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And the future goes to…

Chega o fim de ano e tudo a mesma coisa: todos falando sobre o que devem fazer nos próximos 365 dias, o que irá mudar no novo ciclo que se inicia, como poderá ser uma pessoa melhor no futuro, como pode contribuir mais para a sua empresa e nação e por aí vai…

Na realidade, percebo que pouca coisa ou absolutamente nada muda nas pessoas. Não é o sol se pôr no ocidente mais uma vez que faz com que as coisas sejam diferentes. Ao ler a 25ª edição do livro do Prof. Ms. João Paulo Medina (“A Educação Física cuida do corpo… e ‘mente'”), escrito na década de 1980, é possível constatar a queixa do professor sobre a validade de seus argumentos mesmo quase 30 anos depois da primeira edição.

O prefácio do próprio Medina faz a análise de ambos os lados: por um, o orgulho pessoal de ver sua obra reeditada por mais de 20 vezes. Por outro, o fato de pouca coisa ter evoluído naqueles conceitos apresentados na época. E percebemos a cada dia o quanto os profissionais da área insistem em fechar os olhos para o contexto das ciências humanas aplicadas à área do treinamento desportivo.

Mas a busca a essa referência é apenas um exemplo de tantos que poderíamos citar pela relação direta com a necessidade de evolução na área da educação e, mais especificamente, da educação física. Estamos falando de um país que quer crescer, mas possui uma filosofia de desenvolvimento antiquada e que, por conseguinte, é repetida pelo pensamento da sociedade como um todo.

Se olharmos para o ambiente do futebol, verificamos que as ações para promoção e qualificação de profissionais para o mercado e para a área científica ainda fazem parte de projetos isolados, sem que haja uma evolução significativa no âmbito dos clubes e das federações. Prevalece ainda o coronelismo e a cultura de passado, o que desdenha a evolução da indústria como um todo.

Neste âmago, quando nos queixamos do amadorismo dos dirigentes, das atitudes nefastas de alguns líderes do esporte ou do monopólio exercido por algumas empresas, é bom entendermos que se estes lá chegaram é porque ninguém melhor capacitado ou mais competente conseguiu barrá-lo. É porque alguns ou muitos assistiram passivamente o seu crescimento.

Esse emaranhado de palavras que, aparentemente, estão jogadas sem nenhum contexto, serve para dizer que as pessoas não mudam drasticamente de um ano para o outro. As organizações, que são formadas por pessoas, também não. A cultura muito menos…

“Ah sim, grande novidade, caro autor. Só falta dizer que Papai Noel não existe…”

O fato é que, na tão propalada era do conhecimento, precisamos investir em CONHECIMENTO. Para mim é esse o único fator de mudança capaz de uma transformação real das pessoas e dos setores da economia a qual estamos vinculados – neste caso, a indústria do esporte.

Há uma enorme ferida, com medida ainda não mensurada, aberta anos atrás no seio do esporte brasileiro. Agora, essa ferida está sendo apenas estancada e seguirá assim até 2016, depois de findada as Paraolimpíadas de 2016.

Se o legado desse período não for na área da educação, da informação e do conhecimento, formaremos o maior e mais bonito castelo de areia já visto no mundo, que será derrubado na primeira ressaca do mar.

Assim, termino o ano com a esperança de que aqueles que detêm maiores e melhores informações coloquem em suas metas para 2011 a perspectiva de gerar em qualidade e quantidade o conhecimento para o maior número de pessoas possível, contribuindo para a união de valores e desenvolvimento do esporte como um todo. E que isso sirva para a construção, em um futuro não muito distante, de uma indústria pujante ligada ao entretenimento.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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Coisas que não pedi ao Papai Noel

Olá amigos,

Nesta época entendo que você já deva estar cansado de mensagens bonitas e pedidos para o próximo ano. Mas gostaria de fazer algo diferente, uma lista de não pedidos, se bem que… um não pedido não deixa de ser um pedido, mas vamos em frente. Embora o natal tenha sido na semana passada e espero que todos tenham aproveitado, vou encaminhar minha lista de não pedidos para 2011 para o Papai Noel.

Prezado Senhor Noel, não quero nada disso que está na lista a seguir, conto com sua compreensão, sei que as vezes sua boa alma o força a atender alguns pedidos, mas neste ano eu gostaria de não contar com sua interferência, grato.

Segue a lista:

Não quero jogadores contratados em janeiro que saiam do time antes do início do brasileiro.
Não quero ver meu time ser surpreendido por equipes mais fracas, por pura falta de desconhecimento ou informações.
Não quero que jogadores se transfiram da minha equipe por menos do valor de rescisão que consta no contrato, e que esse jogador não fique insatisfeito e entre na justiça do trabalho pelo direito de ir e vir, mesmo que sob contrato.
Não quero que as contas do meu clube fechem no vermelho.
Não quero reclamar do calendário.
Não quero reclamar de mala branca.
Não quero reclamar de arbitragem e erros de interpretação.
Não quero duvidar do profissionalismo de meus atletas.
Não quero demitir técnico porque não soube contratar.

Enfim

Não quero ser surpreendido por falta de um centro de informações avançado e gestão profissional do esporte.

É… se analisarmos bem… essas são coisas que não devemos pedir para o Papai Noel, afinal não podemos misturar a história do Gênio da Lâmpada com o Bom Velhinho, que dá um exemplo de gestão, logística, recursos humanos para qualquer dirigente de clube. Basta imaginarmos sua competência para entregar e atender aos pedidos e sonhos de tantas crianças mundo a fora. Não é uma operação fácil não.

Pensando bem, acho que vou precisar da interferência dele.

Ah… se em 2011 o Bom Velhinho fosse dirigente do meu clube…

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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O ciclo da década

Nos próximos dias celebraremos o final da primeira década do ano 2000. Como não poderia deixar de ser, até pela total falta de notícia da época, faço aqui uma breve revisão do que foi este período do ponto de vista da gestão, do marketing e do trabalho da mídia.

A primeira sensação que se tem é de que entramos, em 2011, numa espécie de ciclo da bola. Se, lá em 2001, o sentimento era de total abandono do futebol, especialmente no Brasil, agora a expectativa é totalmente diferente.

O Vasco x São Caetano que abriu o ano futebolístico em 2001 foi emblemático. Um jogo que foi adiado de 30 de dezembro de 2000 após a queda do alambrado de São Januário, encerrando de forma melancólica o mais melancólico dos Campeonatos Brasileiros da história recente. Nada contra o título vascaíno liderado por Romário, mas o fim da Copa João Havelange também começou a marcar, irônicamente, o término da liderança dos grandes monarcas do futebol nacional.

O ano de 2001 foi marcado por uma descrença total no futebol brasileiro. A virada de mesa da Copa JH teve como reflexo imediato a fuga de patrocinadores e a saída de dinheiro dos cofres dos clubes. O Brasileirão-01 teve diversos grandes clubes sem patrocínio na camisa (Santos, Palmeiras e Vasco foram alguns exemplos) e, mais do que isso, muitos poucos craques de bola dentro de campo. O torcedor, também descrente e com menos dinheiro no bolso pelo aperto da economia, relegou o consumo de futebol a um segundo plano.

Paralelamente a isso, as CPIs que corriam no Congresso e no Senado deixaram os dirigentes apavorados com seu futuro dentro do futebol, fazendo com que o foco deixasse de ser a gestão dos clubes para se tornar a permanência no comando. Foi nesse período que a mídia desempenhou papel fundamental para que as denúncias dos descasos dos cartolas tivessem efeito prático sobre o futuro do futebol nacional.

Em 2002, duas aberrações dentro de campo mudaram completamente a história de mudanças e reordenação da bola no país. O pentacampeonato mundial ganho pela seleção brasileira tirou o foco sobre Ricardo Teixeira na CBF, enquanto que o aparecimento de Robinho e Diego no Santos campeão nacional fez desaparecer o sentimento de “abandono” que tomava conta da produção de atletas no país.

Fora de campo, a maior contribuição para a evolução da gestão dos clubes vinha sendo dada pela criação do Estatuto do Torcedor, obrigando os dirigentes a colocarem o torcedor como prioridade em algumas questões relacionadas ao conforto do principal cliente do futebol.

Ainda com os reflexos de CPIs e Estatuto do Torcedor na cabeça, o ano de 2003 começou com uma lufada de novos tempos. A entrada do governo Lula, sancionando a Lei do Torcedor e a Lei de Moralização (que prevê o confisco de bens dos dirigentes por má gestão), mudou de vez a forma como os cartolas monárquicos tratavam o futebol.

O surgimento do Brasileirão em pontos corridos mudou de vez a cara do futebol brasileiro. Somou-se a isso a decisão de não se virar a mesa, mantendo Palmeiras e Botafogo, rebaixados no ano anterior, na Série B. Finalmente a seriedade voltou a dar o ar de sua graça na gestão dos clubes de futebol no Brasil, e isso foi o princípio para que a bonança atingisse parte dos times nos dias atuais.

A definição dos pontos corridos como fórmula de disputa do Brasileirão foi, também, o “cala-boca” que a CBF conseguiu dar na mídia. Com o penta e o Nacional na fórmula que sempre foi a mais defendida pela mídia, não tinha mais do que se falar de descuido da CBF e de Ricardo Teixeira com o futebol no país.

O processo de reordenação do futebol nacional foi acompanhado pelo crescimento da economia do país. A combinação desses dois fatores fez com que, no período inicial de adequação aos pontos corridos, os times brasileiros arrumassem suas casas e olhassem de que forma conseguiriam ser competitivos interna e externamente.

Com uma melhor ordenação fora de campo, e com mais dinheiro nas empresas do país, a segunda metade da década passou a ser de riqueza. Clubes com melhor poder de barganha para manter os craques dentro de seus clubes e empresas mais dispostas a investir no futebol para obter grande exposição na mídia.

Mas o que deveria ser o início de um ciclo virtuoso mostra, neste final de década, que pode ser o prenúncio de mais uma crise, ainda sem data para começar. A bonança dos altos patrocínios gerou, também, uma inflação no mercado do futebol do Brasil. Os clubes arrecadam mais, mas também gastam de maneira muito maior. A exemplo do que aconteceu no final dos anos 90, quando os grandes investidores entraram no futebol, levando os preços lá para cima, agora os clubes investem mais dinheiro para ter grandes jogadores.

Esse fenômeno, porém, não deve acabar tão cedo, uma vez que a Europa em crise financeira e o Brasil sendo a bola da vez por conta da Copa do Mundo de 2014 impulsionam para cá os investimentos.

Só que a dúvida que fica para a década que chega é essa. Até quando continuaremos a ter muito dinheiro no futebol? E quem não consegue acompanhar esse ritmo de evolução das receitas vai se endividar até quando para tentar manter o nível de competitividade?

São perguntas que a mídia deveria começar a fazer, em vez de se apegar apenas aos resultados dentro de campo. Essa é uma característica, porém, que não evoluiu ao longo da década, apesar de todas as mudanças no comando do futebol brasileiro.

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br  

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Momento de união

Caros amigos da Universidade do Futebol,

é chegado o Natal, e com ele o espírito de nascimento, união e confraternização. É com esse espírito que escrevo a coluna desta sexta-feira.

Vivemos um momento crítico do futebol profissional no Brasil. Um momento em que precisamos vencer uma série de conflitos internos, problemas crônicos de nosso esporte, em vistas a organizar uma Copa do Mundo e de propiciar, em definitivo, uma melhor vida aos nossos torcedores e um melhor produto para nossos clubes e campeonatos.

É momento de união. Temos que superar diferenças históricas para juntarmos forças e termos um campeonato mais bem organizado, com estádios mais modernos.

Precisamos promover a segurança nos estádios. Para isso, não basta apenas um policiamento mais eficaz, mas também torcedores que respeitem as leis e normas e que não promovam a violência e o vandalismo. É preciso haver colaboração entre poder público e sociedade civil, para afastar as mazelas dos estádios.

Temos também que promover jogos mais atrativos, com nossos craques presentes em campos brasileiros. Para isso, CBF, federações locais e clubes devem se esforçar em conjunto para propiciar melhores condições para os nossos jogadores. Impossível manter todos os principais craques, isso é certo em qualquer profissão; mas o Brasil, com o atual cenário da economia local, tem condições de segurar e repatriar grandes nomes. Novamente a união é fundamental.

A mídia também desempenha um papel fundamental e deve funcionar como viabilizador de novos patrocinadores ao esporte (e não uma barreira para eles). O futebol precisa da mídia, mas o inverso também é verdadeiro e precisa ser reconhecido e refletido nos contratos. Para se chegar a um denominador comum, o diálogo é fundamental.

Resta ainda mencionar o poder público, que desempenha papel fundamental dentro do sistema do futebol. Esse esporte bretão possui uma função social importantíssima na sociedade brasileira, e é por isso que nosso governo deve continuar atento para que os atrativos financeiros existam, mas nunca desvirtuem a função de inserção social, lazer, entretenimento e, principalmente, educacional do futebol.

Enfim, que todos entrem em campo e joguem juntos, com o espírito natalino, para que o nosso futebol brasileiro possa ser o número um, não só dentro de campo, como também fora dele.

Vamos batalhar juntos para que a Copa do Mundo da Fifa de 2014 seja um catalisador de toda essa evolução.

Feliz Natal a todos!

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br  

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Ó vida, ó céus, ó azar.

Muitos devem lembrar da hiena Hardy, do desenho animado “Lipy the Lion and Hardy Har Har”, que proferia o famoso “Ó vida, ó céus, ó azar”, pelo seu eterno pessimismo, pois sempre esperava o pior nas circunstâncias do seu cotidiano e aventuras da dupla.

É assim que percebo muitos clubes que lamentam o ano de 2010 (ou os outros do passado). E, pelos cenários por eles próprios desenhados, vão continuar a colocar o braço na testa e a esperar o pior em 2011. Mas o pior é que o pior (desculpem a propositada redundância) é que a culpa raramente está na própria organização. Está sim em terceiros. Está no imponderável: no “monstro da televisão”, na “perseguição da CBF”, no “senhor diretor de árbitros”, na “Lei Pelé” e assim vai.

O pessimismo, nestes casos, tem explicação pela falta total de conhecimento e de planejamento do futuro. No quesito conhecimento, temos toda a componente relacionada com as informações inerentes à própria organização e ao mercado como um todo. O desconhecimento sobre o viés e as tendências que norteiam o ambiente da organização atrelado à falta de visão sobre aquilo que representa a própria instituição são fatores preponderantes para o insucesso.

O planejamento serve para perceber e descrever os rumos que se deve tomar, além de definir as estratégias para que tais anseios se tornem realidade. E planejar o futuro não é simplesmente dizer: “vamos ganhar todos os jogos em casa e ‘beliscar’ uns pontinhos fora de casa”. Passa, sim, por estudo, análise, projeção e engajamento de todos os setores ligados à organização.

Com as poucas palavras desta coluna, registro o anseio para que, ao término do próximo ano, tudo que ocorreu ao longo do mesmo passe a ser devidamente colocado sob uma métrica. Indicadores que possam aferir com precisão as virtudes e as falhas advindas da temporada, procurando soluções para as etapas vindouras. Assim, poderemos ter queixas e análises construtivas, e não simplesmente vazias, das organizações e das pessoas ligadas às entidades do futebol.

Para interagir com o autor: geraldo@universidadedofutebol.com.br

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A derrota do Inter: ver DVDs funciona no Brasil?

Olá, amigos!

Entendo que vocês não aguentem mais ver nada sobre o Mundial de Clubes, afinal como já identificaram os estudos sobre os meios de comunicação, a informação é tão intensa quanto efêmera.

Mas gostaria de analisar um pouco deste dito “vexame” do Internacional no torneio internacional.

Primeiramente considero um exagero tal alcunha, afinal, chegar ao Mundial, como sabemos, não é uma missão fácil. Por mais que possam dizer que uma vez lá, não tem o que se esperar de uma equipe que não seja da América do Sul ou da Europa. Creio que muitos gostariam de ver seu time sempre na disputa, pois isso representa conquistas nacionais e continentais.

Das sete edições do torneio, apenas três times (considerando Europa e América do Sul, como gostam a maioria) participaram duas vezes do torneio. Nenhum bicampeão. Será que isso indica um trabalho catastrófico?

Por outro lado, temos que concordar que a expectativa criada e o próprio potencial da equipe brasileira contribuíram para o sentimento de decepção que tomou conta do noticiário esportivo.

Por isso entro brevemente numa reflexão, não do jogo propriamente dito, mas da forma como uma análise poderia ter contribuído (lembrando que é difícil falar apenas com as informações à distância, sem estar lá para avaliar de maneira mais adequada o que de fato foi feito).

O Inter avaliou alguns DVDs do Mazembe. Eis a questão que sempre discutimos aqui: pode um DVD ser a principal fonte de análise de um adversário, tendo isso como o recurso tecnológico utilizado pelo clube?

Se hoje o discurso de que “não existe bobo no futebol” é cada vez mais presente, porque ainda temos situações precárias de análises? Me desculpem os que discordam e têm todo o direito e dever de fazê-lo, DVD não pode ser visto como tecnologia de ponta para o futebol de alto nível. Mesmo com o argumento de que uma imagem vale mais do que mil palavras. Numa boa interpretação, isto é, informação armazenada, analisada, discutida, aprofundada, não valeria… Hum… ao menos uma vaga na final do Mundial?

Não é a primeira vez que os africanos cruzam o caminho do futebol brasileiro e saem bem sucedidos. E aí, o que nos diz os DVDs desses jogos?

Não acredito que esses DVDs tenham mais informações do que estudo e análises aprofundadas sobre o retrospecto brasileiro contra equipes africanas. Será que a ciência e a tecnologia não poderiam ajudar a compreender um pouco mais? E para quem acha que elas dariam respostas, lembrem, elas não estão aí para isso, e sim para ajudar a fazer as perguntas certas.

Por que o Inter perdeu para o Mazembe?

Por que Brasil perdeu o Mundial sub-20 para Gana em 2009?

Por que o Brasil perdeu o Mundial sub-17 para Gana em 2007?

Por que o Brasil perdeu para a África do Sul e para Camarões nas Olimpíadas em 2000?

Por que o Brasil perdeu para a Nigéria nas Olimpíadas de Sidnei, em 1996?

Será que só ver os DVDs ajuda?

Para interagir com o autor: fantato@universidadedofutebol.com.br

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Querido Papai Noel…

Querido Papai Noel,

mais um ano vem chegando ao fim e, com ele, meus sinceros votos de que nós possamos ter um 2011 ainda melhor. Acredito que eu tenha sido um bom menino e, por isso mesmo, segue a minha listinha de presentes para este Natal. O senhor, como bom velhinho que é, verá que não peço nada material, apenas algumas melhorias para que o nosso futebol brasileiro seja ainda melhor, mais forte e, claro, traga mais alegrias para as pessoas.

Afinal, já que esse é o espírito que devemos preservar no Natal, porque não procurarmos ganhar de presente um montão de coisa que pode ajudar a termos um 2011 melhor?

Então, querido Papai Noel, segue aqui a minha listinha. Escolhi 11 presentes, já que um time de futebol que se preze precisa ter 11 jogadores em campo, e também o ano que vem é 2011. Ah, sei lá por que. Só veja se o senhor pode me ajudar, por favor.

1 – O senhor pode fazer com que a imprensa decida realmente só dar a notícia de que um jogador fechou com um clube quando de fato a negociação estiver concretizada? Não aguento mais o dever de informar ser suprimido pelo dever de vender jornal, de aumentar a audiência, etc. E o compromisso com o leitor, onde é que foi parar?

2 – Dê, para cada clube da Série A do Campeonato Brasileiro, uma mala de cada uma das cores existentes, por favor! Assim, quando chegarmos lá em novembro de 2011, todos colocam suas malas coloridas à venda. Quem sabe, desse jeito, vamos voltar a falar do que de fato interessa, que é o resultado dentro de campo, e não da maracutaia que pode, talvez, quem sabe, existir.

3 – O senhor tem alguma espécie de calculadora-punidora? Queria que o senhor presenteasse os clubes com ela. E não precisa ser só do Brasil, não! Funcionaria mais ou menos assim. Quando o dirigente fizer a conta e descobrir que ela vai ficar negativa, ele toma um choque. Acho que isso ajudaria a fazer com que os clubes voltassem a pagar os jogadores em dia, parassem de contrair mais dívidas e, finalmente, buscassem novas fontes de receita para ajudar a fechar o ano no azul. Não é assim que a gente tenta fazer lá em casa?

4 – É possível instituir uma regra que faça com que a Conmebol e a CBF resolvam não meter o bedelho em nenhuma competição do futebol na América do Sul e no Brasil? Veja só, querido Papai Noel, sei que esse presente deve ser o mais difícil de conseguir. Mas imagine só como seria mais legal se, em vez do interesse político, a gente buscasse deixar o campeonato o mais interessante possível equiparando todas as equipes e dando o maior senso de justiça para um torneio. Imagine só? O campeonato começaria e terminaria com a mesma regra, sem mudar o número de times classificados para este ou outro torneio, sem nenhuma bagunça…

5 – Papai Noel, este pedido aqui, se o senhor conseguir entregar esse anterior, pode riscar da lista. É o seguinte: tem como a gente reduzir de vez os Estaduais? Não quero acabar com eles, acho que eles têm a sua graça. Mas não com tanta gente! É mais ou menos como festa muito lotada. Perde aquele charme, não é mesmo? Não dá para deixar em 10 datas o Estadual?

6 – Por favor, Papai Noel, arrume um jeito de entregar, na casa de alguns treinadores e de alguns jornalistas, um pó mágico, que faça com que eles sejam menos rancorosos neste 2011 que vem chegando. Quem sabe assim até as modorrentas entrevistas coletivas após os jogos sejam legais! Eu sei que é difícil, mas já que o senhor pode dar qualquer presente…

7 – O senhor pode entregar aos clubes uma camisa de futebol menos poluída? É como se o sonho do torcedor fosse realizado, entende? O que ele gosta é da camisa do time apenas com o escudo, nada além disso. Aí o pessoal, em busca de dinheiro, vende o manto sagrado para um monte de marca. E, o pior, é que as empresas acham que isso tá dando “retorno”. Poxa, Papai Noel, eu nem me lembro quem é que está na camisa do Real Madrid, que só tem um patrocinador, como é que vou lembrar qual é uma das sete marcas que estão estampada no uniforme do Timão? Sei lá como o senhor vai fazer, Bom Velhinho, talvez valha invadir a casa dos patrocinadores para resolver essa…

8 – O senhor pode dar um calendário de presente para o Ricardo Teixeira, para a presidente Dilma, para o ministro do Esporte (seja lá quem ele ou ela for), para o presidente da Infraero e para os governantes das 12 cidades-sedes da Copa de 2014? É que sabe como é, já foram três anos da escolha do Brasil e, até agora, parece que só os estádios começaram a ser arrumados para o torneio. E olha que estádio nem é tão problemático assim. Quero ver como fazer para deixar os aeroportos bons para a população, as ruas, o transporte público… Ok, vou parar por aqui! Só um calendário eu lhe peço, Papai Noel. Só isso!

9 – Por acaso o senhor tem um controle remoto poderoso, que faça com que a gente possa escolher para ver apenas os melhores momentos das mesas-redondas no domingo à noite? Sem aquela discussão vazia, que não leva a nada. Só o que de fato realmente interessa! Esse é um presente que faria feliz praticamente todas as famílias do Brasil! É sério, Papai Noel, o senhor seria recebido em carro de bombeiros toda vez que passasse por aqui depois dessa!

10 – Sei que já estou pedindo muito, mas sua fama é de quem torna os sonhos possíveis. Será que dá para ensinarmos um pouco mais de gestão para quem está no comando do futebol? Nem é muita coisa. Só mostrar para eles que não adianta ser torcedor quando você senta na cadeira da presidência. Lugar do torcedor é na arquibancada, no choro, na emoção. Quando o cara vai comandar o clube, ele tem de ser frio, especializado, pronto para cuidar com muito carinho da sua empresa. Esse pedido é interessante, Papai Noel, porque aí não preciso pedir um montão de outras coisas, como a mudança do horário dos jogos, o fim da dependência de uma só fonte de dinheiro dos clubes, a manutenção dos melhores atletas por aqui, etc. Viu só como eu sou legal?

11 – Por último, Papai Noel, gostaria de saber se tem como o senhor entrar em contato com o “pessoal lá de cima” para fazer uma mudança no Brasil. Tem como a gente instituir que o ano começa em agosto e termina em julho? É porque aí todas as competições de futebol começariam e terminariam juntas. Esse pedido é só em caso de máxima urgência. Se por acaso o senhor percorreu os outros dez presentes e se desesperou, talvez realizando esse daqui já tenhamos uma melhoria para o futebol no Brasil. Não é a solução, mas ajuda a melhorar…

Bom, é isso aí, Papai Noel. Espero que o senhor consiga me entregar alguns desses presentes. Sei lá, do jeito que estão as coisas, um deles já ajudaria bastante. Pode escolher qualquer um. Sabe como é, tem algumas coisas que acontecem hoje com o nosso futebol que dá dó de ver. Quem sabe o senhor, do jeito que é bondoso, abra os olhos dessa turma…

Para interagir com o autor: erich@universidadedofutebol.com.br  

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Vamos às compras!

O mês de dezembro costuma ser agitado pela efervescência natural do período, que envolve Natal, reflexões pessoais para o próximo ano, encontros e desencontros familiares, nostalgia do que passou.

E muita gente encontra conforto em traduzir os sentimentos dessa época oferecendo presentes aos que lhe são caros ou próximos.

Temos uma enxurrada de amigos-secretos no trabalho, na família, com os amigos.

E dá-lhe presentes…

Não é fácil encontrar o presente certo para as pessoas. Quanto mais se conhece, melhor fica, mas, ainda assim, não é fácil.

A base das melhores escolhas é a informação. Informação deve ser transformada em conhecimento, e conhecimento em sabedoria.

E a fonte primária de informação é sempre melhor. Mas fica difícil imaginar todo mundo perguntando a todo mundo o que gostaria de ganhar de presente.

O próprio encanto da coisa se perderia.

No futebol, porém, o encanto deve dar lugar à racionalidade.

Não basta o clube perguntar à torcida quem ela gostaria de ver contratado para o ano seguinte: se o Pelé ou o Mané.

O Papai Noel não entrega gratuitamente, e o preço que se cobra por escolhas equivocadas de presentes pode determinar o êxito ou fracasso do ano seguinte.

Reunir-se para comprar tem sido algo interessante, ao contrário de comprar para reunir.

A febre das compras coletivas pela internet chegou ao futebol. O São Paulo está vendendo ingressos para o Campeonato Paulista a preços irresistíveis.

Deve-se tomar muito cuidado para sair às compras no mercado de transferências do futebol.

Pra não comprar gato por lebre. Tampouco sair usando o cartão de crédito como se fosse revólver em mão de macaco.

Comprar por impulso natalino, para presentear a família e os amigos é espirituoso.

Mas, a partir de janeiro, a conta já começa a chegar.

Na nossa casa.

Ou no nosso clube.

Para interagir com o autor: barp@universidadedofutebol.com.br

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Estádios em São Paulo

Caros amigos da Universidade do Futebol,

aproveitando a onda que começa a se formar de verdade em torno da Copa do Mundo Fifa de 2014, é hora de colocar ordem na casa. Temos que, definitivamente, utilizar esse momento para modernizar a organização do nosso futebol doméstico, de modo a torná-lo um produto internacional de alta qualidade.

No Estado de São Paulo, modernização já está ocorrendo há algum tempo.
No início do ano passado, a Federação Paulista de Futebol (FPF) publicou um esboço de manual de licenciamento de clubes, inspirado nas normas genéricas editadas pela Fifa. Evidentemente, esse manual não pôde ser implementado na prática, uma vez que essa é uma competência regulatória da Conmebol e da CBF. Mas foi uma iniciativa que merece o comentário.

Tenho certeza de que o Estado de São Paulo já reúne um grande número de estádios e centros de treinamento de primeira qualidade. Diversos projetos também já foram desenhados para modernizar essas estruturas esportivas (o que já é fruto do momento da Copa; esses projetos visam, em última análise, receber seleções internacionais durante o evento).

Nesta linha, a FPF procura, com profissionalismo, autorizar que jogos do Campeonato Paulista sejam realizados em estádios que, além de modernos, contem com todas as licenças exigidas pelo poder público e pela legislação em vigor. Não é um trabalho fácil, mas tem surtido efeito.

O Ministério Público também observa esse movimento e, em colaboração com a FPF, atua na fiscalização do cumprimento da Lei.

Acho que o Estado de São Paulo está no caminho certo. Clubes, unidos pela Federação, modernizando suas gestões e infraestrutura. A esperança é que essa modernização reflita no torcedor, que também tem que fazer sua parte e respeitar normas de organização e higiene. Isso sem mencionar na violência entre torcidas, que não pode mais ter espaço na nossa sociedade.


Estádios interditados

Nessa linha, interessante notar o empenho da FPF, que, tendo o Ministério Público em sua sombra, foi obrigada a interditar uma série de estádios que provavelmente não reuniram as licenças necessárias nos prazos correspondentes.

Acho perfeitamente correto que estádios não sejam liberados sem as licenças exigidas. Só gostaria de ver o MP tão rigoroso com relação a outros eventos. Será que do show do Paul McCartney para cá o Morumbi deixou de ter condições de uso? Ou realmente as licenças que eram válidas durante o show perderam ou estão prestes a perder sua validade?

Fica a questão.

Para interagir com o autor: megale@universidadedofutebol.com.br

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Lição

A derrota do Internacional para o Mazembe, o todo poderoso, é a aplicação prática de tudo aquilo que vem sido discutido nessa coluna ao longo dos últimos tempos.

Não há nada de incomum na derrota, muito pelo contrário. O que existe é um desarranjo de probabilidades. Ou melhor, a aplicação perfeita da probabilidade, uma vez que quando o improvável ocorre, ele apenas comprova a existência da variação estatística.

Não é dizer que o Mazembe é fraco, muito pelo contrário. Mas é fato que é mais provável que um time sul-americano vença um time africano do que o inverso. As razões pra isso são, essencialmente, as variáveis de mercado, uma vez que o talento interno africano é menos valorizado que o brasileiro e, portanto, mais suscetível a sair do país com antecedência, e o fato do Internacional contar com uma área de oferta de talento muito mais ampla do que o Mazembe. Simplificando, basta pensar que seria possível imaginar que um atleta do Mazembe viesse a jogar no Internacional como ponte para outro mercado mais desenvolvido. O oposto, porém, seria muito complicado.

A questão aqui é o que essa derrota significa, e a resposta é simples: nada. Perder para o Mazembe, como dito acima, é uma variação de probabilidades. Se uma coisa acontece uma vez a cada milhão de vezes, ela pode acontecer, por mais difícil que isso seja. E não é porque ela aconteceu que o cenário da probabilidade deve ser alterado. Acontecer uma vez não quer dizer que vai acontecer sempre. É bem possível que nunca mais volte a acontecer. Portanto, sem razões para mudanças ou desesperos.

Logicamente, isso é bastante complicado. Ainda mais para o Internacional e seu momento de recém alteração política. Mas essa é a pura natureza do jogo. Não só do futebol, mas de todo e qualquer jogo existente. Na maioria das vezes, ganha quem tem mais chances de ganhar. Mas, em algumas vezes, os que têm menos chances conseguem ser os vitoriosos. Um cassino não é diferente.

Como bem citado no livro Moneyball (acredite: se você se preocupa em entender a natureza da indústria esportiva, a leitura desse livro é imprescindível), mudar toda a sua estrutura por causa de um resultado em uma partida eliminatória seria a mesma insensatez que um dono de cassino cometeria caso ele mudasse toda a estrutura do seu negócio a cada vez que alguém acertasse o jackpot em um caça níqueis. Afinal, é bastante improvável que alguém acertará o jackpot. Mas, eventualmente, alguém acertará. Nem por isso a banca deixará de ganhar.

Levando-se em conta o faturamento de um cassino, talvez seja uma boa lição.

Para interagir com o autor: oliver@universidadedofutebol.com.br