno desenvolvimento do esporte brasileiro – que tende a ser a década da maturação definitiva dos países emergentes no cenário mundial.

Bibliografia:

ARIAS, Astrid Jaime; VALBUENA, Carlos Blanco. (2007). La gestión de conocimientos en entidades de conocimiento: el caso de los laboratorios académicos y de las empresas de base tecnológica en Europa. Pensamiento y Gestión: Fundacion Universidad del Norte, n. 22, mar, p. 168-190.

DEERY, Margaret; JAGO, Leo Jago. The Management of Sport Tourism. Sport in Society, Vol. 8, No. 2, June 2005, pp. 378-389.

GLICK, Sally. (2007). What is “knowledge management” and how can marketing directors have a role in managing the knowledge in their firms? Practice Manager Forum, april, p.11-12.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Treinador virtual! Como transmitir essa notícia ao treinador de verdade?

Olá amigos,

Uma das ideias de uma coluna semanal é discutir assuntos que foram ou serão discutidos. Pois bem, no último fim de semana o programa Fantástico da Rede Globo, numa reportagem sobre como a tecnologia vai influenciar o ser humano no futuro breve, apresentou uma breve parte relacionada a esporte. Como vemos o exemplo descritivo da reportagem disponibilizada no site do programa:

“No futuro, a torcida grita, mas o técnico não está nem aí. Não mesmo. Cientistas da Universidade Carlos III, em Madrid, estão abrindo caminho para a criação de um treinador virtual: um computador capaz de dirigir uma equipe sozinho.

O programa tem um visual muito simples e não inclui nenhum robozinho sentado no banco de reservas.

A máquina já consegue analisar os diferentes tipos de jogadas possíveis e decidir o posicionamento dos jogadores de acordo com o rendimento potencial de cada um.

Os cientistas ensinaram o computador a enxergar, a reconhecer cores, formas, distância e profundidade com uma precisão cada vez maior. O olhar da máquina já pode enxergar uma realidade que vai além do olhar humano e tomar decisões como se uma quadra de basquete fosse um tabuleiro de xadrez.

A realidade é captada por uma única câmera a laser. Distância e profundidade se transformam em cores na tela. É assim que funcionam também os videogames de última geração, que dispensam qualquer comando e leem os movimentos do jogador. Cientistas espanhóis querem ensinar o computador a ver melhor e a enxergar a realidade ao redor”.

Assim gostaria de sucintamente refletir sobre tal reportagem, discordando em como são colocadas essas inovações. A maneira de se debater a tecnologia proposta na reportagem ajuda a aumentar a resistência à adoção da mesma. Não julgo nem critico a reportagem em si, mas me refiro que essa forma de enxergar os impactos tecnológicos é muito comum no meio esportivo e ganha eco quando tem os seus receios e resistências ressoados.

O principal aspecto que gostaria de levantar para futuras reflexões é justamente o nome atribuído as tecnologias em questão: treinador virtual. O nome em si é mercadologicamente fantástico, porém, não reflete a realidade e tão pouco contribui para a aceitação da tecnologia no meio.

Afinal a ideia de substituição do homem pela máquina não é um receio exclusivo do meio esportivo, é universal e atormenta a humanidade desde os primeiros inventos. Desde a ficção cientifica de Julio Verne até as mais recentes descobertas genéticas.

Não discordo do recurso apresentado, de forma alguma, aliás, apresenta inovações que sempre defendo para o meio esportivo, porém, a sua divulgação deve ser revista, principalmente pela falta de compreensão do que pode ser feita com e a partir dela. Remetendo-nos mais uma vez a frase de Roger Revelle já utilizada neste espaço em outros momentos:

“Nossa tecnologia passou a frente de nosso entendimento, e a nossa inteligência desenvolveu-se mais do que a nossa sabedoria”.

Para quem já tem o receio de utilizar da tecnologia, seja pela falta de habilidade ou por mero capricho, a ideia de que a máquina substituirá o ser humano no comando de uma equipe assusta e vai com certeza interferir no processo digestivo do impacto tecnológico, conceito que discutimos anteriormente na coluna intitulada Teoria da Tecnologia Esportiva III: processo digestivo do impacto tecnológico.

Assim é necessário ter claro que essa capacidade de apresentar soluções, armazenar informações, deve num primeiro momento ser alimentada por alguém da área com conhecimento suficiente para mapear e identificar esses padrões e depois transferi-los ao computador (ensinar o computador a identificar o jogo).

Posteriormente, a tomada de decisões com base nas informações são alinhadas com outras formas de feedback que o ser humano possui , com seu feeling e habilidade de lidar com essas informações. Qual a diferença para o que se faz hoje pensando no tripé:



A diferença é a maior qualidade e precisão das informações de jogo, facilitando e destacando ainda mais o poder de intervenção do ser humano. Talvez ai esteja um possível receio, ampliar e dar mais visibilidade aos erros, afinal, errar é humano. O difícil é lidar com os erros.

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Um ano de crescimento

O ano que se adentra deverá mostrar um grande crescimento no futebol brasileiro. Nem tanto por uma melhoria na gestão dos clubes, mas sim pela força da economia nacional aliada ao maior investimento no futebol por conta da Copa do Mundo.

Cada vez mais as empresas querem aportar dinheiro nos clubes e no futebol em geral. E isso tem gerado um crescimento sem precedentes no esporte mais popular do país. Com a Copa se aproximando cada vez mais, o mercado patrocinador se aquece, e isso beneficia toda a cadeia produtiva da bola.

Se, na década de 1990, o fracasso do crescimento no futebol brasileiro se deu porque os megainvestidores aportaram dinheiro esperando retorno financeiro com isso e se depararam com pessoas despreparadas para saber trazer resultados, agora a situação é um pouco diferente.

Os clubes não são procurados por investidores dispostos a bancar um negócio, mas sim por empresas que querem se beneficiar da exposição da marca que o futebol proporciona, ou do relacionamento com o torcedor. Ou seja, o dinheiro vai entrar de qualquer forma, mesmo que continuemos a ter falhas gritantes no corpo diretivo do futebol nacional.

O ano de 2011 promete ser de muita grandeza para o mercado da bola no Brasil. Mas, se não aproveitarmos esse momento de bonança para gerar também um melhor preparo em quem é responsável por organizar o futebol no país, teremos no médio prazo uma tempestade. E, muito provavelmente, ela virá próxima de 2014.

Mas o momento é para celebrar. Que todos entremos bem neste 2011. Muita felicidade e muitas conquistas. Dentro e fora dos campos!

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br  

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Clima de Ano Novo

Caros amigos da Universidade do Futebol,

Coincidentemente, coube a mim escrever a última coluna do ano. Como de praxe, resolvi olhar para trás e eleger um tema que retome fatos ocorridos no ano de 2010 e nos faça refletir para o ano de 2011.

E o tema eleito foi a sustentabilidade, com o gancho da visita do Presidente do COI Jacques Rogge ao Brasil. Em uma de suas declarações, disse ele que o Brasil deve atentar para arenas modernas a fim de evitar o risco dos chamados elefantes brancos (estádios construídos ou reformados por meio de pesados financiamentos, e que são sub-utilizados no período do pós-evento).

Esse tema em muito se relaciona com a questão do legado nos mega eventos que estão por vir no Brasil, i.e., Copa e Olimpíadas. O legado para a população local, em vários aspectos, é a única razão que nos permite imaginar o grande gasto público e privado em torno desses eventos. Sem a preocupação em legado sustentável para a população, seria melhor investir esses recursos em outras demandas sociais que urgem.

Recentes eventos, até mesmo em países desenvolvidos, mostram que o risco de sub-utilização dos complexos esportivos são reais e, em alguns casos, prováveis.

No âmbito esportivo, é preciso que se tenha um planejamento muito bem estudado, principalmente com as federações e clubes locais. Contar que apenas eventos esporádicos devam promover o retorno do investimento é um erro comum. É preciso que se tenha garantia de jogos certos e programados para as novas arenas, como os oficiais de campeonatos estaduais e nacionais. Além disso, é preciso se dimensionar o potencial de renda de tais jogos, com estudo sobre os valores dos ingressos, viabilidade de vendas de camarotes e comercialização de espaços publicitários.

Mas além da questão esportiva, é preciso que esses empreendimentos levem em consideração outros aspectos sociais, econômicos (potencialização de investimentos vindos do exterior ou mesmo de outros estados brasileiros), impactos ambientais e desenvolvimento de indústrias que utilizem energia e matéria prima limpas e renováveis, etc.

É mesmo hora de olharmos para trás, e projetarmos ações sustentáveis para o futuro. Mega eventos são oportunidades únicas para, acima de tudo, promovermos uma melhora das condições de vida da população local. Por outro lado, podem representar um desastre sócio-econômico.

A hora é de reflexão. Mais do que na hora de pensarmos em sustentabilidade e legado. Para evitar que elefantes aproveitem o momento do réveillon e vistam suas roupas brancas.

Feliz Ano Novo para todos nós e que venha 2011!

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br  

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Sobre 2010

2010 foi uma coisa para a indústria do futebol no Brasil e outra coisa completamente na indústria do futebol europeu.

Na Europa, o momento foi de estagnação, ainda consequência da crise econômica desencadeada dois anos atrás. Tirando uma coisinha aqui e outra ali, clubes investiram pouco em transferências e focaram em se adequar ao processo de licenciamento da Uefa, o que implica em um investimento significativo nas categorias de base. Não à toa, profissionais das categorias de base de clubes que revelam muitos atletas começaram a ser valorizados e a se transferir para mercados mais desenvolvidos.

Para piorar, o efeito Copa do Mundo fechou a porta para mercados estrangeiros, sob a desculpa do velho, batido e mentiroso argumento de que a presença excessiva de jogadores de outros países na liga doméstica afeta a qualidade dos jogadores locais. Uma inverdade que produz grandes efeitos, mas que tem tudo para ser pouco sustentável.

Isso tudo acabou tendo um impacto no Brasil, que não conseguiu transferir jogadores na mesma frequência de outrora. Jogadores saíram, é verdade, mas por valores baixos ou até de graça. Grandes transferências são e deverão continuar relativamente raras.

A pouca demanda externa aliada ao fortalecimento do Real em relação ao dólar, euro e libra, e ao ainda fortalecimento dos grupos de investidores, acabou gerando uma queda nos valores de transferências que acabou gerando imediatamente um aumento nos salários dos jogadores do mercado brasileiro. Com isso, clubes tendem a gastar mais, se endividar mais e se comprometer mais com receitas futuras.

Os efeitos disso tudo ainda não foram muito percebidos em 2010.
Que venha 2011.

Um ótimo ano novo.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br

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And the future goes to…

Chega o fim de ano e tudo a mesma coisa: todos falando sobre o que devem fazer nos próximos 365 dias, o que irá mudar no novo ciclo que se inicia, como poderá ser uma pessoa melhor no futuro, como pode contribuir mais para a sua empresa e nação e por aí vai…

Na realidade, percebo que pouca coisa ou absolutamente nada muda nas pessoas. Não é o sol se pôr no ocidente mais uma vez que faz com que as coisas sejam diferentes. Ao ler a 25ª edição do livro do Prof. Ms. João Paulo Medina (“A Educação Física cuida do corpo… e ‘mente'”), escrito na década de 1980, é possível constatar a queixa do professor sobre a validade de seus argumentos mesmo quase 30 anos depois da primeira edição.

O prefácio do próprio Medina faz a análise de ambos os lados: por um, o orgulho pessoal de ver sua obra reeditada por mais de 20 vezes. Por outro, o fato de pouca coisa ter evoluído naqueles conceitos apresentados na época. E percebemos a cada dia o quanto os profissionais da área insistem em fechar os olhos para o contexto das ciências humanas aplicadas à área do treinamento desportivo.

Mas a busca a essa referência é apenas um exemplo de tantos que poderíamos citar pela relação direta com a necessidade de evolução na área da educação e, mais especificamente, da educação física. Estamos falando de um país que quer crescer, mas possui uma filosofia de desenvolvimento antiquada e que, por conseguinte, é repetida pelo pensamento da sociedade como um todo.

Se olharmos para o ambiente do futebol, verificamos que as ações para promoção e qualificação de profissionais para o mercado e para a área científica ainda fazem parte de projetos isolados, sem que haja uma evolução significativa no âmbito dos clubes e das federações. Prevalece ainda o coronelismo e a cultura de passado, o que desdenha a evolução da indústria como um todo.

Neste âmago, quando nos queixamos do amadorismo dos dirigentes, das atitudes nefastas de alguns líderes do esporte ou do monopólio exercido por algumas empresas, é bom entendermos que se estes lá chegaram é porque ninguém melhor capacitado ou mais competente conseguiu barrá-lo. É porque alguns ou muitos assistiram passivamente o seu crescimento.

Esse emaranhado de palavras que, aparentemente, estão jogadas sem nenhum contexto, serve para dizer que as pessoas não mudam drasticamente de um ano para o outro. As organizações, que são formadas por pessoas, também não. A cultura muito menos…

“Ah sim, grande novidade, caro autor. Só falta dizer que Papai Noel não existe…”

O fato é que, na tão propalada era do conhecimento, precisamos investir em CONHECIMENTO. Para mim é esse o único fator de mudança capaz de uma transformação real das pessoas e dos setores da economia a qual estamos vinculados – neste caso, a indústria do esporte.

Há uma enorme ferida, com medida ainda não mensurada, aberta anos atrás no seio do esporte brasileiro. Agora, essa ferida está sendo apenas estancada e seguirá assim até 2016, depois de findada as Paraolimpíadas de 2016.

Se o legado desse período não for na área da educação, da informação e do conhecimento, formaremos o maior e mais bonito castelo de areia já visto no mundo, que será derrubado na primeira ressaca do mar.

Assim, termino o ano com a esperança de que aqueles que detêm maiores e melhores informações coloquem em suas metas para 2011 a perspectiva de gerar em qualidade e quantidade o conhecimento para o maior número de pessoas possível, contribuindo para a união de valores e desenvolvimento do esporte como um todo. E que isso sirva para a construção, em um futuro não muito distante, de uma indústria pujante ligada ao entretenimento.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Coisas que não pedi ao Papai Noel

Olá amigos,

Nesta época entendo que você já deva estar cansado de mensagens bonitas e pedidos para o próximo ano. Mas gostaria de fazer algo diferente, uma lista de não pedidos, se bem que… um não pedido não deixa de ser um pedido, mas vamos em frente. Embora o natal tenha sido na semana passada e espero que todos tenham aproveitado, vou encaminhar minha lista de não pedidos para 2011 para o Papai Noel.

Prezado Senhor Noel, não quero nada disso que está na lista a seguir, conto com sua compreensão, sei que as vezes sua boa alma o força a atender alguns pedidos, mas neste ano eu gostaria de não contar com sua interferência, grato.

Segue a lista:

Não quero jogadores contratados em janeiro que saiam do time antes do início do brasileiro.
Não quero ver meu time ser surpreendido por equipes mais fracas, por pura falta de desconhecimento ou informações.
Não quero que jogadores se transfiram da minha equipe por menos do valor de rescisão que consta no contrato, e que esse jogador não fique insatisfeito e entre na justiça do trabalho pelo direito de ir e vir, mesmo que sob contrato.
Não quero que as contas do meu clube fechem no vermelho.
Não quero reclamar do calendário.
Não quero reclamar de mala branca.
Não quero reclamar de arbitragem e erros de interpretação.
Não quero duvidar do profissionalismo de meus atletas.
Não quero demitir técnico porque não soube contratar.

Enfim

Não quero ser surpreendido por falta de um centro de informações avançado e gestão profissional do esporte.

É… se analisarmos bem… essas são coisas que não devemos pedir para o Papai Noel, afinal não podemos misturar a história do Gênio da Lâmpada com o Bom Velhinho, que dá um exemplo de gestão, logística, recursos humanos para qualquer dirigente de clube. Basta imaginarmos sua competência para entregar e atender aos pedidos e sonhos de tantas crianças mundo a fora. Não é uma operação fácil não.

Pensando bem, acho que vou precisar da interferência dele.

Ah… se em 2011 o Bom Velhinho fosse dirigente do meu clube…

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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O ciclo da década

Nos próximos dias celebraremos o final da primeira década do ano 2000. Como não poderia deixar de ser, até pela total falta de notícia da época, faço aqui uma breve revisão do que foi este período do ponto de vista da gestão, do marketing e do trabalho da mídia.

A primeira sensação que se tem é de que entramos, em 2011, numa espécie de ciclo da bola. Se, lá em 2001, o sentimento era de total abandono do futebol, especialmente no Brasil, agora a expectativa é totalmente diferente.

O Vasco x São Caetano que abriu o ano futebolístico em 2001 foi emblemático. Um jogo que foi adiado de 30 de dezembro de 2000 após a queda do alambrado de São Januário, encerrando de forma melancólica o mais melancólico dos Campeonatos Brasileiros da história recente. Nada contra o título vascaíno liderado por Romário, mas o fim da Copa João Havelange também começou a marcar, irônicamente, o término da liderança dos grandes monarcas do futebol nacional.

O ano de 2001 foi marcado por uma descrença total no futebol brasileiro. A virada de mesa da Copa JH teve como reflexo imediato a fuga de patrocinadores e a saída de dinheiro dos cofres dos clubes. O Brasileirão-01 teve diversos grandes clubes sem patrocínio na camisa (Santos, Palmeiras e Vasco foram alguns exemplos) e, mais do que isso, muitos poucos craques de bola dentro de campo. O torcedor, também descrente e com menos dinheiro no bolso pelo aperto da economia, relegou o consumo de futebol a um segundo plano.

Paralelamente a isso, as CPIs que corriam no Congresso e no Senado deixaram os dirigentes apavorados com seu futuro dentro do futebol, fazendo com que o foco deixasse de ser a gestão dos clubes para se tornar a permanência no comando. Foi nesse período que a mídia desempenhou papel fundamental para que as denúncias dos descasos dos cartolas tivessem efeito prático sobre o futuro do futebol nacional.

Em 2002, duas aberrações dentro de campo mudaram completamente a história de mudanças e reordenação da bola no país. O pentacampeonato mundial ganho pela seleção brasileira tirou o foco sobre Ricardo Teixeira na CBF, enquanto que o aparecimento de Robinho e Diego no Santos campeão nacional fez desaparecer o sentimento de “abandono” que tomava conta da produção de atletas no país.

Fora de campo, a maior contribuição para a evolução da gestão dos clubes vinha sendo dada pela criação do Estatuto do Torcedor, obrigando os dirigentes a colocarem o torcedor como prioridade em algumas questões relacionadas ao conforto do principal cliente do futebol.

Ainda com os reflexos de CPIs e Estatuto do Torcedor na cabeça, o ano de 2003 começou com uma lufada de novos tempos. A entrada do governo Lula, sancionando a Lei do Torcedor e a Lei de Moralização (que prevê o confisco de bens dos dirigentes por má gestão), mudou de vez a forma como os cartolas monárquicos tratavam o futebol.

O surgimento do Brasileirão em pontos corridos mudou de vez a cara do futebol brasileiro. Somou-se a isso a decisão de não se virar a mesa, mantendo Palmeiras e Botafogo, rebaixados no ano anterior, na Série B. Finalmente a seriedade voltou a dar o ar de sua graça na gestão dos clubes de futebol no Brasil, e isso foi o princípio para que a bonança atingisse parte dos times nos dias atuais.

A definição dos pontos corridos como fórmula de disputa do Brasileirão foi, também, o “cala-boca” que a CBF conseguiu dar na mídia. Com o penta e o Nacional na fórmula que sempre foi a mais defendida pela mídia, não tinha mais do que se falar de descuido da CBF e de Ricardo Teixeira com o futebol no país.

O processo de reordenação do futebol nacional foi acompanhado pelo crescimento da economia do país. A combinação desses dois fatores fez com que, no período inicial de adequação aos pontos corridos, os times brasileiros arrumassem suas casas e olhassem de que forma conseguiriam ser competitivos interna e externamente.

Com uma melhor ordenação fora de campo, e com mais dinheiro nas empresas do país, a segunda metade da década passou a ser de riqueza. Clubes com melhor poder de barganha para manter os craques dentro de seus clubes e empresas mais dispostas a investir no futebol para obter grande exposição na mídia.

Mas o que deveria ser o início de um ciclo virtuoso mostra, neste final de década, que pode ser o prenúncio de mais uma crise, ainda sem data para começar. A bonança dos altos patrocínios gerou, também, uma inflação no mercado do futebol do Brasil. Os clubes arrecadam mais, mas também gastam de maneira muito maior. A exemplo do que aconteceu no final dos anos 90, quando os grandes investidores entraram no futebol, levando os preços lá para cima, agora os clubes investem mais dinheiro para ter grandes jogadores.

Esse fenômeno, porém, não deve acabar tão cedo, uma vez que a Europa em crise financeira e o Brasil sendo a bola da vez por conta da Copa do Mundo de 2014 impulsionam para cá os investimentos.

Só que a dúvida que fica para a década que chega é essa. Até quando continuaremos a ter muito dinheiro no futebol? E quem não consegue acompanhar esse ritmo de evolução das receitas vai se endividar até quando para tentar manter o nível de competitividade?

São perguntas que a mídia deveria começar a fazer, em vez de se apegar apenas aos resultados dentro de campo. Essa é uma característica, porém, que não evoluiu ao longo da década, apesar de todas as mudanças no comando do futebol brasileiro.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br